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16 novembro 2017

Carlsen Insuperável atinge o rating de 3000 pontos no xadrez

No xadrez o desempenho de um jogador é medido pelo seu rating Elo. Criado por Elo, o rating começou a ser cálculo há décadas e serve de parâmetro para a força do jogador. Geralmente um Grande Mestre possui um rating acima de 2.500, mas os maiores jogadores do mundo, o rating está acima de 2.700. Atualmente são 44 jogadores que possuem este rating.

Se um jogador de rating de 2.700 joga com outro de rating de 2.600, espera-se que a partida seja vencida pelo jogador melhor, o de rating de 2.700. Se o outro jogador vence, o rating deste cresce e, na mesma proporção, o do jogador melhor diminui. Atualmente o rating é calculado para o jogo clássico, aquele "demorado", o jogo rápido e a partida mais rápida de todas ou Blitz. Atualmente o mesmo jogador possui o melhor rating no clássico, rápido e blitz. Trata-se do sueco Carlsen, com 26 anos, e atual campeão mundial. E o melhor jogador de todos os tempos. No clássico, o sueco já chegou a ter um excepcional rating de 2.882 em maio de 2014.

O sueco possui um rating enorme de 2903 no xadrez rápido, um pouco abaixo da maior pontuação de todos os tempos, de 2909, que ele obteve em agosto deste ano. Outros jogadores obtiveram um boa pontuação no passado neste tipo de xadrez: o americano Nakamura com 2850, o russo Grischuk com 2851, entre outros.

Mas o desempenho de Carlsen no Blitz mostra como o sueco está bem na frente dos demais. Ele ultrapassou, agora, a marca dos 3 mil pontos. Isto é algo histórico para o xadrez. O desempenho dele foi obtido com um torneio recentemente encerrado nos Estados Unidos. O torneio contou com partidas entre oito grandes jogadores de xadrez. A competição dividiu os oito jogadores em quatro duplas e estas duplas disputaram entre si 30 jogos, inicialmente de 30 minutos, depois 20 minutos, 10 minutos e finalmente de 5 minutos. Ou seja, partidas de xadrez rápido e Blitz. Carlsen disputou suas 30 partidas contra o chinês Ding Liren, o melhor jogador da história da China, e terceiro no rating de Blitz e 31o no rápido. Ding Liren faz parte da elite que irá apontar o desafiante ao campeão Carlsen e venceu a Copa do Mundo, um torneio de mata-mata. Ou seja, não é um jogador qualquer.

Nos dez jogos de rápido, foram 6 empates e 4 vitórias de Carlsen. Como o rating de Carlsen no rápido era bem superior, mesmo perdendo quatro jogos, Ding Liren ganhou 6 pontos no rating - e Carlsen perdeu seis pontos.

No Blitz o sueco começou perdendo a primeira partida e com isto foram 12 pontos a menos no rating. Nas seis partidas restantes foram 5 vitórias do sueco. Com isto, e pelas regras do torneio, Carlsen já foi declarado campeão do desafio contra o chinês. Até o término, foram mais 7 partidas, com quatro vitórias, dois empates e uma derrota. Com este resultado, o rating de Carlsen ultrapassou aos absurdos 3 mil pontos.

Mas...

Uma regra da Fide, a confederação de xadrez, diz que o rating deixa de ser contado quando numa disputa de mata-mata, o vencedor já está decidido. Neste caso, as sete partidas finais, que foram suficientes para obter os 3 mil pontos, não serão consideradas neste cálculo. Ou seja, o rating do campeão ficou congelado em 2974. Mesmo assim, o melhor rating da história.

Adulando o usuário da informação contábil

Adular ou bajular alguém geralmente é uma estratégia que todos usamos, em maior ou menor escala, diariamente. Quantas vezes elogiamos o cabelo de uma pessoa, mesmo não tendo simpatizado com o corte, um pouco antes de pedir um favor? Se não for isto, algo deste estilo.

Mas será que a bajulação funciona também nas decisões financeiras? Se uma empresa pretende obter crédito em uma instituição financeira, elogiar a qualidade da empresa ou mesmo a capacidade do funcionário que está analisando a proposta pode ser uma alternativa que não deve ser desprezada. Mesmo sabendo que muitas vezes a decisão segue uma cartilha ou parâmetros rígidos. O mesmo pode ocorrer com a empresa em relação a seus investidores. A bajulação, quem sabe, poderia afetar a decisão do investidor, de maneira mais favorável. Mas funciona?

Isto é muito difícil de saber na prática. Nestes casos, a ciência costuma usar situações próximas aquelas que ocorrem na vida real, seja simulando uma decisão, seja submetendo um grupo de pessoas a uma decisão próxima a que ocorre na prática. Basicamente, se as pessoas mudam sua decisão sobre uma empresa diante de uma adulação, isto pode ser sinal que a adulação/bajulação resolve.

Num experimento famoso, realizado em 1997, dois pesquisadores, Fogg e Nass, realizaram um experimento onde os computadores adularam as pessoas. Os participantes da pesquisa recebiam um elogio sincero, um elogio comprovadamente exagerado e um feedback simples. Mesmo sabendo que era uma máquina, as pessoas reagiam de forma diferente ao elogio. O experimento de Fogg e Nass foi importante para que os atendentes virtuais dos dias de hoje fossem programados para agradecer ou tratar de forma cordial os clientes.

Uma pesquisa nesta linha foi realizada utilizando o usuário da demonstração contábil. Para um grupo de usuário foi entregue um conjunto de informação sobre o desempenho da empresa. Para outro grupo, o mesmo conjunto de informação, com uma pequena exceção: uma frase bajulando o investidor. A frase era a seguinte:

Isso se encontra refletido no alto grau de escolaridade dos investidores pessoas físicas e nas características dos investidores institucionais, todos eles preocupados em depositar seus recursos em uma empresa que valoriza a governança corporativa. Temos orgulho de ter a confiança de renomadas instituições e de investidores experientes e honramos os recursos depositados em nossa empresa.


Nada muito agressivo e direto, mas uma bajulação ao investidor. O resultado da pesquisa mostrou que a avaliação da empresa foi alterada com a presença da frase. Assim, a bajulação funcionou.

Mas uma surpresa da pesquisa é que a bajulação nem sempre funciona. Neste caso, parece que a idade mostrou ser um fator que anestesia este efeito. Isto significa dizer que indivíduos mais velhos foram mais imunes ao efeito da frase.

Silva, César Augusto Tibúrcio; Magalhaes, Isabela Lourenço Achkar; Vieira, Edzana Roberta Ferreira da Cunha. Adulando o usuário da demonstração contábil. Revista Mineira de Contabilidade. v. 18, n. 2, 2017.

Efeito propriedade: nenhuma teoria consegue explicar

O efeito propriedade é um desvio da teoria economica, mas também não pode ser explicado pela  economia comportamental.


Resumo:

An enormous literature documents that willingness to pay (WTP) is less than willingness to accept (WTA) a monetary amount for an object, a phenomenon called the endowment effect. Using data from an incentivized survey of a representative sample of 3,000 U.S. adults, we add one (probably) surprising additional finding: WTA and WTP for a lottery are, at best, slightly correlated. Across all respondents, the correlation is slightly negative. A meta-study of published experiments with university students shows a correlation of around 0.15--0.2, consistent with the correlation in our data for high-IQ respondents. While poorly related to each other, WTA and WTP are closely related to different measures of risk aversion, and relatively stable across time. We show that the endowment effect is not related to individual-level measures of loss aversion, counter to Prospect Theory or Stochastic Reference Dependence.

Willingness to Pay and Willingness to Accept are Probably Less Correlated Than You Think Jonathan Chapman, Mark Dean, Pietro Ortoleva, Erik Snowberg, and Colin Camerer NBER Working Paper No. 23954 October 2017

Tela de Da Vinci é leiloada por 450 milhões

Uma tela de Leonardo da Vinci, Lo Salvator Mundi, foi vendida por 450 milhões de dólares num leilão ontem. Há sessenta anos a tela foi vendida por 60 dólares. Naquela época, a tela foi confundida com uma cópia. Mas ainda existem dúvidas sobre a autenticidade da tela. O comprador não foi identificado.

Anteriormente o recorde era de uma tela de Pablo Picasso, num leilão, e uma tela de Gauguin, numa venda privada. Já a pintura Lo Salvator Mundi é uma das 20 pinturas conhecidas de Da Vinci. Destaque o trabalho da casa de leilão, que promoveu a pintura em uma turnê mundial que contou com um público de 27 mil pessoas. Além disto, o vídeo promocional tinha a presente de outro Leonardo, o DiCaprio, e Patti Smith.
 

Há questionamentos sobre a autenticidade da pintura, apesar a afirmação da Christie's, a empresa responsável pelo leilão, de que a maioria dos estudiosos não têm dúvida sobre a autoria.

Comperj e o prejuízo de 12 bilhões de dólares

Tribunal de Contas da União (TCU) apontou nesta terça-feira (14) um prejuízo de US$ 12,5 bilhões na construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Segundo a corte, desse total US$ 9,5 bilhões são atribuídos à gestão temerária do projeto.

Localizado em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o Comperj começou a ser erguido em 2010 e chegou a ser uma das principais obras do país, onde trabalhavam cerca de 35 mil pessoas. Além do TCU, a construção do Comperj é investigada pela Operação Lava Jato, que apura esquema de desvio de verbas envolvendo a Petrobras, partidos políticos e empreiteiras.

Segundo o relator do processo, ministro Vital do Rêgo, os responsáveis pela obra foram negligentes na aprovação da fase 2 do complexo, que ocorreu mesmo sem definição de um projeto. Já a aprovação da fase 3, disse o ministro, aconteceu mesmo após a identificação de que seria economicamente inviável. O relatório aponta também que houve demora para o início da reavaliação do projeto.


O mais estranho no texto do G1 é o seguinte:

Na nota, a Petrobras diz que "reafirma sua condição de vítima nesse processo, clara pelo fato de a companhia não ter obtido nenhum ganho financeiro a partir de eventuais irregularidades e, ao contrário, ter tido prejuízo".


Já comentamos isto antes: a Petrobras tomou a decisão de fazer o investimento. Não foi forçada. O seu acionista controlador - e seus representantes - tinham certos interesses. Como a empresa é uma "ficção jurídica", nas palavras de Jensen e Meckling, as pessoas que tomaram a decisão devem ser punidas. Simples assim.

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

15 novembro 2017

As transformações no mercado de trabalho contábil

Mensalmente este blog acompanha o resultado do mercado de trabalho formal no setor contábil. Usando a classificação da CBO2002 e considerando Contadores e Auditores, Escriturários e Técnicos em Contabilidade como este setor, temos divulgado os números dos admitidos e demitidos, tendo por base do Caged.

Fizemos agora também um levantamento anual, usando o mesmo critério de classificação do setor contábil, só que usando a base de dados da Rais, em lugar do Caged. Os dados também são do mercado formal.

A figura abaixo mostra a evolução anual do número de empregados no setor, de 2003 a 2016. No início da série eram 221 mil trabalhadores; no final do ano passado, o número era quase o dobro. Uma grande evolução neste período, que só não foi maior em razão da redução recente em razão da crise econômica e confirmando os números mensais que estamos divulgando aqui no blog

A evolução no número de empregados no período teve um efeito importante: a participação da mão-de-obra do setor no total da economia cresceu substancialmente. O gráfico a seguir faz esta comparação. Em 2003 os empregados do setor contábil correspondia a 0,75%; no último ano, quase 1% dos trabalhadores brasileiros atuavam com a contabilidade.

A figura a seguir mostra a evolução da remuneração total, considerando 2003 igual a 100, e em salários mínimos. Ou seja, os valores seriam corrigidos. Para fins de comparação colocamos na figura o total do Brasil. Aqui temos uma boa notícia para os profissionais de contabilidade: os anos recentes foram benéficos para o bolso, já que a remuneração, em salários mínimos, aumentou em 34%, enquanto o total da economia permaneceu próximo do valor de 2003. E o ganho ocorreu principalmente entre os anos de 2010 e 2012.

Mas o dado anterior necessita ser visto com cuidado, já que são valores totais. Ou seja, são influenciados pelo crescimento no número de profissionais. Observe que isto é ruim, já que ocorreu o número de empregados quase dobrou, enquanto o volume de remuneração aumentou somente 34%. A figura a seguir trás uma comparação mais adequada, com a diferença de remuneração média do setor em relação a média da economia. Em 2003 a diferença era de 73%, ou seja, o empregado da área ganhava mais de 73% do que a média; em 2016 a diferença caiu para 52%.

A figura a seguir mostrava a horas contratadas médias do setor em comparação a média do Brasil. Aquela piadinha que diz que um contador que trabalha de segunda a sábado, das 8 as 20 horas, fazendo hora extra no domingo, recebe o nome de “preguiçoso”, parece ter um fundo de verdade. O número de horas contratadas no setor, na linha azul, é bem superior a média do Brasil. E enquanto a média brasileira manteve-se dentro do mesmo patamar, a média do setor contábil mostrou um aumento no período. Assim, em média o trabalhador do setor contábil é contratado para trabalhar em média 42,5 horas por semana, a média total do brasileiro está abaixo de 41 horas.

O sexto gráfico mostra a idade média do trabalhador do setor em relação a média. Enquanto o trabalhador brasileiro médio envelheceu ao longo do tempo, ocorreu um diminuição na idade médio do empregado, entre 2006 a 2012.

A seguir a ilustração gráfica da maior transformação ocorrida no setor contábil. Em 2003, metade do setor era composta por mulheres. Em 2016, 60,5% eram de mulheres. Um percentual bem acima da média. Mas a notícia ruim é que a diferença salarial entre homens e mulheres é MUITO maior entre os empregados do setor contábil do que na economia brasileira.