Já comentamos sobre o impacto do Blockchain na contabilidade, positivo e negativo. O trecho do texto a seguir é no primeiro grupo:
(...) qualquer entidade integrante da Administração Pública poderá acessar facilmente todos esses dados, tal como numa pesquisa feita no Google, mesmo não sendo ela a responsável pela guarda ou emissão de tais documentos. Será possível a conexão de informações entre as Administrações, coisa que hoje não ocorre.
Portanto, facilita-se a vida dos licitantes que não terão mais a atual dificuldade de colher toda essa documentação, bem como garante à Administração a veracidade dos dados aos quais terá acesso. Pense em não correr risco de falsificação de documentos, certidões fora de validade, etc.
Quanto à capacidade técnica dos licitantes, por exemplo, de empresas de engenharia, a Administração licitante poderá acessar o acervo técnico registrado na entidade profissional competente, poderá verificar como se deu o andamento do serviço ou obra realizado para outras Administrações, ao invés de exigir atestados.
Provavelmente cheguemos a um nível de especialização dessa tecnologia nas licitações que passe a ser desnecessária a fase de habilitação, podendo-se ir direto à disputa de preços.
25 março 2018
Recebendo sem trabalhar
Um jornal de Portugal relata um caso interessante que ocorreu na cidade espanhola de Valência. Dez anos em ir trabalhar, Recio foi demitido em 2017. Durante o período recebeu salário, mas não irá a julgamento:
O funcionário do Arquivo Geral e Fotográfico de Valência que esteve 10 anos sem ir trabalhar, apesar de continuar a receber salário – cerca de 50 mil euros por ano – não cometeu qualquer crime, concluiu o Ministério Público (MP) espanhol, que decidiu arquivar a queixa com o argumento de que Carles Recio alertou os seus superiores para a sua situação e que estes o ignoraram.
A visão do Ministério Público é que Recio informou o que estava ocorrendo para seus superiores, que não fizeram nada.
O funcionário do Arquivo Geral e Fotográfico de Valência que esteve 10 anos sem ir trabalhar, apesar de continuar a receber salário – cerca de 50 mil euros por ano – não cometeu qualquer crime, concluiu o Ministério Público (MP) espanhol, que decidiu arquivar a queixa com o argumento de que Carles Recio alertou os seus superiores para a sua situação e que estes o ignoraram.
A visão do Ministério Público é que Recio informou o que estava ocorrendo para seus superiores, que não fizeram nada.
24 março 2018
Mercado de Trabalho: quem perdeu menos nos últimos 50 meses
Ao longo dos últimos meses o país contratou mais de 440 mil profissionais em contabilidade. O problema é que foram demitidos 481 mil, um resultado negativo de quase 41 mil trabalhadores a menos nas empresas brasileiras. Esta estatística engloba desde o início de 2014. Entretanto, a crise mesmo começou em 2015, prolongando por 2016 e 2017. Em 2016 foram destruídas quase 23 mil vagas e em 2017 quase 11 mil vagas. Ou seja, o ritmo parece da crise parece ter diminuído em 2017.
Apesar da crise não ter sido tão intensa em 2017, foi neste ano que a diferença salarial entre quem foi mandado para rua e quem teve a sorte de ter sido contratado foi maior: 18,6% de corte no salário em 2017, versus 16% do ano anterior. Em um ano, só na área contábil, foram 3 bilhões de reais a menos que deixaram de ser pagos.
Outro fato que podemos obter com os dados do mercado formal de trabalho é que a idade média do trabalhador admitido cresceu, assim como a idade média do demitido. Assim, depois de demitir os mais novos, as empresas estão contratando alguns profissionais com mais experiência, que terminam por aceitar um salário menor. Mas quem é o empregado que foi atingido pela crise? Inicialmente os mais novos e inexperientes; depois, com o passar do tempo, os mais antigos, talvez por falta de opção nas empresas.
Os dados também mostram que 2/3 da redução das vagas atingiram o sexo feminino. Mas isto não significa uma discriminação por gênero no momento da demissão, já que este é o percentual do mercado das mulheres no setor contábil.
Em 2015 a crise atingiu os contadores e auditores, com uma redução de mais de 5 mil vagas, poupando os técnicos (1,3 mil) e escriturários (2,4 mil). No ano seguinte, muitos escriturários perderam o emprego: 15 mil versus 6 mil entre contadores e auditores e 1,6 mil técnicos. Em 2017 foram extintas 5,1 mil vagas de contadores e auditores e 4,4 mil de escriturários, além de 1,4 mil vagas de técnicos. Parece que os técnicos não sofreram tanto com a crise mais isto não é verdadeiro: a sua proporção está diminuindo ao longo das últimas duas décadas, sendo hoje a menor ocupação entre as três.
Mas deixei para o final a grande surpresa: quem foi menos afetado pela crise? Os dados mostram que um estrato dos trabalhadores teve um aumento, pequeno é verdade, entre 2014 a 2018: os trabalhadores com curso superior. A soma entre admitidos e demitidos foi de 141, positivo, graças, principalmente, ao ano de 2014. Em 2017 o resultado foi de -225, reduzido diante o grande número de trabalhadores nesta categoria. E nos dois primeiros meses de 2018 tem-se um valor de 1.881 novas vagas criadas. Parece que o diploma está ajudando nesta crise.
Apesar da crise não ter sido tão intensa em 2017, foi neste ano que a diferença salarial entre quem foi mandado para rua e quem teve a sorte de ter sido contratado foi maior: 18,6% de corte no salário em 2017, versus 16% do ano anterior. Em um ano, só na área contábil, foram 3 bilhões de reais a menos que deixaram de ser pagos.
Outro fato que podemos obter com os dados do mercado formal de trabalho é que a idade média do trabalhador admitido cresceu, assim como a idade média do demitido. Assim, depois de demitir os mais novos, as empresas estão contratando alguns profissionais com mais experiência, que terminam por aceitar um salário menor. Mas quem é o empregado que foi atingido pela crise? Inicialmente os mais novos e inexperientes; depois, com o passar do tempo, os mais antigos, talvez por falta de opção nas empresas.
Os dados também mostram que 2/3 da redução das vagas atingiram o sexo feminino. Mas isto não significa uma discriminação por gênero no momento da demissão, já que este é o percentual do mercado das mulheres no setor contábil.
Em 2015 a crise atingiu os contadores e auditores, com uma redução de mais de 5 mil vagas, poupando os técnicos (1,3 mil) e escriturários (2,4 mil). No ano seguinte, muitos escriturários perderam o emprego: 15 mil versus 6 mil entre contadores e auditores e 1,6 mil técnicos. Em 2017 foram extintas 5,1 mil vagas de contadores e auditores e 4,4 mil de escriturários, além de 1,4 mil vagas de técnicos. Parece que os técnicos não sofreram tanto com a crise mais isto não é verdadeiro: a sua proporção está diminuindo ao longo das últimas duas décadas, sendo hoje a menor ocupação entre as três.
Mas deixei para o final a grande surpresa: quem foi menos afetado pela crise? Os dados mostram que um estrato dos trabalhadores teve um aumento, pequeno é verdade, entre 2014 a 2018: os trabalhadores com curso superior. A soma entre admitidos e demitidos foi de 141, positivo, graças, principalmente, ao ano de 2014. Em 2017 o resultado foi de -225, reduzido diante o grande número de trabalhadores nesta categoria. E nos dois primeiros meses de 2018 tem-se um valor de 1.881 novas vagas criadas. Parece que o diploma está ajudando nesta crise.
Mercado de Trabalho em Fevereiro
O governo divulgou ontem os dados do mercado de trabalho formal. Como tem sido praxe, este blog faz uma compilação do mercado de trabalho contábil para apresentar aos leitores. Os dados divulgados ontem dizem respeito ao mês de fevereiro de 2018. Em poucas palavras, o resultado quase foi um empate entre admitidos e demitidos: 9194 novos contratados versus 9204 demitidos. A análise comparativa revela que foi um bom resultado: desde que começou a crise no emprego no setor contábil, foi o melhor resultado de fevereiro: no ano passado reduziu em 1.109 o número de vagas; em fevereiro de 2016 foram -4.194; e em 2015 o resultado do mês foi de -973.
O resultado só não foi melhor quando comparamos com o desempenho da economia, que em fevereiro contratou mais que demitiu. O gráfico abaixo faz uma comparação entre o desempenho do país e o setor contábil desde 2014. É possível notar que nos últimos meses parece que a economia voltou a contratar, mas não o setor contábil. Duas são as possíveis explicações: ocorreu uma mudança estrutural no setor, com a informatização de certas tarefas, ou existe uma defasagem na recuperação da atividade meio.
Como tem sido usual, o a diferença salarial entre o empregado demitido e o admitido ficou acima de 20%. Isto significa dizer que o novo contratado estaria recebendo 20% a menos que aquele que foi demitido. Já o tempo de emprego do demitido está recuando, depois de apresentar um clara tendência de aumento em 2017.
No mês de fevereiro, o saldo da movimentação foi desfavorável para as mulheres (-153 versus 143 positivo dos homens), mas ao longo da série histórica não tem sido observado um viés na demissão de um ou outro gênero. Em termos de grau de instrução, somente aqueles com curso superior tiveram um valor positivo e este é um ponto que merece destaque.
O resultado só não foi melhor quando comparamos com o desempenho da economia, que em fevereiro contratou mais que demitiu. O gráfico abaixo faz uma comparação entre o desempenho do país e o setor contábil desde 2014. É possível notar que nos últimos meses parece que a economia voltou a contratar, mas não o setor contábil. Duas são as possíveis explicações: ocorreu uma mudança estrutural no setor, com a informatização de certas tarefas, ou existe uma defasagem na recuperação da atividade meio.
Como tem sido usual, o a diferença salarial entre o empregado demitido e o admitido ficou acima de 20%. Isto significa dizer que o novo contratado estaria recebendo 20% a menos que aquele que foi demitido. Já o tempo de emprego do demitido está recuando, depois de apresentar um clara tendência de aumento em 2017.
No mês de fevereiro, o saldo da movimentação foi desfavorável para as mulheres (-153 versus 143 positivo dos homens), mas ao longo da série histórica não tem sido observado um viés na demissão de um ou outro gênero. Em termos de grau de instrução, somente aqueles com curso superior tiveram um valor positivo e este é um ponto que merece destaque.
23 março 2018
Baby Nobel
A Medalha Clark é dada pela American Economic Association a pesquisadores jovens na área de economia. É considerada, com exagero, o "Baby Nobel". A seguir a relação dos ganhadores:
2017: Dave Donaldson
2016: Yuliy Sannikov
2015: Roland Fryer
2014: Matthew Gentzkow
2013: Raj Chetty
2012: Amy Finkelstein
2011: Jonathan Levin
2010: Esther Duflo (foto)
2009: Emmanuel Saez
2007: Susan C. Athey
2005: Daron Acemoglu
2003: Steven Levitt = do Freakonmics
2001: Matthew Rabin
1999: Andrei Shleifer
1997: Kevin M. Murphy
1995: David Card
1993: Lawrence H. Summers
1991: Paul R. Krugman = venceu em 2008
1989: David M. Kreps
1987: Sanford J. Grossman =
1985: Jerry A. Hausman
1983: James J. Heckman = vencem em 2000
1981: A. Michael Spence = venceu em 2001
1979: Joseph E. Stiglitz = venceu em 2001
1977: Martin S. Feldstein
1975: Daniel McFadden = venceu em 2000
1973: Franklin M. Fisher
1971: Dale W. Jorgenson
1969: Marc Leon Nerlove
1967: Gary S. Becker = venceu em 1992
1965: Zvi Griliches
1963: Hendrik S. Houthakker
1961: Robert M. Solow = venceu em 1987
1959: Lawrence R. Klein = venceu em 1980
1957: Kenneth J. Arrow = venceu em 1972. Talvez o maior economista do século XX
1955: James Tobin = venceu em 1981
1953: No Award
1951: Milton Friedman = venceu em 1976
1949: Kenneth E. Boulding
1947: Paul A. Samuelson = venceu em 1970
2017: Dave Donaldson
2016: Yuliy Sannikov
2015: Roland Fryer
2014: Matthew Gentzkow
2013: Raj Chetty
2012: Amy Finkelstein
2011: Jonathan Levin
2010: Esther Duflo (foto)
2009: Emmanuel Saez
2007: Susan C. Athey
2005: Daron Acemoglu
2003: Steven Levitt = do Freakonmics
2001: Matthew Rabin
1999: Andrei Shleifer
1997: Kevin M. Murphy
1995: David Card
1993: Lawrence H. Summers
1991: Paul R. Krugman = venceu em 2008
1989: David M. Kreps
1987: Sanford J. Grossman =
1985: Jerry A. Hausman
1983: James J. Heckman = vencem em 2000
1981: A. Michael Spence = venceu em 2001
1979: Joseph E. Stiglitz = venceu em 2001
1977: Martin S. Feldstein
1975: Daniel McFadden = venceu em 2000
1973: Franklin M. Fisher
1971: Dale W. Jorgenson
1969: Marc Leon Nerlove
1967: Gary S. Becker = venceu em 1992
1965: Zvi Griliches
1963: Hendrik S. Houthakker
1961: Robert M. Solow = venceu em 1987
1959: Lawrence R. Klein = venceu em 1980
1957: Kenneth J. Arrow = venceu em 1972. Talvez o maior economista do século XX
1955: James Tobin = venceu em 1981
1953: No Award
1951: Milton Friedman = venceu em 1976
1949: Kenneth E. Boulding
1947: Paul A. Samuelson = venceu em 1970
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