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03 abril 2016

Panama Papers

A divulgação do Panama Papers já está incomodando muita gente. Parece que na relação dos envolvidos estão Messi e Platini, Putin, presidente da Rússia, Joaquim Barbosa, presidente da Argentina Macri e diversas pessoas já acusadas na lava-jato ou em vias de.

É importante notar que a operação revelada pelos jornais este final de semana não são necessariamente ilegais.

Qual a relação com a contabilidade? Com a palavra o El País:

El Grupo Mossack Fonseca, una firma mundial con sede en Panamá y oficinas en 27 países en los cinco continentes, es una de las más importantes empresas proveedoras de servicios contables, fiduciarios y legales, con un abanico de ofertas que contemplan desde trabajos en propiedad intelectual, asuntos migratorios o leyes de telecomunicaciones, hasta registros médicos, de cosméticos, yates y alimentos para animales, pasando por prevención de fraude y lavado de dinero.

Resenha da Resenha

Lendo um monte de e-mails acumulados encontrei um texto escrito por Juliana Cunha sobre a resenha de Bartleby o Escrevente:

Tenho lido muitas vezes a história de Bartleby, um escrivão de Wall Street que, ao ouvir pedidos do patrão, responde com franqueza que “preferiria não fazer”. Imagina que incrível: seu chefe te pede para preparar um relatório e você simplesmente diz: “Prefiro não fazer”. Quem algum dia preferiu fazer?

Wall Street é um lugar estranho porque é, ao mesmo tempo, uma rua cheia de pessoas obcecadas pelo trabalho e um símbolo do capitalismo financeiro, sistema que permitiu que a geração de dinheiro fosse desconectada do trabalho. Ou seja, que dinheiro gerasse dinheiro, sem necessariamente passar por toda aquela burocracia de produzir bens, vendê-los e só então obter lucro.
Bartleby trabalha nessa rua de lógica torta: a rua que possibilitou que tantos ricos preferissem não mais fazer coisas, não mais lidar com funcionários, não mais produzir.

Seu próprio patrão, um advogado velhinho, acha que a forma mais fácil de levar a vida é sempre a melhor, mas fica transtornado quando um simples funcionário resolve levar seu conselho ao pé da letra.
No começo do conto — esqueci de avisar que estamos falando de um conto de Melville, autor de “Moby-Dick” —, Bartleby até que trabalha. Logo depois de ser contratado, parece ávido por copiar documentos, mas copia mecanicamente, sem alegria, o que aborrece o chefe.

Não lembro em que livro Bukowski conclui que, para o patrão, o fato de você entregar um trabalho bem feito nunca é suficiente. É preciso amar o trabalho, fazer declarações públicas de amor a ele.

Bartleby é pura passividade paciente. Fica parado, contemplativo, quase zen. Só se alimenta de pães de mel. Não trabalha nem se dá o trabalho de fingir. O chefe ficaria aliviado caso ele se recusasse a trabalhar, mas ele não se recusa, apenas apresenta um empecilho incontornável: ele preferiria não trabalhar. Como obrigar uma pessoa a preferir algo?


No original em inglês, a frase usada soa esquistia. Barlteby diz “I would preferer not to”, enquanto a construção maiscomum seria “I would rather not”.

Deleuze fez um texto sobre esse conto em que diz o seguinte:

“A fórmula I PREFER NOT TO exclui qualquer alternativa e engole o que pretende conservar assim como descarta qualquer outra coisa; implica que Bartleby para de copiar, isto é, de reproduzir palavras; cava uma zona de indeterminação que faz com que as palavras já não se distinguam, produz o vazio na linguagem. Mas também desarticula os atos de fala segundo os quais um patrão pode comandar, um amigo benevolente fazer perguntas, um homem de fé prometer. Se Bartleby recusasse, poderia ainda ser reconhecido como um rebelde ou revoltado, e a esse título desempenharia um papel social. Mas a fórmula desasticula todo ato de fala, ao mesmo tempo que faz de Bartleby um puro excluído, ao qual já nenhuma situação social pode ser atribuída”.

Traduzindo para linguagem de dia de semana, a força de Bartleby está em não recusar nem aceitar, em dar uma resposta esquisita que coloca os outros numa posição igualmente esquisita.

O advogado do conto chega a dizer que “nada irrita mais uma pessoa honesta do que a resistência passiva”. Por conta dessa resistência passiva e irritante, alguns críticos chegam a compará-lo a Gandhi e eu chego a considerá-lo um herói da classe trabalhadora.


Duas observações: (1) Peço desculpas para Juliana, pois só agora notei o texto; (2) o comentário dela é tão interessante que merece uma postagem.

Panama Papers: ocultação de patrimônio em paraísos fiscais



Fonte: aqui

Pesquisa 1

A doutoranda Ivone Vieira Pereira solicita a contribuição dos leitores para uma pesquisa sobre Teoria do Prospecto. Aqueles que puderem responder clique aqui

Pesquisa 2

Uma aluna de graduação da UEPB solicita contribuição dos leitores para responder questionário sobre Six Sigma. Para acessar o questionário clique aqui

Rir é o melhor remédio


02 abril 2016

Fábrica de Corrupção



Uma reportagem do The Huffington Post e Fairfax Media  desvenda os meandros de uma empresa que o texto denominou de “fábrica da corrupção”. A empresa atua no setor de petróleo, mas a investigação mostrou que tradicionais empresas ocidentais, como Rolls-Royce, Halliburton, Samsung e Hyundai. E não é a Petrobras.

Trata-se a Unaoil, com sede em Mônaco. É bem verdade que afirmar que se trata do maior escândalo de corrupção do mundo é um exagero. Mas a corrupção da Unaoil atingiu o Iraque, o Irã, a Líbia, a Síria, o Iêmen, o Kuwait e a os Emirados Árabes.

Além disto, a imprensa tem tratado o escândalo de forma tendenciosa, conforme pode ser visto aqui