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04 maio 2017

"Investindo" em Títulos de Capitalização


Figura acima é o balanço dos Supermercados Bahamas (publicado no Valor Econômico, 28 de abril de 2017, p. A9), uma cadeia de lojas com sede em Juiz de Fora (MG) e faturamento de quase dois milhões de reais. Um ponto que chama atenção é um não circulante, no valor de 620 mil reais (de um ativo total de quase 500 milhões de reais) com a denominação de "títulos de capitalização". O que levaria uma empresa a jogar dinheiro fora em títulos de capitalização? Uma reciprocidade das instituições financeiras? A nota explicativa afirma:

"13. Continuidade - A administração considera que a Companhia possui recursos para dar continuidade a seus negócios no futuro. Adicionalmente, a Administração não tem o conhecimento de nenhuma incerteza material que possa gerar dúvidas significativs sobre a capacidade de continuar operando. Portanto, as demonstrações contábeis foram preparadas com base nesse princípio."

Brasil vai falir!

A cada dia que passa a economia do Brasil está mais frágil. Vou indicar nos itens abaixo  alguns dos motivos do Brasil ficar insolvente nos próximos anos:

1- Brasil vai envelhecer antes de ficar pobre;
2- Brasil tem e terá uma baixa taxa de investimento;
3-  Desigualdade social é grande;
4- Juros são altos, pois o governo não consegue controlar os gastos.
5- Despesas com previdência vão continuar crescendo, consumindo ainda mais o orçamento do governo; Brasil será o Japão pobre;
6- Produtividade sempre foi e continuará baixa. Com envelhecimento da população, isso tornará ainda mais dificil o crescimento do pais.
7- Saúde e educação são péssimas.
8- Infraestrutura precária;
9 - Ambiente de negócios é horrível;
10- Estados e municípios vão quebrar por causa de suas previdências (Prazo: 10 anos). Vide o exemplo do Rio.
11- Capacidade de crescimento do PIB gira em torno de 1,5% a.a.
12- O Teto dos gastos não vai funcionar. O governo não conseguirá conter o crescimento das despesas.
13- Brasil já aproveitou 90% do bonus demográfico.
14- A dívida pública continuará subindo. Em 2021, a dívida bruta passará de 90% do PIB, o que é muito elevado pra um país emergente como o Brasil.
15- País voltará a crescer, mas a arrecadação do governo não acompanhará o crescimento, pois boa parte do crescimento da arrecadação nos últimos anos veio da entrada das pessoas no mercado de trabalho formal.
16- Brasil vai demorar a sair dessa crise e o desemprego continuará elevado por alguns anos.
17 - Reforma da previdência é insuficiente. Mais mudanças serão necessárias.
18- Boa parte das estatais estão quebradas, assim como seus fundos de pensão. Em algum momento, o governo terá que privatizar ou injetar dinheiro.
19- Os impostos vao subir prejudicando ainda mais o crescimento econômico.
20- Haverá dificuldade em rolar a dívida pública nos próximos anos.

Em suma, as despesas com Previdência, Assistência, Saúde, Educação e Funcionalismo (principalmente inativos) continuarão crescendo e a arrecadação não será suficiente. Some-se a isso, o país não tem pouca credibilidade diante dos credores e o risco de um calote será cada vez maior diante desse cenário.

O que o governo fará?

Pode dar o calote na dívida, pode continuar imprimindo dinheiro e elevando a inflação ou pode realizar reformas pra tentar melhorar o ambiente de negócios, produtividade etc e tal (o que tornará os itens acima um pouco menos negativo).

Mesmo assim, o futuro do Brasil é cada vez mais sombrio. A farra acabou. O país vai se deparar com um grande problema fiscal nos próximos anos.

Links

Os trabalhadores poetas chineses (via marginal revolution)

Magnachip, da Coreia, comprava seus produtos 

Atletas da NFL irão vender seus batimentos cardíacos

Pirâmides que se perdem no Egito: como é possível?

Apesar da grande quantidade de informação, os usuários estão buscando mais

Balanço e Emoji

O site Quartz resolveu resumir 40 demonstrações contábeis para que o leitor pudesse ler em dois minutos. Para isto usou o emoji (aquelas carinhas do celular, que expressa . Abaixo, o resumo do site (na língua original):

Techstravaganza
Alphabet: Feeling very, very lucky 🤑
Microsoft: Clouds good, computers not so much 😐
Amazon: Resistance is futile 🤑
Intel: Chipping off 😰
Baidu: Bai-don’t 😰
Expedia: Sales up, losses down 😐
GoPro: Not dead yet 😐
Nokia: “Some challenges remain” 😐
LG Electronics: Premium washing machines 🤑
Samsung: ~Explosive~ profit growth 🤑
Nintendo: Zelda to the rescue 😀

Big banks
Deutsche Bank: Low expectations, met 😐
BBVA: Gracias a Mexico 😀
Lloyds: Balance-sheet balancing act 😐
Nordea: Leaving Sweden? 😐
Nomura: Business outside Japan 😀

Big oil
Total: Allez le oil price 🤑
Marathon Petroleum: Surprise! A profit 😀
Gazprom: Those gassy Europeans 😀

Airports, airplanes, air-things
Southwest Airlines: Not great, but not United 😐
American Airlines: Pay the pilots 😰
Lufthansa: Profits at last! 😀
Heathrow: “Best year ever” 🤑
Raytheon: Political turmoil=Tomahawk missiles 😀
Airbus: More like Air-bust 😱

Drugs
AbbVie: Holy Humira! 🤑
Bayer: Stroke-prevention pills 🤑
AstraZeneca: Expired patents 😰
Bristol-Myers Squibb: You say Opdivo, I say Eliquis 😀

What to wear
Under Armour: Ugly shoes, ugly earnings 😱
Hermès: Handbags in Asia 🤑

What to eat
Starbucks: Venti ambitions, grande growth 😐
Domino’s Pizza: Piping-hot profits 😀
GrubHub: Mmm, non-GAAP adjusted Ebitda 🤑
Pret a Manger: Coconut milk FTW 🤑

Best of the rest
Comcast: Get Out! 😀
Ford: Warranty woes 😰
UPS: Saturday shifts 😐
WPP: US ad budgets 😰
Dow Chemical: The world wants silicone 😀

Rolls Royce e os efeitos da investigação brasileira

A empresa britânica Rolls-Royce foi fundada em 1904. Com receita de 15 bilhões de libras esterlinas (cerca de 60 bilhões de reais) e 49 mil empregados, a empresa é um orgulho e exemplo da eficiência britânica. Entre os vários setores onde a empresa atua destaca-se a construção de motores para aviões.

Em janeiro deste ano, a empresa fez um acordo com um regulador britânico, denominado SFO, e concordou em pagar 670 milhões de libras (quase 2,7 bilhões de reais) a um regulador britânico para evitar que as acusações de subornos pudessem impedir contratos de exportação. Neste acordo estava incluso 170 milhões de dólares para autoridades dos Estados Unidos e 25 milhões de dólares para o Brasil.

Descobriu-se posteriormente que alguns destes contratos recebiam dinheiro do contribuinte britânico.

Desde 1995 a empresa era auditada pela KPMG. Em razão da adoção do rodízio que foi adotado no Reino Unido, a empresa será substituída por outra Big Four. O problema é que a auditoria não conseguiu perceber nenhum problema com a empresa, inclusive o pagamento de subornos em outros países, durante estes anos.

Segundo notícia da Reuters e da BBC do dia de hoje, o regulador contábil FRC abriu uma investigação para verificar a qualidade do trabalho do auditor na contabilidade da Rolls-Royce. O Financial Reporting Council informou que irá concentrar no trabalho realizado no exercício findo em 31/12/2010 a 2013, no Rolls-Royce Group e Rolls-Royce Holdings.

Num comunicado, a KPMG afirma estar confiante na investigação do FRC e na qualidade do trabalho realizado na empresa.

Brasil - Apesar do acordo de janeiro fazer referência aos problemas de corrupção detectados no Brasil, no ambito das investigações realizadas pela Operação Lava-Jato na empresa Petrobras, o país não é citado pelo FRC. A SFO revelou 12 acusações de corrupção ou falhas do gênero em sete países: Indonésia, Tailândia, Índia, Rússia, Nigéria, China e Malásia. Apesar da BBC e Reuters não afirmarem explicitamente, parece que a corrupção ocorrida no Brasil chamou a atenção para os negócios nestes sete países.

Rir é o melhor remédio


03 maio 2017

Necessidade de reduzir a complexidade

O Fasb, a entidade sem fins lucrativos relacionada com a criação de regras contábeis para o maior mercado acionário mundial, está interessado na redução da complexidade das demonstrações contábeis. Segundo um documento divulgado recentemente a entidade considera que a redução da complexidade beneficia as partes interessadas.

Mas será que a redução da complexidade não significa omitir informações? Para o Fasb a resposta é não. Além de aumentar a compreensibilidade da contabilidade, a menor complexidade pode significar também menor custo de implementação, podendo fazer com que as informações sejam mais consistentes e diretas. Isto poderia ter efeito sobre os auditores, segundo o Fasb, que poderiam emitir seus relatórios em menos tempo. Segundo o Fasb:

Sabendo disso, a Diretoria se esforça continuamente pelo "ponto ideal", entre a criação de padrões contábeis que fornecem informações úteis aos investidores e outros usuários, além de garantir que eles não imporão complexidade desnecessária e custos aos preparadores.


Outro lado - Apesar da aparente boa vontade do Fasb, é difícil de acreditar que "todas as alterações nos GAAP que são projetadas para reduzir a complexidade desnecessária". Afinal, nem todos serão beneficiados com esta redução. Pense nos auditores, onde a remuneração depende das horas trabalhadas. Ou nos gerentes que desejam esconder notícias ruins. Ou no regulador que gostaria de sentir poderoso ou possui um viés. O Fasb reconhece a dificuldade, mas considera que isto é proveniente da complexidade do ambiente econômico.

Mesmo a simplificação significa mudança, e as mudanças podem ser difíceis para as organizações interessadas. Os efeitos da mudança variam amplamente entre as organizações. Algumas partes interessadas podem estar entusiasmadas com uma oportunidade de simplificação, enquanto outras podem não se beneficiar tanto e, portanto, podem ser menos favoráveis.


Entretanto, uma pesquisa publicada no ano passado mostrou que as empresas usam a evidenciação voluntária como uma forma de mitigar os efeitos negativos da complexidade das demonstrações contábeis (GUAY, SAMUELS, TAYLOR. Guiding through the fog. Journal of Accounting and Economics, 2016, dica de Nyalle Mattos).