Translate

24 novembro 2016

Auditor punido

A CVM julgou dois casos envolvendo auditoria. No primeiro, puniu a Exacto por não observar as normas do Conselho Federal de Contabilidade e não elaborar relatório sobre os controles internos da Construtora Sultepa.

O segundo caso a punição decorreu da não observância do rodízio dos auditores. A Habitasul tinha como auditor a empresa de auditoria Nardon Nasi. A partir de 2004 passou a ser auditada pela RBA, que tinha o mesmo responsável técnico, Antônio Carlos Nasi. (Este, por sua vez, foi/é um nome de destaque do CFC e detentor da medalha João Lyra).

Estresse Ocupacional nos escritórios contábeis

O estudo procurou investigar a percepção dos empresários e funcionários de escritórios de contabilidade quanto à influência do estresse ocupacional na preparação das demonstrações contábeis (...) Os resultados apresentaram indícios dos empresários terem a percepção de que o mau humor e a escassez de tempo seriam fatores que afetariam a preparação das demonstrações contábeis. Já os funcionários apresentam a percepção de que a escassez de tempo seria o aspecto, entre os avaliados, que mais influenciaria o preparo das demonstrações. Desse modo, os resultados alcançados no estudo sinalizam que as percepções dos funcionários e empresários são distintas e uma das possíveis explicações para o comportamento observado pode estar relacionado às posições antagônicas de empresários e funcionários, naturalmente decorrente do conflito de interesses quanto aos fatores de produção: capital e trabalho. 

(SILVA, Maria Daniella de O. P. da; LOPES, Christianne C. V. de M; SILVA, José D. G. da. Estresse ocupacional na preparação das demonstrações contábeis. RBC, 221, 2016) 

Estrutura de custo

O Banco do Brasil apresentou uma proposta de redução de custos através de várias medidas. A mais relevante delas é um programa de aposentadoria antecipada, que pretende retirar da instituição 18 mil funcionários de um total de 109 mil. Os números são significativos:

Segundo as projeções do BB, a economia poderá chegar a R$3,048 bilhões por ano (…) o custo do programa para o BB seria de R$2,7 bilhões. (RIBEIRO, Alex. Economia annual da instituição deve ficar em R$3 bi, Valor 22 de novembro de 2016, p. c1)

A ação subiu de 26.1 para 27.82 assim que a notícia foi anunciada. O mercado acreditou que isto poderia aumentar o lucro no médio e o longo prazo.

Um aspecto importante é que funcionário de um banco é fonte de captação receita. É verdade que se o quadro de funcionários está inchado é possível demitir sem efeito expressivo na geração de receita. Além disto, como há uma forte migração do atendimento pessoal para o online, isto pode levar a uma redução no quadro sem efeitos relevantes na receita.

Talvez o aspecto mais relevante é saber que a gestão do Banco do Brasil está tomando medidas para melhor a geração de resultado. Isto, por si só, pode justificar a mudança no patamar de preços das ações ocorrida nos últimos dias. (Ah, sim, tem uma pegadinha no título do texto citado: 3 bilhões é o valor do salário que deixará de ser pago; mas para isto, o programa de demissão terá um custo de 2,7 bilhões)

Pseudo-Matemática e o charlatanismo em Finanças

 O paper abaixo explora o problema do sobreajustamento de dados históricos no teste de estratégias de investimento. Eles mostram que o backtesting usados pelas gestoras de ativos não tem rigor estatístico. Aliás, grande parte do conteudo sobre finanças ensinada nas universidades sobre temas de finanças está completamente errada e não tem rigor.

Resumo:

We prove that high simulated performance is easily achievable after backtesting a relatively small number of alternative strategy configurations, a practice we denote “backtest overfitting”. The higher the number of configurations tried, the greater is the probability that the backtest is overfit. Because most financial analysts and academics rarely report the number of configurations tried for a given backtest, investors cannot evaluate the degree of overfitting in most investment proposals.

The implication is that investors can be easily misled into allocating capital to strategies that appear to be mathematically sound and empirically supported by an outstanding backtest. Under memory effects, backtest overfitting leads to negative expected returns out-of-sample, rather than zero performance. This may be one of several reasons why so many quantitative funds appear to fail.



[...]

The authors’ argument is that, by failing to apply mathematical rigour to their methods, many purveyors of quantitative investment strategies are, deliberately or negligently, misleading clients.

It is reasonable to want to test a promising investment strategy to see how it would have performed in the past. The trap comes when one keeps tweaking the strategy until it neatly fits the historical data. Intuitively, one might think one has finally hit upon the most successful investment strategy; in fact, one is likely to have hit only upon a statistical fluke, a false positive.

This is the problem of “over-fitting”, and even checks against it – such as testing in a second, discrete historical data set – will continue to throw up many false positives, the mathematicians argue.

Do not despair. The paper does not conclude that history is bunk, just that backtesting ought to require more statistical thought than investment managers need to display to make a sale to investors.

[...]

Governança corporativa em mercados emergentes

Dois economistas do FMI propuseram uma nova forma de avaliar a governança corporativa em mercados emergentes (um resumo pode ser encontrado aqui). Segundo o estudo, a governança corporativa tem-se fortalecido nos últimos anos, especialmente na Ásia e em outras economias. Na América Latina a melhoria é pouco expressiva, conforme a figura a seguir:
Uma conclusão interessante é que as empresas com melhores níveis de governança são mais resistentes em situações de crise. No primeiro gráfico abaixo, durante a crise financeira global, as empresas com melhores níveis (acima de 2/3 da pontuação) sofreram menos. No segundo, com a decisão da Inglaterra de sair da comunidade européia, novamente ocorreu a mesma situação. 

Recado do papa aos contadores

[...]

Pope Francis has urged accountants to combat financial corruption. “In your work, you accountants support businesses, but also single families, by offering your economic and financial advice,” he told accountants in 2014. “I encourage you to always work responsibly, fostering relationships of loyalty, justice, if possible, of fraternity, bravely confronting especially the problems of the weakest and of the poorest. It is not enough to give practical answers to economic and material questions. It is necessary to generate and cultivate ethics of economy, of finance and of employment; it is necessary to maintain the value of solidarity— this word which today risks being taken out of the dictionary—solidarity as a moral approach, an expression of attention to others in all their legitimate needs.”

“There is a stronger temptation to defend one’s interest without concern for the common good, without paying much heed to justice and legality,” the pope added. “For this reason everyone, especially those who practice a profession which deals with the proper functioning of a country’s economic life, is asked to play a positive, constructive role in performing their daily work.”

[...]


Fonte: aqui

Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes

Uma revisão animada do livro