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06 maio 2017

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Espião suíço tentava identificar compradores de informações sigilosas de clientes de banco (foi preso na Alemanha)

Prêmio Nat Geo de fotografia da natureza (ao lado)

Quando Harvard tentou consertar o capitalismo (ou Elton Mayo)

A contribuição de Baumol

Replicando o experimento de Milgram: 90% dos participantes são obedientes

Auditores são descuidados com o risco de mensuração

Fato da Semana: A falência do governo

Fato: Quando um Estado está em falência

Data: 3 de maio de 2017

Contextualização - Durante a semana, o blog postou um provocação: O Brasil vai Falir. Efetivamente, os dados que temos e as projeções não são boas para o País. O crescimento das despesas públicas e a falta de reformas estruturais levam a esta projeção.

Também na semana tivemos a notícia de que o estado livre associado de Porto Rico estava com sérios problemas financeiros. Uma solicitação de reestruturação da sua dívida foi arquivada. Trata-se do maior default - em termos nominais - dos Estados Unidos. Porto Rico não possui representação no legislativo, mas vota para presidente, geralmente nos democratas. A dívida corresponderia, segundo o El Mundo, a um título municipal.

Relevância - A dívida por habitante de Porto Rico é de 12 mil dólares. A economia está em crise há anos e não existe muita perspectiva a curto e médio prazo.

Pelo status de Porto Rico - não é uma nação, nem um estado - os problemas jurídicos são grandes. Pelo tamanho da dívida, o problema não é preocupante. Mas pode ser um alerta para uma nação que se recusa a se reinventar.

Notícia boa para contabilidade? Não. Problema de finanças públicas. Qual a razão para a informação contábil não apresentar de forma fiel a realidade de um país?

Desdobramentos - Para Porto Rico, tudo parece indicar que existe agora mais possibilidade de um acordo com os devedores. Mas a contabilidade não irá discutir, desta vez, como fazer com que a situação financeira do governo seja exposta de forma clara e fiel.

Mas a semana só teve isto? Os problemas da Roll-Royce e a perda de Baumol foram outros dois fatos de destaque da semana.

Rir é o melhor remédio

Mais aqui

05 maio 2017

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Um selo para comemorar o eclipse  (ao lado)

Escândalos, impechment, vizinhos hostis: e o mercado acionário da Coréia continua em alta

Depois do escândalo: Olympus não está conseguindo crescer

Investidor minoritário do Deutsche pede investigação sobre a condução da gestão no escândalo de manipulação das taxas de câmbio e o pagamento da multa

Solucionado o mistério das pedras que andam

Ainda Petrobras e Corrupção

Investigadores dizem ter comprovado desvios em contratos da petrolífera [Petrobras] e pagamentos de propinas viabilizados até pelo menos junho de 2016, já durante o governo Michel Temer e com a nova administração da Petrobras, empossada em 31 de maio do ano passado (Vieira, Após três anos de Lava-jato, corrupção continua a assolar setores da Petrobras, Valor 5 de maio de 2017)

Três aspectos no texto. Primeiro, uma empresa do tamanho da Petrobras talvez seja difícil eliminar os desvios em contratos, mesmo com os esforços realizados. Segundo, há uma diferença entre a situação atual e das três gestões passadas, onde foi institucionalizado um esquema de corrupção; isto é diferente - até onde se saiba - da situação atual, onde os problemas são localizados. Até onde se saiba, a atual gestão está fazendo esforços para resolver o problema. Como consequência, o título do texto foi muito infeliz ao afirmar que a corrupção "continua a assolar" a empresa baseada numa fonte genérica - "investigadores".

É interessante que a empresa publicou, no mesmo jornal, uma página comentando sobre a corrupção com o título "uma lei [Lei Anticorrupção] que já mudou a cultura das empresas". Parece que a publicidade da empresa foi muito mais jornalística que o texto de Vieira.

Rir é o melhor remédio


04 maio 2017

Faleceu Baumol

O blog Marginal Revolution anunciou que o economista Baumol faleceu. Durante anos este blog postou diversos textos sobre um dos grandes economistas.

Por diversas vezes Baumol esteve entre os fortes candidatos a receber o Nobel de Economia. Infelizmente isto não ocorreu. A falta da premiação não diminui os méritos do economista. A primeira vez que deparei com o nome de Baumol foi ao estudar capital de giro. Baumol aproveitou a ideia do lote econômico de compra e aplicou para a gestão do caixa. O modelo parece hoje bastante simples, mas ajuda a explicar o fato de que grandes empresas fazem muitas transações de investimento com os recursos financeiros, enquanto pequenas empresas não se incomodam com deixar o dinheiro parado no banco: o custo da transação e a rentabilidade explicam esta diferença de comportamento. Também ajuda a explicar a razão pela qual as pessoas, em ambiente inflacionário, buscavam diariamente aplicar seus recursos. Quem viveu na época anterior ao Plano Real sabe o que isto significa.

A partir do modelo do Baumol de gestão de caixa outros modelos foram construídos. Mas a ideia de ter dois ativos - caixa e investimento - com custo de transação e rentabilidade foi de Baumol.

Infelizmente Baumol é pouco conhecido na área contábil. Pergunte a um especialista de custo ou do setor público se já ouviu o nome do economista. Um trabalho seu da década de sessenta é fundamental para estas duas áreas: a doença do custo. Estudando a evolução dos custos em diversos setores, Baumol, em conjunto com Bowen, propôs a ideia de que a redução dos custos proporcionada pela automoção da economia não representava um ganho para todos os setores. Usando o exemplo de uma orquestra sinfônica é possível perceber que criar máquinas não irá reduzir o custo de tocar a Sinfonia número 9 de Beethoven. O número de músicos e cantores é o mesmo que era exigido no século XIX, XX ou XXI. Outro setor onde não ocorreram grandes ganhos de produtividade é a educação. Para ensinar as partidas dobradas é necessário um professor para trinta ou quarenta alunos. A existência de computadores não afeta esta relação (o ensino a distância foi discutido aqui). Isto ajuda a explicar os custos exponenciais da educação. A saúde é outra área onde existe a doença dos custos.

Como no Brasil a constituinte obriga que o governo cumpra seu papel na saúde e educação da população, a doença do custo ajuda a explicar a dificuldade de reduzir as despesas públicas. E o cenário futuro é pouco animador, já que os custos nestas duas áreas são crescentes em relação a outros setores.

Duas ideias brilhantes oriundas de um dos maiores economistas do século XX: Baumol.