Segundo Damodaran estes são os dez mitos da avaliação:
Mito 1 - Se você tem a taxa de desconto e o fluxo de caixa, você obtem o fluxo de caixa descontado (FCD);
Mito 2 - O FCD é um exercício de modelagem e processamento de números, sem espaço para criatividade e fatores qualitativos
Mito 3 - Não é possível usar o FCD quando existe muita incerteza. Sendo assim, o FCD é inútil para mercados emergentes ou durante crises, por exemplo
Mito 4 - O parâmetro mais relevante é a taxa de desconto e se você não acredita na Teoria Moderna de Carteiras você não pode usá-lo
Mito 5 - Há algo de errado se a maior parte do seu valor é proveniente do valor residual
Mito 6 - O FCD exige muitas suposições e por isto pode ser manipulado para chegar a qualquer valor
Mito 7 - O FCD não pode ser usado para mensurar marca ou outro intangível
Mito 8 - O FCD apresenta uma estimativa conservadora
Mito 9 - Se o FCD muda ao longo do tempo deve ter algo errado
Mito 10 - É um exercício acadêmico, inútil aos investidores e outras pessoas do mundo real
Acrescento:
Mito 11 - Avaliação é FCD
25 fevereiro 2015
24 fevereiro 2015
Dez mitos da avaliação
Segundo Damodaran estes são os dez mitos da avaliação:
Mito 1 - Se você tem a taxa de desconto e o fluxo de caixa, você obtem o fluxo de caixa descontado (FCD);
Mito 2 - O FCD é um exercício de modelagem e processamento de números, sem espaço para criatividade e fatores qualitativos
Mito 3 - Não é possível usar o FCD quando existe muita incerteza. Sendo assim, o FCD é inútil para mercados emergentes ou durante crises, por exemplo
Mito 4 - O parâmetro mais relevante é a taxa de desconto e se você não acredita na Teoria Moderna de Carteiras você não pode usá-lo
Mito 5 - Há algo de errado se a maior parte do seu valor é proveniente do valor residual
Mito 6 - O FCD exige muitas suposições e por isto pode ser manipulado para chegar a qualquer valor
Mito 7 - O FCD não pode ser usado para mensurar marca ou outro intangível
Mito 8 - O FCD apresenta uma estimativa conservadora
Mito 9 - Se o FCD muda ao longo do tempo deve ter algo errado
Mito 10 - É um exercício acadêmico, inútil aos investidores e outras pessoas do mundo real
Acrescento:
Mito 11 - Avaliação é FCD
Mito 1 - Se você tem a taxa de desconto e o fluxo de caixa, você obtem o fluxo de caixa descontado (FCD);
Mito 2 - O FCD é um exercício de modelagem e processamento de números, sem espaço para criatividade e fatores qualitativos
Mito 3 - Não é possível usar o FCD quando existe muita incerteza. Sendo assim, o FCD é inútil para mercados emergentes ou durante crises, por exemplo
Mito 4 - O parâmetro mais relevante é a taxa de desconto e se você não acredita na Teoria Moderna de Carteiras você não pode usá-lo
Mito 5 - Há algo de errado se a maior parte do seu valor é proveniente do valor residual
Mito 6 - O FCD exige muitas suposições e por isto pode ser manipulado para chegar a qualquer valor
Mito 7 - O FCD não pode ser usado para mensurar marca ou outro intangível
Mito 8 - O FCD apresenta uma estimativa conservadora
Mito 9 - Se o FCD muda ao longo do tempo deve ter algo errado
Mito 10 - É um exercício acadêmico, inútil aos investidores e outras pessoas do mundo real
Acrescento:
Mito 11 - Avaliação é FCD
Cifra de César
Em criptografia, a Cifra de César, também conhecida como cifra de troca, código de César ou troca de César, é uma das mais simples e conhecidas técnicas de criptografia. É um tipo de cifra de substituição na qual cada letra do texto é substituída por outra, que se apresenta no alfabeto abaixo dela um número fixo de vezes. Por exemplo, com uma troca de três posições, A seria substituído por D, B se tornaria E, e assim por diante. O nome do método é em homenagem a Júlio César, que o usou para se comunicar com os seus generais.
O processo de criptografia de uma cifra de César é frequentemente incorporado como parte de esquemas mais complexos, como a cifra de Vigenère, e continua tendo aplicações modernas, como no sistema ROT13. Como todas ascifras de substituição monoalfabéticas, a cifra de César é facilmente decifrada e na prática não oferece essencialmente nenhuma segurança na comunicação.
A criptografia também pode ser representada usando aritmética modular, primeiro transformando as letras em números, de acordo com o esquema: A = 0, B = 1,… , Z = 25. A criptografia de uma letra por uma troca fixa n pode ser descrita matematicamente como
A descriptografia é feita de modo similar,
(Há diferentes definições para a operação módulo. Acima, o resultado está no intervalo 0...25. Ou seja, se x+n ou x-n não estiverem no intervalo 0...25, deve-se subtrair ou adicionar 26.)
O substituto permanece o mesmo por toda a mensagem, então a cifra é classificada como um tipo de substituição monoalfabética, ao invés de substituição polialfabética.
Mais: Aqui
O processo de criptografia de uma cifra de César é frequentemente incorporado como parte de esquemas mais complexos, como a cifra de Vigenère, e continua tendo aplicações modernas, como no sistema ROT13. Como todas ascifras de substituição monoalfabéticas, a cifra de César é facilmente decifrada e na prática não oferece essencialmente nenhuma segurança na comunicação.
A criptografia também pode ser representada usando aritmética modular, primeiro transformando as letras em números, de acordo com o esquema: A = 0, B = 1,… , Z = 25. A criptografia de uma letra por uma troca fixa n pode ser descrita matematicamente como
A descriptografia é feita de modo similar,
(Há diferentes definições para a operação módulo. Acima, o resultado está no intervalo 0...25. Ou seja, se x+n ou x-n não estiverem no intervalo 0...25, deve-se subtrair ou adicionar 26.)
O substituto permanece o mesmo por toda a mensagem, então a cifra é classificada como um tipo de substituição monoalfabética, ao invés de substituição polialfabética.
Mais: Aqui
Febeacon
O texto a seguir é um daqueles... Como foi publicado num jornal conceituado, de autoria do editor-executivo do mesmo jornal, os problemas são mais sérios. É um texto altamente recomendado para apresentar em sala de aula, brincar de "descubra os erros" e outras coisas.
Demorei a postar pois estava precisando de um tempo e criar coragem. Vamos lá. Chama-se "O maior desafio de Bendine na Petrobras" e foi publicado no dia 18 de fevereiro de 2015 (peguei o texto aqui). Em itálico o texto original:
O primeiro e maior desafio da nova diretoria da Petrobras é apresentar um balanço auditado e crível do resultado do terceiro trimestre de 2014. Não vai ser nada fácil e a principal razão está no volume de baixas de ativos promovido pela diretoria anterior (1) - R$ 88,6 bilhões. Esse seria o total de ativos superavaliados, que sofreram baixa contábil naquele (2) balanço.
O autor do texto acredita que a empresa efetuou baixas (o prof. Lauro Brito detesta este nome) de 88 bilhões. Isto não aconteceu. O que a diretoria fez foi colocar em nota explicativa este valor, mas deixou claro que NÃO iria fazer a amortização. Se você tem dúvida da frase do autor, a segunda parte do parágrafo é clara.
Muito provavelmente, a ex-presidente Graça Foster e seus diretores decidiram ser ultraconservadores (3), na confecção do balanço, por uma razão muito simples: eles quiseram dizer à sociedade brasileira, acionista majoritária da estatal, que nada têm a ver com a roubalheira que se fez por lá nos últimos anos (4). Possivelmente, sabiam que a decisão tornaria insustentável sua permanência na empresa (5).
Bom, todo argumento do parágrafo termina com as observações anteriores.A diretoria não foi ultraconservadora (item 3), pelo contrário. Como eles não amortizaram, eles foram ultra agressivos. E por este motivo eles não quiseram dizer que não estão ligados pela roubalheira (item 4). Pelo contrário. Seguindo o mesmo raciocínio do autor, eles informaram para sociedade que estão comprometidos com a roubalheira, já que não reconheceram contabilmente este evento. E por este motivo, a decisão tentou mantê-los na empresa e não como esta no texto no item 5. O erro deles foi divulgar a nota explicativa. Não imaginavam os efeitos.
Diante daquele que já é considerado o maior escândalo de corrupção da história do país, Graça e outros diretores radicalizaram nas estimativas (6)(7) do que supostamente decorreu de malfeitorias, ineficiências (ou mesmo de ineficiências decorrentes de delitos) e de questões como a queda brusca do preço do petróleo e a valorização do dólar. O problema é que, na opinião de especialistas (8), eles exageraram e o fizeram lançando mão de metodologias erradas (9), em que pese o fato de terem recorrido à ajuda da firma de auditoria Deloitte e do banco BNP Paribas.
A primeira frase foi marcada por dois motivos. Graça e outros diretores não fizeram as estimativas. Eles somente contrataram as empresas para a tarefa. Assim a estimativa não tem esta fonte. Ademais, e como já comentamos, Graça e outros diretores não radicalizaram. Eles informaram o número e que não iria usá-lo. O item (8) é um velho problema do Valor: o uso de fontes sem citação. Parece que o editor-executivo usou uma fonte furada, pois os problemas do texto são absurdamente absurdos. E para finalizar, a questão não é a metodologia. O método está correto, mas pode ser questionado os parâmetros.
Na semana passada, uma multinacional do ramo de auditoria (10) assegurou de forma categórica ao novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, que a metodologia usada pela ex-diretoria nos testes de imparidade (ou "impairment"), para calcular os ativos que teriam perdido valor nos últimos anos, está "errada" (11). Os testes de imparidade são aplicados para avaliar se o valor de um ativo é inferior ao seu valor escriturado ou contábil.
Novamente o jornal lança mão de fontes não identificadas. E afirmar que a metodologia usada no teste de imparidade está errada é muito forte. Uma leitura sobre este assunto informa que são dois métodos somente: valor em uso e valor de troca. Como pode estar errada a metodologia? Novamente, os parâmetros é outra coisa.
Bendine tem um desafio gigantesco pela frente: com a nova diretoria, terá que aplicar novamente (12) os testes de imparidade, chegar a números realistas e críveis (13), ter o balanço auditado pela PricewaterhouseCoopers (PwC) e convencer a sociedade de que os ativos que sofreram baixa contábil (14), avaliados agora num valor bem inferior aos R$ 88,6 bilhões (15), não serão reduzidos por motivação política, mas por razões técnicas (16).
É muita coisa para um só parágrafo. Não será aplicado novamente (item 12), pois não foi feito o teste. Ao usar o termo "realista e crível" o autor está indicando que 88 bilhões não são realistas e crível. Com base em que? Na quantidade de verba que a Petrobras coloca no jornal? Logo a seguir afirma novamente que os ativos sofreram baixa, quando isto não é verdade (item 14). O item (15) é mais sutil (se é que isto seja possível): a empresa contratada comparou a diferença entre o valor contábil e o valor recuperável e esta diferença foi de 88 bilhões. O texto informa que os ativos foram avaliados a 88 bilhões. E o item 16 informa que ocorreu motivação política. Aqui o editor-executivo não sabia o que falava e concluiu de forma errada: ocorreu motivação política em não usar o valor de 88 bilhões.
A tarefa também não é um passeio no parque porque as investigações sobre os desvios na Petrobras ainda estão em curso - ao anunciar os números, Graça Foster afirmou que o número das baixas ainda poderia crescer (17). Corre-se contra o relógio porque, se o balanço auditado não for publicado até o fim de junho, credores poderão reivindicar a aceleração do prazo de vencimento de dívidas, no total de US$ 56,7 bilhões, montante que supera com folga o que a estatal dispõe em caixa.(18)
Na realidade não tinha ocorrido. Finalmente o item final (18) não considera que a empresa poderá ter variação no caixa entre fevereiro e junho. Tudo leva a crer que irá aumentar, já que houve uma recomposição nos preços internos.
Os testes de imparidade são feitos regularmente em projetos de investimento - a Petrobras, como se sabe, possuía até pouco tempo atrás o maior plano de negócios do planeta. Com esses testes, feitos com alguma regularidade, as empresas verificam se uma unidade geradora de caixa atende às premissas estabelecidas no momento do investimento. "A partir daí, projeto as receitas (19) de acordo com a realidade daquele momento e trago a valor presente essa projeção e comparo com o investimento", explicou uma fonte (20).
Para que perder tempo comentando este texto? O teste que a fonte faz é a partir da receita! Não do caixa. E novamente não dá "nome aos bois".
Pelos padrões mais modernos de contabilidade (21), aplicados os testes de imparidade, os ativos que se valorizam não são contabilizados no balanço (22). Já os ativos que perdem valor, com uma margem expressiva que fuja muito da premissa original do projeto, obrigatoriamente (23) sofrem baixa contábil. "A partir do momento em que você dá baixa, mesmo que a realidade mude dali para frente, você não consegue valorizar o ativo de novo", disse a mesma fonte (24).
Este parágrafo promete: começa com padrões mais modernos de contabilidade e pelo que lemos até aqui ... Logo depois afirma que os ativos que se valorizam não estão no balanço. É isto mesmo que eu li no item (22)? A obrigatoriedade de amortização só ocorre se também o valor de troca for menor. E novamente percebam que ele não cita as fontes.
Em tese, o teste de imparidade deve ser feito para unidades geradoras de caixa. Os testes aplicados recentemente na Petrobras consideraram equipamentos (ativos) isoladamente (24). Por exemplo: avaliou-se um filtro utilizado numa refinaria em vez da própria refinaria, a unidade geradora de caixa. "Um filtro não gera caixa" (25), diz um técnico (26).
Sobre o item (24) não é isto que está nas informações que a empresa divulgou. A informação é que não foi considerada a sinergia entre as UGC, o que é bem diferente da frase. O filtro pode gerar caixa se tiver valor de troca, ao contrário do que afirmou o técnico.
Outro equívoco cometido no cálculo dos ativos foi ter ignorado possíveis sinergias existentes entre as diferentes unidades geradoras de caixa da Petrobras. A estatal está presente em várias etapas da cadeia produtiva do petróleo e em variados negócios. Nos cálculos que encontraram R$ 88,6 bilhões em ativos superavaliados, avaliaram-se ativos isoladamente, sem levar isso em consideração.
Tipicamente Febeacon.
Demorei a postar pois estava precisando de um tempo e criar coragem. Vamos lá. Chama-se "O maior desafio de Bendine na Petrobras" e foi publicado no dia 18 de fevereiro de 2015 (peguei o texto aqui). Em itálico o texto original:
O primeiro e maior desafio da nova diretoria da Petrobras é apresentar um balanço auditado e crível do resultado do terceiro trimestre de 2014. Não vai ser nada fácil e a principal razão está no volume de baixas de ativos promovido pela diretoria anterior (1) - R$ 88,6 bilhões. Esse seria o total de ativos superavaliados, que sofreram baixa contábil naquele (2) balanço.
O autor do texto acredita que a empresa efetuou baixas (o prof. Lauro Brito detesta este nome) de 88 bilhões. Isto não aconteceu. O que a diretoria fez foi colocar em nota explicativa este valor, mas deixou claro que NÃO iria fazer a amortização. Se você tem dúvida da frase do autor, a segunda parte do parágrafo é clara.
Muito provavelmente, a ex-presidente Graça Foster e seus diretores decidiram ser ultraconservadores (3), na confecção do balanço, por uma razão muito simples: eles quiseram dizer à sociedade brasileira, acionista majoritária da estatal, que nada têm a ver com a roubalheira que se fez por lá nos últimos anos (4). Possivelmente, sabiam que a decisão tornaria insustentável sua permanência na empresa (5).
Bom, todo argumento do parágrafo termina com as observações anteriores.A diretoria não foi ultraconservadora (item 3), pelo contrário. Como eles não amortizaram, eles foram ultra agressivos. E por este motivo eles não quiseram dizer que não estão ligados pela roubalheira (item 4). Pelo contrário. Seguindo o mesmo raciocínio do autor, eles informaram para sociedade que estão comprometidos com a roubalheira, já que não reconheceram contabilmente este evento. E por este motivo, a decisão tentou mantê-los na empresa e não como esta no texto no item 5. O erro deles foi divulgar a nota explicativa. Não imaginavam os efeitos.
Diante daquele que já é considerado o maior escândalo de corrupção da história do país, Graça e outros diretores radicalizaram nas estimativas (6)(7) do que supostamente decorreu de malfeitorias, ineficiências (ou mesmo de ineficiências decorrentes de delitos) e de questões como a queda brusca do preço do petróleo e a valorização do dólar. O problema é que, na opinião de especialistas (8), eles exageraram e o fizeram lançando mão de metodologias erradas (9), em que pese o fato de terem recorrido à ajuda da firma de auditoria Deloitte e do banco BNP Paribas.
A primeira frase foi marcada por dois motivos. Graça e outros diretores não fizeram as estimativas. Eles somente contrataram as empresas para a tarefa. Assim a estimativa não tem esta fonte. Ademais, e como já comentamos, Graça e outros diretores não radicalizaram. Eles informaram o número e que não iria usá-lo. O item (8) é um velho problema do Valor: o uso de fontes sem citação. Parece que o editor-executivo usou uma fonte furada, pois os problemas do texto são absurdamente absurdos. E para finalizar, a questão não é a metodologia. O método está correto, mas pode ser questionado os parâmetros.
Na semana passada, uma multinacional do ramo de auditoria (10) assegurou de forma categórica ao novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, que a metodologia usada pela ex-diretoria nos testes de imparidade (ou "impairment"), para calcular os ativos que teriam perdido valor nos últimos anos, está "errada" (11). Os testes de imparidade são aplicados para avaliar se o valor de um ativo é inferior ao seu valor escriturado ou contábil.
Novamente o jornal lança mão de fontes não identificadas. E afirmar que a metodologia usada no teste de imparidade está errada é muito forte. Uma leitura sobre este assunto informa que são dois métodos somente: valor em uso e valor de troca. Como pode estar errada a metodologia? Novamente, os parâmetros é outra coisa.
Bendine tem um desafio gigantesco pela frente: com a nova diretoria, terá que aplicar novamente (12) os testes de imparidade, chegar a números realistas e críveis (13), ter o balanço auditado pela PricewaterhouseCoopers (PwC) e convencer a sociedade de que os ativos que sofreram baixa contábil (14), avaliados agora num valor bem inferior aos R$ 88,6 bilhões (15), não serão reduzidos por motivação política, mas por razões técnicas (16).
É muita coisa para um só parágrafo. Não será aplicado novamente (item 12), pois não foi feito o teste. Ao usar o termo "realista e crível" o autor está indicando que 88 bilhões não são realistas e crível. Com base em que? Na quantidade de verba que a Petrobras coloca no jornal? Logo a seguir afirma novamente que os ativos sofreram baixa, quando isto não é verdade (item 14). O item (15) é mais sutil (se é que isto seja possível): a empresa contratada comparou a diferença entre o valor contábil e o valor recuperável e esta diferença foi de 88 bilhões. O texto informa que os ativos foram avaliados a 88 bilhões. E o item 16 informa que ocorreu motivação política. Aqui o editor-executivo não sabia o que falava e concluiu de forma errada: ocorreu motivação política em não usar o valor de 88 bilhões.
A tarefa também não é um passeio no parque porque as investigações sobre os desvios na Petrobras ainda estão em curso - ao anunciar os números, Graça Foster afirmou que o número das baixas ainda poderia crescer (17). Corre-se contra o relógio porque, se o balanço auditado não for publicado até o fim de junho, credores poderão reivindicar a aceleração do prazo de vencimento de dívidas, no total de US$ 56,7 bilhões, montante que supera com folga o que a estatal dispõe em caixa.(18)
Na realidade não tinha ocorrido. Finalmente o item final (18) não considera que a empresa poderá ter variação no caixa entre fevereiro e junho. Tudo leva a crer que irá aumentar, já que houve uma recomposição nos preços internos.
Os testes de imparidade são feitos regularmente em projetos de investimento - a Petrobras, como se sabe, possuía até pouco tempo atrás o maior plano de negócios do planeta. Com esses testes, feitos com alguma regularidade, as empresas verificam se uma unidade geradora de caixa atende às premissas estabelecidas no momento do investimento. "A partir daí, projeto as receitas (19) de acordo com a realidade daquele momento e trago a valor presente essa projeção e comparo com o investimento", explicou uma fonte (20).
Para que perder tempo comentando este texto? O teste que a fonte faz é a partir da receita! Não do caixa. E novamente não dá "nome aos bois".
Pelos padrões mais modernos de contabilidade (21), aplicados os testes de imparidade, os ativos que se valorizam não são contabilizados no balanço (22). Já os ativos que perdem valor, com uma margem expressiva que fuja muito da premissa original do projeto, obrigatoriamente (23) sofrem baixa contábil. "A partir do momento em que você dá baixa, mesmo que a realidade mude dali para frente, você não consegue valorizar o ativo de novo", disse a mesma fonte (24).
Este parágrafo promete: começa com padrões mais modernos de contabilidade e pelo que lemos até aqui ... Logo depois afirma que os ativos que se valorizam não estão no balanço. É isto mesmo que eu li no item (22)? A obrigatoriedade de amortização só ocorre se também o valor de troca for menor. E novamente percebam que ele não cita as fontes.
Em tese, o teste de imparidade deve ser feito para unidades geradoras de caixa. Os testes aplicados recentemente na Petrobras consideraram equipamentos (ativos) isoladamente (24). Por exemplo: avaliou-se um filtro utilizado numa refinaria em vez da própria refinaria, a unidade geradora de caixa. "Um filtro não gera caixa" (25), diz um técnico (26).
Sobre o item (24) não é isto que está nas informações que a empresa divulgou. A informação é que não foi considerada a sinergia entre as UGC, o que é bem diferente da frase. O filtro pode gerar caixa se tiver valor de troca, ao contrário do que afirmou o técnico.
Outro equívoco cometido no cálculo dos ativos foi ter ignorado possíveis sinergias existentes entre as diferentes unidades geradoras de caixa da Petrobras. A estatal está presente em várias etapas da cadeia produtiva do petróleo e em variados negócios. Nos cálculos que encontraram R$ 88,6 bilhões em ativos superavaliados, avaliaram-se ativos isoladamente, sem levar isso em consideração.
Tipicamente Febeacon.
Sobre a dificuldade de mensurar o valor da corrupção
A questão contábil referente à Petrobras chamou a atenção para a mensuração do valor da corrupção. Se formos analisar com cuidado a situação a conclusão é que dificilmente conseguiremos fazer uma mensuração correta da corrupção. E existem quatro boas razões para isto.
A primeira é que o caso da Petrobras mostra uma situação onde é muito difícil separar o que corrupção da má gestão, do excesso de otimismo ou da falha de planejamento. Quando uma pessoa tira um dinheiro da caixa registradora de uma empresa, medir esta falha de controle é razoavelmente simples. Basta proceder a uma contagem entre o saldo que deveria ter no caixa e comparar com o existente. Quando um cliente leva um produto sem pagar num supermercado também podemos mensurar isto, agora com um grau de precisão um pouco menor. O caso da Petrobras não está restrito a corrupção somente. Muito provavelmente existiram decisões ruins, decorrente da forma como a empresa foi gerenciada nos últimos anos. Além disto, sabemos que os executivos são geralmente otimistas por natureza e a decisão de fazer uma refinaria pode ter surgido pelo excesso de otimismo, mas não pela propina paga aos executivos. E obras estão sempre sujeitas a este excesso de otimismo, mesmo numa empresa com bons controles internos ou numa cultura onde a corrupção não é bem aceita. Quando a empresa divulgou uma diferença de 88 bilhões entre o valor contábil e o valor justo, talvez a maior parte deste valor seja em virtude das falhas de gestão.
O segundo aspecto é que o método ideal não está disponível para o caso da Petrobras. Uma forma de investigar o valor da propina é ter acesso a contabilidade do corruptor. Se esta contabilidade tiver sido feita dentro das características de qualidade da informação deveria constar o valor pago para os funcionários. Mas atualmente só quem sabe, parcialmente desta informação são alguns funcionários públicos. E mesmo assim, a investigação que está sendo realizada só está contemplando uma pequena parcela das empresas que faziam negócios com a Petrobras. Assim, a soma dos valores que as empreiteiras pagaram aos diretores da empresa não pode ser obtida e se pudesse – a empresa solicitou esta informação – talvez não corresponda ao valor que deveria corresponder a corrupção.
O terceiro fator é que não sabemos a extensão do pagamento da propina. Isto inclui não somente as empresas – fornecedores e compradores - que atuavam nas relações comerciais com a Petrobras como também o período de tempo. E mesmo que se consiga delimitar no tempo, muito provavelmente deverá incluir anos de gestão, o que dificulta ainda mais a mensuração. Tudo leva a crer que parte do problema também possui raízes em outros países. A obtenção deste tipo de informação em outro país também será difícil e provavelmente incompleta.
Finalmente, e em decorrência dos itens anteriores, a mensuração obtida do valor da corrupção deverá ser sempre uma opinião. Assim como um parecer de avaliação, a opinião pode ser aceita ou não pelo investidor ou auditores ou autoridades. A opinião pode ser contestada, não somente seus métodos como também os parâmetros utilizados.
A conclusão que chegamos é que não teremos o valor da corrupção nas últimas gestões da empresa. E qualquer número será um chute. E chute por chute, ainda prefiro aquele que postei anteriormente http://www.contabilidade-financeira.com/2014/11/qual-o-tamanho-do-rombo-da-petrobras.html neste blog.
A primeira é que o caso da Petrobras mostra uma situação onde é muito difícil separar o que corrupção da má gestão, do excesso de otimismo ou da falha de planejamento. Quando uma pessoa tira um dinheiro da caixa registradora de uma empresa, medir esta falha de controle é razoavelmente simples. Basta proceder a uma contagem entre o saldo que deveria ter no caixa e comparar com o existente. Quando um cliente leva um produto sem pagar num supermercado também podemos mensurar isto, agora com um grau de precisão um pouco menor. O caso da Petrobras não está restrito a corrupção somente. Muito provavelmente existiram decisões ruins, decorrente da forma como a empresa foi gerenciada nos últimos anos. Além disto, sabemos que os executivos são geralmente otimistas por natureza e a decisão de fazer uma refinaria pode ter surgido pelo excesso de otimismo, mas não pela propina paga aos executivos. E obras estão sempre sujeitas a este excesso de otimismo, mesmo numa empresa com bons controles internos ou numa cultura onde a corrupção não é bem aceita. Quando a empresa divulgou uma diferença de 88 bilhões entre o valor contábil e o valor justo, talvez a maior parte deste valor seja em virtude das falhas de gestão.
O segundo aspecto é que o método ideal não está disponível para o caso da Petrobras. Uma forma de investigar o valor da propina é ter acesso a contabilidade do corruptor. Se esta contabilidade tiver sido feita dentro das características de qualidade da informação deveria constar o valor pago para os funcionários. Mas atualmente só quem sabe, parcialmente desta informação são alguns funcionários públicos. E mesmo assim, a investigação que está sendo realizada só está contemplando uma pequena parcela das empresas que faziam negócios com a Petrobras. Assim, a soma dos valores que as empreiteiras pagaram aos diretores da empresa não pode ser obtida e se pudesse – a empresa solicitou esta informação – talvez não corresponda ao valor que deveria corresponder a corrupção.
O terceiro fator é que não sabemos a extensão do pagamento da propina. Isto inclui não somente as empresas – fornecedores e compradores - que atuavam nas relações comerciais com a Petrobras como também o período de tempo. E mesmo que se consiga delimitar no tempo, muito provavelmente deverá incluir anos de gestão, o que dificulta ainda mais a mensuração. Tudo leva a crer que parte do problema também possui raízes em outros países. A obtenção deste tipo de informação em outro país também será difícil e provavelmente incompleta.
Finalmente, e em decorrência dos itens anteriores, a mensuração obtida do valor da corrupção deverá ser sempre uma opinião. Assim como um parecer de avaliação, a opinião pode ser aceita ou não pelo investidor ou auditores ou autoridades. A opinião pode ser contestada, não somente seus métodos como também os parâmetros utilizados.
A conclusão que chegamos é que não teremos o valor da corrupção nas últimas gestões da empresa. E qualquer número será um chute. E chute por chute, ainda prefiro aquele que postei anteriormente http://www.contabilidade-financeira.com/2014/11/qual-o-tamanho-do-rombo-da-petrobras.html neste blog.
Assinar:
Postagens (Atom)