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01 junho 2015

A falácia do WACC e suas consequencias reais

In this paper, we provide evidence that firms fail to properly adjust for risk in their valuation of investment projects, and that such behavior leads to value-destroying investment decisions. According to the standard textbook formula, the value of an investment project depends on both its expected cash flows and its discount rate, which is a measure of risk. In practice, however, survey evidence shows that most firms use only a single discount rate to value all of their projects (Bierman (1993), Graham and Harvey (2001)), a behavior that we label the “WACC fallacy.” The weighted average cost of capital (WACC) fallacy is a failure to account for project-specific risk, which is particularly damaging when the firm has to decide between heterogeneous projects. The value of riskier projects will be overestimated, while that of safer ones will be underestimated.

We expect the WACC fallacy to have real effects: in relatively complex firms, investment will be biased against safe projects, which should lead to the destruction of value as capital is not optimally used. The economic magnitude of this bias is potentially large. For example, suppose that a firm invests in a project that pays a dollar in perpetuity. If it takes a discount rate of 10%, the present value of the project is $10. By contrast, a rate of 8% would imply a present value of $12.5. Hence, underestimating the discount rate by only two percentage points leads to overestimating the project's present value by 25%. The present paper is a first attempt to document and measure the distortions induced by the WACC fallacy by relying entirely on field data. To implement our empirical tests, we focus on two types of projects: investment within conglomerates, and mergers and acquisitions.

[...]

Fonte: KRÜGER, P., LANDIER, A. and THESMAR, D. (2015), The WACC Fallacy: The Real Effects of Using a Unique Discount Rate. The Journal of Finance, 70: 1253–1285. doi: 10.1111/jofi.12250

Finanças Pessoais: Orçamento 2

Na postagem anterior comentamos que apesar de ser muito popular entre os livros de finanças pessoais, o orçamento familiar não é muito usado na prática.

É preciso que se desfaçam dois mitos poderosos sobre este assunto antes de continuar.

Mito 1: Finanças Pessoais em ordem significa orçamento familiar

Mito 2: O orçamento precisa ser uma planilha, com uma listagem de receitas e despesas

Vamos começar falando do mito propagado que para ter as finanças pessoais em ordem temos que necessariamente utilizar o orçamento familiar. É verdade que o orçamento familiar é uma ferramenta que pode ajudar no controle financeiro, quando a situação fugiu do controle. Mas não é de uso obrigatório. As pessoas com um volume de entrada de recurso superior aos gastos, possuindo um superávit mensal, podem viver perfeitamente sem orçamento. Nestes casos o mais importante é ter hábitos financeiros saudáveis, como evitar gastos supérfluos que não ajudam na felicidade pessoal ou usar as pequenas dicas de finanças. Outras situações ocorrem quando uma pessoa possui poucas alternativas de despesas e talvez uma fonte de receita. Neste caso, o orçamento pode ser desnecessário, principalmente se a pessoa sabe o destino do seu dinheiro.

O segundo mito é que o orçamento não precisa de preenchimento de planilhas ou de listas de receitas e despesas. Outros métodos podem ser usados, talvez até mais eficiente que a visão tradicional do orçamento. Novamente aqui temos que fazer um alerta: cada caso é um caso. Quando este blogueiro começou a trabalhar, utilizou de uma visão muito mais física de orçamento do que a construção de planilhas. Quando recebia seu salário, sacava o dinheiro do banco e colocava em envelopes. Cada envelope representava um tipo de despesa: transporte, refeição, livro etc. Se iria fazer uma compra de um livro, tirava o dinheiro do envelope correspondente. Isto limitava o gasto em cada tipo de despesa, impedindo o consumo exagerado. Observe que isto é, de certa forma, um orçamento. Mas sem a necessidade de fazer controles mais apurados. Funcionou naquele momento.

Continua

31 maio 2015

Rir é o melhor remédio


História da Contabilidade: Demonstrações após a Independência

Nós sabemos pouco sobre as demonstrações contábeis que se fazia no Brasil após a independência. Mas os documentos que sobreviveram mostram algo de interessante.

Em primeiro lugar, a evidenciação era praticada principalmente pelo terceiro setor e no setor público. Isto pode ser explicado pela necessidade de prestar contas ou divulgar o trabalho realizado (1). Além disto, o setor privado era muito insipiente incipiente no país, consistindo basicamente da exportação de commodities. Não existia uma necessidade de divulgar as informações das fazendas ou dos garimpos de exploração.

Em segundo lugar, já existia um conjunto de profissionais responsáveis pela contabilidade. Alguns deles chegaram ao país com a corte, outros vieram importados, mas existiam aqueles que começaram a ser formados pela Aula de Comércio (2).

Terceiro, dois métodos de escrituração eram praticados: as partidas dobras, apresentada ao mundo por Pacioli, e as partidas simples. Não se sabe o grau de utilização, mas certamente no setor público se utilizava as partidas simples, apesar de legislação de 1808 determinando a utilização das partidas dobradas. Bons profissionais sabia contabilizar pelos dois métodos. A coexistência dos métodos irá perdurar até o final do século XIX e início do seguinte (3).

Quarto, a caligrafia era de fundamental importância, já que não existia máquina de datilografia ou outro sistema que permitia a apresentação mais adequada das palavras.

Mas talvez a característica mais relevante da época é o fato de que a Demonstração do Resultado ser a informação mais destacada, sendo o balanço patrimonial uma figura secundária, quando o mesmo existia. Na realidade não existia um Demonstração do Resultado, mas uma apresenta do que conhecemos nos dias de hoje como Encerramento do Exercício ou Lucro Líquido.

Nos anos 30 do século XIX encontrei duas entidades que apresentaram, de forma mais detalhada, seu desempenho: a Casa de Correição, a Fábrica de Ferro e a Fábrica de Pólvora. Iremos mostrar hoje a evidenciação da Fábrica de Pólvora na Serra da Estrella, utilizando para isto o relatório do Ministério da Guerra, de 1836, edição 10, p. 25, onde os números da Fábrica estão bastante detalhados.

A figura a seguir mostra o resultado da Receita e Despesa da Fábrica. A Receita, posicionada do lado esquerdo, é dividida em Realizada e Para Realizar. A Despesa também obedece esta divisão, sendo apresentado no lado direito. No caso da Receita e Despesa Realizada, a diferença é considerada como “Existente em Cofre”. Isto mostra que esta parte é regime de caixa. E a primeira linha da Receita Realizada é “Pelo que foi achado em Cofre na ocasião da abertura Judicial”, que corresponderia ao caixa inicial. Deste modo, a demonstração é basicamente um fluxo de caixa.

A principal receita é a venda do produto para Marinha e ao Arsenal de Guerra. A principal despesa é a “Férias” dos empregados.
A segunda parte trata da receita e despesa a realizar. São receitas que seriam registradas no regime de competência, mas que ainda não foram recebidas, e despesas já feitas, que não foram pagas. A diferença é denominada de “Excesso do Crédito ao Débito”, que corresponderia ao lucro. Mas no final da página tem a seguinte observação:

N.B. Se aos 18:329$831 addicionarmos os 3:413$860 existente em Cofre, veremos que a Fabrica teve de producto liquido 21:743$691.


(1) O primeiro balanço evidenciado no Brasil foi na Livraria Pública, conforme já exploramos neste blog recentemente. Vide aqui
(2) Isto também foi assunto de postagens recentes. Aqui e aqui.
(3) Vide aqui

30 maio 2015

Rir é o melhor remédio


Técnicos em Contabilidade

Saiu no Ideias Contábeis:

Técnicos em Contabilidade têm até 1º de junho de 2015 para solicitar o registro

Conforme a Lei n.º 12.249/2010, que alterou o Decreto-Lei n.º 9.295/1946, o registro nos CRCs dos técnicos em contabilidade será realizado até o dia 1º de junho de 2015.

Sendo assim, aqueles que têm formação em Técnico em Contabilidade, aprovados no Exame de Suficiência ou que se formaram antes de 14 de junho de 2010, que não solicitarem o seu registro no CRCMG até 1º de junho 2015, não mais poderão obter seu registro na categoria de técnico em contabilidade.

De acordo com o Decreto-Lei n.º 9.295/1946, para exercer a profissão contábil, os profissionais devem estar registrados no CRC. O não cumprimento acarreta o exercício ilegal da profissão, sujeito às penalidades decorrentes de tal prática.

A não ser que, após eventuais ações interpostas por pessoas que se sentirem prejudicadas, algum juiz reinterprete os termos da lei e conceda liminares e liminares...

Fato da Semana: Escândalo de corrupção na FIFA (semana 21 de 2015)

Fato da Semana: Futebol e política juntos na prisão de cartolas em razão de uma série de crimes na principal entidade do futebol do mundo. Onde está a contabilidade? Temas caros aos bons profissionais, como governança corporativa, pagamento de impostos, segregação de funções e auditoria estão no fato da semana. É bom lembrar que o próprio presidente da entidade solicitou um relatório de investigação sobre a escolha da sede da copa; o texto não foi divulgado e o autor do texto solicitou sua evidenciação. É muito provável que isto tenha sido uma das razões da atuação do FBI.

Qual a relevância disto? As questões relacionadas a controladoria e os temas indicados anteriormente são essenciais, não somente para o setor público ou para empresa, mas também para entidades em fins lucrativos.

Positivo ou Negativo – Negativo. Mas a longo prazo talvez isto seja bom, já que a Fifa terá oportunidade de promover mudanças, como a reeleição do presidente.

Desdobramentos – Logo após a prisão, o presidente da Fifa foi novamente eleito para um novo mandato. Será um período difícil, mas é difícil acreditar que a Suíça irá fazer alguma coisa contra o poderoso Blatter. De igual modo, será possível imaginar uma investigação adequada no futebol brasileiro?