18 outubro 2017
Resenha: Roube como Um Artista - 10 Dicas sobre Criatividade - Austin Kleon
Este pequeno livro - em tamanho e número de páginas - tenta ajudar as pessoas a melhorar sua criatividade. O título é bastante chamativo e logo nas primeiras páginas o autor afirma: todo conselho é autobiográfico. Este talvez seja o ponto forte e também o cuidado que o leitor deve ter: o que funciona para Kleon, talvez não seja verdadeiro para você. Mas devo confessar que o título é bastante criativo e o design é atraente. Mas na essência, o livro não é sobre “roubar”, mas sobre usar ideias já existentes para desenvolver seu trabalho. É sobre aproveitar uma ideia de terceiro e aplicar no seu trabalho. Na área acadêmica, por exemplo, é tomar uma ideia da psicologia e aplicar na contabilidade.
As dicas do livro são as seguintes: (1) roube como um artista (2) não espere até saber quem você para poder começar (3) escreva o livro que você quer ler (4) use as mãos (5) projetos paralelos e hobbies são importantes (6) faça um bom trabalho e compartilhe (7) a geografia não manda mais em nós (8) seja legal, pois o mundo é pequeno (9) seja chato, pois é a maneira de terminar um trabalho (10) a criatividade é subtração. Algumas dicas são constatações; outras talvez não funcione com você.
Vale a pena? O livro é pequeno e fácil de ler. Mas em termos práticos, acho que Mais Rápido e Melhor, de Duhigg, mais efetivo (por li no passado e não fiz uma resenha aqui).
Evidenciação: Este blogueiro adquiriu a obra numa livraria, não tendo sido induzido a fazer esta postagem pelas partes interessadas.
17 outubro 2017
Rio Tinto
O regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos acusou a empresa Rio Tinto, e dois ex-executivos, de fraude numa mina em Moçambique. Já o regulador do Reino Unido anunciou que chegou a um acordo com a empresa, que pagaria uma multa de US$36 milhões por ter violado as regras contábeis com os ativos no país da África. Em 2011 a Rio Tinto adquiriu uma mina de carvão por US$3,7 bilhões; logo após a aquisição, a empresa descobriu que a compra tinha sido ruim e tentou dissimular o erro. O problema continuou até janeiro de 2013, segundo a SEC. Logo a seguir, a empresa vendeu a mina por US$50 milhões.
Solução para manipulação nos esportes
Segundo The Economist uma a cada cem partidas é manipulada. A solução seria:
A primeira é legalizar as apostas, que são proibidas em muitos países. Para lucrar com suas trapaças, os manipuladores precisam de mercados que movimentem grande volume de recursos e tenham liquidez. Se os apostadores honestos começarem a utilizar casas de apostas legais, os trapaceiros terão de ir atrás deles, e as autoridades conseguirão identificá-los com mais facilidade. A segunda coisa a fazer é aprovar leis contra o acerto de resultados que reconheçam que, muitas vezes, as únicas provas da manipulação são análises estatísticas. Muitos países nem sequer têm legislação sobre o assunto. (grifo meu)
A primeira é legalizar as apostas, que são proibidas em muitos países. Para lucrar com suas trapaças, os manipuladores precisam de mercados que movimentem grande volume de recursos e tenham liquidez. Se os apostadores honestos começarem a utilizar casas de apostas legais, os trapaceiros terão de ir atrás deles, e as autoridades conseguirão identificá-los com mais facilidade. A segunda coisa a fazer é aprovar leis contra o acerto de resultados que reconheçam que, muitas vezes, as únicas provas da manipulação são análises estatísticas. Muitos países nem sequer têm legislação sobre o assunto. (grifo meu)
16 outubro 2017
A geração atual é melhor que a passada
A reclamação de que estamos piorando com o passar do tempo parece não proceder. Veja o texto da revista The Economist, publicado no Estadão de 10 de outubro de 2017:
A fim de introduzir um pouco de rigor no problema, o pesquisador saiu em busca de exemplos de um experimento cognitivo conhecido como “teste do marshmallow”.
A realização do experimento é simples. A criança é levada para uma sala onde há uma série de doces. O pesquisador explica à criança que ela pode escolher o doce de que mais gosta e comê-lo quando quiser; mas, se esperar 15 minutos, poderá comer dois doces em vez de um. Em seguida, o
pesquisador sai da sala. A idade é o fator que melhor permite prever a capacidade de resistir ao impulso de devorar o doce na hora. Entre as crianças de mesma idade, porém, o bom desempenho no teste está associado a características positivas que se manifestarão mais tarde na vida, da
manutenção de um peso saudável à escolaridade mais elevada e à obtenção de notas mais altas em provas.
Só 16% dos especialistas acertaram a previsão: as crianças vêm se saindo progressiva e significativamente melhores no teste. Em 1967, o tempo que elas levavam para ceder à tentação era de aproximadamente três minutos, em média. Em 2017, essa média já chega 8 minutos, com uma elevação de cerca de um minuto a cada dez anos. E isso parece acontecer de maneira uniforme em todos os níveis de habilidade. As crianças mais impulsivas vêm melhorando no mesmo
ritmo que as mais prudentes.
Para aqueles que ainda duvidam, recomendo a leitura do livro Os Anjos Bons da Nossa Natureza, de Steven Pinker.
A realização do experimento é simples. A criança é levada para uma sala onde há uma série de doces. O pesquisador explica à criança que ela pode escolher o doce de que mais gosta e comê-lo quando quiser; mas, se esperar 15 minutos, poderá comer dois doces em vez de um. Em seguida, o
pesquisador sai da sala. A idade é o fator que melhor permite prever a capacidade de resistir ao impulso de devorar o doce na hora. Entre as crianças de mesma idade, porém, o bom desempenho no teste está associado a características positivas que se manifestarão mais tarde na vida, da
manutenção de um peso saudável à escolaridade mais elevada e à obtenção de notas mais altas em provas.
Protzko avaliou os dados de 30 estudos realizados ao longo dos últimos 50 anos (embora o estudo original de Stanford não tenha sido incluído).
Simultaneamente, consultou 260 especialistas em desenvolvimento cognitivo infantil (...)
Só 16% dos especialistas acertaram a previsão: as crianças vêm se saindo progressiva e significativamente melhores no teste. Em 1967, o tempo que elas levavam para ceder à tentação era de aproximadamente três minutos, em média. Em 2017, essa média já chega 8 minutos, com uma elevação de cerca de um minuto a cada dez anos. E isso parece acontecer de maneira uniforme em todos os níveis de habilidade. As crianças mais impulsivas vêm melhorando no mesmo
ritmo que as mais prudentes.
Para aqueles que ainda duvidam, recomendo a leitura do livro Os Anjos Bons da Nossa Natureza, de Steven Pinker.
O Teste pode ser visto no vídeo abaixo:
Horizonte temporal na privatização
O valor de uma empresa é dado pelo fluxo de caixa futuro descontado pelo custo de oportunidade de capital. Uma das questões no processo de fazer a mensuração deste valor é quão longe deve ser o valor futuro. Ou seja, qual o horizonte de tempo que devemos considerar. Quando a empresa possui vida futura delimitada por um contrato, o correto seria considerar este horizonte temporal. Se o horizonte de tempo não estiver delimitado, o usual é considerar um fluxo de cinco ou dez anos (ou outro período de tempo qualquer) e ao final considerar um fluxo em perpetuidade.
No caso das concessões governamentais, a estimativa deve levar em consideração o prazo do contrato. Se estamos avaliando uma empresa que explora uma rodovia e o contrato possui mais oito anos, o horizonte de tempo será oito anos. Ao final deste período, a rodovia volta para o governo, que irá fazer um novo leilão. Mas o valor da empresa criada para explorar esta rodovia deve ser estimado considerando estes oito anos, mais o eventual valor residual, que irá corresponder ao pactuado no contrato de concessão.
Para o governo, transferir uma concessão para o setor privado envolve obter os recursos, que podem ser maiores se o objeto da exploração foi vantajoso ou não. O preço obtido no leilão pode aumentar se as regras forem claras, não existir contestação provável, o objeto de exploração pode gerar um fluxo de caixa futuro atrativo, entre outros aspectos. Ao fazer um leilão para concessão de um bem do governo, quanto maior a atratividade, maior o preço a ser obtido no leilão. Muitas vezes o governo chega a garantir fontes de financiamento a juros subsidiados como uma forma de atrair mais interessados.
A regra para obter um valor substancial num leilão é simples: melhorar, no máximo, a chance da concessão gerar um elevado fluxo de caixa futuro.
No processo de discussão sobre a oferta da Eletrobras anunciou-se que o governo estaria estudando aumentar o horizonte de tempo do contrato da usina Tucuruí (Fonte: Ritter, Daniel. Novo Contrato de Tucuruí torna-se decisivo para oferta da Eletrobras, Valor Econômico, 2 de outubro de 2017, B1). Originalmente o contrato termina em 2024. Neste ano, o governo teria que fazer um leilão para decidir quem iria explorar esta usina. Tucuruí é uma hidrelétrica muito importante para a Eletrobras: equivale a 8400 mW, mais que o dobro das quatro usinas que foram leiloadas recentemente pelo governo federal e que eram da Cemig. Se o processo sair em 2018, isto corresponde de 6 a 7 anos de exploração. A proposta, conforme divulgada na mídia, seria prorrogar por 30 anos a concessão. Seria um grande incentivo para atrair interessados.
A ideia possui uma transferência temporal de riqueza. Em lugar de receber recursos em 2024 numa eventual prorrogação da concessão, o governo antecipa deste recebimento. Isto seria muito interessante para um governo que está com dificuldades de fechar as contas públicas, neste ano e provavelmente no próximo.
Neste caso, para o eventual interessado em adquirir a Eletrobras, o horizonte temporal seriam os trinta anos de exploração de Tucuruí.
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