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21 dezembro 2016

Punição para corrupção

Os jornais informam que hoje deverá ser anunciado o acordo entre a Odebrecht, Braskem e os governos dos Estados Unidos e Suíça. Segundo o Valor, o acordo deverá ser de R$1,4 bilhão, sendo metade para cada uma das empresas. O Estado de S Paulo comenta em 1,6 bilhão de reais. O NYT aposta que o valor pode chegar a 3 bilhões de dólares.

Trata-se de uma das maiores punições para uma empresa envolvida em práticas de corrupção. Recentemente a empresa divulgou um pedido de desculpas, dizendo que não participaria mais de atividades ilícitas. Cerca de 77 executivos da empresa estão fazendo delações, numa estrategia de defesa que poderá prorrogar a lava-jato por anos, impedindo a punição dos corruptores e corrompidos. Além disto, em nenhum momento, a empresa anunciou a retirada dos executivos da gestão da empresa.

É interessante notar que se a multa da Braskem for de 700 milhões de reais, um valor de três dígitos será da Petrobras.

Duas notícias sobre a Deloitte

Primeira notícia: O gráfico acima é do Valor Econômico, que divulga uma reportagem sobre a qualidade das auditorias realizadas pelas Big Four nos Estados Unidos e fora dos EUA. Quanto maior a diferença entre o trecho mais escuro e o gráfico mais claro, pior a qualidade das auditorias realizadas fora dos EUA. É inegável a discrepância de qualidade na empresa Deloitte.

Segunda notícia: Um memorando interno de duas páginas da empresa Deloitte vazou em novembro na Inglaterra. O assunto era a saída do país da Comunidade Européia, ou Brexit. O documento indicava que o governo de Theresa May não estava preparado para o Brexit, o que teria ofendido o governo britânico. A empresa perderá contratos com o governo britânico por um período de seis meses.

Links

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Este é para SORRIR ♪ ♫ ♩ 



20 dezembro 2016

Espionagem

"Nosso trabalho era espionar a Ernst & Young, a PriceWaterhouseCoopers, a KPMG e alguns dos concorrentes de consultoria", disse uma pessoa que trabalhou na unidade. "Estávamos tentando roubar seus modelos de preços, como eles determinavam descontos e, especialmente, novas linhas de produtos ou linhas de serviços".

Tratava-se de uma unidade operada por um ex-agente da CIA, a agência de espionagem dos EUA, numa empresa de auditoria. Advinha qual empresa era? Isto mesmo, a Deloitte. Depois da multa recorde, dos problemas na filial do México e na da Holanda, agora se descobre que a Deloitte criou um grupo para fazer espionagem nos concorrentes. Isto envolvia ouvir conversas nos banheiros para escutar conversas que interessavam a empresa.

Resenha: Sapiens

Sapiens é um livro de história que se transformou, conforme expresso na capa, num best-seller internacional. Com um título de Sapiens – Uma breve história da humanidade, o seu autor, Harari, percorre duzentos mil anos da nossa vida na terra. Harari divide a história em três fases. A primeira é a revolução cognitiva, que fez com que o sapiens começasse a aprender uma linguagem e a se comunicar. A revolução agrícola é considerada a “maior fraude da história”. Harari defende que esta fase contribui para muitos dos males da humanidade: doença, alimentação ruim, guerras etc. A última fase apareceu na península ibérica e foi denominada de revolução científica.

A razão do sucesso é logo percebida nas primeiras páginas: leitura fácil, sem muitas datas e fatos, teses interessantes e bons argumentos. Quando o autor faz uma análise das descobertas espanholas e portuguesas, ele questiona a razão de ter ocorrido na Europa. Segundo Harari, tanto a China quanto a Arábia tinham conhecimento suficiente para promover as aventuras marítimas e dominar o mundo até então desconhecido. O que fez com que a Europa tomasse a dianteira na economia mundial? O autor salienta que até o século XVIII a China ainda era a maior economia do mundo, mas que foi rapidamente suplantada pela Inglaterra e outras nações ocidentais. Ele mostra que a diferença ocorreu nas instituições, que promoveram o desenvolvimento do capitalismo na Europa e algumas nações de colonização europeia.

Tome o exemplo da Índia. Antes da chegada do imperialismo britânico existia um aglomerado de povos. A exploração da Índia pela Inglaterra trouxe junto a ciência. Ao contrário dos romanos, persas, mongóis, os imperialistas ocidentais tinham um real interesse em conhecer os povos subjugados. Foram os britânicos que fizeram descobertas arqueológicas importantes na Índia (e também no Egito, lembre-se). Assim, a terceira fase da história do sapiens caracteriza-se pela utilização da ciência. Mas não somente isto. Segundo Harari, o sapiens moderno difere das tradições anteriores em três aspectos: a disposição para admitir a ignorância (!!!), o centro na observação e na matemática (!!!) e a aquisição de novas capacidades (tecnologias, teorias etc).

Vale a pena? Sim. É um bom livro de história, com teses interessantes e leitura agradável (exceto talvez a parte final do mesmo).

HARARI, Sapiens – Uma breve história da Humanidade. LPM, 2016

Evidenciação: o exemplar lido foi adquirido com os recursos financeiros do autor da postagem.