Translate

13 maio 2016

Ingerência Política

O Valor Econômico faz uma defesa nada velada a atual diretoria da Petrobras. O título já expressa a opinião: Temor de Ingerência Política Volta a Assombrar a Petrobras. A ideia é que a nova equipe econômica poderia mudar a atual direção da empresa, fazendo a "ingerência política. Mas a atual gestão não é política? Bendine (fotografia) não era o nome de confiança de Dilma? Sim e sim.

O texto do jornal usa um subterfúgio muito comum do Valor: fontes não identificadas, que reduz a credibilidade do texto enormemente. Eis alguns trechos para o leitor do blog:

Para a equipe de Bendine, as mudanças ocorreram justamente porque não há hoje um viés político na gestão.

E no caso de mudanças do atual conselho, a percepção da diretoria é de que mexer de forma mais profunda na Petrobras pode levar a uma "ruptura com a sociedade", já que a empresa vai continuar no foco dos holofotes. A empresa é grande demais e se envolveu em polêmicas proporcionais a esse gigantismo.

Há convicção de que a companhia criou defesas, ainda que frágeis e que precisam amadurecer.

A interpretação do comando da petroleira é que no ano passado a Petrobras estava diante do maior desafio de sua história.

A certeza no comando da estatal agora é que acabou o temor com relação à solvência.


O jornal teve um dos seus colunistas grampeados pela Operação Lava-Jato telefonando para o ex-presidente Lula para, entre palavrões, dar conselhos nada éticos. (É bem verdade que este colunista já não escreve mais no jornal). Em outro texto, segundo o jornal, a CVM estaria alerta a interferência na Petrobras. Mas não foi a própria CVM que "permitiu" que a situação chegasse onde chegou?

Mudança no modelo contábil da União alinha BGU às normas internacionais

A Secretaria do Tesouro Nacional (STN), Órgão central do Sistema de Contabilidade Federal, realizou importantes alterações no modelo contábil da União para alinhamento às normas internacionais de contabilidade aplicadas ao setor público, bem como atender às recomendações feitas Tribunal de Contas da União (TCU) para a contabilização de ativos e passivos, com objetivo de atualizar o cálculo da situação patrimonial.

Como exemplo dessas mudanças, destaca-se a realização de significativos avanços na elaboração do Balanço Geral da União – BGU, que é enviado ao Tribunal de Contas da União como parte da Prestação de Contas da Presidente da República (PCPR). O aprimoramento da prática contábil resultou, dentre outros, na melhor avaliação dos direitos e bens (ativos) e das obrigações (passivos) do setor público.

As discussões sobre o uso de normas internacionais de contabilidade foram iniciadas em 2000 por diversos países e organismos mundiais como as Nações Unidas, a OTAN, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Alguns países, como Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, já adotaram esse novo modelo. Outros, como os Estados Unidos, França e Canadá, estão em transição.

Desde que iniciou esse processo, em 2008, o Brasil realizou mudanças importantes na contabilização da situação patrimonial da União, como o reconhecimento das rodovias e estradas federais como ativos de infraestrutura, em 2012; o reconhecimento das provisões matemáticas atuariais (passivo atuarial) relacionado ao Regime Próprio de Previdência Social dos servidores civis, em 2014; e a constituição de provisões para atender às demandas judiciais contra à União, em 2015.

Exigências das Normas Internacionais de Contabilidade





Além disso, em 2015, o Tribunal de Contas da União recomendou que o Ministério da Fazenda adotasse metodologia para aperfeiçoar a mensuração do ajuste para perdas de créditos tributários a receber. De acordo com o TCU, a União deveria estudar a melhor forma de adequar o registro contábil dos referidos ativos aos critérios de reconhecimento na visão do modelo do novo Plano de Contas e das Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (IPSAS, na sigla em inglês), editadas pela Federação Internacional de Contadores (IFAC, na sigla em inglês).

Para atender à recomendação do TCU, o Ministério da Fazenda criou, em julho de 2015, um Grupo de Trabalho de Créditos Tributários, cujo relatório final concluiu que créditos sob a supervisão da Receita Federal que possuem exigibilidade suspensa não atendiam, de acordo com a nova metodologia, aos critérios de classificação como ativo.

Essa decisão afetou, portanto, os créditos que estão suspensos devido a questionamentos no âmbito administrativo ou judicial, e que dependem de uma decisão futura para que se convertam em benefícios econômicos para a União, representando uma redução no seu Ativo de R\$ 1,1 trilhão. Um dos principais reflexos dessa nova prática contábil, pode ser verificado na inversão do Patrimônio Líquido (PL) da União, no montante de R\$ 1,46 trilhão.

É importante destacar que esses valores são deduzidos do ativo, mas ficam registrados em contas de controle, que são mensalmente conciliadas. Caso parte desses créditos suspensos se transformem de fato em crédito tributário, eles voltam a fazer parte do ativo.

Como mencionado anteriormente, as inovações ocorridas em 2015 não devem ser vistas como uma iniciativa isolada, tendo o processo para convergência aos padrões internacionais sido iniciado em 2008, com a edição da Portaria nº 184/2008, do Ministério da Fazenda. Importante destacar que esse modelo contábil, aderente ao regime de competência (accrual basis of accounting), é utilizado por diversos países avançados, que também apresentam patrimônio líquido negativo, como é o caso de:


Estados Unidos, com o PL negativo em R\$ 72,3 trilhões (US\$ 18,2 trilhões – 09/2015).
Reino Unido, com o PL negativo em R\$ 6,8 trilhões (US\$ 3 trilhões – 03/2014).
Canadá, com o PL negativo em R\$ 1,5 trilhões (US\$ 482 bilhões – 03/2015).
França, com o PL negativo em R\$ 3,2 trilhões (US\$ 1,2 trilhões – 12/2014).
Austrália, com o PL negativo em R\$ 738,4 bilhões (US\$ 238 bilhões – 06/2015).



Os valores dos ativos e passivos referentes aos itens citados, bem como o patrimônio líquido apresentado no BGU 2015, não podem ser comparados com os valores a eles referentes no BGU 2014, tendo em vista que as alterações metodológicas, por sua relevância, tornaram não correta a comparação entre os dois documentos. Para melhor compreensão deste ponto, a tabela abaixo apresenta o Patrimônio Líquido divulgado oficialmente e o Patrimônio Líquido simulado (com aplicação dos parâmetros utilizados em 2015).


(a) A simulação considera redução em igual intensidade da ocorrida em 2015 (de 78,4\% do crédito tributário). (b) Valores corrigidos pelo INP-C com data base de 31/12/2015. (c) A simulação considera o ajuste a valor presente, considerando o INP-C.
Fonte: SIAFI/STN, 2010 a 2015.

Como pode ser observado na tabela, o resultado foi negativo para todos os períodos, o que é previsível e está em linha com resultados dos demais países do mundo. Os governos, salvo raras exceções, possuem mais passivos que ativos. A dívida é paga com tributos ao longo de toda a existência do Estado, e um PL negativo significa que o governo precisa fazer superávits primários ao longo do tempo para pagar esses passivos.

O PL negativo está em linha com a dívida líquida do setor público, indicador criado pelo Banco Central a pedido do Fundo Monetário Internacional em 1982. Ele listava os ativos e passivos do governo e mostrava, já em 1982, que o Brasil tinhas mais passivos que ativos, ou seja, um PL negativo.

As alterações verificadas no BGU de 2015 fazem parte de um processo cujas etapas de implantação vão até 2021, como, por exemplo, a inclusão dos demais ativos em infraestrutura, que possuem grande relevância dentre os ativos não financeiros da União. Os prazos para implantação das mudanças foram estabelecidos pelo Plano de Implantação dos Procedimentos Contábeis Patrimoniais – PIPCP, aprovado pela Portaria STN nº 548, de 24 de setembro de 2015. Além de já ter implementado no SIAFI todos os procedimentos com aplicação imediata, a União está elaborando um plano de ação, que apresentará as ações necessárias para adequação das normas e dos sistemas, bem como para a capacitação dos gestores públicos.

Acesse aqui:
Balanço Geral da União
Apresentação sobre o BGU.
Artigo técnico sobre as alterações
Fonte: Aqui

O contador



O novo filme estrelado por Ben Affleck, "O contador", ganhou seu primeiro trailer nesta quinta-feira (12). Com estreia prevista para o dia 20 de outubro no Brasil, o longa é dirigido por Gavin O'Connor ("Guerreiro").

Na produção, Affleck ("Batman vs. Superman: O despertar da justiça") interpreta um contador com uma síndrome que limita suas habilidades sociais que cuida da contabilidade de organizações criminosas, mas aceita seu primeiro cliente que parece ser legítimo -- e que leva uma vida secreta como assassino profissional.

Além do ator, o elenco ainda conta com Anna Kendrick ("Amor sem escalas"), J. K. Simmons ("Whiplash - Em busca da perfeição"), Jon Bernthal (da série "Demolidor"), Jeffrey Tambor (da série "Transparent") e John Lithgow ("Interestelar").

Indicado pelo nosso querido amigo Glauber. Fonte: aqui.

Falso Positivo

Aparentemente a CIA e NSA (fotografia) estão usando “metadados” para determinar a probabilidade de uma pessoa ser terrorista. Usando a rede de telefonia celular e algoritmos de aprendizagem de máquina, as agências de espionagem dos EUA estão trabalhando no Paquistão para impedir a proliferação do terrorismo. Gelman, citando Grothoff e Porup mostra que uma taxa de falso positivo de 0,18% numa população de 55 milhões de pessoas (do Paquistão que usa celular) significa que 99 mil inocentes serão taxados de terroristas.

Sair do Vermelho

A expressão “sair do vermelho” significa na contabilidade fazer com que o resultado seja positivo. Se você colocar a expressão no Google irão aparecer muitos resultados com dicas para fazer com que seu orçamento pessoal seja mais equilibrado. Em inglês existe a expressão “be in the black” ou mostrar um balanço positivo. É interessante notar que ao contrário da expressão negativa tradicional, o “black” aqui adquire uma conotação positiva. E o vermelho seria uma cor que representa algo ruim. O inglês também admite a expressão “be in the red”, que pode ser traduzida como perder dinheiro.

Esta expressão parece ser relativamente recente. Procurando a mesma no acervo do Estado de S Paulo a primeira ocorrência que encontramos é da década de 1980. E com o sentido de melhorar uma situação ruim. Em 1982 o jornal falava de uma central de recados que em um ano e meio ou dois deveria “sair do vermelho”. Em 1993, numa manchete, informava que a “Varig muda para sair do vermelho”.

Antes disto o Jornal do Brasil, em 1970, falavam que os clubes de futebol do Brasil “só vão sair do vermelho no dia que passarem a ser administrados como empresa”. Em 1964 o mesmo jornal fez um interessante trocadilho: “O sr. Aluísio Alves vai cuidar de sua vida, deixando as atividades políticas até sair do vermelho (bem entendido, em termos bancários)”. O Paraná Esportivo, em 1960, comentava da vitória do Coritiba de 9x1 sobre o Iraty: “pensar, principalmente, na possibilidade que existe do Ferroviário virar azulão e sair vermelho de vergonha da cancha”. Aqui o vermelho está associado a ter vergonha. Este foi o resultado mais antigo que obtive na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional.

Talvez a expressão esteja associada a “nota vermelha”, devido ao hábito de alguns professores ressaltarem a nota ruim dos alunos com uma caneta vermelha. A Wikipedia, no verbete Nota Escolar, diz que este é um critério informal, usado quando o aluno tira uma nota menor que a média.

Economia precisa de modelos baseados em agentes

In today’s high-tech age, one naturally assumes that US President Barack Obama’s economic team and its international counterparts are using sophisticated quantitative computer models to guide us out of the current economic crisis. They are not. The best models they have are of two types, both with fatal flaws. Type one is econometric: empirical statistical models that are fitted to past data. These successfully forecast a few quarters ahead as long as things stay more or less the same, but fail in the face of great change. Type two goes by the name of ‘dynamic stochastic general equilibrium’. These models assume a perfect world, and by their very nature rule out crises of the type we are experiencing now. As a result, economic policy-makers are basing their decisions on common sense, and on anecdotal analogies to previous crises such as Japan’s ‘lost decade’ or the Great Depression (see Nature 457, 957; 2009). The leaders of the world are flying the economy by the seat of their pants.

[...]

There is a better way: agent-based models. An agent-based model is a computerized simulation of a number of decision-makers (agents) and institutions, which interact through prescribed rules. The agents can be as diverse as needed — from consumers to policy-makers and Wall Street professionals — and the institutional structure can include everything from banks to the government. Such models do not rely on the assumption that the economy will move towards a predetermined equilibrium state, as other models do. Instead, at any given time, each agent acts according to its current situation, the state of the world around it and the rules governing its behaviour. An individual consumer, for example, might decide whether to save or spend based on the rate of inflation, his or her current optimism about the future, and behavioural rules deduced from psychology experiments. The computer keeps track of the many agent interactions, to see what happens over time. Agent-based simulations can handle a far wider range of nonlinear behaviour than conventional equilibrium models. Policy-makers can thus simulate an artificial economy under different policy scenarios and quantitatively explore their consequences.


[...]

But there is a still larger problem. Even if rational expectations are a reasonable model of human behaviour, the mathematical machinery is cumbersome and requires drastic simplifications to get tractable results. The equilibrium models that were developed, such as those used by the US Federal Reserve, by necessity stripped away most of the structure of a real economy. There are no banks or derivatives, much less sub-prime mortgages or credit default swaps — these introduce too much nonlinearity and complexity for equilibrium methods to handle. When it comes to setting policy, the predictions of these models aren’t even wrong, they are simply non-existent (see Nature 455, 1181; 2008).

Agent-based models potentially present a way to model the financial economy as a complex system, as Keynes attempted to do, while taking human adaptation and learning into account, as Lucas advocated. Such models allow for the creation of a kind of virtual universe, in which many players can act in complex — and realistic — ways. In some other areas of science, such as epidemiology or traffic control, agent-based models already help policy-making.

[...]

Such economic models should be able to provide an alternative tool to give insight into how government policies could affect the broad characteristics of economic performance, by quantitatively exploring how the economy is likely to react under different scenarios. In principle it might even be possible to create an agent-based economic model capable of making useful forecasts of the real economy, although this is ambitious. Creating a carefully crafted agent-based model of the whole economy is, like climate modelling, a huge undertaking. It requires close feedback between simulation, testing, data collection and the development of theory. This demands serious computing power and multidisciplinary collaboration among economists, computer scientists, psychologists, biologists and physical scientists with experience in largescale modelling.

Fonte: The economy needs agent-based modelling- J Doyne Farmer, Duncan Foley-2009/8/6-Nature-Nature 460, 685-686 (6 August 2009) | doi:10.1038/460685a; Published online 5 August 2009