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26 fevereiro 2016

Privatização nos estados

Segundo informação do Valor Econômico (Estados poderão ter ganho imediato com venda de estatais para União, Leandra Peres e Assis Moreira, 25 de fevereiro de 2016), a União está estudando uma proposta de privatização das empresas dos estados. O processo ocorrerá da seguinte forma:
Na primeira etapa, o Estado repassa para União o controle ou a participação acionária na empresa. O valor é estimado na avaliação do mercado. Este valor será usado para abater a dívida do Estado com a União. Após a venda das ações, o valor a maior ou a menor é acertado na diferença.

Alguns aspectos relevantes desta operação precisam ser levados em consideração. Uma hipótese básica do modelo em estudo é que a União teria condições de fazer a privatização de maneira mais rápida e eficiente. Em outras palavras, o governo federal teria maior possibilidade de fazer a privatização. Obviamente que as considerações políticas sobre o tema ficam sob a responsabilidade do governo federal.

Sobre a operação de privatização é importante considerar o valor do dinheiro no tempo. Como provavelmente as fases não ocorreram simultaneamente, o processo deverá prever a “atualização” da avaliação. Por exemplo, admita que um Estado repasse a empresa ABC por $1 milhão; dez meses depois é feita a privatização, num valor de R$1,1 milhão. Em razão do valor do dinheiro no tempo, é necessário trazer o valor de R$1 milhão para a data da venda efetiva (ou do pagamento).

Como os momentos de tempo são distintos, o governador que fizer a transferência poderá ter fortes incentivos para tomar a decisão de passar a empresa para a União ou não. Se estiver em término de mandato e concorrendo a reeleição, esta decisão poderá tirar mais votos; é um fator importante para não tomar a decisão. Isto é um fato que o governo deve considerar: aumentar os incentivos políticos para uma decisão positiva.

Finalmente, ao assumir a empresa a União tem um compromisso de efetuar a venda. E se isto não ocorrer? O ônus aqui será do governo federal, que deverá explicar qual a razão de ter feito uma promessa de privatização e não ter levado adiante.

Em linhas gerais: aparentemente o plano proposto pelo Tesouro tem mais contras que prós.

Concentração de Informação

O Valor Econômico de hoje traz 264 páginas. A grande maioria de demonstrações contábeis. Obviamente que a grande concentração de informação produz mudança na forma como o usuário recebe a demonstração. Existe um ramo de estudo especialmente dedicado a isto denominado Economia da Atenção (por sinal, muito importante nos dias de hoje, em razão do grande número de informações/dados/imagens que recebemos). Recentemente Almeida e Silva divulgaram uma pesquisa sobre o tema na contabilidade:

A amostra é composta pela coleta diária no período de 10 anos (2003-2012) das ITR’s, IAN’s e DFP’s das empresas brasileiras e ITR’s e DFP’s das empresas chilenas no decênio. Após essa robusta coleta, foram coletadas as séries temporais dos índices pontos e volumes da Bolsa de Valores de São Paulo (Brasil) e da Bolsa de Comércio de Santiago (Chile) no decênio considerado. Para analisar os dados utilizou-se a estatística descritiva, o teste de Levene e o teste de médias. Os achados da pesquisa revelam que há uma concentração da evidenciação contábil, em determinadas datas, tanto no Brasil quanto no Chile. Os resultados evidenciam também que a concentração da evidenciação contábil brasileira tende a não impactar o retorno, o volume de negociação e a volatilidade do mercado do Brasil. No entanto, quando se analisa o impacto da concentração da evidenciação contábil no Chile, nos dias de grande divulgação, constata-se que este fenômeno tende a impactar a volatilidade desse mercado.

Rir é o melhor remédio

Publicado no Estado de 25 fev 2016

25 fevereiro 2016

Pior prejuízo da história

Notícia do Estadão

O prejuízo da Vale em 2015, de R$ 44,2 bilhões, é o maior prejuízo já registrado por uma empresa de capital aberto desde 1986, segundo levantamento da consultoria Economatica, que só tem dados a partir daquele ano. Os dados foram ajustados pela inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até dezembro de 2015.

Reação do Mercado

O mercado reagiu a duas importantes notícias de duas grandes empresas brasileiras. A Gerdau está sendo investigada pela Polícia Federal por sonegação de impostos (primeiro gráfico) e a Vale anunciou um prejuízo elevado (segundo gráfico). O resultado foi uma queda, segundo Valor Data, de -5,31% e -4,53%

Prejuízo de 12 bilhões na Vale

A Vale acaba de divulgar seu resultado de 2015. Destaque para o prejuízo de 12,1 bilhões, sendo que 7,5 bilhões são originários de variações monetárias e cambiais, 8,9 bilhões de impairment. Como o lucro bruto caiu de 12,5 bilhões, em 2014, para 5,1 bilhões, em 2015, os efeitos das variações e do impairment foram decisivos para o prejuízo da empresa. O resultado só não foi pior em razão do crédito do imposto diferido, de 5,5 bilhões.

Em 2014 a receita da empresa foi de 38,2 bilhões; no ano de 2015 uma queda 32%, em especial a venda de minérios de ferro, o principal negócio da empresa. A empresa vendeu menos para China (3,5 bilhões) e no mercado interno (2,2 bilhões). Mas a principal explicação da redução da receita foi o recuo no preço do minério: queda de 41% no preço de referência.

Apesar do prejuízo, o fluxo das atividades operacionais foi positivo: 4,5 bilhões (versus 13 bilhões em 2014). A diferença entre o prejuízo e o FCO é explicada pelo fato de que os efeitos do impairment não entram no FCO.

P.S. (valores em US$)

Rir é o melhor remédio

New Yorker (adaptado daqui)