01 fevereiro 2015
Petrobras: um balanço poético
Ao balanço da madrugada
O incrível balanço trimestral da Petrobras lembra os prédios japoneses antisísmicos, em plena confirmação de flexibilidade aos abalos mais estrondosos. Aliás, o amparo estatal deixa a gigante petrolífera bem resistente aos empurrões administrativos.
Mesmo sem auditoria, foi apresentado para evitar pagamento de bônus aos acionistas, tão superficial que em nada lembra o know-how extrator em águas profundas, desabando o preço das ações.
Dizem que será preciso formatar uma nova área na ciência contábil só para estimar ativos e passivos desencaminhados para balanços incomensuráveis, manchando relatórios feito mega vazamentos de óleo e cédulas em paraísos ecológicos e fiscais.
Fonte: aqui
31 janeiro 2015
Fato da Semana: Os números da Petrobras (Semana 5 de 2015)
Fato da Semana: A empresa Petrobras divulgou de maneira preliminar o balanço do terceiro trimestre de 2014. A divulgação aconteceu com um grande atraso e sem que computasse os valores da amortização com a propina que a empresa pagou nos últimos anos. A decisão foi política e o mercado reagiu de maneira negativa, derrubando, ainda mais os preços das ações. Entretanto, a empresa divulgou, talvez tentando passar despercebido, um número que reflete a diferença entre o valor contábil e o valor justo dos ativos. É muito acima de qualquer número que tinha sido comentado anteriormente à divulgação.
Qual a relevância disto? O fato trouxe a tona conceitos como recuperabilidade, amortização, valor justo, controle interno, entre outros. Aparentemente não afetou outras empresas, mas foi um baque para a empresa. A gestão da empresa parecia à mercê dos acontecimentos, sem ação.
Positivo ou Negativo – Horrível para a empresa. Mas este blog é de contabilidade. A discussão contábil é interessante para todos os profissionais. Principalmente que a contabilidade passou incólume ao teste. Neutro.
Desdobramentos – O que acontecerá no próximo trimestre? Será que a empresa irá aceitar o inevitável e fazer a amortização? Ou continuarão dizendo que a mensuração dos valores da corrupção é difícil? Tudo leva a crer que nos próximos dias nada irá mudar na empresa. Será que mudará nas próximas demonstrações?
Qual a relevância disto? O fato trouxe a tona conceitos como recuperabilidade, amortização, valor justo, controle interno, entre outros. Aparentemente não afetou outras empresas, mas foi um baque para a empresa. A gestão da empresa parecia à mercê dos acontecimentos, sem ação.
Positivo ou Negativo – Horrível para a empresa. Mas este blog é de contabilidade. A discussão contábil é interessante para todos os profissionais. Principalmente que a contabilidade passou incólume ao teste. Neutro.
Desdobramentos – O que acontecerá no próximo trimestre? Será que a empresa irá aceitar o inevitável e fazer a amortização? Ou continuarão dizendo que a mensuração dos valores da corrupção é difícil? Tudo leva a crer que nos próximos dias nada irá mudar na empresa. Será que mudará nas próximas demonstrações?
30 janeiro 2015
Som da Sexta - Flight of the Conchords
Flight of the Conchords é um dueto da Nova Zelândia, formado por Bret McKenzie e Jemaine Clement. O grupo usa uma combinação de letras engraçadas e guitarras acústicas em suas músicas. A música abaixo chama-se Business Time. A letra é muito engraçada, assim como o clipe.
Oitenta e oito
Muita coisa foi escrita sobre as demonstrações contábeis não auditadas da Petrobras. Um dos principais pontos foi sobre os 88 bilhões, que muitos enxergaram como o valor da corrupção da empresa. Este valor representa a diferença entre o valor justo e o valor contábil de grandes empreendimentos da empresa. Rapidamente significou o valor da corrupção. Isto não é verdade por dois motivos. O primeiro, é que o “método de cálculo” não abrangeu todo ativo imobilizado, o que poderia fazer este montante ser maior do que o citado. O segundo é dificilmente teremos condições de saber o valor preciso da corrupção, já que a empresa não terá acesso a toda informação de todos os corruptos. Na melhor da hipótese será um valor estimado.
Mas mesmo sendo uma estimativa, ainda que tosca de um processo que passou por cima de uma longa história desta empresa, os oitenta e oito foram buscados no meio de um monte de números. E passou a representar a corrupção que derrubou a Petrobras.
Numa empresa privada, num mercado desenvolvido, muito provavelmente aconteceria o seguinte. Em primeiro lugar, haveria uma substituição de todos os executivos do primeiro escalão e a contratação de executivos externos. A nova administração deveria ter credibilidade, com liberdade para fazer um enxugamento e uma mudança na cultura da empresa. Além dos executivos, a faxina também incluiria as pessoas nos postos relevantes, como os assessores e secretarias das diretorias envolvidas. Logo a seguir, seriam chamadas pessoas para investigar os problemas e apresentar solução. Isto incluiria especialistas em fraudes. As empresas fornecedoras que estivessem envolvidas nos problemas seriam processadas e impedidas de fazer qualquer negócio com a empresa. Em termos contábeis, o máximo possível seria amortizado. Isto aumentaria a alavancagem e o custo do empréstimo. Mas limparia o balanço e permitiria que nos próximos exercícios a empresa pudesse recuperar. A empresa de auditoria seria substituída imediatamente, já que existiram dúvidas sobre a qualidade do seu trabalho. Em lugar de esconder por trás de notícias sem relevância ou usando linguagem obscura, a empresa seria extremamente honesta sobre os problemas, constituindo comissão de investigação com especialista (não necessariamente de renome) que apresentaria resultados rapidamente.
Comparando com as medidas que foram tomadas até agora na empresa é possível perceber quão distante estamos do ideal. A decisão de contratar advogados, em lugar de detetives, de colocar ex-juiz do supremo em vez de especialista em fraude, de manter a atual gestão, incluindo o conselho de administração e de auditoria, com pouca visão da realidade administrativa e financeira da empresa e de não fazer amortização mostram que os rumos da empresa necessitam de outras medidas, que modifique substancialmente o atual cenário.
Mas a presença do número 88 nas informações divulgadas na quarta, referente ao valor que deveria ser amortizado (R$88,9 bilhões) indica que existe esperança. Este número deve ter sido fruto da área técnica contábil da empresa, que ainda resiste às imposições políticas. É um número que teve que ser “engolido” pela alta cúpula da empresa, apesar da pressão para não evidenciar. É o número da resistência.
Mostra que não existe somente a Petrobras da sra. Foster ou do sr. Barbassa.
Nesta empresa existem pessoas que querem fazer um trabalho técnico da melhor qualidade e que gostariam que os números contábeis fossem a expressão da realidade.
Mas mesmo sendo uma estimativa, ainda que tosca de um processo que passou por cima de uma longa história desta empresa, os oitenta e oito foram buscados no meio de um monte de números. E passou a representar a corrupção que derrubou a Petrobras.
Numa empresa privada, num mercado desenvolvido, muito provavelmente aconteceria o seguinte. Em primeiro lugar, haveria uma substituição de todos os executivos do primeiro escalão e a contratação de executivos externos. A nova administração deveria ter credibilidade, com liberdade para fazer um enxugamento e uma mudança na cultura da empresa. Além dos executivos, a faxina também incluiria as pessoas nos postos relevantes, como os assessores e secretarias das diretorias envolvidas. Logo a seguir, seriam chamadas pessoas para investigar os problemas e apresentar solução. Isto incluiria especialistas em fraudes. As empresas fornecedoras que estivessem envolvidas nos problemas seriam processadas e impedidas de fazer qualquer negócio com a empresa. Em termos contábeis, o máximo possível seria amortizado. Isto aumentaria a alavancagem e o custo do empréstimo. Mas limparia o balanço e permitiria que nos próximos exercícios a empresa pudesse recuperar. A empresa de auditoria seria substituída imediatamente, já que existiram dúvidas sobre a qualidade do seu trabalho. Em lugar de esconder por trás de notícias sem relevância ou usando linguagem obscura, a empresa seria extremamente honesta sobre os problemas, constituindo comissão de investigação com especialista (não necessariamente de renome) que apresentaria resultados rapidamente.
Comparando com as medidas que foram tomadas até agora na empresa é possível perceber quão distante estamos do ideal. A decisão de contratar advogados, em lugar de detetives, de colocar ex-juiz do supremo em vez de especialista em fraude, de manter a atual gestão, incluindo o conselho de administração e de auditoria, com pouca visão da realidade administrativa e financeira da empresa e de não fazer amortização mostram que os rumos da empresa necessitam de outras medidas, que modifique substancialmente o atual cenário.
Mas a presença do número 88 nas informações divulgadas na quarta, referente ao valor que deveria ser amortizado (R$88,9 bilhões) indica que existe esperança. Este número deve ter sido fruto da área técnica contábil da empresa, que ainda resiste às imposições políticas. É um número que teve que ser “engolido” pela alta cúpula da empresa, apesar da pressão para não evidenciar. É o número da resistência.
Mostra que não existe somente a Petrobras da sra. Foster ou do sr. Barbassa.
Nesta empresa existem pessoas que querem fazer um trabalho técnico da melhor qualidade e que gostariam que os números contábeis fossem a expressão da realidade.
O que gostaríamos de saber 3
Anteriormente, numa postagem, fizemos algumas projeções. Este é um momento para verificar como saímos:
1 - Tamanho do rombo? - será uma estimativa e não deverá levar em consideração os problemas mais antigos de corrupção da empresa. Já fizemos uma estimativa aqui de 20 bilhões, mas acredito que a empresa deverá colocar um número compatível com o resultado apurado. Minha avaliação é que o valor estará entre 10 e 20 bilhões.
A empresa disse que ainda não é possível fazer uma avaliação. A grande notícia foi o valor de 88 bilhões, mas neste valor tem mais do que corrupção. No entanto, ontem a presidência da empresa afirmou que ainda pode aumentar, já que nem todo ativo foi mensurado. Numa das metodologias chegaram a 4 bilhões. É bem abaixo do valor que estimamos.
2 - Haverá baixas por conta da redução do preço do petróleo? - Não acredito. Como o foco é o valor da baixa pela corrupção, isto pode ficar para depois. Além disto, a empresa pode afirmar, com uma certa dose de razão, que o preço é volátil.
Correto. A empresa aproveitou para não dar baixa por conta da redução do petróleo.
3 - Tamanho do corte de investimento em 2015 para não tomar empréstimo? - A punição às empreiteiras irá ajudar neste corte. Nos últimos anos a empresa teve fluxo de caixa de investimento negativo entre 53 bilhões de reais em 2008 e 77 bilhões em 2013. Deve ficar entre 30 bilhões e 50 bilhões em 2015, mas com valores mais próximo ao valor mínimo.
Ainda não está claro e somente nos próximos meses teremos condições de saber.
4 -O que falta para a empresa publicar o balanço auditado e se as demonstrações anuais serão publicadas no prazo? - A PwC é quem irá determinar esta publicação. Tenho sérias dúvidas se o balanço será limpo.
Ainda é cedo. Mas parece que será com atraso, pelo que foi dito na conferência ontem.
5 - Vai processar os executivos? - Não.
Tudo caminha para isto. Em nenhum momento a empresa falou em responsabilizar. Mais ainda, fez questão de destacar que o problema acabou com a nova gestão, apesar das investigações afirmarem o contrário.
1 - Tamanho do rombo? - será uma estimativa e não deverá levar em consideração os problemas mais antigos de corrupção da empresa. Já fizemos uma estimativa aqui de 20 bilhões, mas acredito que a empresa deverá colocar um número compatível com o resultado apurado. Minha avaliação é que o valor estará entre 10 e 20 bilhões.
A empresa disse que ainda não é possível fazer uma avaliação. A grande notícia foi o valor de 88 bilhões, mas neste valor tem mais do que corrupção. No entanto, ontem a presidência da empresa afirmou que ainda pode aumentar, já que nem todo ativo foi mensurado. Numa das metodologias chegaram a 4 bilhões. É bem abaixo do valor que estimamos.
2 - Haverá baixas por conta da redução do preço do petróleo? - Não acredito. Como o foco é o valor da baixa pela corrupção, isto pode ficar para depois. Além disto, a empresa pode afirmar, com uma certa dose de razão, que o preço é volátil.
Correto. A empresa aproveitou para não dar baixa por conta da redução do petróleo.
3 - Tamanho do corte de investimento em 2015 para não tomar empréstimo? - A punição às empreiteiras irá ajudar neste corte. Nos últimos anos a empresa teve fluxo de caixa de investimento negativo entre 53 bilhões de reais em 2008 e 77 bilhões em 2013. Deve ficar entre 30 bilhões e 50 bilhões em 2015, mas com valores mais próximo ao valor mínimo.
Ainda não está claro e somente nos próximos meses teremos condições de saber.
4 -O que falta para a empresa publicar o balanço auditado e se as demonstrações anuais serão publicadas no prazo? - A PwC é quem irá determinar esta publicação. Tenho sérias dúvidas se o balanço será limpo.
Ainda é cedo. Mas parece que será com atraso, pelo que foi dito na conferência ontem.
5 - Vai processar os executivos? - Não.
Tudo caminha para isto. Em nenhum momento a empresa falou em responsabilizar. Mais ainda, fez questão de destacar que o problema acabou com a nova gestão, apesar das investigações afirmarem o contrário.
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