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28 janeiro 2015

Preço das Ações

As ações da Petrobras caíram mais de 7%, preferenciais e 6,5% as ordinárias.

E se...

Caso a empresa Petrobras tivesse feito uma amortização de 88 bilhões teríamos o seguinte:

Resultado líquido acumulado de 2014 = 75 bilhões de prejuízo
Margem Líquida = -30%
Ativo Total = 737 bilhões, com redução de 2% em relação a 31/12/2013
Patrimônio Líquido = 262 bilhões, com redução de 25% em relação ao final de 2013
Endividamento de 64% (versus 53% no final de 2013 e 58% do balanço divulgado)

Legibilidade

A legibilidade é uma medida aproximada da dificuldade de um texto. Usando o método Flesch, o mais usado para medir a legibilidade, calculamos o valor para a carta de Foster, presidente da empresa, divulgou ontem. Em 269 palavras, o método acusou legibilidade difícil.

Nos comentários foram 1.333 palavras e novamente o Flesdh foi difícil.

Durante o escândalo da Enron o seu comunicado à imprensa também foi considerado difícil.

Confusão

O fato de divulgar o balanço no final da noite causou uma confusão na imprensa. Veja a seguir:

A empresa não adiou o balanço. Somente divulgou número s sem a amortização. 

Juiz

Na abertura do mercado acionário hoje saberemos a reação dos investidores. Havia uma expectativa de amortização, que não ocorreu. Além disto, as ações já estão num patamar muito baixo.

Encruzilhada 2

Ontem postamos sobre a encruzilhada da Petrobras. A empresa optou por não assumir as perdas. Conformo afirmamos, a opção possui algumas vantagens: "pode" garantir pagamento da PLR aos empregados e dividendos aos acionistas. Isto deverá ser discutido mais adiante. A segunda vantagem é cumprir certas obrigações e isto está presente no comunicado da empresa ("A divulgação das demonstrações contábeis não revisadas pelos auditores independentes do terceiro trimestre de 2014 tem o objetivo de atender obrigações da Companhia (covenants) em contratos de dívida"). Terceiro, não afeta o endividamento e pode tentar manter a classificação de risco (aguardem os próximos capítulos; acho difícil as agências manterem as notas). Quarto, a questão política. É importante notar que a reunião do Conselho da empresa aconteceu no mesmo dia da reunião ministerial. O presidente da república afirmou que não deveria enfraquecer a Petrobras. O recado tinha sido dado. A questão do caixa parece não preocupar a empresa, que afirmou que os problemas não afetam o caixa futuro e os investimentos (não é verdade). Finalmente, "os gestores foram indicações políticas; sua sustentação decorre de acordos partidários e eles sabem disto".

Petrobras

Nas demonstrações contábeis publicadas ontem, a Petrobras divulga na nota explicativa 3 uma série de informações mais detalhadas do que foi exposto no comunicado da empresa e na carta da presidente.

Inicialmente a nota faz um histórico dos efeitos da operação de investigação da corrupção na empresa. e justifica que somente no terceiro trimestre seria possível as denúncias afetarem o resultado. No item 3.1 a empresa indica as providências tomadas, incluindo a contratação de advogados, requerimentos e outras medidas burocráticas. No item 3.2 destaca-se as medidas para melhoria da governança. O item 3.3 comenta sobre o ativo imobilizado e justifica a impraticabilidade de quantificar o valor exato a ser corrigido. Diante disto, a empresa considerou duas abordagens: a) percentual médio de pagamentos indevidos, que resultaria numa amortização de 4 bilhões; b) valor justo, que resultou em R$88 bilhões inferior, conforme comentado na postagem anterior.  Aqui, neste texto, a empresa informa que não está sendo considerado as sinergias. E que isto poderia fazer com que o valor fosse menor. Ou seja, os 88 bilhões seria a amortização "na pior das hipótese". (A empresa esquece que "sinergia" pode também ser no sentido contrário).

Mais adiante a empresa afirma:

Em 21 de Novembro de 2014, a Petrobras recebeu uma intimação (subpoena) da Securities and Exchange Commission (SEC) requerendo documentos relativos à Companhia. A Companhia atenderá as solicitações oriundas da subpoena após trabalho conjunto e em andamento com o escritório nacional Trench, Rossi e Watanabe Advogados e com o escritório norte-americano Gibson, Dunn Crutcher, contratados pela Petrobras para realizar uma investigação interna independente.


 Sempre fomos críticos e contrários a esta contratação. Aqui a empresa informa que os escritórios irão ajudar na resposta à SEC e outros reguladores.