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02 março 2017

Snapchat na Bolsa de Nova York

Saiu no G1:
 
A Snap, dona do aplicativo Snapchat, abriu a oferta inicial de ações e marcou sua estreia na Bolsa de Nova York nesta quinta-feira (2).

Evan Spiegel e Bobby Murphy, os fundadores da empresa, estiveram na sede da bolsa para soar o sino e abrir os trabalhos, ao lado do presidente da NYSE, Thomas Farley.

A companhia fixou nesta quarta-feira (1º) o preço de venda inicial de suas ações em US$ 17 pelo tíquete “SNAP”. Com isso, a empresa espera levantar US$ 3,4 bilhões com seu IPO, sigla em inglês para oferta pública inicial de ações. Isso elevaria o valor de mercado da empresa para cerca de US$ 24 bilhões.

O valor perseguido anteriormente pela Snap para seus papéis anteriormente era de entre US$ 14 e US$ 16. O acréscimo ocorreu devido ao apetite de investidores, que deram mostras de não se preocupar com a rede social não ter gerado lucro até agora ou com o fato de as ações ofertadas não darem direito a voto.
[...]


Resenha: Flash Boys, de Michael Lewis

No início do século XIX o barão de Rotschield construiu o melhor sistema de comunicação. Usando cavalos, a rede de comunicação de Rotschield era melhor que a do governo inglês. Quando Napoleão perdeu a batalha de Waterloo, a primeira pessoa que ficou sabendo da notícia em Londres foi Natan Rotschield. E os outros investidores sabiam que Natan conhecia o resultado da batalha. Caso a vitória fosse da Inglaterra, os anos seguintes seriam bons; se a França fosse a vitoriosa, o futuro seria dificil para a economia inglesa. Estes investidores esperaram para ver o que Natan faria. No início da manhã após receber a notícia, quando o mercado abriu, Natan começou vendendo as ações. Os outros investidores acreditaram que a Inglaterra tinha perdido a batalha e começaram também a vender suas ações. Mas Rotschield tinha parado de vender assim que percebeu que os outros investidores acreditaram na derrota inglesa. Depois que o mercado caiu o suficiente, Natan entrou comprando na baixa e ganhou muito dinheiro.

A história de Natan Rotschield, narrada no livro Information Economics, de Birchler e Bütler, mostra como ter acesso à informação antes dos outros é importante. Nos dias atuais, com os modernos meios de comunicação, uma notícia leva segundos para chegar a seus destinatário. Este tempo transcorrido entre o início do processo de comunicação e o seu término recebe a denominação de latência. No século XIX a latência poderia ser de dias. Nos dias atuais, medimos a latência por segundos. Na verdade, nos mercados financeiros, abaixo dos segundos.

Os operadores de alta frequência utilizam a latência a seu favor, contando com milissegundos de vantagem sobre os outros investidores. Esta latência pode ser resultante de uma linha de rede de comunicação mais eficiente, como Lewis descreve no início do livro, sobre a construção de uma rede ligando a sede de bolsa de Nova Iorque à bolsa de mercadorias de Chicago. Esta construção economizou milissegundos no tempo de transmissão de uma ordem de compra e venda entre as duas bolsas. Diversas empresas se interessaram por este canal de acesso mais eficiente e pagaram milhões de dólares pelo uso. Um pouco antes, as bolsas de valores dos Estados Unidos perceberam que poderiam ganhar dinheiro vendendo latência para alguns investidores. Passaram então a atrasar em alguns milissegundos o tempo de uma ordem de um investidor, enquanto os operadores de alta frequência aproveitavam da informação para especular e ganhar dinheiro. Este atraso proposital é uma prática típica do mercado e permitiu que os bancos de investimentos, os operadores de alta frequência e as bolsas de valores lucrassem a custa do investidor comum.

O livro de Lewis mostra este processo e a criação de um bolsa de valores, a IEX, onde não seria incentivado aproveitar a latência. Escrito em 2014, Lewis denuncia a injustiça do mercado acionário, que tira dos tolos para dar para os espertos. Ganhar milissegundos nas transações é uma das formas de transferir a riqueza entre investidores; criar regras complicadas é outra, o que inclui formas de investimento que um investidor comum não saberia traduzir e perceber que está perdendo dinheiro.

Vale a pena? Desde que foi lançado, Flash Boys causou polêmicas, por atacar fortemente os operadores de alta frequência, assim como as bolsas de valores e alguns bancos de investimento. Lewis, o mesmo autor de Moneyball e The Big Short, escolhe apoiar os criadores da IEX, uma pequena bolsa de valores. Mesmo com esta tomada de posição, o livro é muito interessante para um investidor comum e para alguém que se interessa por finanças. Escrito numa linguagem simples e contando casos interessantes, o livro é de leitura agradável, embora um pouco repetitivo no seu final.

Rir é o melhor remédio

Do Instagram de Contabilidade Financeira, adaptado de uma propaganda sobre o filme A Chegada

01 março 2017

Links

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Fontes (serifadas ou não) no Excel 

Efeito na Odebrecht

O infográfico abaixo mostra o efeito das denúncias nos contratos da empresa Odebrecht (Efeito Lava Jato ameaça contratos de quase US$16 bi da Odebrecht no exterior, Renée Pereira, Estado de S Paulo, 27 de fevereiro, B1):


Picaretagem no ensino de Finanças

O mundo das finanças acadêmicas (financial economics, economia financeira em português) é permeado de teorias malucas que não tem nenhuma conexão com a realidade. Inclusive os criadores dessas teorias ganharam prêmios "Nobel" e criaram uma legião de professores e alunos doutrinados por esses métodos. No artigo abaixo, o professor Pablo Fernández (mestre e doutor em Finanças em Harvard, ele diz que tbm foi doutrinado por lá) diz que a teoria de finanças ensinada nas universidades e escolas de negócio pelo mundo a fora não têm nenhuma conexão com o mundo real. As conlusões e previsões desses modelos não tem nenhuma validade. Por exemplo, o CAPM. É um dos artigos mais interessantes sobre economia financeira, pois mostra quão inútil são todos esses modelos.


Resumo:

This document tries to answer to a frequent question of students and clients: are Finance and Financial Economics the same thing? My answer is NO: I think that they are very different, although the terms are very often confused and many Finance professor positions in many Business Schools have been filled with Financial Economists.

Two ways, among others, to see the differences: a) attend a class on “Finance for managers” taught by a sensible Finance professor and attend another taught by a “Financial Economist”; b) read a book on “Finance for managers” and another on “Financial Economics”.

Financial Economics is a subject developed by economists whose main purpose is to elaborate “models” based on unrealistic assumptions. The conclusions and predictions of the “models” have very little to do with the real world: companies, financial markets, investors, managers… the most emblematic example is the CAPM.

The most used word in the Nobel Prize lectures of Fama, Shiller, Hansen and Sharpe was “model” (513 times).

This document contains facts and some opinions held by the author. I welcome comments (disagreements, errors, anecdotes…) that will help the readers and me to better differentiate between Finance and Financial Economics.

Fernandez, Pablo, Finance and Financial Economics: A Debate About Common Sense and Illogical Models (February 25, 2017).  Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=2906887

Rir é o melhor remédio