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21 junho 2017

Curso de Contabilidade Básica: Quando o veículo é circulante

Quando começamos a aprender qualquer matéria nova, nosso desejo é ter regras imutáveis e simples. Assim, basta decorar as regras e pronto! Somos especialistas naquele conhecimento. Isto também ocorre com as pessoas que começam a aprender contabilidade. Como professores, temos respondido ao longo dos anos perguntas que expressam este desejo. Mas a contabilidade não cabe sempre em regras imutáveis e simples.

Vamos dar um exemplo de uma questão que surge constantemente e que está relacionada com a classificação dos itens nas demonstrações contábeis. No capítulo 2 do volume 1 do livro Curso de Contabilidade Básica, mostramos os grandes grupos das demonstrações contábeis. Mostramos no livro que o ativo está dividido em circulante e não circulante. O lado direito do balanço em passivo circulante, não circulante e patrimônio líquido. O exemplo que iremos trazer aqui diz respeito justamente à classificação do ativo, em circulante e não circulante. É muito comum dúvidas do seguinte tipo: estoques é circulante ou não circulante? E as aplicações financeiras? E assim por diante. Em muitos casos, infelizmente, a resposta é: depende.

Veículos é circulante ou não circulante? Na maioria dos casos, veículos é não circulante. Muitas vezes na nossa pressa respondemos de imediato: não circulante. Mas o correto é: depende também. Veja o caso da Quality Aluguel de Veículos S/A e seu balanço de 31 de dezembro de 2016, consolidado.


Sendo uma empresa de aluguel de veículos, podemos imaginar que o grande ativo será, obviamente, veículos. E que esses veículos, por serem utilizados nos negócios, estariam classificados no não circulante. Mas observe que a conta de maior peso no balanço é “estoques” e não a de imobilizado. Olhando agora o que a empresa publicou na nota explicativa número 6, podemos ver o detalhamento dessa conta:


Os estoques da empresa, que correspondem a 77% do ativo, são veículos. E estes estão classificados no ativo circulante. Assim, como dissemos anteriormente, veículos usualmente são classificados no ativo não circulante. Mas, voltando à nossa pergunta inicial: veículos é circulante ou não circulante? Podemos ver que a resposta correta deve ser depende! Em circunstâncias especiais como a desta empresa, podem ser considerados no circulante.

Rir é o melhor remédio


20 junho 2017

Mercado de Trabalho da contabilidade: a crise ainda não passou

Enquanto na economia o número de trabalhadores admitidos no mercado de trabalho formal foi superior ao número dos demitidos, o mesmo não ocorreu na contabilidade. Em maio foram 34 mil contratações a mais que as demissões na economia como um todo, um número menor que do mês passado (quase 60 mil), mas ainda sim positivo.
Na contabilidade, o número positivo de janeiro criou uma ilusão que a crise no setor contábil estava passando. Mas desde então, o número de empregados demitidos superou os admitidos. E em maio atingiu um valor acumulado de 35 mil vagas reduzidas no setor em razão dos 8.190 admitidos e 9.233 demitidos em maio. Como é normal, o salário médio dos contratados é inferior ao dos demitidos: uma diferença de R$526 ou 23,6%.

Outra notícia ruim é o aumento do tempo médio de emprego dos demitidos, atingindo o valor máximo desde que começamos a computar este valor: 37,37 meses em maio de 2017 versus 33,65 meses de maio do ano passado. Isto significa que a crise não está poupando os empregados mais antigos e experientes. Um fato que comprova isto é que a idade média dos demitidos em maio foi de 32,56 anos, a segunda maior da série. E a idade média dos contratados é a maior da série: 30,60 anos. Ou seja, o mercado de trabalho tem demitido os empregados mais velhos e a idade média dos contratados tem aumentado com o tempo.

Em termos das características do trabalhador, o mês de maio só não foi ruim para aqueles com curso superior completo.

Fim do Programa Multi

Em abril de 2018 o programa Multiinstitucional e Interregional de pós-graduação em Ciências Contábeis da UnB/UFPB/UFRN deixará de existir. Conhecido como Programa Multi ou Multi, o programa foi criado em 1999, num momento que os doutores em contabilidade era raros. Num primeiro momento, quatro universidades uniram seus esforços e fizeram uma proposta de abertura do programa de mestrado em contabilidade. A Capes aprovou com desconfiança e as turmas iniciaram suas atividades em Brasília e no Nordeste, sob a batuta do professor Jorge Katsumi.

Em 2006 as quatro universidades submeteram uma proposta de criação do doutorado. Estranhamente, a proposta aparentemente tinha sido aprovada, mas o processo não andava na Capes. UnB, UFPB e UFRN ficaram sabendo, posteriormente, que uma correspondência da UFPE, encaminhada diretamente para Capes, estava travando o processo. As três instituições romperam o acordo, fizeram um novo convênio, sem a UFPE, e uma proposta de um curso de mestrado e doutorado. Estava criado o segundo programa de doutorado em contabilidade do Brasil.

Em 2013, em comum acordo, as instituições optaram por descontinuar o programa, surgindo três novos programas de pós-graduação, em cada uma das instituições de ensino. No período de existência, o Multi formou 48 novos doutores em contabilidade e 313 mestres. O número de doutores deve aumentar, já que existem um potencial de 15 doutorandos em processo de elaboração de tese. O número de mestres é definitivo.

Mestrado - Das 313 dissertação, 136 foram defendidas no núcleo Brasília e 177 no Nordeste. Com três linhas de pesquisa, o número de defesas estão distribuídos de forma equitativa: 112 dissertação em Contabilidade e Mercado Financeiro; 105 em Contabilidade para Tomada de Decisão; e 96 em Impactos da Contabilidade para sociedade. Os professores Paulo Cavalcante, eu, Dionísio, Lustosa e Aneide e Adilson foram os que mais participaram de bancas examinadoras com 27, 19, 18, 16, 16 e 16, nesta ordem. Eu, Dionísio, Jorge e Lustosa foram os professores com maior número de orientação: 34, 26, 26 e 23. Estes dados são de uma pesquisa de Cecília Alvim, Análise do Programa Multiinstitucional e Interregional de Pós-graduação em Ciências Contábeis da UnB/UFPB/UFRN e sua contribuição para pesquisa em Contabilidade no Brasil, defendida agora na conclusão do curso de graduação. Ela coletou também que dos 313 alunos, 243 trabalham com educação, segundo os dados do Lattes, e 96 trabalham em regime de dedicação exclusiva. Também analisando o Lattes de cada um dos mestres formados no programa, Cecília Alvim identificou que 89 alunos, até o momento, partiram para o doutorado. São números impressionantes, fruto de um sonho que começou a ser realidade em 1999.

Outras pesquisas sobre o tema:

GOMES, R. et al. Um estudo investigativo nas dissertações ... I Congresso UFSC de Iniciação Científica, 2007.
LUCENA, W. et al. O perfil das dissertações do Programa ... Revista Capital Científico, v. 12, n. 2, 2014.
PEDERNEIRAS, M. A ação aglutinadora da ..., Dissertação de Mestrado, 2003
ROCHA, G. Uma análise epistemológica das dissertações ... UnB, 2013.
SANTOS, Nálbia et al. Análise do referencial bibliográfico ... XXXII Anpad, 2009.
SOUZA, S. Uma análise das abordagens epistemológicas ... Dissertação de Mestrado, 2005.

Foto: A primeira defesa de Doutorado (Eliseu Martins, Dionísio, Adilson, eu, Otávio, Ilse, Jorge)

Rir é o melhor remédio

Uma campanha do dicionário Aurélio muito legal:



Fonte: Aqui, aqui e aqui