Antigamente não existiam computadores. A contabilidade era feita à mão. Assim, o ato de “fechar o balanço” era parte obrigatória do aprendizado da contabilidade. Horas e horas eram devotadas a esta atividade “nobre”. Os melhores profissionais eram aqueles que não cometiam erros e, quando se somava os débitos e os créditos, os valores eram iguais. A diferença de um centavo era buscada e existiam dicas para descobrir mais facilmente os enganos.
Nos dias atuais, se é feito um lançamento contábil, o mesmo é automaticamente armazenado na memória do computador. Os softwares podem verificar o total dos débitos e dos créditos a qualquer momento, mas isto nem é relevante, já que a máquina não comete este tipo de erro. É possível ter o balanço de uma empresa rapidamente, faltando somente algumas estimativas que geralmente são feitas no encerramento do exercício. A pergunta que não quer calar: para quê aprender a fechar o balanço? E acompanhado desta pergunta, outra: isto não é um retrocesso?
De certa forma a resposta para as duas questões é que a indignação do aluno que está aprendendo a fechar o balanço faz certo sentido. Mas então podemos aprender contabilidade básica sem saber fechar o balanço? De certa forma sim. Novamente: para quê aprender a fechar o balanço?
Temos três respostas que justificam este aprendizado. Em primeiro lugar, fechar o balanço é útil para compreender o processo. É bem verdade que a máquina faz tudo isto muito mais rapidamente e melhor que o ser humano, mas precisamos entender o que a máquina faz. Se você um dia trabalhar em auditoria irá perceber que é necessário conhecer este processo para evitar que a empresa auditada engane você e ao usuário da informação.
Em segundo lugar, isto é importante para algumas pessoas. Entre os entendidos você seria desprezado se souberem que não sabe fechar um balanço. Se um professor souber que um curso de contabilidade básica não ensinou isto, será o curso objeto de escarnio e desconsideração. “Como é possível um curso de contabilidade básica não ensinar a fechar o balanço de uma empresa?” irá perguntar aquele professor de concurso. Por sinal, o que seriam dos concursos sem o fechamento do balanço?
Finalmente, o desenvolvimento da contabilidade acessível a muitas empresas é da década de oitenta. São somente um pouco de trinta anos. Se você pegar um livro da década de setenta, como é o caso daquele que é o mais vendido livro de contabilidade brasileira, este apego ao fechar o balanço é nítido. Levará muito tempo até que os antigos (no sentido da mentalidade) professores sejam substituídos por aqueles que acreditam que a tecnologia também pode chegar ao ensino de contabilidade. Está chegando.