25 novembro 2016
24 novembro 2016
Desemprego: Nada de novo
A questão do desemprego no setor contábil continua grave. Segundo os dados do Ministério de Trabalho, tendo por base as informações do emprego formal, em outubro o número de demitidos superou aqueles que conseguiram uma vaga em 972. Já são doze meses que isto ocorre; considerando o valor acumulado, de janeiro de 2014 até o mês passado, foram 26,7 mil vagas reduzidas no Brasil.
O salário médio dos demitidos era de R$430 a mais do que os admitidos, o que corresponde a 19%. Esta distância foi de 25% no mês passado. Mas o tempo médio de emprego daqueles que foram mandados embora aumentou para 36 meses. Também, a exemplo dos meses anteriores, a idade média dos admitidos é menor que dos demitidos: 30,13 anos versus 32,51 anos.
A questão do desemprego atinge principalmente as mulheres, que representam a grande maioria da mão-de-obra contratada na área contábil no Brasil. Em outubro o saldo de admissão menos demissão para as mulheres foi de 713, um pouco acima de 73% do total. O problema tem atingido os empregados com curso médio completo e os escriturários.
A grande maioria das demissões foi sem justa causa. Em outubro representou 77% do total, um número um pouco acima da média dos meses anteriores.
O salário médio dos demitidos era de R$430 a mais do que os admitidos, o que corresponde a 19%. Esta distância foi de 25% no mês passado. Mas o tempo médio de emprego daqueles que foram mandados embora aumentou para 36 meses. Também, a exemplo dos meses anteriores, a idade média dos admitidos é menor que dos demitidos: 30,13 anos versus 32,51 anos.
A questão do desemprego atinge principalmente as mulheres, que representam a grande maioria da mão-de-obra contratada na área contábil no Brasil. Em outubro o saldo de admissão menos demissão para as mulheres foi de 713, um pouco acima de 73% do total. O problema tem atingido os empregados com curso médio completo e os escriturários.
A grande maioria das demissões foi sem justa causa. Em outubro representou 77% do total, um número um pouco acima da média dos meses anteriores.
Auditor punido
A CVM julgou dois casos envolvendo auditoria. No primeiro, puniu a Exacto por não observar as normas do Conselho Federal de Contabilidade e não elaborar relatório sobre os controles internos da Construtora Sultepa.
O segundo caso a punição decorreu da não observância do rodízio dos auditores. A Habitasul tinha como auditor a empresa de auditoria Nardon Nasi. A partir de 2004 passou a ser auditada pela RBA, que tinha o mesmo responsável técnico, Antônio Carlos Nasi. (Este, por sua vez, foi/é um nome de destaque do CFC e detentor da medalha João Lyra).
O segundo caso a punição decorreu da não observância do rodízio dos auditores. A Habitasul tinha como auditor a empresa de auditoria Nardon Nasi. A partir de 2004 passou a ser auditada pela RBA, que tinha o mesmo responsável técnico, Antônio Carlos Nasi. (Este, por sua vez, foi/é um nome de destaque do CFC e detentor da medalha João Lyra).
Estresse Ocupacional nos escritórios contábeis
O estudo procurou investigar a percepção dos empresários e funcionários de escritórios de contabilidade quanto à influência do estresse ocupacional na preparação das demonstrações contábeis (...) Os resultados apresentaram indícios dos empresários terem a percepção de que o mau humor e a escassez de tempo seriam fatores que afetariam a preparação das demonstrações contábeis. Já os funcionários apresentam a percepção de que a escassez de tempo seria o aspecto, entre os avaliados, que mais influenciaria o preparo das demonstrações. Desse modo, os resultados alcançados no estudo sinalizam que as percepções dos funcionários e empresários são distintas e uma das possíveis explicações para o comportamento observado pode estar relacionado às posições antagônicas de empresários e funcionários, naturalmente decorrente do conflito de interesses quanto aos fatores de produção: capital e trabalho.
(SILVA, Maria Daniella de O. P. da; LOPES, Christianne C. V. de M; SILVA, José D. G. da. Estresse ocupacional na preparação das demonstrações contábeis. RBC, 221, 2016)
(SILVA, Maria Daniella de O. P. da; LOPES, Christianne C. V. de M; SILVA, José D. G. da. Estresse ocupacional na preparação das demonstrações contábeis. RBC, 221, 2016)
Estrutura de custo
O Banco do Brasil apresentou uma proposta de redução de custos através de várias medidas. A mais relevante delas é um programa de aposentadoria antecipada, que pretende retirar da instituição 18 mil funcionários de um total de 109 mil. Os números são significativos:
Segundo as projeções do BB, a economia poderá chegar a R$3,048 bilhões por ano (…) o custo do programa para o BB seria de R$2,7 bilhões. (RIBEIRO, Alex. Economia annual da instituição deve ficar em R$3 bi, Valor 22 de novembro de 2016, p. c1)
A ação subiu de 26.1 para 27.82 assim que a notícia foi anunciada. O mercado acreditou que isto poderia aumentar o lucro no médio e o longo prazo.
Um aspecto importante é que funcionário de um banco é fonte de captação receita. É verdade que se o quadro de funcionários está inchado é possível demitir sem efeito expressivo na geração de receita. Além disto, como há uma forte migração do atendimento pessoal para o online, isto pode levar a uma redução no quadro sem efeitos relevantes na receita.
Talvez o aspecto mais relevante é saber que a gestão do Banco do Brasil está tomando medidas para melhor a geração de resultado. Isto, por si só, pode justificar a mudança no patamar de preços das ações ocorrida nos últimos dias. (Ah, sim, tem uma pegadinha no título do texto citado: 3 bilhões é o valor do salário que deixará de ser pago; mas para isto, o programa de demissão terá um custo de 2,7 bilhões)
Segundo as projeções do BB, a economia poderá chegar a R$3,048 bilhões por ano (…) o custo do programa para o BB seria de R$2,7 bilhões. (RIBEIRO, Alex. Economia annual da instituição deve ficar em R$3 bi, Valor 22 de novembro de 2016, p. c1)
A ação subiu de 26.1 para 27.82 assim que a notícia foi anunciada. O mercado acreditou que isto poderia aumentar o lucro no médio e o longo prazo.
Um aspecto importante é que funcionário de um banco é fonte de captação receita. É verdade que se o quadro de funcionários está inchado é possível demitir sem efeito expressivo na geração de receita. Além disto, como há uma forte migração do atendimento pessoal para o online, isto pode levar a uma redução no quadro sem efeitos relevantes na receita.
Talvez o aspecto mais relevante é saber que a gestão do Banco do Brasil está tomando medidas para melhor a geração de resultado. Isto, por si só, pode justificar a mudança no patamar de preços das ações ocorrida nos últimos dias. (Ah, sim, tem uma pegadinha no título do texto citado: 3 bilhões é o valor do salário que deixará de ser pago; mas para isto, o programa de demissão terá um custo de 2,7 bilhões)
Pseudo-Matemática e o charlatanismo em Finanças
O paper abaixo explora o problema do sobreajustamento de dados históricos no teste de estratégias de investimento. Eles mostram que o backtesting usados pelas gestoras de ativos não tem rigor estatístico. Aliás, grande parte do conteudo sobre finanças ensinada nas universidades sobre temas de finanças está completamente errada e não tem rigor.
Resumo:
We prove that high simulated performance is easily achievable after backtesting a relatively small number of alternative strategy configurations, a practice we denote “backtest overfitting”. The higher the number of configurations tried, the greater is the probability that the backtest is overfit. Because most financial analysts and academics rarely report the number of configurations tried for a given backtest, investors cannot evaluate the degree of overfitting in most investment proposals.
The implication is that investors can be easily misled into allocating capital to strategies that appear to be mathematically sound and empirically supported by an outstanding backtest. Under memory effects, backtest overfitting leads to negative expected returns out-of-sample, rather than zero performance. This may be one of several reasons why so many quantitative funds appear to fail.
[...]
The authors’ argument is that, by failing to apply mathematical rigour to their methods, many purveyors of quantitative investment strategies are, deliberately or negligently, misleading clients.
It is reasonable to want to test a promising investment strategy to see how it would have performed in the past. The trap comes when one keeps tweaking the strategy until it neatly fits the historical data. Intuitively, one might think one has finally hit upon the most successful investment strategy; in fact, one is likely to have hit only upon a statistical fluke, a false positive.
This is the problem of “over-fitting”, and even checks against it – such as testing in a second, discrete historical data set – will continue to throw up many false positives, the mathematicians argue.
Do not despair. The paper does not conclude that history is bunk, just that backtesting ought to require more statistical thought than investment managers need to display to make a sale to investors.
Resumo:
We prove that high simulated performance is easily achievable after backtesting a relatively small number of alternative strategy configurations, a practice we denote “backtest overfitting”. The higher the number of configurations tried, the greater is the probability that the backtest is overfit. Because most financial analysts and academics rarely report the number of configurations tried for a given backtest, investors cannot evaluate the degree of overfitting in most investment proposals.
The implication is that investors can be easily misled into allocating capital to strategies that appear to be mathematically sound and empirically supported by an outstanding backtest. Under memory effects, backtest overfitting leads to negative expected returns out-of-sample, rather than zero performance. This may be one of several reasons why so many quantitative funds appear to fail.
The authors’ argument is that, by failing to apply mathematical rigour to their methods, many purveyors of quantitative investment strategies are, deliberately or negligently, misleading clients.
It is reasonable to want to test a promising investment strategy to see how it would have performed in the past. The trap comes when one keeps tweaking the strategy until it neatly fits the historical data. Intuitively, one might think one has finally hit upon the most successful investment strategy; in fact, one is likely to have hit only upon a statistical fluke, a false positive.
This is the problem of “over-fitting”, and even checks against it – such as testing in a second, discrete historical data set – will continue to throw up many false positives, the mathematicians argue.
Do not despair. The paper does not conclude that history is bunk, just that backtesting ought to require more statistical thought than investment managers need to display to make a sale to investors.
[...]
Governança corporativa em mercados emergentes
Dois economistas do FMI propuseram uma nova forma de avaliar a governança corporativa em mercados emergentes (um resumo pode ser encontrado aqui). Segundo o estudo, a governança corporativa tem-se fortalecido nos últimos anos, especialmente na Ásia e em outras economias. Na América Latina a melhoria é pouco expressiva, conforme a figura a seguir:
Uma conclusão interessante é que as empresas com melhores níveis de governança são mais resistentes em situações de crise. No primeiro gráfico abaixo, durante a crise financeira global, as empresas com melhores níveis (acima de 2/3 da pontuação) sofreram menos. No segundo, com a decisão da Inglaterra de sair da comunidade européia, novamente ocorreu a mesma situação.
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