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19 dezembro 2015

Fato da Semana: PCAOB

Fato da Semana: A Reuters publicou um longo texto mostrando como está a briga de poder entre o contador-chefe da SEC e o PCAOB.

Qual a relevância disto?
O texto é uma leitura obrigatória para aqueles que desejam conhecer como se dá o processo de regulação contábil na prática. (Sugerimos a leitura do capítulo 1 do livro de Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva, para uma abordagem introdutória). Criado com a finalidade de fiscalizar as empresas de auditoria, o PCAOB tem feito um trabalho de “revisão” das auditorias realizadas. E tem encontrado uma série de erros e problemas de qualidade. Obviamente que isto não tem despertado simpatia das grandes empresas.

Positivo ou Negativo?
Como estamos comentando o texto, é extremamente positivo uma investigação como esta.

Desdobramentos
– A questão que fica em aberto é se o atual presidente do PCAOB será reconduzido ao cargo ou não. Se não for teremos uma vitória do atual contador da SEC, que tem colocado diversos obstáculos no trabalho de Doty, do PCAOB.

(Cartoon = Fonte: aqui)

Leitura Obrigatória

A Reuters, num texto de Charles Levinson (Accounting industry and SEC hobble America´s audit watchdog ) publicou um texto fantástico sobre a regulamentação da auditoria contábil nos Estados Unidos. Leitura obrigatória para aqueles que desejam entender melhor como funciona o Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB), a entidade criada para supervisionar a profissão de auditor naquele país.

O texto questiona fortemente o trabalho do contador-chefe da Securities and Exchange Commission, James Schnurr. Schnurr tem questionado publicamente o trabalho do PCAOB, acusando-o de lento. O texto mostra claramente que James Doty, o responsável pelo PCAOB, tem sido sabotado no seu trabalho, provavelmente em razão as críticas da entidade as grandes empresas de auditoria.

A figura a seguir mostra a origem do Chief of Accountant da SEC. Desde 1992 o cargo está sendo ocupado por pessoas originárias das grandes empresas de auditoria. Estas empresas “indicam” não somente este cargo como também a própria presidência da SEC: Mary Jo White tinha a Deloitte entre seus clientes quando era sócia de uma empresa de advocacia.
As grandes empresas de auditoria possuem 98% das contas das empresas com ações na bolsa dos EUA. Segundo o texto, o esforço de Doty, do PCAOB para melhorar a qualidade do setor tem encontrado resistência em Schnurr, que tem atrasado uma série de medidas. Além disto, Schnurr tem feito campanha para afastar Doty do cargo, segundo pessoas entrevistadas pela Reuters. Na realidade, o mandato de Doty no PCAOB já encerrou e ele conta com o apoio de diversos notáveis, como Paul Volcker (ex FED) para a recondução.

O trabalho recente do PCAOB inclui inspeções rigorosas nas empresas de contabilidade e longos relatórios, com críticas aos procedimentos de auditoria. O PCAOB já descobriu que uma das grandes empresas de auditoria tinha ignorado intencionalmente erros contábeis de um cliente. Esta empresa tinha, naquele momento, Schnurr como contato; posteriormente ele foi nomeado contador da SEC. A ex-empresa de Schnurr foi responsável pela auditoria da Bear Stearns (parecer limpo e falência logo após). Ou seja, o atual contador-chefe da SEC foi no passado “perseguido” pelo PCAOB.

O texto é bastante longo. Repito: leitura obrigatória para quem deseja conhecer melhor o processo de regulação e fiscalização nos EUA.

18 dezembro 2015


Fatos da Semana

De janeiro até dezembro tivemos 49 fatos da semana. O fim do ano é um momento interessante para fazer um apanhado sobre o que ocorreu através da coluna de postamos todo sábado neste blog.

Como o leitor já sabe, classificamos os fatos em positivo, neutro ou negativo. Foram 16 positivos, nove neutros e 23 negativos ou 47%. Não queremos destacar o lado ruim, tanto é assim que diariamente convidamos o leitor a rir; mas 2015 está sendo difícil. Dos fatos destacados aqui, 60% são nacionais, sendo que em sete semanas, ou 14%, o destaque foi a Petrobras. A estatal apareceu principalmente no início do ano, com a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2014, onde mostrava, parcialmente segundo a opinião deste blog, o estrago da corrupção.

Os escândalos atingiram a Portugal Telecom, BVA, BNDES, Styam, FIFA, Volks e IBM. O maior deles foi a irresponsabilidade de uma auditoria que praticamente faliu a Moldávia. Fizemos até um placar das empresas de auditoria, cujo resultado foi o seguinte:

1º. Lugar – KPMG – 3 pontos: BVA, BNDES e FIFA
1º. Lugar – PwC – 3 pontos: Petrobras, Satyam e IBM
3º. Lugar – EY, Deloitte e GT – 1 pontos por Toshiba, CSN e Moldávia, nesta ordem

Os reguladores foram também destaque aqui. Incluindo o CFC, TCU, Iasb e CVM foram 14 fatos relacionados a este assunto ou 29% do total.

Queremos destacar o destaque especial para o comportamento do mercado de trabalho para o contador (três fatos), já que divulgamos dados inéditos aqui no blog. Para finalizar, o fato de 11 junho nos enche de orgulho: três milhões de leitores do blog.

A lista dos fatos encontra-se a seguir:

Feliz 2019

[...]

O ano de 2015 entrará para a história como um dos mais traumáticos da história econômica brasileira. O PIB deverá sofrer queda de cerca de 4%. O mercado de trabalho, que vinha resistindo até o início do ano, mergulhou em queda livre, com o desemprego atingindo 8,9% no 3º trimestre, de acordo com a Pnad Contínua. Em doze meses, foram destruídos 1,5 milhão de postos de trabalho e tudo indica que esse movimento está se acelerando. Na virada do ano, o desemprego deverá atingir 10%.

A produção industrial em outubro mostra um quadro de terra arrasada. Comparando-se a produção entre janeiro e outubro com igual período do ano anterior, a queda global foi de 8%, tendo sido de 17% no caso dos bens de consumo duráveis e de 24% no dos bens de capital. A provável queda dos investimentos no último trimestre será a nona queda trimestral seguida. Os indicadores da Sondagem da Construção do Ibre-FGV mostram que o nível de atividade do setor é hoje inferior à metade do observado há dois anos. Onde se olha, a situação é dramática.

[...]
Com impeachment ou sem impeachment, o ano de 2016 está perdido e 2017 provavelmente também. A esperança fica para 2018, ou quem sabe 2019.

Fonte: Pedro Cavalcanti Ferreira e Renato Fragelli Cardoso são professores da Escola de Pós-graduação em Economia (EPGE-FGV)

17 dezembro 2015

Rir é o melhor remédio



Fonte: Aqui

Revolução Silenciosa

Uma mudança estrutural está ocorrendo no setor público. E por não ter tido a atenção da população, da imprensa e dos políticos, podemos chama-la de revolução silenciosa. Trata-se da digitalização dos documentos que são criados e entregues a alguns dos principais órgãos da administração. A base desta mudança ocorreu no TRF da quarta região, que construiu um sistema onde os documentos são construídos, repassados, analisados e despachados sem a presença do papel. Este sistema recebeu o sugestivo nome de SEI. Já aderiram a causa o STJ, o CADE, o Ministério das Comunicações e o MEC. Indiretamente devem passar a trabalhar com o SEI a Receita Federal, o Banco Central, a AGU e outras entidades que já possuem o processo eletrônico e que podem fazer parte através do Barreamento, ou seja, a construção de interface entre os sistemas eletrônicos existentes em cada entidade do setor público.

A minha universidade deve implantar o processo eletrônico até maio de 2016. Com isto, nenhum documento criado após esta data será em papel, exceto aqueles que são para entidades que ainda não trabalham com o processo eletrônico. Além da eliminação do papel, o burocrata não irá precisar mais de carimbo e assinatura, bastando a assinatura eletrônica.

As vantagens do processo são inúmeras. Em alguns órgãos a economia já no primeiro ano de implantação foi suficiente para pagar o investimento realizado em máquinas (scanners) e treinamento. Além disto, por permitir que o processo possa ser analisado em mais de uma instância, o tempo de resposta de uma demanda deverá reduzir substancialmente. Com o SEI o gestor pode ler o processo de um tablete ou celular e despachar para a próxima instância. Também é possível verificar facilmente em que instância o processo encontra-se parado.

Para entidades descentralizadas fisicamente, como acontece com a Universidade de Brasília, o SEI reduz o leva e trás dos processos. Basta que o arquivo seja despachado de Planaltina para o prédio da reitoria, uma distância de dezenas de quilômetros que hoje é percorrida de automóvel. Isto significa menos gastos com combustível, automóvel e pessoal em atividade que não agrega valor.

Como gestor, o SEI irá eliminar um problema que preocupa: a possibilidade de substituição de página de um processo por outra. Além disto, alguns processos tomam mais de um volume. Para reduzir, geralmente o último volume é que transita entre as diversas unidades. Com o SEI todo o volume estará acessível para a análise do gestor.