Mais uma do Photoshop Disasters
17 fevereiro 2015
História da Contabilidade Caixa de Soccorros de D. Pedro V
Já mostramos em postagem anterior que talvez a primeira evidenciação contábil no Brasil ocorreu numa entidade do terceiro setor: o Theatro de S João. No final do século XIX outra entidade do terceiro setor destacou-se pela qualidade, para época, da divulgação das suas contas. Trata-se da Caixa de Soccorros de D. Pedro V.
Fundada em 1863 por portugueses e seus descendentes que residiam no Brasil, esta associação recebe a denominação de Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Caixa de Socorros D. Pedro V em razão de um decreto de 1897 e de outro, assinado pelo rei D. Carlos de Portugal, em 1902 http://associacoescariocas.ica-atom.org/vJ86;isaar . O mais impressionante é que esta entidade ainda existe nos dias atuais, estando situada na Rua Marechal Floriano 185.
Em termos contábeis nos interessa o seu Relatório e Contas impresso no Rio de Janeiro, na tipografia do Jornal do Commercio, referente ao ano de 1896. Um exemplar ainda existe na Biblioteca Nacional de Portugal para consulta. Com 82 páginas, o relato inclui não somente uma prestação de contas razoavelmente pormenorizada como também um histórico da entidade. Consta do impresso, por exemplo, o histórico das receitas e de despesas desde sua fundação até o ano da publicação do relatório. Ou seja, 32 anos.
Deste extenso relatório selecionei dois pequenos trechos para o leitor. O primeiro ocorre na página 58, num determinado trecho do parecer do conselho fiscal que estava examinando as contas da entidade. Comentando sobre o patrimônio da entidade, o parecer afirma que o valor do imóvel tem um valor muito maior do que aquele registrado no balanço da empresa, em razão da valorização do patrimônio:
O segundo trecho é outro texto onde se mostra o panorama geral da entidade. Na página 70 do documento comenta-se que a entidade conseguiu obter matrículas gratuitas numa escola durante anos por parte de um conselheiro. E que estas matrículas, pelo valor da tabela do estabelecimento, apresentava um valor substancial:
Fundada em 1863 por portugueses e seus descendentes que residiam no Brasil, esta associação recebe a denominação de Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Caixa de Socorros D. Pedro V em razão de um decreto de 1897 e de outro, assinado pelo rei D. Carlos de Portugal, em 1902 http://associacoescariocas.ica-atom.org/vJ86;isaar . O mais impressionante é que esta entidade ainda existe nos dias atuais, estando situada na Rua Marechal Floriano 185.
Em termos contábeis nos interessa o seu Relatório e Contas impresso no Rio de Janeiro, na tipografia do Jornal do Commercio, referente ao ano de 1896. Um exemplar ainda existe na Biblioteca Nacional de Portugal para consulta. Com 82 páginas, o relato inclui não somente uma prestação de contas razoavelmente pormenorizada como também um histórico da entidade. Consta do impresso, por exemplo, o histórico das receitas e de despesas desde sua fundação até o ano da publicação do relatório. Ou seja, 32 anos.
Deste extenso relatório selecionei dois pequenos trechos para o leitor. O primeiro ocorre na página 58, num determinado trecho do parecer do conselho fiscal que estava examinando as contas da entidade. Comentando sobre o patrimônio da entidade, o parecer afirma que o valor do imóvel tem um valor muito maior do que aquele registrado no balanço da empresa, em razão da valorização do patrimônio:
O segundo trecho é outro texto onde se mostra o panorama geral da entidade. Na página 70 do documento comenta-se que a entidade conseguiu obter matrículas gratuitas numa escola durante anos por parte de um conselheiro. E que estas matrículas, pelo valor da tabela do estabelecimento, apresentava um valor substancial:
16 fevereiro 2015
Liquid Paper
Uma das maiores fraudes de fundos de pensão no país foi montada até com a falsificação de documentos de forma grosseira. Relatórios da Securities and Exchange Comission (SEC, a xerife do mercado financeiro americano) obtidos pelo GLOBO mostram que ao menos seis papéis de instituições financeiras na carteira do Postalis (fundo de pensão dos Correios) tiveram o valor adulterado com tinta corretora ou com um simples “corta e cola” nos processos digitalizados. A fraude, feita entre 2006 e 2009, detalhada nos relatórios da SEC, chega a US$ 24 milhões (R$ 68 milhões). Os responsáveis são sócios da Atlântica Asset Managment, gestora contratada pelo Postalis para investir o dinheiro dos carteiros em títulos da dívida brasileira no exterior.(...)
O uso do líquido corretor escolar só foi possível porque o sistema financeiro americano não é tão eficiente quanto o brasileiro: até grandes operações são fechadas e liquidadas por fax. À Justiça da Flórida, a SEC explicou o artifício criado pela Atlântica e detalhou as ações do responsável pela empresa, Fabrízio Neves, e de seu parceiro José Luna. Os papéis eram vendidos para a LatAm, outra empresa controlada pelos dois, remarcados (às vezes em mais de 60%) e revendidos a empresas em paraísos fiscais. Entre elas, a offshore Spectra, que tinha como beneficiário Alexej Predtechensky (conhecido como Russo), então presidente do Postalis. A fraude ocorria no trajeto dos papéis.
Fonte: O Globo
O uso do líquido corretor escolar só foi possível porque o sistema financeiro americano não é tão eficiente quanto o brasileiro: até grandes operações são fechadas e liquidadas por fax. À Justiça da Flórida, a SEC explicou o artifício criado pela Atlântica e detalhou as ações do responsável pela empresa, Fabrízio Neves, e de seu parceiro José Luna. Os papéis eram vendidos para a LatAm, outra empresa controlada pelos dois, remarcados (às vezes em mais de 60%) e revendidos a empresas em paraísos fiscais. Entre elas, a offshore Spectra, que tinha como beneficiário Alexej Predtechensky (conhecido como Russo), então presidente do Postalis. A fraude ocorria no trajeto dos papéis.
Fonte: O Globo
15 fevereiro 2015
Não entenderam nada...
Um texto do Brasil Econômico provoca uma grande confusão:
Em depoimento prestado hoje (13) à Justiça Federal em Curitiba, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa (1), considerou o prejuízo de R$ 88,6 bilhões, estimado com as perdas por corrupção na Petrobras (2), como um "equívoco gigantesco" (3). Nos esclarecimentos prestados ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-diretor afirmou que o pagamento de propina ocorria apenas (4) nos contratos das empreiteiras que faziam parte do cartel nos contratos com a estatal.
(...) O levantamento sobre o prejuízo foi feito por consultorias independentes e indicou que a Petrobras teria acumulado prejuízo de R$ 88,6 bilhões com os casos de corrupção (5). No entanto, o valor foi desprezado, porque a metodologia foi considerada inadequada. Após a divulgação do número, a ex-presidenta da estatal Graça Foster renunciou ao cargo.
(1) É bom lembrar que Costa foi uma indicação política. E que era diretor de abastecimento da empresa. Não era a área dele, portanto.
(2) Este é o ponto central da crítica desta postagem. Este valor é a diferença entre o valor justo e o valor contábil. Isto inclui também, mas não somente, o custo da corrupção. Assim, o valor não é "perda por corrupção".
(3) Não é um erro. Erro foi o entendimento errado de Costa.
(4) O fato de outros contratos não serem de conhecimento de Costa não significa que não estejam sujeitos aos problemas de corrupção. Num ambiente onde os diretores praticavam corrupção é bem provável de alguns subordinados também atuassem neste sentido.
(5) O jornalista também erra aqui.
Em depoimento prestado hoje (13) à Justiça Federal em Curitiba, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa (1), considerou o prejuízo de R$ 88,6 bilhões, estimado com as perdas por corrupção na Petrobras (2), como um "equívoco gigantesco" (3). Nos esclarecimentos prestados ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-diretor afirmou que o pagamento de propina ocorria apenas (4) nos contratos das empreiteiras que faziam parte do cartel nos contratos com a estatal.
(...) O levantamento sobre o prejuízo foi feito por consultorias independentes e indicou que a Petrobras teria acumulado prejuízo de R$ 88,6 bilhões com os casos de corrupção (5). No entanto, o valor foi desprezado, porque a metodologia foi considerada inadequada. Após a divulgação do número, a ex-presidenta da estatal Graça Foster renunciou ao cargo.
(1) É bom lembrar que Costa foi uma indicação política. E que era diretor de abastecimento da empresa. Não era a área dele, portanto.
(2) Este é o ponto central da crítica desta postagem. Este valor é a diferença entre o valor justo e o valor contábil. Isto inclui também, mas não somente, o custo da corrupção. Assim, o valor não é "perda por corrupção".
(3) Não é um erro. Erro foi o entendimento errado de Costa.
(4) O fato de outros contratos não serem de conhecimento de Costa não significa que não estejam sujeitos aos problemas de corrupção. Num ambiente onde os diretores praticavam corrupção é bem provável de alguns subordinados também atuassem neste sentido.
(5) O jornalista também erra aqui.
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