As ações da JBS sofreram uma grande queda no mercado acionário na segunda-feira. Por um lado, esta queda é estranha, já que o escândalo político originário da gravação de uma conversa entre seu controlador e o presidente da república era de conhecimento de todos já na quarta-feira da semana passada. Além disto, revelou-se um acordo entre a PGR e o empresário Joasley Batista, bastante favorável a este. E os protestos contra o atual governo não tiveram grande participação popular.
Mas existem algumas possíveis explicações para a redução do valor de mercado para empresa.
Rebaixamento da nota de crédito - a empresa de classificação de risco Moody´s rebaixou a nota da empresa, de Ba2 para Ba3. Geralmente as empresas de ratings são lentas em alterar as notas de uma empresa ou país. A rapidez da ação da Moody´s não altera em nada a vida atual da empresa JBS. Mas poderá ter um efeito futuro ruim, já que aumenta o custo do crédito da empresa. Com a impossibilidade de ter acesso ao fácil dinheiro público de outras épocas, a empresa irá necessitar de recursos, seja para rolar a dívida atual, seja para pagar os processos judiciais que acontecerão no futuro próximo.
Credibilidade - Na medida que fomos conhecendo as teias de operações que eram praxe desta empresa, reduziu-se a sua credibilidade. Os astros globais contratados para passar uma imagem positiva da empresa já anunciaram que estão abandonando os contratos. Ninguém quer ter seu nome associada a uma empresa que comprou políticos para se aproveitar do dinheiro público. Será que o varejo irá continuar negociando a carne Friboi? Certamente isto irá afetar as vendas da empresa. É difícil estimar o valor, mas perder vendas é muito ruim.
Multa - Num primeiro momento, parecia que o acordo foi muito vantajoso para os controladores. Uma multa reduzida e a possibilidade de viver livres, sem qualquer impedimento, nos Estados Unidos. Mas a revelação que o acordo com o Ministério Público não ficou acertado, e que o valor exigido pelo lado da acusação era de R$11 bilhões, deve ter espantado o investidor. A possibilidade de venda de ativos esbarra na falta de potenciais comprados. Além disto, há uma desconfiança de que parte do dinheiro sujo foi usado para comprar empresas no exterior. As entidades reguladoras destes países irão aceitar a possibilidade de ter um grande empregador cujo dinheiro tem sua origem na corrupção de autoridades. A CVM divulgou na sexta-feira de noite que existem cinco processos contra a empresa, que inclui o uso de informação privilegiada. Isto deve complicar a vida da empresa nos próximos meses.
Efeito Manada - outra possível explicação para a perda de 16 bilhões de reais de valor de mercado nos últimos meses por parte da JBS é o efeito manada. Este valor corresponde a uma redução no preço da ação de mais de 31% somente na segunda-feira. Este efeito psicológico é resultado de ordens seguidas de venda - no caso da JBS - em razão da ordem dada por um primeiro investidor. Poucos acreditaram que a empresa, e seus controladores, irão sair desta sem um grande perda: ou a venda de várias unidades em diferentes países, ou o atraso no projeto de oferta de ações nos Estados Unidos ou possíveis danos pelo escândalo. Qualquer que tenha sido o gatilho para o início do efeito manada, o certo é que a redução do preço da ação da empresa foi um dos maiores do mercado brasileiro desde a crise de 2008.
Incerteza - A empresa tinha divulgado recente as demonstrações contábeis do primeiro trimestre. É possível acreditar naqueles números? Mesmo que seja próximos do que ocorreu, como assinou o auditor, serve de base para os próximos meses? Responderia não para as duas perguntas. Os números perderam credibilidade em razão das revelação, para alguns, da forma como a JBS fazia negócios. Se eles compravam deputados com notas frias, será que a contabilidade também não está contaminada com este esquema. A segunda questão diz respeito ao que irá ocorrer com a empresa nos próximos meses. Como comentamos no item da credibilidade, alguns brasileiros podem ter boa memória e no momento de escolher o produto que comprar num supermercado não irão ser induzidos pelo Tony Ramos ou Ana Maria Braga.
23 maio 2017
Homo Heuristicus: mentes enviesdas podem tomar decisões certas
Resumo:
Heuristics are efficient cognitive processes that ignore information. In contrast to the widely held view that less processing reduces accuracy, the study of heuristics shows that less information, computation, and time can in fact improve accuracy. We review the major progress made so far: (a) the discovery of less-is-more effects; (b) the study of the ecological rationality of heuristics, which examines in which environments a given strategy succeeds or fails, and why; (c) an advancement from vague labels to computational models of heuristics; (d) the development of a systematic theory of heuristics that identifies their building blocks and the evolved capacities they exploit, and views the cognitive system as relying on an ‘‘adaptive toolbox;’’ and (e) the development of an empirical methodology that accounts for individual differences, conducts competitive tests, and has provided evidence for people’s adaptive use of heuristics. Homo heuristicus has a biased mind and ignores part of the available information, yet a biased mind can handle uncertainty more efficiently and robustly than an unbiased mind relying on more resource-intensive and general-purpose processing strategies.
Heuristics are efficient cognitive processes that ignore information. In contrast to the widely held view that less processing reduces accuracy, the study of heuristics shows that less information, computation, and time can in fact improve accuracy. We review the major progress made so far: (a) the discovery of less-is-more effects; (b) the study of the ecological rationality of heuristics, which examines in which environments a given strategy succeeds or fails, and why; (c) an advancement from vague labels to computational models of heuristics; (d) the development of a systematic theory of heuristics that identifies their building blocks and the evolved capacities they exploit, and views the cognitive system as relying on an ‘‘adaptive toolbox;’’ and (e) the development of an empirical methodology that accounts for individual differences, conducts competitive tests, and has provided evidence for people’s adaptive use of heuristics. Homo heuristicus has a biased mind and ignores part of the available information, yet a biased mind can handle uncertainty more efficiently and robustly than an unbiased mind relying on more resource-intensive and general-purpose processing strategies.
22 maio 2017
Braskem atrasa balanços
Segundo o G1
A petroquímica Braskem informou nesta sexta-feira (19) que não conseguiu entregar seu relatório anual de 2016 ao órgão regulador do mercado de capitais norte-americano, a Securities and Exchange Commission (SEC).
A empresa, que é controlada pelos irmãos Batista e a Petrobras, terá seis meses, a partir do dia 16, para entregar as informações. A empresa divulgou no dia 16 informações sobre seus resultados, mas sem o parecer do auditor.
A petroquímica Braskem informou nesta sexta-feira (19) que não conseguiu entregar seu relatório anual de 2016 ao órgão regulador do mercado de capitais norte-americano, a Securities and Exchange Commission (SEC).
A empresa, que é controlada pelos irmãos Batista e a Petrobras, terá seis meses, a partir do dia 16, para entregar as informações. A empresa divulgou no dia 16 informações sobre seus resultados, mas sem o parecer do auditor.
Abacus: pequeno demais
A crise de 2008 exigiu que o governo dos Estados Unidos fizesse um resgate de 700 bilhões de dólares para salvar o sistema financeiro. Algumas poucas instituições financeiras se salvaram, mas somente um banco foi indiciado por acusações de fraude em relação as hipotecas imobiliárias: o Abacus Federal Savings Bank. Eu passei a conhecer o Abacus a partir da descrição de um filme que conta a história do Abacus.
O Abacus é um pequeno banco de propriedade familiar, que atua em Chinatown, Nova Iorque. O indiciamento do Abacus ocorreu em 2012, com acusações de fraude. Até então, o Abacus era uma instituição confiável para os imigrantes chineses, dirigida por Thomas Sung. Agora um documentário conta a luta do banco contra as acusações do New York County District Attorney's Office com um título muito oportuno: "Abacus: Small Enough to Jail" de Steve James. O filme foca na luta judicial entre o Abacus e a justiça. Ao contrário das grandes instituições bancárias, como o Citibank, que eram grandes demais para falir, o julgamento do Abacus era uma tentativa do seu executivo de limpar seu nome, que conseguiu em 2015.
A seguir o trailer do documentário.
O Abacus é um pequeno banco de propriedade familiar, que atua em Chinatown, Nova Iorque. O indiciamento do Abacus ocorreu em 2012, com acusações de fraude. Até então, o Abacus era uma instituição confiável para os imigrantes chineses, dirigida por Thomas Sung. Agora um documentário conta a luta do banco contra as acusações do New York County District Attorney's Office com um título muito oportuno: "Abacus: Small Enough to Jail" de Steve James. O filme foca na luta judicial entre o Abacus e a justiça. Ao contrário das grandes instituições bancárias, como o Citibank, que eram grandes demais para falir, o julgamento do Abacus era uma tentativa do seu executivo de limpar seu nome, que conseguiu em 2015.
A seguir o trailer do documentário.
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21 maio 2017
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