Translate

26 outubro 2015

A crise de 2008 foi prevista em 1997

Grande parte das pessoas acreditam que a crise financeira de 2007 não foi prevista por boa parte dos economistas. No entanto, num artigo de 1997 Nobuhiro Kiyotaki e John Moore mostraram como as dívidas securitizadas (no caso da crise de 2008, as dívidas das casas) pode amplificar ciclo de negócios e jogar o sistema financeiro e a  economia pra baixo.

Resumo:

We construct a model of a dynamic economy in which lenders cannot force borrowers to repay their debts unless the debts are secured. In such an economy, durable assets play a dual role: not only are they factors of production, but they also serve as collateral for loans. The dynamic interaction between credit limits and asset prices turns out to be a powerful transmission mechanism by which the effects of shocks persist, amplify, and spill over to other sectors. We show that small, temporary shocks to technology or income distribution can generate large, persistent fluctuations in output and asset prices.


Credit Cycles
Nobuhiro Kiyotaki and John Moore
Journal of Political Economy
Vol. 105, No. 2 (April 1997), pp. 211-248
http://www.jstor.org/stable/10.1086/262072

25 outubro 2015

Rir é o melhor remédio


História da Contabilidade: Falências e Fraudes nos anos 40 do século XIX


Quando um estabelecimento comercial não consegue mais pagar suas contas, as pessoas que acreditaram na entidade vão receber parte dos ativos existentes após a realização de uma liquidação. Isto já era um fato comum na história brasileira durante o império. Em 1846, por exemplo, Augusto Desahys promoveu um leilão referente aos bens de A. J. P. Guimarães, que incluía artigos como porcelanas, armas de fogo, móveis, pianos e outros bens. Na mesma época, João Luiz Gnibolf, procurador da massa falida de Antonio Pereira de Faria, também estava anunciando que era a única pessoa habilitada a tratar dos assuntos referentes aos ativos e passivos, avisando que iria observar “a escripturação dos livros” (1).

Com respeito a fraudes, estas parecem que sempre existiram. Um estudo deste tipo de problema e o papel da contabilidade ainda necessita ser feito no Brasil. No início do reinado de Dom Pedro II isto também ocorreu. Selecionei um caso que ocorreu nos anos 40, reproduzido a seguir (2):

Trata-se de uma diferença entre a contabilidade e o valor dos recursos existentes na tesouraria na área pública. A descrição do caso é bastante longa, mas envolvem emendas, rasuras, folhas soltas, afirmações desencontradas, além de conflito entre o judiciário e os outros poderes. Nada de novo e surpreendente.

(1) Ambas as notícias publicadas no mesmo dia no Diário do Rio de Janeiro, 7 de março de 1847, ed. XXV, n. 7.154, p. 4.
(2) O Lidador 26 mar de 1847, ed 162 p 2.

24 outubro 2015

Rir é o melhor remédio


Organização das Nações Unidas

A Organização das Nações Unidas foi criada há 70 anos. Embora o órgão seja mais necessário do que nunca, sua influência ainda é assustadoramente limitada, opina o jornalista da DW Daniel Scheschkewitz.

O Oriente Médio está prestes a explodir. Na Síria, a guerra civil levou as grandes potências à beira de um confronto. O latente estado de guerra no leste da Ucrânia ameaça tornar-se um conflito permanente e a Europa está sendo sacudida em suas bases pelo enorme afluxo de refugiados. Nunca antes, nos 70 anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a paz no planeta foi ameaçada por tantas crises ao mesmo tempo. O direito internacional foi pisoteado – como no caso da invasão russa na Crimeia, mas também no Oriente Médio – e essa violação continua livre de sanções.

[...]

Além do Conselho de Segurança, o fracasso da ONU nas guerras civis em Ruanda e na Bósnia tornou-se símbolo de uma comunidade internacional impotente. Diversas missões dos capacetes azuis foram condenadas previamente ao fracasso ou, como no caso do Congo, tornaram-se cada vez menos dignas de crédito.

Mesmo assim, seria errado expandir o patético estado do Conselho de Segurança para a organização internacional como um todo. Em seus 70 anos de existência, a ONU pôde melhorar a vida de milhões de pessoas e evitar algumas crises. A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança e a luta contra doenças, como Aids e malária, são dignas de menção. Também nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio as Nações Unidas fizeram progressos notáveis. Até este ano, o número de famintos no mundo caiu pela metade e, nos últimos 25 anos, a mortalidade infantil foi reduzida em dois terços.

Isso é ainda mais impressionante, considerando que, atualmente, a ONU estabeleceu como objetivo o desenvolvimento mundial sustentável. E isso só pode ser bem-sucedido se o desenvolvimento econômico caminhar lado a lado com a ecologia e o progresso social. Portanto, é possível felicitar, com reservas, as Nações Unidas pelos seus 70 anos de existência. Como formulou acertadamente o ex-secretário-geral Kofi Annan, a ONU não é uma organização perfeita. Mas é a melhor que temos.

Fonte: Aqui

Fato da Semana: Resultados (43 de 2015)

Fato da Semana: Começou a temporada dos resultados das empresas, tanto aqui como no exterior. Diversas empresas já apresentaram. Somente entre os dias 20 e 23 de outubro as seguintes empresas colocaram suas informações na CVM: Bahema, Banco do Brasil, Cemig, Vale, Eternit, Fras-Le, Renner, Trevisa, Suzano, SP Turismo, Saraiva, Oi, Klabin, Fibria, CEB, Elektro, Telefônica, Sanepar, Natura, Baesa, Grendene, Renar, Localiza, etc.

Qual a relevância disto? Inicialmente, as informações são a representação da realidade das empresas. Num país com crise, o ambiente irá refletir nos resultados.

Positivo ou negativo? Neutro. Por um lado, os resultados não são adequados. Mas para contabilidade é um momento de relevância, de destaque.

Desdobramentos - Mais algumas empresas e teremos um perfil mais adequado dos resultados divulgados.

Contabilidade Criativa

O conhecimento de sinônimos é uma ferramenta fundamental para a boa escrita, mas há de se ter em mente que não existem sinônimos perfeitos. As palavras s podem ser semanticamente próximas, mas dependendo do contexto adquirem um significado completamente distinto.

Na primeira edição da Revista Universo Contábil deste ano, foi publicado um artigo que merece destaque: Algumas Reflexões Sobre a Contabilidade Criativa e as Normas Internacionais de Contabilidade.

Separamos um trecho especialmente importante para esclarecer algumas questões em relação a termos que às vezes são considerados sinônimos e outras vezes não.

A maioria dos pesquisadores que trata do tema utiliza os termos contabilidade criativa e gerenciamento de resultados como sinônimos. A expressão “contabilidade criativa” é preferida ou comumente utilizada na Europa, enquanto “gerenciamento de resultados” é utilizada com maior frequência nos Estados Unidos. Além disso, outros termos comumente adotados são: “aggressive accounting” (esforço para aumentar lucros independente se as práticas seguem ou não os padrões ou princípios contábeis), “income smoothing” (procedimento para suavizar os picos de altos e baixos lucros mediante uma “estocagem” para linearização ao longo do tempo),“fraudulent financial reporting” (registro fictício de vendas ou omissão intencional e violação dos padrões ou princípios contábeis) ou “conservative accounting” (com base em julgamento e estimativa para aumentar gastos com pesquisas, perdas por imparidade ou provisões).

[...]

No Brasil, a expressão “gerenciamento de resultados” é mais utilizada do que “contabilidade criativa” em razão da maioria dos pesquisadores terem obtido sua formação em programas de pós-graduação com influência anglo-saxônica norte-americana e não europeia e, de uma maneira geral, autores brasileiros tendem a classificar gerenciamento de resultados não como fraude, mas como aproveitamento de desvios ou omissões de uma norma. De qualquer forma, tanto a contabilidade criativa como gerenciamento de resultados se enquadram, a nosso ver, no mínimo, como manipulação de resultados e, consequentemente, de informações aos usuários.

NIYAMA, J. K.; RODRIGUES, A. M. G.; RODRIGUES, J. M. Algumas Reflexões Sobre a Contabilidade Criativa e as Normas Internacionais de Contabilidade. Revista Universo Contábil, v. 11, n. 1, p. 68-87, jan./mai., 2015.