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15 outubro 2014

Curso de Contabilidade Básica: Passivo 2

O termo “passivo” está associado a palavra obrigação. Esta obrigação pode ser com um investidor, no caso de financiamentos e empréstimos, com funcionários, o fisco ou clientes. As obrigações com os clientes podem estar sob a forma de receita antecipada. Quando uma empresa passa a ter a obrigação de entregar no futuro um produto ou serviço caracteriza-se uma receita antecipada. Observe que a obrigação pode surgir a partir da entrada de dinheiro na empresa, mas também por outra característica qualquer.

Hoje vamos observar o caso das empresas que comercializam “pontos”, como é o caso da empresa Smiles. Esta empresa foi criada para comercializar milhas aéreas da antiga Varig. A nova empresa é mais recente, de 2012. Como os clientes acumulam pontos, estes pontos podem ser transformados em produtos ou serviços, como uma passagem aérea ou outro tipo de brinde. Quando o cliente começa a obter pontos, também inicia o registro do passivo na empresa de fidelização, pois estes pontos irão gerar obrigação para a empresa. No caso da Smiles, a maior parcela do passivo são as receitas diferidas:

Mais da metade do passivo de curto prazo corresponde à receita diferida. E a soma desta conta, de curto e longo prazo, representa 27% do total do ativo.

Mas no caso da empresa de fidelização acontece um fato curioso: nem todo cliente irá aproveitar seus pontos. Isto ocorre por diversos motivos, como esquecimento, falta de tempo ou dificuldade imposta pelos parceiros. Como isto ocorre com certa frequência, a empresa já tem um histórico, um percentual, do número de milhas vencidas e não resgatas. Tem inclusive um nome para isto: Breakage ou quebra em inglês. No caso da Smiles, a empresa afirma que esta estimativa é baseada em dados históricos.

Observe que o Breakage não gera custos para a empresa. Na verdade é uma receita. Para o final de 2013 a empresa estimou um percentual de 15,51% de breakage. Assim, para cada R$100 de milhas emitidas, R$15,51 não serão resgatadas. Isto correspondeu a mais de 10% da receita da empresa.

Listas: Melhores restaurantes

#13 Voila Bistrot, Parati, Brasil (foto)

#10 Martin Berasategui, San Sebastian, Espanha
#9 Le Gavroche, Londres, Inglaterra
#8 Le Manoir Aux Quat’Saisons, Great Milton, Inglaterra
#7 Epicure, Paris, França
#6 El Club Allard, Madri, Espanha
#5 Alinea, Chicago, EUA
#4 The French Café, Auckland, Nova Zelândia
#3 Maison Lameloise, Chagny, França
#2 Midsummer House, Cambridge, Inglaterra
#1 El Celler de Can Roca, Girona, Espanha

Fonte: Aqui

14 outubro 2014

Rir é o melhor remédio

Brincando com os cartazes de filmes:








Curso de Contabilidade Básica: Devedores Duvidosos

Em geral a provisão de devedores duvidosos (PDD) é um número abaixo de um dígito percentual do total de valores a receber (Este tipo de “número mágico” o analista só adquire com a prática). Quando o valor da provisão ultrapassa a este número, é necessária uma investigação mais apurada para tentar saber a sua razão.

Considere a situação do Cimento Tupi. Esta empresa apresentava os seguintes montantes de valores a receber e sua provisão:



O leitor pode fazer a conta: a provisão correspondia, no final do primeiro trimestre de 2014, a 19% das duplicatas a receber. E este valor era de 26% no final de 2013. É um valor muito elevado para não ser notado, pois não segue a regra do “um dígito percentual”. E parece que a provisão já era este valor elevado no final de 2012, quando era de R$ 10,4 milhões. A cronologia das duplicatas era a seguinte:
Em geral a cronologia segue uma ordem decrescente, onde valores vencidos há mais tempo são menores em termos do total. No caso da Tupi isto não ocorre, já que o valor vencido há mais de 180 dias é elevado e corresponde exatamente a PDD. A empresa esclarece o seguinte:

O saldo da provisão para devedores duvidosos inclui a provisão para perda com um cliente específico no valor de R$ 8.665 [mil], relacionada a uma transação no mercado exterior efetuada no passado.

Isto representaria mais de ¾ da provisão ou 14% das duplicatas a receber no final do primeiro semestre de 2014 (ou 20% no final de 2013). Ou seja, um cliente específico foi responsável pela situação do PDD da empresa. Eis o que a empresa esclarece nos riscos:
É um pouco contraditório: a empresa afirma que o risco de crédito é minimizado, já que as vendas são pulverizadas. Mas a provisão decorre de um cliente somente (indicando que as vendas não foram pulverizadas em algum momento do passado).


Taxa de Desconto e Fundo de Pensão


Alex Tabarrok lembra que a Holanda utiliza um método rigoroso para determinação do valor presente das aposentadorias. Considerando que os pagamentos de pensão não deveriam comportar risco, utiliza-se a menor taxa de desconto possível. Isto faz com que os pagamentos sejam mais elevados hoje. Usar uma taxa de desconto maior significaria atingir as gerações jovens.

Para Tabarrok isto está correto uma vez que os pagamentos são certos. Esta discussão deveria ser aproveitada pelos brasileiros. Mas parece que a geração atual é egoísta, já que defende o fim do fator previdenciário, aceita a aposentadoria de pessoas que pouco contribuí para a sua aposentadoria (juízes classistas, uma praga que existiu no passado, que trabalhavam quatro anos e tinha aposentadoria completa) e cria benefícios malucos de longo prazo (filhas de militares, desde que solteiras, por exemplo, recebem a pensão do pai).

Banco Santos e Incentivos ao administrador da massa falida

O Valor Econômico traz um texto (Banco Santos opõe credor e administrador novamente) que mostra como os benefícios ao administrador da massa falida impedem que o processo seja mais ágil. A lei permite que o gestor possa usufruir da massa falida. Isto já foi objeto de postagem anterior neste blog (vide, por exemplo, aqui). Eis alguns trechos:

"A massa falida possui apenas seis funcionários (um deles em jornada reduzida), entretanto, é proposta a compra de 17 licenças e 17 memórias (de computador), ou seja, é evidente que quem se beneficiará com a atualização não será unicamente a massa falida do Banco Santos ou seus credores", diz parte do documento de contestação do comitê de credores.

O documento questiona uma série de aspectos da petição do administrador, incluindo a forma de rateio de custos apresentada. Dos R$ 40,7 mil necessários para a realização do serviço de renovação de servidores e aquisição de licenças, R$ 35,8 mil seriam arcados pela massa falida do Banco Santos.

Os credores julgam injusta essa divisão, já que outras empresas em regime especial e companhias terceirizadas contratadas pelo administrador se utilizam da sede da massa falida. Aguiar tem uma empresa especializada em administração judicial que atende outros casos.

(...) Os credores se preocupam com a deterioração dos ativos e com os gastos que têm com o processo - soma que já alcançou R$ 60 milhões, segundo uma fonte. A proposta do Credit Suisse para assumir os ativos do Banco Santos e dar fim ao processo de falência na Justiça pode ser uma resposta para a arrastada discussão.

O processo é lento, segundo o administrador, porque há devedores que não têm condições de pagar as dívidas. Mas uma parte dos credores reclama que Aguiar não faria grandes esforços para solucionar o caso.

Para Aguiar, como os principais ativos do Banco Santos são créditos em cobrança, o processo é mais complexo. " Você só encerra a falência quando termina de cobrar o último crédito. E isso significa entre 20 e 30 anos", explica Aguiar.

Frase

"Ao contrário de um jantar filantrópico nova-iorquino "comum", o público brasileiro não vê nada de errado em falar alto durante os discursos comoventes; o silêncio respeitoso, abafado, no jantar é, aparentemente, pecado mortal."

Filantropia de Jantar, Gillian Tett, Valor Econômico, 13 de outubro de 2014