Um texto do Wall Stree Journal (Quanto vale a informação coletada pelo "big data"?, Vipal Monga, publicado no Valor Econômico de 14 de outubro de 2014) discute o valor da informação, em particular a informação coletada pelo "big data". A seguir alguns trechos:
O que você compra no supermercado, quais posts você "curte" no Facebook, como você usa o GPS no carro: há empresas baseando todo o seu modelo de negócios na coleta e vendas de dados como esses.
O problema é que ninguém sabe realmente quanto valem todas essas informações. Dados não são um bem físico como fábricas ou dinheiro, e não há nenhum método oficial para estimar o seu valor.
(...) O total de dados e outros "ativos intangíveis" das empresas, como patentes, marcas registradas e direitos autorais, podem valer mais de US$ 8 trilhões, diz Leonard Nakamura, economista da regional do Federal Reserve, o banco central americano, na Filadélfia. O valor é quase igual ao produto interno bruto da Alemanha, França e Itália juntas.
(...) "Queremos algum tipo de informação contábil sobre isso para podermos ter uma ideia melhor de como as empresas estão investindo para crescer", diz Nakamura [economista do FED].
(...) A Kroger afirma que segue os princípios de contabilidade geralmente aceitos, que proíbem as empresas de tratar dados como ativos ou contabilizar o dinheiro gasto na coleta e análise de dados como um investimento e não um custo.
O Conselho de Normas de Contabilidade Financeira dos Estados Unidos (Fasb, na sigla em inglês) vem tendo dificuldade para ajustar suas regras a uma economia cada vez mais baseada na informação e propriedade intelectual. O Fasb debateu os ativos intangíveis duas vezes entre 2002 e 2007, mas abandonou a questão diante das complicações. Em setembro, o conselho consultivo do Fasb novamente recomendou o estudo dos intangíveis, diz Christine Klimek, porta-voz do órgão.
Entre as muitas dificuldades está a avaliação da vida útil e do valor futuro dos dados das empresas e o acompanhamento das alterações no valor deles. Calcular esses números seria relativamente fácil para um ativo físico como uma fábrica, mas no mundo nada sólido dos intangíveis há poucos precedentes para esses cálculos.
As discussões sobre as dificuldades de reconhecimento de ativos intangíveis também sempre estiveram presentes no cenário contábil do Brasil, sobretudo para aqueles ativos formados internamente na empresa e não em decorrência de uma aquisição, disse num e-mail a vice-presidente Técnica do Conselho Federal de Contabilidade, Verônica Souto Maior. O tratamento contábil que as empresas devem dar a recursos aplicados em intangíveis está na norma brasileira, que, ao contrário da americana, segue o padrão IFRS, do Conselho Internacional de Normas Contábeis (IASB, na sigla em inglês), acrescentou ela.
A falta de consenso sobre como mensurar o valor dos dados cria um grande ponto cego para os investidores de pesos pesados como Facebook, eBay e Google, cuja maior parte da receita vem dos dados que coletam.
"Muito do que acontece nas empresas não está sendo refletido nas divulgações públicas [de resultados] nem na contabilidade", diz Glen Kernick, diretor administrativo do banco de investimentos Duff & Phelps Co.
Subtraídas as dívidas, Facebook, eBay e Google possuem um total de US$ 125 bilhões em ativos. Mas o valor combinado das ações das três é de US$ 660 bilhões. A diferença reflete a consciência do mercado de que os ativos mais valiosos dessas empresas - como algoritmos de buscas, patentes e um enorme volume de informações sobre usuários e clientes - não aparecem nos seus balanços. Isso leva muitos investidores a avaliar as empresas com base em outros critérios mais voláteis, como fluxo de caixa e perspectivas econômicas.
De fato, muitos especialistas dizem que os investidores não precisam saber o valor específico de ativos intangíveis como dados, argumentando que a cotação da ação de uma empresa reflete a avaliação que o mercado faz desses ativos.
"Os dados não valem nada se você não souber como usá-los para ganhar dinheiro", diz Laura Martin, analista da Needham & Co., acrescentando que os dados perdem valor com o tempo e que por isso são mais difíceis de serem avaliados num dado momento. (...)
O texto é bastante longo, mas interessante para o leitor deste blog. Faz sentido? Vamos recuar um pouco no tempo e contar uma pequena história que aconteceu no início do século XIX. Naqueles tempos vivia em Londres um rico banqueiro chamado Nathan Rothschild. Nathan tinha uma série de negócios e sabia o valor da informação. E construiu para si uma poderosa rede de comunicação. Em 1815 sabia-se que a tropa francesa de Bonaparte iria enfrentar os ingleses, do Duque de Wellington, em Waterloo (imagem). Os investidores de Londres aguardavam ansiosamente a notícia do vencedor da batalha. Se os franceses fossem os vencedores, os tempos seriam difíceis, já que os ingleses teriam que pagar reparações de guerra e seus interesses comerciais seria prejudicado. Ganhando os ingleses, a Inglaterra teria a confirmação do seu domínio comercial sob o mundo.
Nathan recebeu a notícia através da sua rede de comunicação. Ele sabia o resultado da batalha antes de todos. Com esta informação – os ingleses venceram – ele foi ao mercado e fez uma “loucura”. Começou a vender seus investimentos. Imediatamente os investidores deduziram que os ingleses tinha perdido a batalha. E começaram a vender também. Assim que eles iniciaram este movimento, Nathan parou de vender e esperou. Depois de o mercado caiu bastante, Nathan começou a comprar os investimentos, como se fosse uma pechincha. Ele ganhou muito, muito dinheiro. Mais do que já possuía.
Duas lições desta história que pode ajudar a compreensão do texto publicado no Valor Econômico. Em primeiro lugar, a informação sempre foi um item valioso. Talvez não tão claramente como nos dias de hoje, mas tinha sua relevância. Assim, o problema “atual” do texto na realidade é algo antigo, bastante antigo. Em segundo lugar, não é a informação que é valiosa. É a forma como é usada. Se Nathan tivesse usada sua informação para comprar assim que o mercado abriu, seu ganho seria pequeno. Ele conseguiu usar a informação para ganhar muito mais dinheiro, agindo contra a intuição das pessoas. Em termos do texto do jornal, não é o “Big Data” que é valioso. É sua utilização para ganhar dinheiro. É por isto que a mensuração do valor dos dados é tão complexa: o resultado depende de como você utiliza esta informação. Assim, a rigor, “big data” não é a priori um ativo. Ele se torna quando os gestores conseguem transformar o “dado” em “informação”; ou, ganhar dinheiro com os dados.
16 outubro 2014
Curso de Contabilidade Básica: Risco
Imagine o leitor uma empresa conhecida nacionalmente e que
pode perder, nos próximos meses, o direito de utilizar seu nome. Um evento como
este é muito importante. Se isto realmente ocorrer, a empresa terá que obter
outro nome comercial, fazer uma grande propaganda para que os clientes saibam a
nova denominação e até fazer coisas prosaicas, como trocar o endereço na
internet, os cartões de visita dos empregados e as placas do prédio do edifício
sede. O volume de gastos é muito alto.
É sempre traumática esta situação. No passado uma empresa de
sorvete, chamada É Bom, sofreu um processo da toda poderosa Kibom. Perdeu na
justiça, mas o caso foi bastante divulgado nos jornais. A empresa mudou o seu
nome para SemNome. Mas estamos falando de uma pequena empresa, que teve uma
grande divulgação na imprensa. E se a empresa foi a maior do setor?
Nesta situação o investidor deveria esperar duas coisas. Em
primeiro lugar, que a empresa já soubesse do risco de perder o nome e
destacasse isto na análise de risco. Em segundo lugar, e não menos importante,
que a empresa informasse o investidor. Se a empresa possui ações negociadas na
bolsa estes dois aspectos são básicos. Afinal, para o primeiro ponto, existe um
trecho das demonstrações contábeis onde a empresa é obrigada a listar os
principais riscos e medidas para evitá-lo. No segundo ponto, há a obrigação de
informar ao mercado através de um fato relevante.
Esta situação está acontecendo agora com a maior empresa de
pagamentos do Brasil. Em 2009 a VisaNet celebrou um acordo com o nadador César
Cielo. A empresa mudou de nome e o esportista entrou na justiça. Agora, em
primeira instância, a justiça deu ganho de causa ao nadador e fixou um prazo
para que a empresa deixe de usar o nome Cielo.
Vamos verificar os dois aspectos citados anteriormente. Primeiro,
a questão do risco. Se você tiver a paciência para ler o relatório da empresa
do final do ano (disponível aqui)
não irá encontrar nenhuma informação sobre o risco de perder o nome.
O segundo aspecto, referente a divulgação de um comunicado
ao mercado, a Cielo apresentou a seguinte argumentação (clique na imagem para ver melhor):
A leitura indica que a empresa está tranquila com respeito
ao fato.
Só para finalizar: no momento que escrevíamos esta postagem
o fato relevante da empresa ainda não estava no endereço da CVM, apesar de
estar disponível no endereço da Cielo. Culpa de quem?
Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio
Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues (prelo)
Linguagem nas resenhas
O estudo da linguagem escrita tem apresentado pesquisas surpreendentes. Recentemente o New York Times apresentou um estudo de Dan Jurafsky sobre comentários sobre restaurantes:
Num estudo com mais de um milhão de resenhas Yelp de restaurantes, o senhor Jurafsky ea equipe de Carnegie Mellon descobriram que comentários com quatro estrelas tendem a usar uma faixa mais vaga de poucas palavras positivas, enquanto comentários com uma estrela tinha um vocabulário mais variado. Os comentários com uma estrela também tiveram uma maior incidência de pretérito, pronomes (especialmente pronomes no plural) e outros marcadores sutis que os linguistas já encontraram nas discussões sobre a morte da princesa Diana e posts escritos nos meses após o 11 de setembro .
Em suma, disse o senhor Jurafsky que autores com comentários de uma estrela inconscientemente usam a mesma linguagem que as pessoas usam em situações de trauma coletivo. (...)
Outra constatação: Comentários de restaurantes caros são mais propensos a usar metáforas sexuais, enquanto a comida em restaurantes mais baratos tende a ser comparado com drogas.
Fonte: via Aqui
Num estudo com mais de um milhão de resenhas Yelp de restaurantes, o senhor Jurafsky ea equipe de Carnegie Mellon descobriram que comentários com quatro estrelas tendem a usar uma faixa mais vaga de poucas palavras positivas, enquanto comentários com uma estrela tinha um vocabulário mais variado. Os comentários com uma estrela também tiveram uma maior incidência de pretérito, pronomes (especialmente pronomes no plural) e outros marcadores sutis que os linguistas já encontraram nas discussões sobre a morte da princesa Diana e posts escritos nos meses após o 11 de setembro .
Em suma, disse o senhor Jurafsky que autores com comentários de uma estrela inconscientemente usam a mesma linguagem que as pessoas usam em situações de trauma coletivo. (...)
Outra constatação: Comentários de restaurantes caros são mais propensos a usar metáforas sexuais, enquanto a comida em restaurantes mais baratos tende a ser comparado com drogas.
Fonte: via Aqui
TCU pede blindagem
O TCU (Tribunal de Contas de União) pediu que a Caixa Econômica Federal e o conselho curador do FGTS criem formas de proteger o FI-FGTS contra conflitos de interesse e pressões políticas que, neste ano, travaram as decisões do bilionário fundo que aplica recursos do trabalhador em infraestrutura.
Com um patrimônio de R$30,9 bilhões, o FI-FGTS se tornou uma alternativa a bancos públicos e privados e também palco de disputas (...)
A questão é política, conforme notou a Folha de S Paulo: dos 12 integrantes do comitê de investimento, nove são ligados ao deputado Eduardo Cunha (PMDB) e André Vargas (ex-PT, sem partido)
Com um patrimônio de R$30,9 bilhões, o FI-FGTS se tornou uma alternativa a bancos públicos e privados e também palco de disputas (...)
A questão é política, conforme notou a Folha de S Paulo: dos 12 integrantes do comitê de investimento, nove são ligados ao deputado Eduardo Cunha (PMDB) e André Vargas (ex-PT, sem partido)
Listas: Os melhores executivos
1. Jeff Bezos - Amazon
2. John Martin -
Gilead Sciences
3. John Chambers -
Cisco Systems
4. David Pyott -
Allergan
5. David Simon -
Simon Property Group
6. Lars Rebien
Sørensen - Novo Nordisk
7. Hugh Grant -
Monsanto
8. J. Michael
Pearson - Valeant Pharmaceuticals
9. Mark Donegan -
Precision Castparts
10. William Doyle -
PotashCorp
11. Tadashi Yanai -
Fast Retailing
12. David Novak -
Yum Brands
13. Michael Wolf -
Swedbank
14. Pablo Isla
Álvarez de Tejera - Inditex
15. Marc Benioff -
Salesforce.com
16. Oscar Gonzalez
Rocha - Southern Copper
17. Stephen Wynn -
Wynn Resorts
18. James Taiclet
Jr - American Tower
19. Elmar
Degenhart - Continental
20. George Paz -
Express Scripts
21. Tsai Ming-Kai -
MediaTek (tie)
21. Paolo Rocca -
Tenaris (tie)
23. Reed Hastings -
Netflix
24. Ronald Havner
Jr. - Public Storage
25. Michael
Balmuth - Ross Stores
Segundo a Harvard Business Review
15 outubro 2014
Resenha: Eu sou Malala
Foi com os olhos cheios de lágrima que recebi a notícia que a paquistanesa Malala finalmente recebeu o Nobel da Paz. A mais jovem de toda a história!
Eu comprei “Eu sou Malala” em alguma promoção. Comecei a ler porque a letra é grande e ótima para o meu problema de vista. Ok. Também porque eu precisava de um livro bem conceituado porque tinha acabado de ler uma péssima, péssima, biografia e estava frustrada.
Enfim, lá fui eu ler a história da bela menina da capa. O subtítulo do livro resume bem o que vem pela frente: “a história de uma garota que defendeu o direito a educação e foi baleada pelo Talibã”.
Eu sinceramente não sei como resenhar esse livro (e tenho a impressão que já usei essa frase por aqui antes). A autobiografia, em coautoria com Christina Lamb, é uma leitura obrigatória e ótima pedida para este fim de ano. A história é linda, e triste, e cativante, e rica, e desoladora.
Malala defende algo simples: o direito a educação... E aí você vai sim ter um pouco de peso na consciência pelos dias em que resmungou por ter que acordar cedo por qualquer coisa relacionada a educação. Você vai se sentir feliz por muitas coisas em sua vida, assim como aprenderá um bocado sobre o mundo e será grato a sensibilidade e coragem de Malala porque saber que existem pessoas assim no mundo nos inspira.
Os vencedores do Nobel da Paz, Malala e Satyarthi, foram laureados devido a seus trabalhos em prol da educação. E por restaurarem um poço mais a nossa fé na humanidade.
.
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Se decidir comprar o livro, sugerimos escolher um de nossos parceiros. O blog é afiliado aos seguintes programas:
Amazon Brasil
Americanas
Submarino
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SouBarato.com.br-
Eu comprei “Eu sou Malala” em alguma promoção. Comecei a ler porque a letra é grande e ótima para o meu problema de vista. Ok. Também porque eu precisava de um livro bem conceituado porque tinha acabado de ler uma péssima, péssima, biografia e estava frustrada.
Enfim, lá fui eu ler a história da bela menina da capa. O subtítulo do livro resume bem o que vem pela frente: “a história de uma garota que defendeu o direito a educação e foi baleada pelo Talibã”.
Eu sinceramente não sei como resenhar esse livro (e tenho a impressão que já usei essa frase por aqui antes). A autobiografia, em coautoria com Christina Lamb, é uma leitura obrigatória e ótima pedida para este fim de ano. A história é linda, e triste, e cativante, e rica, e desoladora.
Malala defende algo simples: o direito a educação... E aí você vai sim ter um pouco de peso na consciência pelos dias em que resmungou por ter que acordar cedo por qualquer coisa relacionada a educação. Você vai se sentir feliz por muitas coisas em sua vida, assim como aprenderá um bocado sobre o mundo e será grato a sensibilidade e coragem de Malala porque saber que existem pessoas assim no mundo nos inspira.
Os vencedores do Nobel da Paz, Malala e Satyarthi, foram laureados devido a seus trabalhos em prol da educação. E por restaurarem um poço mais a nossa fé na humanidade.
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Evidenciação: Livro adquirido com recursos particulares, sem ligações com os escritores ou a editora.
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