21 junho 2017
20 junho 2017
Mercado de Trabalho da contabilidade: a crise ainda não passou
Enquanto na economia o número de trabalhadores admitidos no mercado de trabalho formal foi superior ao número dos demitidos, o mesmo não ocorreu na contabilidade. Em maio foram 34 mil contratações a mais que as demissões na economia como um todo, um número menor que do mês passado (quase 60 mil), mas ainda sim positivo.
Na contabilidade, o número positivo de janeiro criou uma ilusão que a crise no setor contábil estava passando. Mas desde então, o número de empregados demitidos superou os admitidos. E em maio atingiu um valor acumulado de 35 mil vagas reduzidas no setor em razão dos 8.190 admitidos e 9.233 demitidos em maio. Como é normal, o salário médio dos contratados é inferior ao dos demitidos: uma diferença de R$526 ou 23,6%.
Outra notícia ruim é o aumento do tempo médio de emprego dos demitidos, atingindo o valor máximo desde que começamos a computar este valor: 37,37 meses em maio de 2017 versus 33,65 meses de maio do ano passado. Isto significa que a crise não está poupando os empregados mais antigos e experientes. Um fato que comprova isto é que a idade média dos demitidos em maio foi de 32,56 anos, a segunda maior da série. E a idade média dos contratados é a maior da série: 30,60 anos. Ou seja, o mercado de trabalho tem demitido os empregados mais velhos e a idade média dos contratados tem aumentado com o tempo.
Em termos das características do trabalhador, o mês de maio só não foi ruim para aqueles com curso superior completo.
Na contabilidade, o número positivo de janeiro criou uma ilusão que a crise no setor contábil estava passando. Mas desde então, o número de empregados demitidos superou os admitidos. E em maio atingiu um valor acumulado de 35 mil vagas reduzidas no setor em razão dos 8.190 admitidos e 9.233 demitidos em maio. Como é normal, o salário médio dos contratados é inferior ao dos demitidos: uma diferença de R$526 ou 23,6%.
Outra notícia ruim é o aumento do tempo médio de emprego dos demitidos, atingindo o valor máximo desde que começamos a computar este valor: 37,37 meses em maio de 2017 versus 33,65 meses de maio do ano passado. Isto significa que a crise não está poupando os empregados mais antigos e experientes. Um fato que comprova isto é que a idade média dos demitidos em maio foi de 32,56 anos, a segunda maior da série. E a idade média dos contratados é a maior da série: 30,60 anos. Ou seja, o mercado de trabalho tem demitido os empregados mais velhos e a idade média dos contratados tem aumentado com o tempo.
Em termos das características do trabalhador, o mês de maio só não foi ruim para aqueles com curso superior completo.
Fim do Programa Multi
Em abril de 2018 o programa Multiinstitucional e Interregional de pós-graduação em Ciências Contábeis da UnB/UFPB/UFRN deixará de existir. Conhecido como Programa Multi ou Multi, o programa foi criado em 1999, num momento que os doutores em contabilidade era raros. Num primeiro momento, quatro universidades uniram seus esforços e fizeram uma proposta de abertura do programa de mestrado em contabilidade. A Capes aprovou com desconfiança e as turmas iniciaram suas atividades em Brasília e no Nordeste, sob a batuta do professor Jorge Katsumi.
Em 2006 as quatro universidades submeteram uma proposta de criação do doutorado. Estranhamente, a proposta aparentemente tinha sido aprovada, mas o processo não andava na Capes. UnB, UFPB e UFRN ficaram sabendo, posteriormente, que uma correspondência da UFPE, encaminhada diretamente para Capes, estava travando o processo. As três instituições romperam o acordo, fizeram um novo convênio, sem a UFPE, e uma proposta de um curso de mestrado e doutorado. Estava criado o segundo programa de doutorado em contabilidade do Brasil.
Em 2013, em comum acordo, as instituições optaram por descontinuar o programa, surgindo três novos programas de pós-graduação, em cada uma das instituições de ensino. No período de existência, o Multi formou 48 novos doutores em contabilidade e 313 mestres. O número de doutores deve aumentar, já que existem um potencial de 15 doutorandos em processo de elaboração de tese. O número de mestres é definitivo.
Mestrado - Das 313 dissertação, 136 foram defendidas no núcleo Brasília e 177 no Nordeste. Com três linhas de pesquisa, o número de defesas estão distribuídos de forma equitativa: 112 dissertação em Contabilidade e Mercado Financeiro; 105 em Contabilidade para Tomada de Decisão; e 96 em Impactos da Contabilidade para sociedade. Os professores Paulo Cavalcante, eu, Dionísio, Lustosa e Aneide e Adilson foram os que mais participaram de bancas examinadoras com 27, 19, 18, 16, 16 e 16, nesta ordem. Eu, Dionísio, Jorge e Lustosa foram os professores com maior número de orientação: 34, 26, 26 e 23. Estes dados são de uma pesquisa de Cecília Alvim, Análise do Programa Multiinstitucional e Interregional de Pós-graduação em Ciências Contábeis da UnB/UFPB/UFRN e sua contribuição para pesquisa em Contabilidade no Brasil, defendida agora na conclusão do curso de graduação. Ela coletou também que dos 313 alunos, 243 trabalham com educação, segundo os dados do Lattes, e 96 trabalham em regime de dedicação exclusiva. Também analisando o Lattes de cada um dos mestres formados no programa, Cecília Alvim identificou que 89 alunos, até o momento, partiram para o doutorado. São números impressionantes, fruto de um sonho que começou a ser realidade em 1999.
Outras pesquisas sobre o tema:
GOMES, R. et al. Um estudo investigativo nas dissertações ... I Congresso UFSC de Iniciação Científica, 2007.
LUCENA, W. et al. O perfil das dissertações do Programa ... Revista Capital Científico, v. 12, n. 2, 2014.
PEDERNEIRAS, M. A ação aglutinadora da ..., Dissertação de Mestrado, 2003
ROCHA, G. Uma análise epistemológica das dissertações ... UnB, 2013.
SANTOS, Nálbia et al. Análise do referencial bibliográfico ... XXXII Anpad, 2009.
SOUZA, S. Uma análise das abordagens epistemológicas ... Dissertação de Mestrado, 2005.
Foto: A primeira defesa de Doutorado (Eliseu Martins, Dionísio, Adilson, eu, Otávio, Ilse, Jorge)
Em 2006 as quatro universidades submeteram uma proposta de criação do doutorado. Estranhamente, a proposta aparentemente tinha sido aprovada, mas o processo não andava na Capes. UnB, UFPB e UFRN ficaram sabendo, posteriormente, que uma correspondência da UFPE, encaminhada diretamente para Capes, estava travando o processo. As três instituições romperam o acordo, fizeram um novo convênio, sem a UFPE, e uma proposta de um curso de mestrado e doutorado. Estava criado o segundo programa de doutorado em contabilidade do Brasil.
Em 2013, em comum acordo, as instituições optaram por descontinuar o programa, surgindo três novos programas de pós-graduação, em cada uma das instituições de ensino. No período de existência, o Multi formou 48 novos doutores em contabilidade e 313 mestres. O número de doutores deve aumentar, já que existem um potencial de 15 doutorandos em processo de elaboração de tese. O número de mestres é definitivo.
Mestrado - Das 313 dissertação, 136 foram defendidas no núcleo Brasília e 177 no Nordeste. Com três linhas de pesquisa, o número de defesas estão distribuídos de forma equitativa: 112 dissertação em Contabilidade e Mercado Financeiro; 105 em Contabilidade para Tomada de Decisão; e 96 em Impactos da Contabilidade para sociedade. Os professores Paulo Cavalcante, eu, Dionísio, Lustosa e Aneide e Adilson foram os que mais participaram de bancas examinadoras com 27, 19, 18, 16, 16 e 16, nesta ordem. Eu, Dionísio, Jorge e Lustosa foram os professores com maior número de orientação: 34, 26, 26 e 23. Estes dados são de uma pesquisa de Cecília Alvim, Análise do Programa Multiinstitucional e Interregional de Pós-graduação em Ciências Contábeis da UnB/UFPB/UFRN e sua contribuição para pesquisa em Contabilidade no Brasil, defendida agora na conclusão do curso de graduação. Ela coletou também que dos 313 alunos, 243 trabalham com educação, segundo os dados do Lattes, e 96 trabalham em regime de dedicação exclusiva. Também analisando o Lattes de cada um dos mestres formados no programa, Cecília Alvim identificou que 89 alunos, até o momento, partiram para o doutorado. São números impressionantes, fruto de um sonho que começou a ser realidade em 1999.
Outras pesquisas sobre o tema:
GOMES, R. et al. Um estudo investigativo nas dissertações ... I Congresso UFSC de Iniciação Científica, 2007.
LUCENA, W. et al. O perfil das dissertações do Programa ... Revista Capital Científico, v. 12, n. 2, 2014.
PEDERNEIRAS, M. A ação aglutinadora da ..., Dissertação de Mestrado, 2003
ROCHA, G. Uma análise epistemológica das dissertações ... UnB, 2013.
SANTOS, Nálbia et al. Análise do referencial bibliográfico ... XXXII Anpad, 2009.
SOUZA, S. Uma análise das abordagens epistemológicas ... Dissertação de Mestrado, 2005.
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19 junho 2017
Links
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Custo da corrupção e sua mensuração
O jornal Estado de S Paulo divulgou ontem uma estimativa dos prejuízos causados pelas organizações criminosas. Usando informações da Polícia Federal, o jornal informa que o prejuízo seria de 123 bilhões. Aparentemente este valor refere-se ao período de 2013 a 2017. (vide figura a seguir)
Em primeiro lugar é necessário muita cautela com as informações. Mensurar os prejuízos causados por uma “organização criminosa” é muito difícil. Não basta somar os números. Começa pela definição do que seria o “prejuízo” ou “rombo” ou “custo”:
inclui os valores indiretos?;
como foi feita a estimativa?;
qual o período de tempo?;
os valores estão corrigidos?;
o que seria uma organização criminosa?.
Para cada resposta podemos chegar a um valor diferente.
Segundo, a reportagem não revela informações básicas para uma análise da qualidade da informação. O texto afirma que
“esse quadro é o resultado da conta feita pelos investigadores federais com base em valores de contratos fraudulentos, impostos sonegados, crimes financeiros e cibernéticos, verbas públicas desviadas e até mesmo danos ambientais causados por empresas, madeireiras e garimpos. Tudo misturado ao pagamento de propina a agentes públicos e políticos”
Apesar do dado ter sido compilado pela Polícia Federal, a partir de uma provocação do jornal, é importante para se ter uma dimensão do problema que o país enfrenta: só podemos administrar/combater aquilo que mensuramos.
Em primeiro lugar é necessário muita cautela com as informações. Mensurar os prejuízos causados por uma “organização criminosa” é muito difícil. Não basta somar os números. Começa pela definição do que seria o “prejuízo” ou “rombo” ou “custo”:
inclui os valores indiretos?;
como foi feita a estimativa?;
qual o período de tempo?;
os valores estão corrigidos?;
o que seria uma organização criminosa?.
Para cada resposta podemos chegar a um valor diferente.
Segundo, a reportagem não revela informações básicas para uma análise da qualidade da informação. O texto afirma que
“esse quadro é o resultado da conta feita pelos investigadores federais com base em valores de contratos fraudulentos, impostos sonegados, crimes financeiros e cibernéticos, verbas públicas desviadas e até mesmo danos ambientais causados por empresas, madeireiras e garimpos. Tudo misturado ao pagamento de propina a agentes públicos e políticos”
Apesar do dado ter sido compilado pela Polícia Federal, a partir de uma provocação do jornal, é importante para se ter uma dimensão do problema que o país enfrenta: só podemos administrar/combater aquilo que mensuramos.
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