21 fevereiro 2018
Avaliações online e erros de redação
Uma relação curiosa encontrada pelo Priceonomics (via aqui): as avaliações online com uma estrela apresentam mais erros de ortografia e gramática do que os produtos avaliados com cinco estrelas. Além disto, estas avaliações são mais longas e mais detalhadas. E a quantidade de erros é bastante razoável. Esta pesquisa é válida para língua inglesa.
Portugal não é um país sério
Sabe o acordo ortográfico? Assinado em 1990, o acordo era uma tentativa de convergir na unificação da língua portuguesa escrita. Em julho de 2010 entrou em vigor em diversos países. Agora, um grupo de políticos está propondo que Portugal não faça parte do acordo e uma renegociação do mesmo:
Os deputados debatem esta quarta-feira, 21 de fevereiro, a proposta do PCP de desvinculação de Portugal do Acordo Ortográfico, a par de uma petição com mais de 20 mil assinaturas no mesmo sentido.
O projeto dos comunistas “recomenda o recesso de Portugal do Acordo Ortográfico de 1990, acautelando medidas de acompanhamento e transição, a realização de um relatório de balanço da aplicação do novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa e uma nova negociação das bases e termos de um eventual Acordo Ortográfico”.
Os deputados debatem esta quarta-feira, 21 de fevereiro, a proposta do PCP de desvinculação de Portugal do Acordo Ortográfico, a par de uma petição com mais de 20 mil assinaturas no mesmo sentido.
O projeto dos comunistas “recomenda o recesso de Portugal do Acordo Ortográfico de 1990, acautelando medidas de acompanhamento e transição, a realização de um relatório de balanço da aplicação do novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa e uma nova negociação das bases e termos de um eventual Acordo Ortográfico”.
20 fevereiro 2018
Mais RBS
É possível um banco ser acusado de sistematicamente falsificar a assinatura de pequenos clientes? Sim, em um pequeno banco isto deve ocorrer. Onde? Provavelmente em um país subdesenvolvido.
Errado e errado. Estamos falando do Royal Bank of Scotland (RBS), que anteriormente esteve nas notícias por problemas na contabilidade e na remuneração de seus executivos. É um bando que fica nas terras reais do Reino Unido, um país desenvolvido. Já foi comprovado que um professor aposentado e uma bisavó tiveram as assinaturas falsificadas. A Sra. Mackay, a bisavó, não queria somente a devolução do dinheiro, mas um pedido de desculpa e admissão de culpa. E conseguiu. O RBS pediu desculpas e ofereceu uma compensação de 500 libras, além de admitir a falsificação, embora tenha dito ser um incidente isolado.
O problema respingou no regulador bancário, que tentou encobrir outras falcatruas do RBS. As informações vazaram. Os resultados de 2017 devem trazer o peso dos problemas da Carillion (vide aqui), além de outros litígios. Se for divulgado um prejuízo, será o décimo seguido, apesar do aporte de 45 bilhões de libras na crise, que somados aos prejuízos nos últimos anos chega a um valor de 90 bilhões de libras. É uma Eletrobras dos britânicos (vide aqui)
Errado e errado. Estamos falando do Royal Bank of Scotland (RBS), que anteriormente esteve nas notícias por problemas na contabilidade e na remuneração de seus executivos. É um bando que fica nas terras reais do Reino Unido, um país desenvolvido. Já foi comprovado que um professor aposentado e uma bisavó tiveram as assinaturas falsificadas. A Sra. Mackay, a bisavó, não queria somente a devolução do dinheiro, mas um pedido de desculpa e admissão de culpa. E conseguiu. O RBS pediu desculpas e ofereceu uma compensação de 500 libras, além de admitir a falsificação, embora tenha dito ser um incidente isolado.
O problema respingou no regulador bancário, que tentou encobrir outras falcatruas do RBS. As informações vazaram. Os resultados de 2017 devem trazer o peso dos problemas da Carillion (vide aqui), além de outros litígios. Se for divulgado um prejuízo, será o décimo seguido, apesar do aporte de 45 bilhões de libras na crise, que somados aos prejuízos nos últimos anos chega a um valor de 90 bilhões de libras. É uma Eletrobras dos britânicos (vide aqui)
Auditoria
Dois textos publicados recentes sobre a auditoria. O primeiro, a relação entre auditoria e a tecnologia:
Numa primeira instância, a função tem ela própria de adaptar as suas metodologias e técnicas para estar apta a auditar com sucesso as novas realidades. Auditar um processo maioritariamente manual é diferente de auditar um processo automatizado, que por sua vez é diferente de auditar um processo robotizado. Com o surgir da inovação, surgem novos riscos e requisitos de compliance a que a função tem de estar atenta.
Por outro lado, sendo premissa fundamental e inquestionável da AI a sua independência funcional, a evolução da função e das organizações em geral tem valorizado a sua vertente de aconselhamento estratégico e operacional. Tendo como grande valência o seu olhar abrangente e isento sobre a organização, a Auditoria Interna pode suavizar o processo de transformação organizacional, sensibilizando as unidades de negócio para riscos emergentes e para boas práticas de controlo em diferentes contextos. A título de exemplo, a figura do Data Privacy Officer (DPO) que o RGPD prevê pode beneficiar imensamente da experiência da AI na sua função de monitorização periódica, p.e. através de checklists.
O segundo, mais polêmico, sobre a atuação do TCU na área pública:
Freitas acusou a equipe técnica do Tribunal de levantar suspeitas sem apresentar provas do que julga estar irregular. “Esse relatório causou muita revolta aqui dentro. Os auditores do TCU não são os ‘papas’ do universo. Tem muito absurdo nesse relatório, que faz insinuações e não apresenta evidências. Vamos rechaçar. Estamos seguros do que colocamos lá e vamos nisso até o fim”, disse.
Numa primeira instância, a função tem ela própria de adaptar as suas metodologias e técnicas para estar apta a auditar com sucesso as novas realidades. Auditar um processo maioritariamente manual é diferente de auditar um processo automatizado, que por sua vez é diferente de auditar um processo robotizado. Com o surgir da inovação, surgem novos riscos e requisitos de compliance a que a função tem de estar atenta.
Por outro lado, sendo premissa fundamental e inquestionável da AI a sua independência funcional, a evolução da função e das organizações em geral tem valorizado a sua vertente de aconselhamento estratégico e operacional. Tendo como grande valência o seu olhar abrangente e isento sobre a organização, a Auditoria Interna pode suavizar o processo de transformação organizacional, sensibilizando as unidades de negócio para riscos emergentes e para boas práticas de controlo em diferentes contextos. A título de exemplo, a figura do Data Privacy Officer (DPO) que o RGPD prevê pode beneficiar imensamente da experiência da AI na sua função de monitorização periódica, p.e. através de checklists.
O segundo, mais polêmico, sobre a atuação do TCU na área pública:
Freitas acusou a equipe técnica do Tribunal de levantar suspeitas sem apresentar provas do que julga estar irregular. “Esse relatório causou muita revolta aqui dentro. Os auditores do TCU não são os ‘papas’ do universo. Tem muito absurdo nesse relatório, que faz insinuações e não apresenta evidências. Vamos rechaçar. Estamos seguros do que colocamos lá e vamos nisso até o fim”, disse.
Oxfam e o escândalo do Haiti
A Oxfam é um conjunto de 19 organizações independentes de caridade que atua no mundo todo, com sede na Inglaterra. Esta entidade foi fundada durante a segunda guerra mundia, por um grupo de Quakers e acadêmicos de Oxford. Naquele momento, a preocupação da ONG era em ajudar os gregos, que estavam sofrendo com a ocupação nazista e o bloqueio naval dos aliados.
Mais recentemente, a entidade tem atuado na redução da pobreza e da injustiça, com o foco na fome, o que inclui questões vinculadas ao comércio e a produção em regiões pobres, além da prática de preço justo. Também tem atuado divulgando informações sobre transparência fiscal e concentração de riqueza no mundo. Uma das formas de atuação da entidade tem sido a venda de produtos fabricados na África, Ásia e América do Sul, através de 1.200 lojas existentes.
Junto com as realizações, as críticas. A entidade tem sido criticada por ter uma estrutura interna pouco democrática e preocupada mais com os sintomas do que com as causas da pobreza internacional, com um foco nas políticas neoliberais. Além disto, a ONG tem sido acusada de ter um foco na media, divulgando informações errôneas. A briga com a Starbucks sobre o café na Etiópia e a acusação de ajudar palestinos em atividades ilegais são algumas polêmicas que a entidade se envolveu nos últimos anos. Os dados sobre a concentração de riqueza no mundo (que divulgamos aqui) também foram questionados na sua metodologia.
Em fevereiro de 2018, a Oxfam foi acusada pelo jornal The Times de problemas de má conduta relacionado com exploração sexual, pornografia e bullying. Um relatório da própria entidade, de 2011, já apontava uma cultura de impunidade no Haiti, país que tinha sido devastado por um terremoto. Os funcionários da Oxfam admitiram o uso de prostitutas com fundos da entidade e, algumas delas, provavelmente menores de idade. Depois da descoberta do assunto, a presidência da Oxfam tentou uma saída para preservar a entidade, não relatando os casos para as autoridades do Haiti e evitando que o relatório produzido pela própria Oxfam fosse discutido internamente. Mais ainda, as investigações descobriram que as mesmas pessoas também usaram os serviços de prostitutas no Tchad, em 2006. Com a divulgação dos problemas ocorridos no Haiti, a ONG começou a agir, demitindo alguns funcionários.
Ao contrário de uma empresa, que se esconde quando ocorre um escândalo (vide as empresas envolvidas nas operações de investigação que evitam colocar estes fatos na páginas e nos relatórios contábeis), o Oxfam fez um comunicado sobre o fato. Isto aparece com destaque na sua página em inglês, assim como na página da entidade no Brasil. A seguir o comunicado:
Os casos de abuso sexual envolvendo integrantes da Oxfam Grã Bretanha são revoltantes e inadmissíveis, e devem ser condenados sem contemporização. É preciso reconhecer os erros cometidos. Os casos denunciados não foram tratados com a rigidez necessária e nem foram tomadas as medidas cabíveis. É preciso não apenas pedir desculpas às vítimas de assédio e abuso sexual, mas principalmente tomar providências para que isso não volte a ocorrer.
A Oxfam Brasil acredita que momentos de crise como este exigem o máximo de transparência e ações concretas e imediatas. Está sendo feito um trabalho com as demais afiliadas para que os fatos sejam divulgados de forma irrestrita. Uma comissão independente para investigação externa está sendo formada para a identificação dos erros cometidos e a prevenção de futuros casos. Os procedimentos de recrutamento também estão passando por um processo de revisão, o qual poderá contribuir para o aperfeiçoamento do setor de ajuda humanitária internacional.
Esse contexto exige a renovação de políticas, práticas e lideranças. Não pode haver espaço na Oxfam para quem abusa da posição de poder e da confiança de milhares de pessoas, nem para quem tem a obrigação de agir e não o faz.
Mas não se deve perder o horizonte da verdadeira força motriz da Oxfam – uma organização formada por milhares de pessoas ao redor do mundo comprometidas em salvar vidas, erradicar a pobreza, reduzir as desigualdades e lutar para uma vida melhor para todos.
Sobre o episódio referente a Juan Alberto Fuentes Knight, a Oxfam Brasil considera que seu indiciamento e prisão provisória na Guatemala tornou insustentável sua permanência no cargo de presidente do Conselho da Oxfam Internacional, ainda que o caso seja do período anterior ao seu mandato com a organização. Desde a noite de ontem (terça-feira, 13) ele não está mais no cargo.
A Oxfam Brasil reforça seu compromisso com a luta contra a exploração de pessoas em situação de vulnerabilidade e a defesa da justiça de gênero.
Espera-se que esse doloroso momento indique um caminho de fortalecimento de uma organização com mais de 70 anos, presente em cerca de 90 países, com mais de 10 mil funcionários e 50 mil voluntários, salvando incontáveis vidas ao longo de sua história. Atualmente a Oxfam está operando em mais de 30 situações de emergência pelo mundo, dos conflitos armados na Síria e Iêmen a desastres naturais na Índia e fome extrema no Sudão do Sul, provendo água limpa para beber, saneamento básico e apoio a famílias que perderam tudo o que tinham. Só na Síria, Jordânia e Líbano a Oxfam está atendendo cerca de 2 milhões de pessoas. É pensando nessas pessoas que a Oxfam tem a obrigação de ser maior do que seus erros.
Mais recentemente, a entidade tem atuado na redução da pobreza e da injustiça, com o foco na fome, o que inclui questões vinculadas ao comércio e a produção em regiões pobres, além da prática de preço justo. Também tem atuado divulgando informações sobre transparência fiscal e concentração de riqueza no mundo. Uma das formas de atuação da entidade tem sido a venda de produtos fabricados na África, Ásia e América do Sul, através de 1.200 lojas existentes.
Junto com as realizações, as críticas. A entidade tem sido criticada por ter uma estrutura interna pouco democrática e preocupada mais com os sintomas do que com as causas da pobreza internacional, com um foco nas políticas neoliberais. Além disto, a ONG tem sido acusada de ter um foco na media, divulgando informações errôneas. A briga com a Starbucks sobre o café na Etiópia e a acusação de ajudar palestinos em atividades ilegais são algumas polêmicas que a entidade se envolveu nos últimos anos. Os dados sobre a concentração de riqueza no mundo (que divulgamos aqui) também foram questionados na sua metodologia.
Em fevereiro de 2018, a Oxfam foi acusada pelo jornal The Times de problemas de má conduta relacionado com exploração sexual, pornografia e bullying. Um relatório da própria entidade, de 2011, já apontava uma cultura de impunidade no Haiti, país que tinha sido devastado por um terremoto. Os funcionários da Oxfam admitiram o uso de prostitutas com fundos da entidade e, algumas delas, provavelmente menores de idade. Depois da descoberta do assunto, a presidência da Oxfam tentou uma saída para preservar a entidade, não relatando os casos para as autoridades do Haiti e evitando que o relatório produzido pela própria Oxfam fosse discutido internamente. Mais ainda, as investigações descobriram que as mesmas pessoas também usaram os serviços de prostitutas no Tchad, em 2006. Com a divulgação dos problemas ocorridos no Haiti, a ONG começou a agir, demitindo alguns funcionários.
Ao contrário de uma empresa, que se esconde quando ocorre um escândalo (vide as empresas envolvidas nas operações de investigação que evitam colocar estes fatos na páginas e nos relatórios contábeis), o Oxfam fez um comunicado sobre o fato. Isto aparece com destaque na sua página em inglês, assim como na página da entidade no Brasil. A seguir o comunicado:
Os casos de abuso sexual envolvendo integrantes da Oxfam Grã Bretanha são revoltantes e inadmissíveis, e devem ser condenados sem contemporização. É preciso reconhecer os erros cometidos. Os casos denunciados não foram tratados com a rigidez necessária e nem foram tomadas as medidas cabíveis. É preciso não apenas pedir desculpas às vítimas de assédio e abuso sexual, mas principalmente tomar providências para que isso não volte a ocorrer.
A Oxfam Brasil acredita que momentos de crise como este exigem o máximo de transparência e ações concretas e imediatas. Está sendo feito um trabalho com as demais afiliadas para que os fatos sejam divulgados de forma irrestrita. Uma comissão independente para investigação externa está sendo formada para a identificação dos erros cometidos e a prevenção de futuros casos. Os procedimentos de recrutamento também estão passando por um processo de revisão, o qual poderá contribuir para o aperfeiçoamento do setor de ajuda humanitária internacional.
Esse contexto exige a renovação de políticas, práticas e lideranças. Não pode haver espaço na Oxfam para quem abusa da posição de poder e da confiança de milhares de pessoas, nem para quem tem a obrigação de agir e não o faz.
Mas não se deve perder o horizonte da verdadeira força motriz da Oxfam – uma organização formada por milhares de pessoas ao redor do mundo comprometidas em salvar vidas, erradicar a pobreza, reduzir as desigualdades e lutar para uma vida melhor para todos.
Sobre o episódio referente a Juan Alberto Fuentes Knight, a Oxfam Brasil considera que seu indiciamento e prisão provisória na Guatemala tornou insustentável sua permanência no cargo de presidente do Conselho da Oxfam Internacional, ainda que o caso seja do período anterior ao seu mandato com a organização. Desde a noite de ontem (terça-feira, 13) ele não está mais no cargo.
A Oxfam Brasil reforça seu compromisso com a luta contra a exploração de pessoas em situação de vulnerabilidade e a defesa da justiça de gênero.
Espera-se que esse doloroso momento indique um caminho de fortalecimento de uma organização com mais de 70 anos, presente em cerca de 90 países, com mais de 10 mil funcionários e 50 mil voluntários, salvando incontáveis vidas ao longo de sua história. Atualmente a Oxfam está operando em mais de 30 situações de emergência pelo mundo, dos conflitos armados na Síria e Iêmen a desastres naturais na Índia e fome extrema no Sudão do Sul, provendo água limpa para beber, saneamento básico e apoio a famílias que perderam tudo o que tinham. Só na Síria, Jordânia e Líbano a Oxfam está atendendo cerca de 2 milhões de pessoas. É pensando nessas pessoas que a Oxfam tem a obrigação de ser maior do que seus erros.
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