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24 setembro 2016

Continua o problema de (falta de) emprego

Os dados sobre a situação do emprego formal no país, divulgados ontem pelo governo federal, continuam a mostrar uma situação muito ruim para o setor contábil. Tradicionalmente escutamos que a contabilidade é imune as crises, pois sempre as empresas irão necessitar de contadores. A realidade parece mostrar que a crise econômica atingiu substancialmente os profissionais contábeis, conforme coleta de dados realizada por este blog.

Inicialmente é importante destacar que a informação do emprego formal apresenta um viés óbvio já que não considera do setor informal da economia. Mesmo assim, as informações apresentadas a seguir deveriam preocupar a todos os profissionais da área. Pelo décimo mês consecutivo o número de admitidos foi inferior aos desligados. E nada parece indicar uma reversão deste quadro, já que em agosto de 2016 o número de vagas reduzidas no Brasil foi de 1.186, basicamente um valor próximo do ano anterior (1.023). Considerando os valores acumulados, desde janeiro de 2014, 25 mil profissionais ficaram sem perspectivas de encontrar emprego na profissão. Considerando o número de profissionais existentes em 2015 (de 290 mil empregos formais, segundo a RAIS), isto representa quase 9% da força de trabalho do setor.

O gráfico apresentado a seguir mostra o comportamento da movimentação no setor, abrangendo os contadores, auditores, escriturários e técnicos em contabilidade do país.
Também conforme já tinha ocorrido nos meses anteriores, o salário médio dos desligados é muito superior ao salário dos admitidos. Isto pode significar um corte nas despesas das empresas. Esta diferença salarial chegou perto dos 20% em agosto de 2016, um valor próximo ao do mês anterior, mas superior a agosto de 2015. Outro aspecto preocupante é que os funcionários demitidos possuíam mais de dois anos no emprego: em agosto o tempo médio de emprego dos desligados foi de 35,4 meses, superior aos 33,3 meses de julho de 2016.

A seguir o gráfico mostra a evolução temporal do salário médio dos admitidos e dos demitidos. Esta diferença esteve próximo dos vinte por cento, com exceção dos dois primeiros meses deste ano, quando a diferença ficou perto de 5%.

Se observa que os admitidos possuíam uma idade média de 30,3 anos, enquanto nos demitidos a idade média era de 32,2 anos.

Outro fator relevante percebido pela análise realizada por este blog é que 70% das demissões foram sem justa causa. Também fizemos o levantamento para a movimentação por gênero, formação do trabalhador e por tipo de emprego. Em agosto nenhum dos segmentos se salvou: as demissões foram superiores as admissões em todos os casos apurados pelo blog.

Rir é o melhor remédio

Vida com fundo musical...


23 setembro 2016

Ignobel

Economia - Mark Avis, Sarah Forbes e Shelagh Ferguson, da Nova Zelândia, por estudarem a percepção que se tem da personalidade das rochas desde a perspectiva de vendas e marketing.

Física - Gábor Horváth, Miklós Blahó, György Kriska, Ramón Hegedüs, Balázs Gerics, Róbert Farkas, Susanne Akesson, Péter Malik e Hansruedi Wildermuth, de diferentes países, por descobrir por que os cavalos brancos são os que atraem menos moscas e por demonstrar que libélulas são muito atraídas por lápides pretas.

Química - Concedido à Volkswagen por resolver o problema da emissão excessiva de poluentes pelos automóveis fazendo com que os veículos reduzam essas emissões quando forem medidas.

Medicina - Da Alemanha, Christoph Helmchen, Carina Palzer, Thomas Münte, Silke Anders e Andreas Sprenger ganharam o prêmio por descobrir que, caso você tenha uma coceira no lado esquerdo do corpo, você pode se livrar usando um espelho e coçando o lado direito - e vice-versa.

'Prêmio Reprodução' - Concedido ao egípcio Shafik Ahmed (que já morreu) por testar os efeitos do uso de calças de poliéster, algodão ou lã na vida sexual de ratos. Ele depois testou se havia efeitos similares em humanos.

Paz - Os vencedores são do Canadá e dos Estados Unidos: Gordon Pennycook, James Allan Cheyne, Nathaniel Barr, Derek J. Koehler, Jonathan A. Fuglesang. Eles receberam o prêmio por seu estudo “sobre a recepção e detecção da besteira pseudo-profunda”. Entre as inspirações para a pesquisa, segundo a premiação, estão a apresentadora Oprah e o candidato à presidência Donald Trump.

Biologia - Charles Foster recebeu por viver na selva, em momentos diferentes, como um texugo, uma lontra, um veado, uma raposa e um pássaro. E Thomas Thwaltes foi premiado por criar próteses de extensão dos seus membros, que permitiram que ele se movesse e vivesse na companhia de cabras em colinas.

Literatura - O vencedor é Fredrik Sjoberg, que escreveu uma trilogia sobre a coleta de moscas - e o prazer de capturá-las mortas ou vivas.

Psicologia - Evelyne Debey, Maarten De Schryver, Gordon Logan, Kristina Suchotzki e Bruno Verschuere venceram por perguntar a mil mentirosos quantas vezes eles mentiam e se acreditam em suas próprias respostas.

“Prêmio percepção” - Atsuki Higashiyama and Kohei Adachi foram contemplados por investigar se as coisas se parecem diferentes quando você se curva e as vê entre as pernas.


(Fonte: Aqui). O Brasil esteve presente indiretamente na premiação, segundo o El País:

Otro de los premios más celebrados ya había tenido sus buenos quince minutos de fama previamente. Se trata de ese estudio cuyo título, "Sobre la recepción y detección de mierdas pseudoprofundas" (PDF), pasará a los anales de la ciencia con todo merecimiento. Sus autores decían que cuanto mayor es el impacto de una de esas frases inspiradoras de Paulo Coelho que vemos en los muros de Facebook... menos inteligente es la persona. Paradójicamente, las noticias sobre el estudio arrasaron también en los muros de Facebook.

Concentração no Setor Contábil

A recente divulgação dos dados da RAIS para o ano de 2015 permite uma grande quantidade de análise. Particularmente este blog usou estes dados para verificar o grau de concentração do setor contábil. Ou seja, os escritórios de contabilidade.

A questão da concentração é muito destacada nos estudos de renda e em algumas atividades econômicas estratégicas, como as instituições financeiras. No estudo de renda da população de um país é comum usar o índice de Gini. No setor bancário o índice de Herfindahl.

Segundo as informações do governo federal, no ano de 2015, na classe CNAE 95 de “atividades de contabilidade e auditoria”, existiam 289 mil vínculos ativos. Este valor é bem menor que os 500 mil profissionais registrados no conselho, conforme informações do CFC. Ainda segundo os dados do governo federal, eram seis mil estabelecimentos na área, também um pouco menor que os 82 mil escritórios ativos da notícia do CFC. Vamos considerar aqui que os dados da RAIS sejam mais adequados e iremos usá-los para discutir a questão da concentração.

Os estabelecimentos que exercem atividades de contabilidade e auditoria no Brasil em 2015 com mais de cinquenta empregados eram em torno de 300 (302 em 2015 e 295 em 2013). Isto significa 0,43% do total de estabelecimentos. Estas unidades empregavam mais de 30 mil empregados em 2015 (observe o leitor que nem todos eram profissionais de contabilidade, já que num escritório de contabilidade pode ter um segurança, uma secretária e assim por diante). Isto corresponde a 11,09% do total de empregados dos estabelecimentos cuja principal atividade é contabilidade e auditoria. Em relação a 2013 este número diminuiu (era 11,32%), mas é inegável que representa uma concentração razoável para o setor.

Uma forma fácil de guardar estes números é imaginar 300 estabelecimentos respondendo por 11% dos empregos do setor.

A concentração do setor também é geográfica. Dos empregados, 32,1% são de estabelecimentos de São Paulo e 11,4% de Minas Gerais. Considerando as três maiores economias do país, 52% dos empregados são provenientes destes dois estados e Rio de Janeiro. Em número de estabelecimentos, Paraná, São Paulo e Minas respondem por 51% do total. O destaque aqui é, uma surpresa para este autor, o número do estado do Paraná.

Finalmente, calculamos o peso da capital em cada unidade da federação. Enquanto Manaus, Macapá, Boa Vista e Rio Branco respondem por mais de 80% do número de empregados de cada estado, o percentual de Florianópolis é somente de 11% do seu estado. (Não consideramos aqui Brasília e o Distrito Federal, com percentual de 100%) Em média as capitais respondem por 40% dos empregos.


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