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05 setembro 2014

Curso de Contabilidade Básica: Lucro Abrangente

A Demonstração do Lucro Abrangente foi criada para resolver um impasse na contabilidade: o que deve passar pela demonstração do resultado do exercício? De um lado, alguns defendem que certos eventos não deveriam transitar pela DRE, indo direto para o patrimônio líquido. É o caso das variações nas reservas de reavaliações. O principal argumento é que estes eventos não representam a essência do resultado da empresa. Por outro lado, uma corrente de pensadores contábeis afirma que tudo deveria passar pela Demonstração do Resultado. A possibilidade de isto não acontecer enfraquece esta demonstração. Quem está com a razão? Em lugar de fazer uma escolha, os reguladores optaram por uma decisão salomônica: publiquem-se as duas. A DLA é a segunda opção.

Na prática isto faz diferença? Para a maioria das empresas não. Ao analisar a DRE e a DLA você irá notar pouca diferença, quando existir. Mas existem exceções. Veja, a seguir, o caso da Petrobrás:
O lucro trimestral foi de 4,9 bilhões de reais. O resultado abrangente foi maior em mais de 1 bilhão em razão dos resultados com a proteção (hedge) do fluxo de caixa.

O que deve ser usado? É uma questão de gosto. Em geral utiliza-se a DRE até por inércia. Mas ao analisar uma demonstração contábil temos uma regra básica: o usuário é o rei. Ele que determina o que deve ser considerado. Se usar a DRE provavelmente estará com a maioria dos usuários. Mas optando pela DLA talvez tenha argumentos teóricos mais sólidos.

Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues (prelo)

Por que o ‘Brazil’ exporta pouco?

Por que o ‘Brazil’ exporta pouco?
Autor: Gustavo H. B. Franco
01/09/2014


A produção industrial vem se tornando um fenômeno cada vez mais internacional, assunto que tem trazido um misto de contrariedade e excitação quanto às suas vastas consequências. Trata-se aqui de um dos capítulos mais intrincados da globalização, tanto que apenas pode ser descrito, infelizmente, com palavras em inglês capazes de embaralhar as falas mais amestradas, além de sacudir os brios dos nacionalistas do idioma: offshoring e outsourcing.


Não há uma tradução para isso, como frequentemente ocorre com novos e complexos processos relativos à economia global, o leitor deve olhar para esses vocábulos como ideogramas, ou talvez deixar-se embriagar pela sua sonoridade, pela associação com coisas referentes à alta tecnologia ou com relações internacionais. Talvez um dia entrem para o vernáculo, como o abajur, o bonde e a manicure.


Preferimos investir em parcerias “Sul-Sul” em vez de entrar para a OCDE e em acordos comerciais que nos colocam no mapa da produção internacional
Concretamente, trata-se de processo pelo qual a produção industrial se desagrega em etapas que vão sendo implantadas ou transferidas para diversos países, conforme a vantagem locacional, e de sorte a reduzir a exposição a variações cambiais e otimizar a cadeia, ou mais propriamente, a rede internacional de valor.


Pense no seu smartphone (que já está quase entrando no dicionário) e repare que a fabricação pode se dar na China, com componentes vindos de diversos países, com peças e software de outros, e o desenvolvimento, o branding e o marketing em outros. Ou pense num call center nos EUA onde os atendentes estão na Índia ou na Bahia e os data centers na nuvem. A globalização, às vezes, parece propaganda de um curso de inglês, não é mesmo?


A história desses processos tem muito a ver com outro fenômeno que outrora pareceu perturbador: a empresa multinacional. Nos anos 1950 e 1960 as grandes empresas, sobretudo americanas, começaram a abrir filiais no exterior, em muitos casos apenas para atender os desejos de “substituição de importações”, ou de “produção local”, em países clientes que se tornaram mais protecionistas. Com o tempo, o número e o volume de produção e vendas do conjunto das filiais no exterior foi crescendo a ponto de mudar a natureza dessas organizações, que deixaram de ser federações de réplicas da mãe, e foram assumindo uma personalidade distintamente transnacional. A divisão internacional do trabalho se aprofundou dentro da empresa, e com isso explodiu o fenômeno do “comércio intrafirma” (entre partes relacionadas) que já nos anos 1990 tinha ultrapassado 1/3 do comércio mundial.


Em tempos mais recentes, o processo se acelerou ainda mais diante da ascensão industrial da China, e o Brasil poderia estar na crista da onda desse vendaval de transformações, pois a presença de multinacionais no país é imensa. Em 2010, tínhamos 16.844 empresas estrangeiras no país. Como eram 6.322 em 1995, pode-se dizer que foram duas novas a cada dia ao longo desses 15 anos. Essas empresas tinham ativos de R$ 2,4 trilhões e faturamento de R$ 1,6 trilhão e eram responsáveis por 38% das exportações totais do país e 43% das importações em 2010.


É possível estimar que esse conjunto de empresas tenha sido responsável pela geração de cerca de um quarto do PIB brasileiro em 2010, ou seja, esse PIB “estrangeiro” dentro do Brasil seria próximo de US$ 523 bilhões, o que colocaria este “país” (chamemos de “Brazil”) como o vigésimo segundo PIB deste planeta, entre Suécia (US$ 560 bilhões) e Polônia (US$ 516 bilhões).


Entretanto, a despeito da contribuição do “Brazil” para as exportações brasileiras, é importante observar que as empresas estrangeiras no Brasil exportam muito pouco, especialmente quando comparado: (i) ao Brasil, pois o “Brazil” exporta algo como 17% de seu PIB (cerca de US$ 87 bilhões), não muito mais que o Brasil (10,5%); (ii) a países “comparáveis”, Polônia e Suécia, que exportam 39% e 32% de seus respectivos PIBs; e (iii) às filiais de multinacionais estabelecidas pelo mundo, cuja propensão a exportar, segundo dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), deve ser superior a 45%.


Essas contas servem para mostrar que as empresas estrangeiras estabelecidas no Brasil, que respondem por 40% do comércio exterior do país, poderiam estar exportando o dobro ou o triplo, o mesmo valendo para a importação, se estivessem se comportando de modo minimamente parecido com o que fazem, em média, em outros países. Se o “Brazil” estivesse exportando na faixa de 45% de seu PIB suas vendas no exterior teriam sido cerca de US$ 150 bilhões maiores do que foram em 2010.


A pergunta que não quer calar é muito simples: por que então as multinacionais estabelecidas no Brasil exportam tão pouco?


É claro que a resposta começa pelo fato de que todas as razões que levam o Brasil a exportar pouco, sobretudo em manufaturas, valem para o “Brazil”. O intrigante é que, no “Brazil”, há bastante mais competitividade, a julgar pelos níveis de produtividade, que são cerca de dez vezes maiores relativamente ao Brasil. E isso serve para afastar o câmbio da discussão, pois a “sobrevalorização”, essa doença crônica, estaria em 20%, segundo a “The Economist” e sua métrica de big macs, de modo que não seria tão relevante. As organizações globais das multinacionais se formam, entre outros motivos, para diluir o risco cambial.


Sendo assim, por que então as multinacionais localizadas no Brasil não plugam mais intensamente as suas operações no Brasil com suas cadeias internacionais de valor?


Pode-se dizer que há um problema de nascença, pois essas empresas vieram para o Brasil pensando no mercado interno, em contraste com o que se passou na Ásia, e o período de hiperinflação nos subtraiu ainda mais da globalização. Com a passagem do tempo, todavia, o “Brazil” deveria ficar mais exportador (e a Ásia menos), e, de fato, considerando uma amostra mais restrita de filiais americanas, a razão exportações/PIB, que estava em 14% em 1995 (para as filiais no Brasil, contra 63% para as filiais na Ásia e 42% para a média mundial) sobe para 32% em 2005 (contra 52% para a Ásia e 46% para a o mundo), mas despenca para 22% em 2012 mercê do aumento substancial do protecionismo e dos “requisitos de conteúdo local”.


Nada pode ser mais prejudicial à ideia de elevar as exportações do “Brazil”, e a enriquecer os laços do Brasil com o resto do mundo, que esse protecionismo velho, que confunde soberania com autarquia e que privilegia a balança comercial em vez da corrente de comércio. Sem importar, não se exporta.


E mais: preferimos investir em parcerias “Sul-Sul” em vez de entrar para a OCDE e em acordos comerciais que nos colocam no mapa da produção internacional.
Estamos perdendo tempo com políticas comerciais e industriais mercantilistas e obsoletas, que parecem combater e contestar a globalização (e os estrangeirismos), quando ela já está firmemente absorvida dentro de casa e nos oferece oportunidades que fingimos não enxergar.


Fonte: O Globo, 31/08/2014.


BP

A empresa de petróleo BP foi considerada "grosseiramente negligente" pela justiça dos EUA em relação ao acidente no Golfo do México. Em termos financeiros isto significa que a BP deverá pagar 18 bilhões de dólares por conta da poluição.

A multa foi calculada multiplicando o número de barris por US$4.300 por barril.

O genial italiano

No início dos anos setenta, o genial Bobby Fisher venceu vinte partidas seguidas, incluindo 12 com dois outros desafiantes (Taimanov e Larsen) ao campeão mundial de xadrez. Este desempenho tornou-se lendário, principalmente que Fisher enfrentou adversários fortes. Esta série foi interrompida pelo ex-campeão Petrossian.

Agora disputa-se nos Estados Unidos, em Saint Louis, um torneio de altíssimo nível, entre eles os três melhores jogadores atuais de xadrez: Carlsen, norueguês e atual campeão, Aronian, armênio e segundo do rating e Caruana, um italiano de 22 anos, um a menos que Carlsen. Participam também Topalov, bulgáro e sexto jogador mais forte do mundo, Nakamura, dos Estados Unidos e sétimo melhor jogador, e Vachier Lagrave, francês de 23 anos e nono no rating. O torneio é disputado em confronto direto, turno e returno. Já foram jogadas oito partidas e Caruana conseguiu a proeza de vencer a sete primeiras delas. Somente ontem o noruegues interrompeu a sequencia, empatando o jogo com o italiano. O feito permitiu que Caruana ganhasse 35 pontos no rating, tornando o segundo jogador mais forte do mundo, com 2836, o seu maior rating. Para se ter uma ideia do que isto significa, somente Carlsen e Kasparov tiveram ratings maiores. E hoje a diferença entre o primeiro e o segundo do mundo é de trinta pontos. Antes do torneio a diferença era de quase 70 pontos.

O torneio ainda não terminou. Faltam duas rodadas, mas Caruana já é o campeão, pois tem 7,5 pontos, enquanto Carlsen, que está em segundo, possui 4,5 pontos. Como no xadrez cada vitória vale um ponto, o norueguês não tem mais condições de ser o campeão.


O desempenho de Caruana pode ser considerado uma vingança. No início do ano, a Rússia promoveu do torneio de desafiantes ao título. Uma das vagas para este torneio era de livre escolha da organização e o torneio escolheu Krammik, em lugar de Caruana. 

Listas: As maiores empresas brasileiras

Maiores Lucros
1. Petrobrás = 23 bilhões
2. Ambev = 11,4
3. Telefônica = 3,7

Maiores Receitas
1. Petrobras = 304,9 bilhões de reais
2. Vale = 101,5
3. JBS = 92,9

Crescimento da Receita Líquida
1. Itambé = 2.147,3%
2. Enseada Naval 588,6%
3. Aeroportos Brasil - 555,6%

Prejuízos
1. Eletrobras = - 6,3 bilhões
2. Thyssenkrupp CSA = -3,1
3. Infraero = 2,6 bilhões

Fonte: Aqui

04 setembro 2014

Rir é o melhor remédio

Se mulheres mandassem no mundo, nós não teríamos guerra. Apenas intensas negociações a cada 28 dias. (Robin Williams)

Fonte: Aqui

Homenagem

Na terça-feira estive em Ribeirão Preto para homenagear meu orientador. Com mais de 300 mil livros vendidos, Alexandre Assaf Neto marcou sua presença em três grandes escolas de contabilidade e finanças do Brasil: Universidade de Brasília, Universidade de São Paulo e USP Ribeirão, pela ordem cronológica.

Organizado por Adriana Procópio e Fabiano Guasti, o evento contou com Eliseu Martins fazendo o cerimonial e um público que estava no auditório da USP Ribeirão para uma palestra. Todos os doutores que foram orientados por ele estiveram presentes: eu tive a honra de ter sido o primeiro deles.

Para mim é muito difícil falar da influência do Assaf. Guardo muitos conselhos que recebi dele, algumas reprimendas e o exemplo de um profissional capaz e que ama o que faz. Lembro ainda a primeira vez que conversei com ele, para falar de uma possível consultoria em análise de balanços para o Conselho de Desenvolvimento Industrial, órgão onde trabalhava. Foi meu orientador no mestrado, apesar de não fazer parte do corpo docente do programa de administração da Universidade de Brasília. Ajudou a publicar parte da dissertação sobre a subestimação do indexador nas demonstrações contábeis, no IOB Temática Contábil.

Minha opção pela docência também se deve a ele, que fez o convite para ser coordenador adjunto do curso de ciências contábeis na UnB. Depois, pedi para ele ser meu orientador no doutorado na Universidade de São Paulo, apesar de também não fazer parte do corpo docente do programa de contabilidade. Durante o curso, tive uma das maiores honras da minha trajetória: fui coautor no livro de Administração do Capital de Giro.

A distância geográfica não impede de admiração continue até hoje. Na terça, ele agradeceu minha presença. Mas isto é tão pouco diante do tanto que ele mudou, para melhor, a minha vida. Eu é que agradeço, Alexandre Assaf Neto.