02 junho 2015
Petrobras, IBGC e Controle Interno
O IBGC resolveu suspender a Petrobras do quadro associativo (aqui e aqui). A suspensão tem um prazo de 12 meses e foi comunicada à CVM. O IBGC reconhece os esforços recentes da empresa em melhorar as práticas de governança, que inclui a criação de uma diretoria para tratar do assunto.
A empresa, por sinal, reconheceu que os controles internos ainda não estão efetivos e os problemas podem voltar a ocorrer. É bem verdade que a Petrobras tinha reconhecido isto na informação para a SEC.
A empresa, por sinal, reconheceu que os controles internos ainda não estão efetivos e os problemas podem voltar a ocorrer. É bem verdade que a Petrobras tinha reconhecido isto na informação para a SEC.
Fifa e Auditoria
Os problemas da Fifa trouxeram agora um aspecto adicional: o trabalho da empresa de auditoria das informações contábeis da federação. Ou, da KPMG. Segundo Going Concern, um jornalista questionou a empresa de auditoria sobre o que foi pago pelo trabalho. Não se sabe quanto a KPMG recebeu e a auditoria se recusou a responder.
É importante que algumas das acusações estão relacionadas com procedimentos que deveriam ter sido “descobertos” pela KPMG.
É importante que algumas das acusações estão relacionadas com procedimentos que deveriam ter sido “descobertos” pela KPMG.
Relatório de Gestão do CFC
O Conselho Federal de Contabilidade divulgou o seu Relatório de Gestão. Trata-se de um documento para o Tribunal de Contas da União e, como tal, possui uma legislação específica (Portaria 90).
O Relatório possui muitas informações interessantes e entre as várias informações selecionei as seguintes:
a) a receita total do CFC foi de R$52,9 milhões. Considerando 500 mil registros, isto corresponde a aproximadamente R$100 por registro. Mas como as receitas das anuidades é de R$42,5 milhões, o valor é menor, de R$85 por registro;
b) como as despesas pagas foram de R$43,8 milhões, a diferença é de R$10,2 milhões, considerando as receitas totais arrecadadas, de R$54 milhões;
c) comparando o “caixa e equivalentes”, o CFC teve um aumento de R$8 milhões entre o final de 2014 e de 2013;
d) no balanço o grande destaque foi o aumento nos bens imóveis, de R$19,3 milhões para R$82 milhões exatos. A sede, avaliada anteriormente em 14,8 milhões, teve um aumento para R$60 milhões em razão do “ajuste a valor recuperável”. Isto justificaria a maior parte do aumento patrimonial da entidade;
e) a despesa de pessoal foi de R$17,3 milhões, sendo 11,7 de remuneração. Segundo o relatório, a força de trabalho era de 125 pessoas em 31 de dezembro. Isto significa dizer que em média o funcionário do CFC recebeu R$7.800 por mês, somente de remuneração; e
f) na página 30 do relatório consta como objetivo da entidade avaliar o reconhecimento da imagem do profissional. A figura a seguir mostra o indicador estratégico:
Logo a seguir, o grau de satisfação dos profissionais:
Perceberam? O número de participantes (4.015 e 16.674) foi idêntico;
g) Ainda com os indicadores, um dos que foram usados tem por finalidade mensurar o “alinhamento dos Grupos de Trabalho com a sociedade” e a sua medida é o número de NBCs sem alterações pelo número de NBCs submetidas à audiência pública. A meta atingida foi de 100%, indicando que “todas [NBCs] foram aprovadas sem nenhuma alteração”. Particularmente tenho dúvida se este corresponde a um índice válido: afinal aprovar todas as normas pode, realmente, indicar um alinhamento com a sociedade, mas também pode representar que nenhuma manifestação é levada em consideração. A pensar.
Para finalizar, apesar do documento do TCU indicar a questão da auditoria nas contas e a necessidade de inserir o parecer do Auditor como anexo, o mesmo não consta do documento do CFC.
O Relatório possui muitas informações interessantes e entre as várias informações selecionei as seguintes:
a) a receita total do CFC foi de R$52,9 milhões. Considerando 500 mil registros, isto corresponde a aproximadamente R$100 por registro. Mas como as receitas das anuidades é de R$42,5 milhões, o valor é menor, de R$85 por registro;
b) como as despesas pagas foram de R$43,8 milhões, a diferença é de R$10,2 milhões, considerando as receitas totais arrecadadas, de R$54 milhões;
c) comparando o “caixa e equivalentes”, o CFC teve um aumento de R$8 milhões entre o final de 2014 e de 2013;
d) no balanço o grande destaque foi o aumento nos bens imóveis, de R$19,3 milhões para R$82 milhões exatos. A sede, avaliada anteriormente em 14,8 milhões, teve um aumento para R$60 milhões em razão do “ajuste a valor recuperável”. Isto justificaria a maior parte do aumento patrimonial da entidade;
e) a despesa de pessoal foi de R$17,3 milhões, sendo 11,7 de remuneração. Segundo o relatório, a força de trabalho era de 125 pessoas em 31 de dezembro. Isto significa dizer que em média o funcionário do CFC recebeu R$7.800 por mês, somente de remuneração; e
f) na página 30 do relatório consta como objetivo da entidade avaliar o reconhecimento da imagem do profissional. A figura a seguir mostra o indicador estratégico:
Logo a seguir, o grau de satisfação dos profissionais:
Perceberam? O número de participantes (4.015 e 16.674) foi idêntico;
g) Ainda com os indicadores, um dos que foram usados tem por finalidade mensurar o “alinhamento dos Grupos de Trabalho com a sociedade” e a sua medida é o número de NBCs sem alterações pelo número de NBCs submetidas à audiência pública. A meta atingida foi de 100%, indicando que “todas [NBCs] foram aprovadas sem nenhuma alteração”. Particularmente tenho dúvida se este corresponde a um índice válido: afinal aprovar todas as normas pode, realmente, indicar um alinhamento com a sociedade, mas também pode representar que nenhuma manifestação é levada em consideração. A pensar.
Para finalizar, apesar do documento do TCU indicar a questão da auditoria nas contas e a necessidade de inserir o parecer do Auditor como anexo, o mesmo não consta do documento do CFC.
01 junho 2015
A falácia do WACC e suas consequencias reais
In this paper, we provide
evidence that firms fail to properly adjust for risk in their valuation
of investment projects, and that such behavior leads to
value-destroying investment decisions. According to the standard
textbook formula, the value of an investment project depends on both its
expected cash flows and its discount rate, which is a measure of risk.
In practice, however, survey evidence shows that most firms use only a
single discount rate to value all of their projects (Bierman (1993), Graham and Harvey (2001)),
a behavior that we label the “WACC fallacy.” The weighted average cost
of capital (WACC) fallacy is a failure to account for project-specific
risk, which is particularly damaging when the firm has to decide between
heterogeneous projects. The value of riskier projects will be
overestimated, while that of safer ones will be underestimated.
We
expect the WACC fallacy to have real effects: in relatively complex
firms, investment will be biased against safe projects, which should
lead to the destruction of value as capital is not optimally used. The
economic magnitude of this bias is potentially large. For example,
suppose that a firm invests in a project that pays a dollar in
perpetuity. If it takes a discount rate of 10%, the present value of the
project is $10. By contrast, a rate of 8% would imply a present value
of $12.5. Hence, underestimating the discount rate by only two
percentage points leads to overestimating the project's present value by
25%. The present paper is a first attempt to document and measure the
distortions induced by the WACC fallacy by relying entirely on field
data. To implement our empirical tests, we focus on two types of
projects: investment within conglomerates, and mergers and acquisitions.
[...]
Fonte: KRÜGER, P., LANDIER, A. and THESMAR, D. (2015), The WACC Fallacy: The Real Effects of Using a Unique Discount Rate. The Journal of Finance, 70: 1253–1285. doi: 10.1111/jofi.12250
[...]
Fonte: KRÜGER, P., LANDIER, A. and THESMAR, D. (2015), The WACC Fallacy: The Real Effects of Using a Unique Discount Rate. The Journal of Finance, 70: 1253–1285. doi: 10.1111/jofi.12250
Finanças Pessoais: Orçamento 2
Na postagem anterior comentamos que apesar de ser muito popular entre os livros de finanças pessoais, o orçamento familiar não é muito usado na prática.
É preciso que se desfaçam dois mitos poderosos sobre este assunto antes de continuar.
Mito 1: Finanças Pessoais em ordem significa orçamento familiar
Mito 2: O orçamento precisa ser uma planilha, com uma listagem de receitas e despesas
Vamos começar falando do mito propagado que para ter as finanças pessoais em ordem temos que necessariamente utilizar o orçamento familiar. É verdade que o orçamento familiar é uma ferramenta que pode ajudar no controle financeiro, quando a situação fugiu do controle. Mas não é de uso obrigatório. As pessoas com um volume de entrada de recurso superior aos gastos, possuindo um superávit mensal, podem viver perfeitamente sem orçamento. Nestes casos o mais importante é ter hábitos financeiros saudáveis, como evitar gastos supérfluos que não ajudam na felicidade pessoal ou usar as pequenas dicas de finanças. Outras situações ocorrem quando uma pessoa possui poucas alternativas de despesas e talvez uma fonte de receita. Neste caso, o orçamento pode ser desnecessário, principalmente se a pessoa sabe o destino do seu dinheiro.
O segundo mito é que o orçamento não precisa de preenchimento de planilhas ou de listas de receitas e despesas. Outros métodos podem ser usados, talvez até mais eficiente que a visão tradicional do orçamento. Novamente aqui temos que fazer um alerta: cada caso é um caso. Quando este blogueiro começou a trabalhar, utilizou de uma visão muito mais física de orçamento do que a construção de planilhas. Quando recebia seu salário, sacava o dinheiro do banco e colocava em envelopes. Cada envelope representava um tipo de despesa: transporte, refeição, livro etc. Se iria fazer uma compra de um livro, tirava o dinheiro do envelope correspondente. Isto limitava o gasto em cada tipo de despesa, impedindo o consumo exagerado. Observe que isto é, de certa forma, um orçamento. Mas sem a necessidade de fazer controles mais apurados. Funcionou naquele momento.
Continua
É preciso que se desfaçam dois mitos poderosos sobre este assunto antes de continuar.
Mito 1: Finanças Pessoais em ordem significa orçamento familiar
Mito 2: O orçamento precisa ser uma planilha, com uma listagem de receitas e despesas
Vamos começar falando do mito propagado que para ter as finanças pessoais em ordem temos que necessariamente utilizar o orçamento familiar. É verdade que o orçamento familiar é uma ferramenta que pode ajudar no controle financeiro, quando a situação fugiu do controle. Mas não é de uso obrigatório. As pessoas com um volume de entrada de recurso superior aos gastos, possuindo um superávit mensal, podem viver perfeitamente sem orçamento. Nestes casos o mais importante é ter hábitos financeiros saudáveis, como evitar gastos supérfluos que não ajudam na felicidade pessoal ou usar as pequenas dicas de finanças. Outras situações ocorrem quando uma pessoa possui poucas alternativas de despesas e talvez uma fonte de receita. Neste caso, o orçamento pode ser desnecessário, principalmente se a pessoa sabe o destino do seu dinheiro.
O segundo mito é que o orçamento não precisa de preenchimento de planilhas ou de listas de receitas e despesas. Outros métodos podem ser usados, talvez até mais eficiente que a visão tradicional do orçamento. Novamente aqui temos que fazer um alerta: cada caso é um caso. Quando este blogueiro começou a trabalhar, utilizou de uma visão muito mais física de orçamento do que a construção de planilhas. Quando recebia seu salário, sacava o dinheiro do banco e colocava em envelopes. Cada envelope representava um tipo de despesa: transporte, refeição, livro etc. Se iria fazer uma compra de um livro, tirava o dinheiro do envelope correspondente. Isto limitava o gasto em cada tipo de despesa, impedindo o consumo exagerado. Observe que isto é, de certa forma, um orçamento. Mas sem a necessidade de fazer controles mais apurados. Funcionou naquele momento.
Continua
Assinar:
Postagens (Atom)