01 setembro 2014
Flávio Cunha ganha a medalha Frisch
O economista brasileiro Flavio Cunha é um dos ganhadores da Medalha Frisch de 2014, distinção concedida a cada dois anos pela Sociedade Econométrica. Professor da Universidade da Pensilvânia, ele foi escolhido com o Nobel James Heckman, da Universidade de Chicago, e Susanne Schennach, da Universidade Brown, pelo artigo “Estimando a tecnologia da formação de habilidades cognitivas e não cognitivas”. Ele é o primeiro brasileiro a vencer o prêmio, conferido desde 1978.
Cunha escreveu vários estudos com Heckman, Nobel em 2000, mostrando a importância da educação infantil. Segundo ele, o objetivo do trabalho que ganhou a Medalha Frisch é “encontrar as equações matemáticas que descrevem o desenvolvimento de habilidades cognitivas, como matemática e língua portuguesa, e não-cognitivas, como persistência, motivação e auto-controle, do nascimento até aos 15 anos de idade.”
Ao falar das conclusões do artigo, Cunha diz que “as habilidades cognitivas respondem mais fortemente aos investimentos que ocorrem cedo na vida de uma criança”. Depois, fica cada vez mais caro tentar mudar uma criança em que se investiu pouco na primeira infância. “Em contraste, as habilidades não-cognitivas tem uma resposta mais uniforme ao longo da infância e da adolescência. É possível, desse modo, remediar baixos investimentos em habilidade cognitiva na primeira infância com investimentos mais elevados em habilidades não-cognitivas em idades mais avançadas.”
Segundo Cunha, o modelo econômico de formação de capital humano que Heckman e ele publicaram em 2007 havia sido inspirado em estudos experimentais de pequena escala, envolvendo cerca de 120 crianças. “O estudo que foi premiado confirma que as equações do modelo de 2007 são uma boa descrição do desenvolvimento de capital humano de 2 mil crianças que foram observadas desde o nascimento até os 15 anos de idade”, afirma ele.
Chegar às equações exigiu a superação de alguns problemas, diz Cunha. “Primeiro, não existia uma escala de medida para habilidades cognitivas e não-cognitivas. Por exemplo, para medir temperatura, temos a escala Celsius. Surpreendentemente, não tínhamos uma escala para medir habilidades. O artigo estabelece escalas naturais para as habilidades cognitivas e não-cognitivas”, afirma ele, explicando que, nesse caso, uma escala natural é, por exemplo, “o salário de uma pessoa na fase adulta da sua vida”. Pessoas com mais habilidades tendem a ter salários mais elevados.
Outro problema a ser superado é que as habilidades e os investimentos são medidos com muito erro. “É muito difícil quantificar o ambiente onde uma criança vive e é ainda mais difícil medir o QI de uma criança que tem 1 ou 2 anos de idade”, diz Cunha. “A técnica econométrica é matematicamente muito complicada por causa desse problema de erro de medida. Mas, se não tivéssemos resolvido esse problema, não poderíamos responder essa pergunta."
O terceiro problema, segundo ele, é que não se podiam fazer hipóteses sobre a fórmula matemática das equações. “Então, tinhamos que desenvolver uma técnica não-paramétrica, o que torna a análise um pouco mais complicada”, diz Cunha, acrescentando que uma técnica não-paramétrica é um “método estatístico que permite que a relação entre duas ou mais variáveis seja obtida sem impor qualquer orientação da teoria”.
Havia ainda um quarto problema. “Os dados eram observacionais e não experimentais. Ou seja, não tínhamos como manipular o ambiente onde as crianças cresciam para poder ver o impacto no desenvolvimento muitos anos mais tarde. Para lidar com esse tipo de problema, os economistas usam, por exemplo, variáveis que afetam diretamente o ambiente, mas apenas indiretamente o desenvolvimento de uma criança”, afirma Cunha. “Nós tivemos que estudar como adaptar essa técnica de estimação para um modelo não-paramétrico e com dados que têm muito erro de medida.”
A Sociedade Econométrica é uma instituição internacional que tem o objetivo de promover o avanço da teoria econômica em sua relação com a estatística e a matemática. “O prêmio é um incentivo a continuar nessa linha de pesquisa, pois ainda existem muitas questões em aberto”, afirma Cunha, que fez o mestrado na Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getulio Vargas (FGV) e é PhD pela Universidade de Chicago.
Leia mais em:
http://www.valor.com.br/brasil/3544888/brasileiro-e-um-dos-vencedores-de-premio-da-sociedade-econometrica#ixzz3Bz62jDGF
31 agosto 2014
Testando População na Auditoria
Um alto funcionário da KPMG defendeu, na revista Forbes (The Future of Audit, James Liddy), que as auditorias, que hoje testam pequenas amostras de transações para extrapolar para o universo dos dados, podem, no futuro, examinar 100% das transações:
Today, in many cases we perform procedures over a relatively small sample of transactions – as few as 30 or 40 – and extrapolate conclusions across a much broader set of data. In the future, using high powered analytics, auditors will have the capacity to examine 100 percent of a client’s transactions. We will be able to sort, filter and analyze tens of thousands or millions of transactions to identify anomalies, making it easier to focus in on areas of potential concern and drill down on those items that may have the highest risks.
Realmente uma ideia ousada na auditoria.
Today, in many cases we perform procedures over a relatively small sample of transactions – as few as 30 or 40 – and extrapolate conclusions across a much broader set of data. In the future, using high powered analytics, auditors will have the capacity to examine 100 percent of a client’s transactions. We will be able to sort, filter and analyze tens of thousands or millions of transactions to identify anomalies, making it easier to focus in on areas of potential concern and drill down on those items that may have the highest risks.
Realmente uma ideia ousada na auditoria.
O brasileiro é conservador?
O que é aceitável ou não para as pessoas? Isto depende do lugar onde você mora. Uma pesquisa com mais 40 mil pessoas, de 40 países diferentes, incluindo o Brasil, questionou as pessoas sobre temas polêmicos: casos fora do casamento, jogo, homossexualidade, aborto, sexo antes do casamento, consumo de álcool, divórcio e uso de contraceptivos. As respostas variaram de acordo com o país.
O Brasil pode ser considerado, em geral, um país nem conservador nem liberal. Os brasileiros responderam contrários a ter um caso fora do casamento, o jogo, o aborto e o uso de álcool (!); as respostas obtidas nestes itens foram superiores do que a média mundial. Mas foram mais liberais nas restrições a homossexualidade, o sexo antes do casamento, o divórcio e o uso de contraceptivos.
O Brasil pode ser considerado, em geral, um país nem conservador nem liberal. Os brasileiros responderam contrários a ter um caso fora do casamento, o jogo, o aborto e o uso de álcool (!); as respostas obtidas nestes itens foram superiores do que a média mundial. Mas foram mais liberais nas restrições a homossexualidade, o sexo antes do casamento, o divórcio e o uso de contraceptivos.
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