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23 fevereiro 2016

Via Varejo

O gráfico (via Valor Data) mostra a queda no preço da Via Varejo após o comunicado da CVM no dia 17 determinando que a Via Varejo refaça e republique as demonstrações contábeis de 2013 e 2014, assim como os dados trimestrais.

A notícia apareceu na imprensa somente ontem. Na página principal da CVM nada é comentado. E na página da empresa (RI) também nenhum comentário:

Mercado Fechado da Economia

Recebi por e-mail o artigo de Frederico Fubini de um leitor do blog. O texto é do início do ano, mas ainda vale a leitura. Fubini fala da inércia entre os autores mais lidos da área de economia:

comparei os "rankings" de Dezembro de 2006 e de Setembro de 2015 para perceber se o índice RePEc tinha evoluído de acordo com a realidade económica.

Isso não aconteceu. Apesar das profundas – e, em grande medida, imprevistas – dificuldades económicas e financeiras da década decorrida, a influência intelectual de quem sustentava as teorias mais afectadas pela crise manteve-se intacta.

Após uma sucessão de estoiros de bolhas de crédito representando vários biliões de dólares, seria de nos questionarmos sobre o que sucederia à visão de Robert Lucas de que as expectativas racionais permitem que "agentes" calculem na perfeição a forma de maximizar a utilidade económica. Também poderíamos reconsiderar a hipótese dos mercados eficientes, de Eugene Fama, segundo a qual os preços dos activos financeiros reflectem sempre toda a informação disponível sobre os fundamentais económicos.

Mas parece que os economistas não se questionam sobre estes assuntos. Com efeito, tanto Lucas como Fama subiram nos "rankings" do RePEc no período que analisei, do 30.º para o 9.º lugar e da 23.ª para a 17.ª posição, respectivamente. E a persistência dos que estão no topo é impressionante, de uma forma geral. De entre os 10 primeiros economistas da lista, em Setembro de 2015, seis deles já lá constavam em Dezembro de 2006 e havia dois que ocupavam as 11.ª e 13.ª posições

A mobilidade nos "rankings" do RePEc continua a ser ténue mesmo ampliando a amostra. A título de exemplo, dos economistas no top 100 em Setembro de 2015, apenas 14 não figuravam no top 5% dos economistas em 2006 (leque muito mais largo) e somente dois tinham avançado mais de 200 lugares ao longo da década anterior. Entre os economistas recentemente classificados entre as 101.ª e 200.ª posições, apenas 24 não constavam do top 5% em 2006 e apenas 10 tinham subido mais de 200 lugares. A taxa de renovação entre os 200 economistas mais influentes foi de apenas 25% - e apenas de 16% no top 100 - durante uma década em que o poder explicativo da teoria económica predominante se viu seriamente afectado.

O aspecto mais impressionante está na diferença entre o ritmo de mudança no "ranking" dos economistas e da própria economia. As barreiras à entrada no clube das 10 pessoas mais ricas do planeta ou nas 10 empresas mais valiosas do mundo parecem ser muito menores do que as barreiras à entrada na lista dos 10 principais economistas. Segundo a Forbes, apenas dois dos 10 indivíduos mais ricos do mundo em 2015 (Bill Gates e Warren Buffett) estavam no top 10 em 2006. E apenas três empresas – ExxonMobil, General Electric e Microsoft – constavam do top 10, em termos de capitalização de mercado, tanto em 2006 como em 2015.

Em contrapartida, no "ranking" dos economistas, os critérios tais como o sexo ou a origem geográfica confirmam uma inércia generalizada. Apenas quatro mulheres figuravam no top 200 do "ranking" do RePEc em Setembro de 2015, em comparação com três em Dezembro de 2006, e duas estavam incluídas em ambas as listas. Da mesma forma, os países emergentes – que representam mais de 90% da população mundial, 75% do crescimento do PIB global na última década e quase 50% do rendimento total em dólares correntes – estavam presentes em apenas 11 posições do top 200 dos economistas em Setembro de 2015, contra 10 em Dezembro de 2006. E 10 desses 11 – três iranianos, quatro indianos, dois turcos e um chinês – vivem e trabalham nos Estados Unidos ou no Reino Unido desde os seus tempos de estudante.

Os restantes economistas do top 200 do "ranking" do RePEc são geralmente homens, caucasianos, e com 60 anos ou mais – uma idade superior em quase três décadas à idade em que um cientista ou economista tende a ser mais inovador, de acordo com um estudo do economista Benjamin Jones. Nenhum indivíduo negro (norte-americano ou de outra nacionalidade) consta do top 200.

Será de surpreender que, mesmo após uma Grande Recessão que lançou sérias dúvidas sobre as teorias do mercado racional tão dominantes há uma década, as melhores posições nos "rankings" da investigação económica se mantenham praticamente inalteradas? Afinal de contas, muitos destes académicos deram contributos enormes – e duradouros – para a nossa forma de entender como funcionam os mercados e as sociedades. E as ideias tendem a avançar e a retroceder lentamente, como os glaciares – e não rapidamente, como os exércitos.

Rir é o melhor remédio


22 fevereiro 2016

BTG Pactual

Em janeiro, o banco BTG Pactual divulgou os números das demonstrações contábeis, sem o parecer de auditoria. Os números eram incompletos e não contemplavam toda a situação da entidade. O blog considerou o assunto o fato da semana em razão do inusitado.

O Valor Econômico informa que os números divulgados há um mês foram confirmados nas demonstrações colocadas no endereço da CVM. Mas que o relatório de auditoria ainda não constava do endereço.

Links

Tempo para fazer a previsão e índice de acerto

Futuro do emprego e impacto sobre a contabilidade (notícia ruim: contabilidade deve sofrer muito com a tecnologia)

Vídeo de Taiwan ridiculariza as Olimpíadas do Rio

Efeitos visuais de Deadpool (antes e depois) 

25 anos do CCA na Universidade de Brasília

Se você fez parte do curso de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, ou se quer dar uma espiada nesses 25 anos do departamento de Ciências Contábeis, entre no grupo do Facebook. Ele está sendo organizado pelo Neander Nazário e pela professora Fernanda Fernandes.

Compartilhe a foto do seu trote, da sua colação ou de um momento legal com a sua turma, os professores ou servidores. A intenção é fazer um mural na FACE e colocar no site do departamento para compartilhar a história do curso.

Parabéns a todos que fazem parte desta história.

Em tempo:
Não é 25 anos do curso, mas do departamento, o CCA. O curso antes pertencia ao departamento de administração.

Usiminas e Queima de Caixa

Ao retratar os problemas da Usiminas, o Valor Econômico tentou resumir em gráfico seus problemas. Um deles seria a "queima de caixa":
O gráfico mostra em vermelho a receita líquida, que não corresponde ao caixa. Mostra também o Ebitda, que alguns acreditam que seja a geração de caixa. Mas os dados mostram que somente num período, o último, o Ebitda foi negativo. Ou seja, não ocorreu "queima de caixa no período". E também o resultado líquido, que também não é caixa. Para mostrar a queima de caixa, o jornal deveria tomar ou o saldo de caixa e equivalentes ou o fluxo de caixa das atividades operacionais ou o índice de "queima de caixa".