04 agosto 2017
Terminologias
Quando tentamos ser especialista numa área precisamos conhecer bem a terminologia utilizada. Com o desenvolvimento da rede mundial de computadores isto tornou-se mais difícil por dois motivos. Em primeiro lugar, o acesso aos termos ficou mais democrático. Assim, uma pessoa com poucos conhecimentos já está sendo exposta de muitos termos técnicos e passa a usá-los de maneira nem sempre apropriada. E com bastante confiança de que está correto. Em segundo lugar, tornou-se mais rápido a criação e divulgação de novos termos, alguns nem sempre novos.
No ITR da Klabin, referente ao período encerrado em 30 de junho, a empresa afirma que “obteve uma redução do custo caixa de produção”. Num trecho na página 22 a empresa esclarece:
contempla os custos de produção das fibras curta, longa e fluff e as toneladas produzidas de celulose no período. O custo caixa de produção não contempla despesas de vendas, gerais e administrativas, constituindo exclusivamente o montante dispendido na produção da celulose.
Logo depois:
O custo caixa unitário total, que contempla a venda de todos os produtos da Companhia (...) Vale lembrar que o custo caixa do trimestre também foi afetado sazonalmente pela parada anual programada para manutenção na fábrica de Monte Alegre (PR).
Apesar da confusão generalizada que a empresa faz com os termos “custo”, “desembolso” e “despesa”, aparentemente o termo custo caixa de produção corresponde a “saída de caixa para produção dos itens que foram vendidos no período”.
A forma como a empresa divulga a informação nas demonstrações induz o usuário a pensar que se trata de algo comum para os analistas. Fiz uma pesquisa no Google com o termo “custo caixa unitário total” e recebi de volta somente 161 resultados (figura). Parece que o termo não é tão comum assim. E o interessante é que as primeiras respostas foram todas relacionadas com uma empresa: a Klabin.
P.S.: A Suzano usa o termo Custo Caixa, aparentemente no mesmo sentido da Klabin. Isto muda alguma coisa? A princípio não, já que um termo não pode ser de uso restrito para uma empresa ou um setor.
No ITR da Klabin, referente ao período encerrado em 30 de junho, a empresa afirma que “obteve uma redução do custo caixa de produção”. Num trecho na página 22 a empresa esclarece:
contempla os custos de produção das fibras curta, longa e fluff e as toneladas produzidas de celulose no período. O custo caixa de produção não contempla despesas de vendas, gerais e administrativas, constituindo exclusivamente o montante dispendido na produção da celulose.
Logo depois:
O custo caixa unitário total, que contempla a venda de todos os produtos da Companhia (...) Vale lembrar que o custo caixa do trimestre também foi afetado sazonalmente pela parada anual programada para manutenção na fábrica de Monte Alegre (PR).
Apesar da confusão generalizada que a empresa faz com os termos “custo”, “desembolso” e “despesa”, aparentemente o termo custo caixa de produção corresponde a “saída de caixa para produção dos itens que foram vendidos no período”.
A forma como a empresa divulga a informação nas demonstrações induz o usuário a pensar que se trata de algo comum para os analistas. Fiz uma pesquisa no Google com o termo “custo caixa unitário total” e recebi de volta somente 161 resultados (figura). Parece que o termo não é tão comum assim. E o interessante é que as primeiras respostas foram todas relacionadas com uma empresa: a Klabin.
P.S.: A Suzano usa o termo Custo Caixa, aparentemente no mesmo sentido da Klabin. Isto muda alguma coisa? A princípio não, já que um termo não pode ser de uso restrito para uma empresa ou um setor.
Ambev e a recuperabilidade
Em março de 2017, ao publicar suas demonstrações anuais, a Ambev confessou que não faz um teste de recuperabilidade decente. Explicamos depois a conveniência de realizar um teste realmente correto. Na divulgação das demonstrações do segundo trimestre a empresa diz que:
A análise de impairment do goodwill e ativos intangíveis de vida útil indefinida são revistos pelo menos anualmente e sempre que houver indícios de redução ao valor de recuperação da unidade geradora de caixa a qual ele foi alocado. A Companhia aplica julgamento para selecionar alguns métodos, incluindo o método de fluxo de caixa descontado e faz suposições sobre o valor justo de instrumentos financeiros que se baseiam principalmente em condições de mercado existentes na data de cada balanço.
Pelo menos não se compromete. De qualquer forma, no trimestre, a empresa baixou 50 milhões de reais para uma base de no mínimo de 19 bilhões. Isto corresponde a 0,3%.
A análise de impairment do goodwill e ativos intangíveis de vida útil indefinida são revistos pelo menos anualmente e sempre que houver indícios de redução ao valor de recuperação da unidade geradora de caixa a qual ele foi alocado. A Companhia aplica julgamento para selecionar alguns métodos, incluindo o método de fluxo de caixa descontado e faz suposições sobre o valor justo de instrumentos financeiros que se baseiam principalmente em condições de mercado existentes na data de cada balanço.
Pelo menos não se compromete. De qualquer forma, no trimestre, a empresa baixou 50 milhões de reais para uma base de no mínimo de 19 bilhões. Isto corresponde a 0,3%.
02 agosto 2017
Confusão gráfica
A primeira vez que olhei o gráfico acima, que faz parte das demonstações contábeis da Cielo, achei estranho. Pareceria, na figura, que o lucro líquido estava crescendo, mas existia uma variação negativa de -10,2%. Olhando mais atentamente verifica-se que a empresa divulgou o gráfico com o primeiro semestre de 2017 primeiro - de azul - e 2016 depois - de cinza. Ou seja, inverso do que geralmente fazemos quando se constroi um gráfico.
Mas o gráfico a seguir tem um problema. O resultado financeiro da empresa caiu, de 1.019,7 milhões para 816 milhões. Ou seja, uma variação de “-20%” e não “20%”.
Evolução nos juros reais
O gráfico mostra a evolução da taxa de juros anuais reais na economia brasileira, de 2004 até junho de 2017. A taxa usada no gráfico é a Selic e o deflator é o IPCA, calculado pelo IBGE. Depois de atingir o valor máximo de quase 13% em agosto de 2005, os juros reais caíram ao longo do tempo, até início de 2013. Naquele momento, o governo tinha adotado a postura de reduzir os juros, sem uma política econômica adequada. Os juros reais aumentaram desde então, chegando ao patamar de 5% em dezembro de 2014. O aumento nos juros reais nos últimos meses, para algo em torno de 7% ao ano, ocorreu em razão da redução nos preços aos consumidor, de 9% em agosto de 2016 para 3% em junho de 2017.
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