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22 setembro 2017

Auditoria: o quarteto fantástico

Fonte: Aqui
O Neil Collins escreveu um artigo interessante sobre as grandes empresas de auditoria e como continuam a sobreviver meio a tantos problemas.

Há muitos anos atrás a Price Waterhouse anunciou que queria se fundir com a Cooper Brothers. Alguns consideraram uma má ideia, pois reduziria significativamente o número de empresas de contabilidade internacionais, que já era pequeno. As autoridades não tiveram poder ou interesse em vetar o acordo.

Alguns anos depois a Enron explodiu, levando a Arthur Andersen com ela. Passaram então a haver apenas quatro grandes empresas de auditoria internacionais.

Esse grupo de quatro empresas, também conhecido como Big Four (PwC, KPMG, Deloitte e EY), roda as principais atribuições entre si. As empresas são trazidas para investigar as falhas umas dos outras, já que não há alternativa realista. Essas empresas são tão grandes que atualmente nenhuma quantidade de fusões criaria uma quinta empresa internacional para competir com elas. Elas estão tão longe da concorrência que dificilmente as grandes empresas se arriscam a nomear alguém fora do “quarteto fantástico”.

Nesta semana ficou claro que a KPMG não é fantástica. Ela deu à HBOS um parecer favorável meses antes de o banco ter que ser resgatado e ter que sofrer uma investigação pelo regulador do mercado britânico, o Financial Reporting Council (FRC). Felizmente, o órgão concluiu que a auditoria da empresa em 2008 estava dentro dos padrões esperados. Infelizmente, essa conclusão foi tão fora do senso comum que tornou o FRC motivo de piada.

A KPMG também foi a auditora dos interesses da família Gupta, na África do Sul. Alguns executivos já foram demitidos, mas se a KPMG fose uma empresa incorporada e listada, a combinação de duas grandes falhas como essas seria o suficiente para afetar os altos executivos e, talvez, ameaçar a sobrevivência da entidade.

As auditorias não são assim, mais parecendo franquias operando em cada país. A publicação das suas demonstrações financeiras sempre parece ser muito aquém da divulgação que a lei exige para os seus clientes e a sua compartimentalização quase à vácuo é o suficiente para suportarem até mesmo desastres tão grandes quanto aos que têm ocorrido.

No fim das contas, como a KPMG, PwC, Deloitte e EY poderiam dizer, elas são muito poucas para quebrarem.

Previsão do Nobel

Colin F. Camerer (Caltech) e George F. Loewenstein (Carnegie Mellon) - pesquisa em economia comportamental e neuroeconomia

Robert E. Hall (Stanford) - produtividade, recessão e desemprego

Michael C. Jensen (Harvard), Stewart C. Myers (MIT, fotografia) e Raghuram G. Rajan (Chicago) - finanças

Outras previsões aqui

Links

A expansão da Google em celular

Existe relação estatística entre liberdade de imprensa e crescimento econômico

Companhias aéreas geram cada vez mais "outras" receitas

A crise na Máquina de Vendas (leia-se Ricardo Eletro)

Wikipedia influencia nas pesquisas científicas

Uber está lançando serviço de ônibus no Egito

Na África do Sul, nem lobista quer a KPMG

Contabilidade no Esporte

Se você acha que a contabilidade dos clubes de futebol no Brasil é uma bagunça veja o que foi escrito sobre o basquete profissional nos Estados Unidos:

Apesar de uma inundação de dinheiro da televisão nacional, 14 das 30 equipes da NBA perderam dinheiro na temporada passada

Entretanto, parece que os jogadores desconfiam da contabilidade dos clubes:

as equipes usam técnicas contábeis para torná-las menos lucrativas do que realmente são

Frase

Os executivos da KPMG não estabeleceram nenhuma referência para a probidade, como afirmam alguns - eles simplesmente agiram quando foram pegos.

(David Everatt)

A KPMG está sendo acusada de atuar dentro do Serviço de Receita da África do Sul para obter informações contra os “inimigos’ da família Gupta. Agora a empresa demitiu alguns funcionários e fez doação dos honorários recebidos das empresas da família Gupta. E confirmou que atuou dentro da Receita.

Desemprego continua aumentando no Setor Contábil

Ontem o Ministério do Trabalho disponibilizou os dados de agosto do Caged com informações sobre o emprego formal. Como tem sido praxe, este blog compilou os dados do setor contábil para verificar o comportamento do setor neste quesito. E como tem acontecido nos últimos meses, o número dos demitidos superou o número dos admitidos: de janeiro de 2015 até agosto de 2017, somente em três meses o sinal foi positivo. E o resultado do mês foi o segundo pior do ano, com uma diferença de 1266 postos de trabalho a menos. E tendo por base os dados dos anos anteriores, este quadro talvez mude somente em outubro.

Em termos acumulados, de janeiro de 2014 até o último mês, foram reduzidas quase 38 mil vagas. Os dados são ruins mesmo. Enquanto a economia como um todo já encontra-se no quinto mês seguido de recuperação, agosto representou o sétimo mês seguido onde as demissões foram maiores que as admissões. No gráfico a seguir fizemos uma comparação entre o setor contábil e a economia. A linha azul mostra que a relação entre admissão e demissão do setor contábil continua uma tendência decrescente. A linha vermelha é esta relação para o geral da economia, dividido por cem para permitir a comparação. É nítida que o mercado de trabalho formal no Brasil melhorou nos últimos meses, revertendo uma tendência de queda.

Como tem acontecido, o salário médio dos demitidos é superior ao dos admitidos. Mas a diferença é a menor do ano, podendo indicar que o processo de demissão para contratar com salário menor já não ocorre com tanta intensidade. Em agosto a diferença foi de 20,6%.


O tempo de emprego dos trabalhadores demitidos no setor foi de quase 38 meses (versus 25 na economia), o segundo maior número da série, mas menor que o recorde do mês anterior. Tanto o fato da diferença salarial ter diminuído, quando a queda no tempo de emprego, são notícias boas, que podem sinalizar uma reversão futura no mercado de trabalho.

A análise por gênero, instrução e tipo de ocupação permite detalhar onde o problema do emprego é mais elevado: nas mulheres, pessoas com o ensino médio completo e nos escriturários. Para finalizar, 74% das demissões foram sem justa causa.