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27 março 2018

Viés de sobrevivência e o empreendedorismo

É muito comum textos enaltecendo o empreendedorismo de alguns, indicando que qualquer um pode ser um sucesso como empresário. Este é o exemplo do texto de 22 de março do Valor Econômico, com o título de “sucesso de startups anima acadêmicos a empreenderem” (Jacílio Saraiva, p. B2). O título já resume a tônica do texto: qualquer um pode ser empreendedor de sucesso.

Um problema deste tipo de texto é não considerar o viés de sobrevivência. Provavelmente o jornalista entrevistou algum empresário que ainda não fechou as portas. Isto dá um ideia errada de que o mundo dos negócios é feito de sucesso, quando na realidade o fracasso é a regra mais comum.

Outro ponto crucial é imaginar que todo mundo deve ser um empreendedor. Como destaca este um texto do El País: Nos estamos maleducando al pensar que todo el mundo tiene que ser emprendedor” . Nem todos as ideias novas são geniais e não basta ter uma ideia genial para ser um empreendedor de sucesso.

Os Políticos não são Burros

Alguns modelos econômicos sugerem que as pessoas que decidem pela política geralmente são menos competentes e, por este motivo, fazem esta escolha. Assim, em lugar de usar seus neurônios para uma atividade acadêmica ou criar uma empresa e ser um empresário de sucesso, o político resolve fazer uma atividade desprezada pelos mais aptos da sociedade. Também há uma idéia de que os políticos não traduzem uma representação da sociedade.

Usando uma grande quantidade de informações, cinco pesquisadores concluíram que “os políticos não são burros”. Além disto, a democracia representaria uma “meritocracia inclusiva”, já que os políticos realmente representam a população. Talvez a conclusão mais surpreendente seja que em média os políticos são mais inteligentes e melhores que a população que eles representam. Em uma família, em um processo de triagem, o filho ou a filha mais inteligente terá mais possibilidade de ser político (a).

Isto realmente é surpreendente, já que geralmente acreditamos que os políticos são incompetentes e pouco representativos. Segundo a análise realizada por Dal Bó, Finan, Folke, Persson e Rickne, pesquisadores da Universidade da Califórnia, de Estocolmo e de Uppsala, na pesquisa intitulada “Who becomes a Politician”, o processo de triagem dos partidos, a competência individual e uma representação social são características do sistema democrático:

Uma implicação ampla desses fatos é que é possível para a democracia gerar liderança competente e socialmente representativa.

Apesar da pesquisa ter sido realizada na Suécia, com os dados locais, baseado na experiência brasileira e sendo imparcial, podemos realmente dizer que os políticos não são burros.

Fonte: Dal Bó, E., Finan, F., Folke, O., Persson, T., & Rickne, J. (2017). Who Becomes a Politician?. The Quarterly Journal of Economics, 132(4), 1877-1914. (Foto, Cynthia Nixon, atriz, que decidiu ser candidata a governadora)

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Capas de discos de antigamente:






26 março 2018

Ironia: Facebook pede desculpas nos jornais

Não passou desapercebido. Diante da crise do Facebook, a empresa decidiu usar um canal de comunicação com o público mais "confiável": recorreu à mídia tradicional para pedir desculpas. O Facebook usou anúncios de página inteira em jornais, como New York Times, Wall Street Journal, Washington Post e em 6 jornais britânicos

No texto, Zuckerberg diz:

“nós temos a responsabilidade de proteger suas informações. Se não conseguimos fazer isso, nao merecemos”. “Vc deve ter ouvido falar de um app de quiz desenvolvido por um pesquisador de uma universidade que vazou dados do Facebook de milhões de pessoas em 2014. Isso foi uma quebra de confiança, e peço desculpas por não termos feito mais naquela época. Agora estamos tomando medidas para assegurar que isso não aconteça de novo”.

Por que temos poucos contadores charlatães?

Um texto de Berk e van Binsbergen (2017) tem-se um estudo da relação entre regulamentação e a presença de charlatães. Tradicionalmente as pesquisas mostram que entre a presença de licença (caso do contador) e da certificação (caso de finanças), o primeiro caso nunca é preferível, nem para oferta nem para demanda.

Antes de detalhar este ponto, é necessário entender a diferença entre licença e certificação. Na licença, temos uma exigência para exercer a profissão. Isto ocorre com o médico, o advogado e o contador, por exemplo. Já na certificação, os trabalhadores podem exercer a profissão, mas o certificado é como uma informação (sinalização) para o mercado sobre a sua “competência”. Qualquer pessoa pode ser um diretor financeiro, mas um CPA informa que estudou para isto. A certificação, além de separar os charlatães das pessoas qualificadas, não reduz a concorrência, o que é positivo para os clientes e também para os trabalhadores. Caso o objetivo seja somente aumentar o salário do profissional, o licenciamento é preferível à certificação, já que divulga informações assim como diminui a concorrência.

Berk e van Binsbergen mostram que profissões onde existem grupos fracos, com grande oferta de trabalhadores hábeis e período de treinamento menor, com menos sinais com respeito à habilidade do profissional, são mais propensos aos “charlatães”. Compare, por exemplo, o cardiologista com o massaterapista. O cardiologista precisa de anos de estudos e são poucos os habilitados a tal; já o segundo não precisa de muitos estudos. A presença de “charlatães” será maior no segundo grupo.

Os autores analisam várias profissionais e, usando dados dos Estados Unidos, constatam que os contadores possuem maiores custos de oportunidades (a chance de um deles perder algo por um erro é muito maior que um médico, por exemplo), elevados padrões,

suggesting that the profession is likely to feature fewer charlatans.

Escola do Trabalhador

(...) Lançada em novembro de 2017 pelo Ministério do Trabalho, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), a escola tem 126.480 pessoas cadastradas, com um total de 181.372 matrículas, já que um mesmo estudante pode fazer mais de um curso. Dos 21 cursos já disponíveis, o de Inglês Aplicado ao Trabalho é o que tem mais conclusões até agora: serão entregues 3.768 certificados, o equivalente a 11,8% do total de 32.038 matrículas na disciplina.


Para os interessados, aqui a relação de cursos. Deste autor, Análise de Investimentos & Demonstrações Contábeis e Sua Análise. De Fernanda Rodrigues e Mariana Guerra, Elaboração de Folha de Pagamento nas Empresas.

Rir é o melhor remédio

Quando alguém pinta em um muro algo que não deveria ser publicado, nada melhor que um bom disfarce. Em Berlim, um símbolo que não deixa saudade foi retirado de maneira discreta dos muros: