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14 novembro 2014

Curso de Contabilidade Básica: Período Comparativo

Quando uma empresa divulga seus resultados é razoável colocar pelo menos duas colunas no seu balanço patrimonial: a primeira, nesta ordem, com as informações do período encerrado e a segunda com outro período para fins de comparação. Quando é a DRE a empresa pode colocar os valores do período e logo após de igual período anterior. Se a DRE é de um trimestre as possibilidades são maiores: somente os valores do trimestre ou os valores acumulados até o final daquele trimestre, mas a coluna comparativa é sempre sobre idêntico período do ano anterior.

As palavras sublinhadas são relevantes para nortear a divulgação, em qualquer tipo de demonstração. Ou seja, o melhor dado para comparar um desempenho de um período encerrado neste ano é o período anterior. A razão disto é simples: evita-se o problema da sazonalidade. Se uma empresa de aviação comercial encerrou seu terceiro trimestre, a comparação deverá ser com o terceiro trimestre do ano anterior. Comparar o desempenho do terceiro trimestre deste ano com o final do ano anterior é equivocado, já que no final do ano deve ocorrer um grande aumento nas viagens.

Parece óbvio para aqueles mais experientes, mas se estamos escrevendo sobre isto é que talvez não seja tão simples assim. Veja o caso da companhia aérea Gol, cujo balanço reproduzimos a seguir:

Na primeira coluna dos dados a informação “3T14” indicando o terceiro trimestre de 2014 (o correto, obviamente, seria 30 de setembro de 2014, já que não existe um balanço do terceiro trimestre). A coluna seguinte, para comparar, apresenta-se “4t13” ou 31 de dezembro de 2014. A comparação é prejudicial ao usuário. Nestes casos, o usuário deveria buscar o balanço de 30 de setembro de 2013 para fazer a comparação.

Confesso que quando olhei este balanço achei que era um erro da empresa. Mas é isto mesmo. Para aqueles curiosos em fazer a comparação com igual período do ano anterior, como deve ser, eis as informações:

Popularidade

Eles mostram evidências sólidas de que, em períodos longos, as ações que poderíamos chamar de menos populares, na verdade, se saem melhor do que as que são mais admiradas ou procuradas, por vários critérios. Em certo aspecto, isso é essencialmente outra versão para aquela velha máxima do mercado, de que quando um gestor de fundos ou um corretor é o convidado mais popular de uma festa, então simplesmente pode ser a hora de começar a vender.


Fonte: aqui

Dilema do prisioneiro

O dilema do prisioneiro é um problema clássico da teoria dos jogos. Em resumo o problema é o seguinte: dois larápios são presos e separados para o interrogatório. A eles são dadas duas alternativas: confessar ou não. Se nenhum dos dois confessarem, eles pegaram uma pena leve, digamos um ano de reclusão. Se um dos prisioneiros confessar e o outro não, aquele que contribuiu com a justiça verá “o sol nascer quadrado” por dois anos, enquanto seu parceiro ficará dez anos preso. Finalmente, se os dois confessarem serão cinco anos para cada.

O dilema é: qual a melhor estratégia? Se você é um dos prisioneiros e acredita seu parceiro de crime será um dedo duro, a opção é denunciar; mas se você acredita que ele não irá denunciar, a melhor opção é ficar calado. Mas a questão é que você não “combinou” com seu parceiro o que fazer. Vale a pena arriscar?

A situação atual dos executivos envolvidos na operação lava-jato parece com a situação do dilema do prisioneiro. Com uma pequena diferença: já se sabe que alguns executivos estão confessando. O que provocou isto, já que no passado os corruptores geralmente não abriam a boca. Três aspectos podem ajudar a entender a situação. Em primeiro lugar, a nova lei contra a corrupção pune pesadamente o corruptor. O valor pode chegar a 20% do faturamento e isto é muito dinheiro. O segundo ponto é que a empresa prejudicada com a corrupção tem ações negociadas na bolsa no exterior. Neste caso, isto significa que acionistas minoritários destes mercados foram prejudicados. E eles podem não ficar quietos. Além disto, o julgamento não ficará restrito a justiça brasileira. O terceiro aspecto é a política, que incentivou o interesse por este escândalo e sua divulgação por parte da imprensa. Além disto, diante dos holofotes, os investigadores sentiram prestigiados em fazer seu trabalho. Finalmente, é inegável o beneficio do julgamento do mensalão, onde empresários foram e continuam presos, enquanto os políticos já se safaram, parcialmente.

Como o “outro” prisioneiro denunciou, a estratégia pode ser confessar também, para reduzir a pena. Isto explica o grande número de executivos interessados em ajudar nas investigações.

Afinal, para que serve a auditoria?

Um pequeno texto do jornal Estado de São Paulo (Empresas que auditaram contas estão sob tensão, Fernanda Nunes e Mariana Durão, 12 de novembro de 2014, A6) discute o papel das auditorias:

Empresas de auditoria que atestaram resultados financeiros da Petrobras [ou seja KPMG e Pw] nos últimos anos temem perde credibilidade com os desdobramentos das investigações da Polícia Federal na Operação Lava Jato.

A história lembrada é o caso da Andersen, que auditou a Enron e por conta de um escândalo contábil faliu. As auditorias deram parecer limpo para uma empresa com projetos superfaturados e, provavelmente, com problemas no registro contábil do não circulante (vide aqui para uma explicação didática sobre o assunto). O problema, segundo o texto, é a “perda de credibilidade”. Para defender os auditores o texto escutou Idésio da Silva Coelho do Ibracon

diz ser impossível para uma auditoria perceber desvios de recursos.

Esta é uma questão polêmica. Os auditores sempre tentam eximir de culpa nestes casos. Não acredito que seja impossível, já que testes de controle interno podem ser um indicio. De igual forma, quando nomeações para cargos técnicos são preenchidas por políticos seria estranho esperar que haverá desvio?

Listas: Nações como marca

1. Alemanha
2. Estados Unidos
3. Reino Unido
4. França
5. Canadá
6. Japão
7. Itália
8. Suíça
9. Austrália
10. Suécia

É o Nation Brands Index. O interessante é que no ano passado a Alemanha estava em segundo lugar. A razão para a melhoria: A Copa do Mundo! O Brasil foi uma das nações citadas, mas não foi divulgado a posição.

13 novembro 2014

PwC não irá assinar 2

A Petrobras soltou um fato relevante comunicando que não irá divulgar suas demonstrações amanhã, como estava previsto. Eis o comunicado:

A Petrobras informa que não arquivará junto à Comissão de Valores Mobiliários – CVM as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 (ITR 3T14) com o relatório de revisão dos seus Auditores Externos, PricewaterhouseCoopers (PwC), no prazo previsto na Instrução CVM 480/09, pelas razões expostas a seguir.

Como é de conhecimento público, a Petrobras passa por um momento único em sua história, em face das denúncias e investigações decorrentes da “Operação Lava Jato” conduzida pela Polícia Federal, na qual o ex-diretor de Abastecimento da Companhia, Paulo Roberto Costa, foi denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa e está sendo investigado pelos crimes de corrupção, peculato, dentre outros.

Diante de tal cenário, e considerando o teor do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Companhia, Paulo Roberto Costa à Justiça Federal em 08/10/2014, quando fez declarações que, se verdadeiras, podem impactar potencialmente as demonstrações contábeis da Companhia, a Petrobras vem adotando diversas providências que visam ao aprofundamento das investigações.

Nesse contexto, a Petrobras celebrou contratos, em 24/10/2014 e 25/10/2014, com dois escritórios de advocacia independentes especializados em investigação, um brasileiro, Trench, Rossi e Watanabe Advogados e, outro norte-americano, Gibson, Dunn & Crutcher LLP, tendo por objetivo apurar a natureza, a extensão e os impactos dos atos que porventura tenham sido cometidos no contexto das alegações feitas pelo ex-diretor de Abastecimento da Companhia, Paulo Roberto Costa, bem como apurar fatos e circunstâncias correlatos que tenham impacto relevante sobre os negócios da Companhia. Tal contratação foi recomendada pelo Comitê de Auditoria em conformidade com as melhores práticas internacionais e autorizada pela Diretoria Executiva da Petrobras.

Entretanto, em decorrência do tempo necessário para (i) se obter maior aprofundamento nas investigações em curso pelos escritórios contratados (ii) proceder aos possíveis ajustes nas demonstrações contábeis com base nas denúncias e investigações relacionadas à “Operaçao Lava Jato”; e (iii) avaliar a necessidade de melhorias nos controles internos, a Companhia não está pronta para divulgar as demonstrações contábeis referentes ao terceiro trimestre de 2014 nesta data.

Por conseguinte, em observância ao princípio da transparência, a Petrobras estima divulgar, no dia 12 de dezembro de 2014, informações contábeis relativas ao terceiro trimestre de 2014 ainda não revisadas pelos Auditores Externos, refletindo a sua situação patrimonial à luz dos fatos conhecidos até essa data.

A Petrobras está empenhada em divulgar as informações do 3º ITR revisadas pelos Auditores Externos o mais breve possível e tão logo haja uma definição sobre a data da conclusão dos trabalhos a Companhia comunicará ao mercado, com antecedência mínima de 15 dias, a data para a sua divulgação.

PwC não irá assinar

Segundo informação do Estado de S Paulo, a PwC não vai assinar as informações trimestrais do balanço da empresa Petrobras. A previsão é que a empresa entregue amanhã estas informações. A PwC irá esperar a conclusão das investigações.