Companhia aberta teme exposição maior com novo parecer do auditor (1)
Os relatórios de auditoria (2) dos balanços (3) das companhias de capital aberto vão ter em breve um novo formato. A novidade passa a valer já para as demonstrações contábeis anuais de 2016. Aumento das despesas com auditoria e maior exposição pública estão entre as preocupações das empresas (4) com a mudança.
Conhecidas como “big four”, as quatros maiores empresas de auditoria do mundo, PwC, Deloitte, EY e KPMG, são unânimes em apontar a principal inovação do novo parecer: a introdução dos chamados “principais tópicos de auditoria”. Os assuntos considerados mais importantes pelo auditor, antes discutidos apenas com as empresas, agora serão públicos.
“A adoção dos principais tópicos de auditoria pretende criar uma aproximação entre o auditor e os interessados nas demonstrações financeiras. Nessa seção, vai ser reportado tudo que o auditor julga relevante, geralmente assuntos mais complexos, não usuais, ou que o auditor passou um grande tempo analisando”, diz Silvio Takahashi, sócio de auditoria da EY.
A definição dos assuntos será customizada por empresa. Podem entrar nesses tópicos, por exemplo, uma aquisição ou provisão para perdas. “Isso é sensível, porque o auditor pode se deparar com dados confidenciais de clientes (5), que eles não querem ver divulgados (6)”, diz o sócio da EY. Por conta disso, vai ser necessário cuidado do auditor e muita conversa com os comitês de auditoria.
Outra preocupação é como será a recepção do novo conteúdo. “As pessoas podem interpretar o principal assunto de auditoria como um problema, e não é isso necessariamente”, diz Charles Krieck, sócio da KPMG. Ele explica que, se num tópico, o auditor chegar à conclusão de que os controles não foram certos, isso será alvo, como hoje, de ressalva.
As companhias de capital aberto criticam a mudança. “É um padrão imposto pela Europa (7) que simplesmente temos que aceitar, como o [padrão contábil] IFRS, que veio como um rolo compressor (8) sobre nós”, afirma o vice-presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Alfried Plöger. “Você gostaria que seus defeitos fossem colocados em praça pública? (9) Não gostaria (10)”, diz.
Segundo Plöger, a negociação entre empresas e auditorias quanto ao conteúdo final do relatório será agora muito mais cuidadosa. Além de mais horas de dedicação dos auditores, o novo padrão exigirá o envolvimento de executivos mais seniores, segundo o sócio da KPMG Rogério Andrade, elevando custos.
As firmas de auditoria podem ter dificuldade para repassar esses custos (11), pois em 2017 acontece o rodízio obrigatório (12), exigido a cada cinco anos, quando as empresas pressionam por redução de gastos. “É uma pressão adicional para as companhias esse ano, tratar desse assunto com o auditor atual, desenvolver o novo formato de divulgação, e começar a contratar o novo auditor”, diz Vagner Alves, sócio líder de auditoria da Deloitte(13) .
Além da introdução dos principais assuntos de auditoria, outra novidade é a mudança na ordem do relatório, com a opinião do auditor passando a ser a primeira seção do documento. A descrição da responsabilidade da administração e do auditor será agora mais detalhada.
O novo relatório também deverá apresentar sempre uma declaração do auditor sobre a capacidade de continuidade operacional da empresa. Atualmente, a auditoria somente se posiciona quanto à capacidade da companhia de se manter operando no caso de empresas em dificuldades no mercado, com alto endividamento e sem crédito, por exemplo. Agora, a comunicação quanto a isso será contínua.
Apesar da resistência da entidade que representa as companhias brasileiras (14), a experiência de países como Inglaterra e Holanda, que se anteciparam à obrigatoriedade da mudança, mostra boa aceitação das empresas, relata o sócio da PwC Valdir Coscodai, que atuou de 2009 a 2015 como representante da América Latina no Iaasb, organismo que edita as normas internacionais de auditoria.
Como preparação para a mudança, a PwC tem realizado reuniões com outras unidades da empresa no mundo para troca de experiências. A firma de auditoria começou treinamentos internos em 2015 para introduzir a novidade à sua equipe, além de estar realizando projetos pilotos junto a clientes, com a adaptação do relatório do ano passado ao novo formato. EY, KPMG e Deloitte adotam processo de preparação parecidos.
Apesar dos projetos pilotos, o vice-presidente da Abrasca se diz preocupado com a falta de conhecimento da administração das empresas sobre a mudança, ainda mais porque ela passa a valer já para o balanço de 2016. “Este é um tema que está fora do radar, restrito ainda a um público especializado”, diz Plöger.
(1) Um título tão amplo poderia sugerir ao leitor que o jornal se baseou numa pesquisa com as empresas abertas. Infelizmente não. O título surgiu de uma declaração do vice-presidente da Abrasca. Mas ele falava pela instituição?
(2) Fazer um texto jornalístico é difícil. Um dos pontos é descobrir palavras iguais para evitar a repetição. Se no título tem “parecer do auditor”, na primeira linha aparece “relatórios de auditoria”, no plural, indicando existir mais de um.
(3) O relatório (ou parecer) é das demonstrações contábeis e não somente do balanço.
(4) Novamente parece que foi fruto de uma investigação. A questão da despesa vem do depoimento de um sócio da KPMG; da exposição, do vice-presidente da Abrasca.
(5) Isto faz parte do trabalho do auditor.
(6) Não significa que a informação será divulgada. O auditor irá falar em termos genéricos.
(7) Faz parte do pacote da convergência aceitar as regras impostas pela “Europa”. Não seria pelo Iasb?
(8) Acusa as normas de ser rolo compressor. Posso até entender a revolta, mas esta foi a regra dada pela lei.
(9) É isto mesmo? Eu li direito? A Abrasca está defendendo “esconder” os defeitos? Se existir um problema na empresa – como falhas no controle interno ou desvios – este defeito não deve ser colocado em praça pública.
(10) Respondeu que os defeitos não devem ser evidenciados.
(11) Dificil de acreditar. É um oligopólio.
(12) Existe realmente esta relação entre o rodízio, o aumento dos custos e a relação empresa e auditor?
(13) Será isto tão relevante assim?
(14) Aqui fica claro que a Abrasca é contrária a modificação.
Publicado no Valor. Pode ser obtido aqui
10 junho 2016
Gawker perde ação
El grupo de comunicación Gawker se ha declarado en bancarrota este viernes. La que fuera una de los primeros grupos de blogs web de cotilleos de famosos en atreverse a invadir la intimidad de cualquier celebrity ha acabado sufriendo las consecuencias de la intromisión personal. En marzo, el grupo perdió una demanda millonaria contra el exluchador profesional Hulk Hogan por publicar un vídeo íntimo en el que aparecía teniendo relaciones sexuales con la esposa de su mejor amigo. Ante la imposibilidad de pagar los 140 millones de dólares (123 millones de euros) de fianza que pedía el juez, la empresa se ha visto obligada a protegerse mediante la bancarrota.
Fonte: Aqui
Fonte: Aqui
09 junho 2016
Eduardo Cunha trabalhou na Andersen
Apesar de ser economista, o presidente da Câmara trabalhou como auditor na Arthur Andersen.
É interessante notar que o Congresso de Contabilidade está trazendo para palestrar um ex-executivo da Enron. Isto não sugere nada?
É interessante notar que o Congresso de Contabilidade está trazendo para palestrar um ex-executivo da Enron. Isto não sugere nada?
Efeito Google e a Pesquisa Contábil
A presença da internet está mudando a forma como pensamos e usamos nosso cérebro. O chamado “efeito Google”, que permite que a informação esteja sempre à mão, permite que nós deixemos de preocupar em guardar o número do telefone ou o valor do prejuízo da Petrobras.
Leia CAPELAS, Bruno. Efeito Google muda uso da memória humana
A questão tem uma implicação metodológica interessante para os nossos trabalhos acadêmicos. Atualmente as pesquisas em contabilidade – mas não somente – depositam um grande esforço na revisão bibliográfica. Algumas teses e dissertações gastam muitas linhas para produzir um texto que é uma mera informação que está facilmente disponível na internet. O mesmo é válido para artigos. Mais importante que falar da globalização ou de pesquisas que arranham o tema é destacar a contribuição em relação a outros trabalhos e poder demonstrar onde a pesquisa inova. Isto não necessita de dezenas de citações inúteis, que estão disponíveis no Scholar ou em outra base de pesquisa.
Uma consequência natural deste fato é o enxugamento desta revisão. Nossas pesquisas irão parecer cada vez mais com aquelas que são produzidas na medicina. E finalmente nos afastaremos da pretensa cultura que predomina nas ciências jurídicas, por exemplo. Citar o que os autores escreveram é pouco relevante nos dias de hoje. É muito mais importante saber a contribuição da pesquisa na ciência, como difere das existentes e qual a contribuição para a humanidade. Simples e direto. Como sempre deveria ter sido.
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