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25 setembro 2016

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E a crise do emprego chegou para os professores ...

Desde meados do ano passado este blog está acompanhando o mercado de trabalho dos profissionais de contabilidade. E conforme o leitor pode ter notado no fato da semana, as notícias não são nada agradáveis. Isto derrubou um velho mito de que o mercado de trabalho na área não era afetado pelas crises. “Nunca irá faltar emprego para o contador”, ouvimos diversos profissionais dizerem sobre a profissão. Os números mostram que está faltando emprego, sim, para o contador.

A queda na perspectiva de emprego também afetou um nicho do mercado de trabalho: os professores de contabilidade. Este pequeno segmento tem algumas características peculiares: geralmente não existe muita movimentação durante o semestre letivo, contratações no início do semestre letivo e demissões no final. Assim, em dezembro de 2015, os estabelecimentos demitiram muito e contrataram pouco. Em janeiro de 2016 subiu o número de contratações e diminuiu as demissões, mas o saldo ainda foi negativo. Um mês depois ocorreu o inverso, com um aumento substancial nas contratações. Em virtude desta sazonalidade pesada a análise a seguir adotou um procedimento comum nos dados temporais: trabalhou-se com os valores acumulados dos últimos dozes meses, o que elimina este problema.

Posto isto, a figura apresenta os dados de admissão e demissão dos professores, de janeiro de 2014 a agosto de 2016. Até janeiro deste ano o número de admitidos superava os demitidos. Apesar dos números não serem tão expressivos quanto em outubro de 2014, quando as contratações superaram na sua maior margem as demissões, o panorama de 2015 foi positivo. É bom deixar claro, no entanto, que somando o número de janeiro de 2014 a agosto de 2016 o total de admitidos ainda supera os demitidos. Mas esta margem está se reduzindo gradualmente.
A figura a seguir apresenta um aspecto curioso deste mercado de trabalho: o salário dos demitidos é menor que o salário dos admitidos. É muito difícil ser peremptório nesta questão, mas uma possibilidade decorre das características do contrato dos professores. Muitos deles são horistas. Talvez esteja ocorrendo uma concentração na carga horário em alguns poucos professores. Assim, os admitidos estão respondendo por um número de disciplinas maior, o que aumenta seu salário. Outra possível explicação é que os novos contratados possuem uma titulação superior, em razão da expansão da pós-graduação no país, o que elevaria esta remuneração.

Finalmente, a última figura é muito impressionante. Mostra o tempo médio de emprego dos demitidos do cargo de professor de contabilidade. Até maio de 2015 este tempo, em meses, era abaixo de 30 meses. Isto significa que os professores que eram desligados tinham pouco tempo de ensino. Nos últimos meses, os professores que foram demitidos tinham mais de 40 meses de contrato com o estabelecimento, em média.