Translate

29 agosto 2014

Desvendando o lucro do BNDES

O real resultado do BNDES
Sérgio Lazzarini *
O Estado de S.Paulo, 27 de agosto de 2014

O BNDES reportou um lucro recorde de R$ 5,4 bilhões referente ao primeiro semestre deste ano, valor 67,8% superior ao obtido em 2013. Ao cidadão sem tempo para entrar nos detalhes do que gerou esse resultado, a impressão que fica é de um banco público de extraordinário desempenho e que refuta, com seus resultados, as críticas à acelerada expansão das suas operações nos últimos anos. Ao cidadão que decide investigar os números, entretanto, a realidade é outra.

"A transparência é um dos princípios que o BNDES preza no seu relacionamento com a sociedade", diz um trecho da sua página de internet. De fato, na seção denominada relação com investidores, o cidadão pode ver detalhes das demonstrações financeiras e diversas explicações sobre os resultados.

Especificamente sobre o resultado do primeiro semestre de 2014, o banco atribuiu o lucro recorde, entre outros fatores, à melhoria no desempenho do seu braço de investimentos, o BNDESPAR, que aplica sua carteira em participações societárias de empresas, muitas delas negociadas em Bolsa, e outros ativos financeiros.

Na página, o banco conclui ressaltando "a boa gestão das operações da carteira da BNDESPAR". A afirmação, contudo, merece ressalvas, uma vez que no primeiro semestre de 2013 o próprio relatório do BNDESPAR reportou perda de valor de sua carteira, que impactou negativamente o resultado naquele período. Essa mesma provisão para perda já havia ocorrido ao longo de 2012. Ao comentar o mau resultado daquele ano, o banco pôs a culpa no mercado, dizendo que sua carteira é "sensível a mudanças na situação econômica do País e do mundo".

E o que o fez o resultado do último semestre melhorar? A resposta está no próprio mercado: enquanto a Bolsa despencou ao longo do primeiro semestre de 2013, o inverso ocorreu este ano, permitindo ao banco reduzir as provisões para perda de valor dos seus ativos. Ou seja: quando sua carteira vai mal, o BNDES põe a culpa no mercado; quando vai bem, o mérito é da sua "boa gestão"! Ironicamente, o que acabou animando o mercado acionário neste ano foi justamente a queda de popularidade do atual governo, controlador do BNDES, aumentando as chances de segundo turno nas eleições.

Ainda seguindo com a sua explicação sobre o resultado do semestre, o BNDES diz que "outro fator que influenciou positivamente o lucro de junho foi o aumento de 19,3% do resultado de intermediação financeira". Essa rubrica engloba os repasses de crédito do BNDES e o resultado de rendimentos dos seus ativos. Porém, do total de receitas consolidadas com intermediação financeira no período, R$ 8,4 bilhões vieram não das operações de repasse de crédito em si (a atividade central do banco), mas de aplicações em títulos e rendas com operações vinculadas ao Tesouro. Esses itens representaram nada menos que 43% das receitas com intermediação do banco.

O que são essas operações? Como todo banco, o BNDES tem ativos e pode aplicá-los no mercado, rendendo juros. Não menos importante, como já detectado por especialistas em contas públicas como Mansueto Almeida e José Roberto Afonso, parte dos títulos do BNDES é de transferências do próprio governo, que se tem endividado para capitalizar o banco. Ocorre que o governo empresta ao BNDES dinheiro atrelado a uma taxa subsidiada, a TJLP, atualmente em 5% ao ano, muito inferior às taxas de mercado. E o contexto foi mais uma vez favorável: a taxa de referência do mercado, a Selic, saltou de 7,25% para 11% ao ano do começo de 2013 para cá.

Com isso, o governo se endivida e repassa ao BNDES ativos que rendem muito mais que a taxa subsidiada do governo. Ao aumentar o lucro da sua controlada, o governo pode, então, usar parte desse lucro como dividendos e inflar o seu superávit. Convenhamos: com tantas manobras, fica difícil de acreditar que a atual gestão do BNDES e o seu controlador realmente tenham transparência como um de seus pilares.

*Sérgio Lazzarini é professor titular do Insper, autor de 'Capitalismo de Laços' e de 'Reinventing State Capitalism'. Email: sergiogl1@insper.edu.br -

Frase

"evitar que se escondam informações relevantes [à sociedade]".

Vânia Borgerth, assessora em Contabilidade e Transparência do Mercado do BNDES, sobre a metodologia proposta pelo relato integrado, ao Valor Econômico. O BNDES está sendo obrigado a divulgar informações sobre empréstimos realizados.

Mapa

Metrô: Diferença entre Brasil e China.

Petrobrás e Vaca Muerta

Apesar dos diversos erros cometidos pela empresa Petrobrás nas decisões de investimento no exterior, a empresa continua apoiando o risco. Segundo o El País, a empresa estatal brasileira decidiu investir na região de Vaca Muerta na exploração de petróleo e gás. Onde fica Vaca Muerta? Na estável Argentina, que atualmente vive uma crise da dívida e possui um governo imprevisível.

Listas: Jovens Economistas brilhantes

Segundo o FMI:

1. Nicholas Bloom, 41, British, Stanford University, uses quantitative research to measure and explain management practices across firms and countries. He also researches the causes and consequences of uncertainty and studies innovation and information technology.

2. Amy Finkelstein, 40, American, MIT, researches the impact of pub- lic policy on health care systems, government intervention in health insurance markets, and market failures.

3. Raj Chetty, 35, Indian and American, Harvard University, received his Ph.D. at age 23. He combines empirical evidence and economic theory to research how to improve government pol- icy decisions in areas such as tax policy, unemployment insurance, education, and equality of opportunity.

4. Melissa Dell, 31, American, Harvard, examines poverty and insecurity through the relationship between state and non-state actors and economic development, and studies how reforms such as government crackdowns on drug violence can influence economic outcomes.

5. Kristin Forbes, 44, American, Bank of England and MIT, has held positions in both academia and the economic policy sphere, where she applies her research to policy questions related to international macroeconomics and finance.

6. Roland Fryer, 37, American, Harvard, focuses on the social and political economics of race and inequality in the United States. His research investigates economic disparity through the development of new economic theory and the implementation of randomized experiments.

7. Xavier Gabaix, 43, French, New York University (NYU), has researched behavioral economics, finance, and macro- economics, including corporate executives' compensation levels and asset pricing.

8. Gita Gopinath, 42, American and Indian, Harvard, studies international macroeconomics and trade with a focus on sovereign debt, the response of international prices to exchange rate movements, and the rapid shifts in relative value among world currencies.

9. Esther Duflo, 42, French and American, Massachusetts Institute of Technology (MIT) and the Jameel Poverty Action Lab, focuses on microeconomic issues in developing economies, including household behavior, education, access to finance, health, and policy evaluation.

10. Matthew Gentzkow, 39, American, University of Chicago, applies micro- economic empirical methods to the economics of the news media, including the economic forces driving the creation of media products, the media and the digital environment, and the media's effect on education and civic engagement.

11. Emmanuel Farhi, 35, French, Harvard, is a macroeconomist who focuses on monetary economics, international economics, finance and public finance, including research on global imbalances, monetary and fiscal policy, and taxation.

12. Oleg Itskhoki, 31, Russian, Princeton University, specializes in macroeconomics and international economics with a focus on globalization, inequality and labor market out- comes, international relative prices and exchange rates, and macroeconomic policy in open economies.

13. Hélène Rey, 44, French, London Business School, focuses on the determinants and consequences of external trade and financial imbalances, the theory of financial crises, and the organization of the international monetary system.

14. Emmanuel Saez, 41, French and American, University of California, Berkeley, is recognized for using both theoretical and empirical approaches to income inequality and tax policy.

15. Jonathan Levin, 41, American, Stanford, is an expert on industrial organization and microeconomic theory, specifically on the economics of contracting, organizations, and market design.

16. Atif Mian, 39, Pakistani and American, Princeton, studies the connections between finance and the macro economy. He is coauthor of the critically acclaimed House of Debt, which builds on powerful new data to describe how debt precipitated the Great Recession and continues to threaten the global economy.

17. Emi Nakamura, 33, Canadian and American, Columbia University, is a macroeconomist whose fields of research include monetary and fiscal policy, business cycles, finance, exchange rates, and macreconomic measurement.

18. Nathan Nunn, 40, Canadian, Harvard, focuses his research on economic history, economic development, political econ- omy and international trade. Of particular interest is the long-term impact of historic events such as slave trade and colonial rule on economic development.

19. Parag Pathak, 34, American, MIT, played a role in apply- ing engineering approaches to microeconomics. His research focuses on market design, education and urban economics.

20. Thomas Philippon, 44, French, NYU, studies the interactions of finance and macroeconomics: risk premia and corporate investment, financial crisis and systemic risk, and the evolution of financial intermediation.

21. Amit Seru, 40, Indian, University of Chicago, researches financial intermediation and regulation as well as issues related to corporate finance, including resource allocation within and between firms, and organizational incentives.

22. Amir Sufi, 37, American, University of Chicago, is coauthor of House of Debt. He studies links between finance and the macro economy, including the effect of house prices on spending and the effect of corporate finance on investment.

23. Iván Werning, 40, Argentine, MIT, is a macroeconomist who aims to improve tax and unemployment insurance policies via theoretical economic models. As well as optimal taxation, he studies stabilization and monetary policy, including macroprudential policy.

24. Justin Wolfers, 41, Australian and American, Peterson Institute for International Economics and University of Michigan (on leave), studies labor economics, macroeconomics, political economy, law and economics, social policy, and behavioral economics. In addition to his research, Wolfers is a columnist for The New York Times.

25. Thomas Piketty, 43, French, Paris School of Economics, is known for his research, with Emmanuel Saez, on the distribution of income and wealth. His bestseller, Capital in the Twenty-First Century, argues that global inequality will increase because the rate of capital return in developed economies is higher than the rate of economic growth, exacerbating wealth inequality.

28 agosto 2014

Rir é o melhor remédio




Vida de esquilo

Curso de Contabilidade Básica: Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa 3

A provisão para crédito de liquidação duvidosa ou provisão de devedores duvidosos deve levar em consideração a probabilidade da empresa não receber os valores prometidos pelos seus clientes (Apesar de existir uma controvérsia com respeito da denominação desta provisão, o certo é que o termo é amplamente utilizado, inclusive por grandes empresas). É uma estimativa da chance de transformação de um ativo menos líquido, no caso os valores a receber, em caixa. Existem dois setores onde a constituição, as baixas e os saldos da Provisão são fundamentais no desempenho das empresas: as empresas com elevadas comercialização a prazo e as instituições financeiras.

As chances de recebimento podem variar conforme as características e qualidades do crédito. Assim, um cliente com caráter, capacidade de pagamento, com capital, com condições e garantias (colateral) – os cinco C´s do crédito – terá uma chance maior de pagamento do que um cliente com um histórico de atrasos. Cada empresa deve fazer uma análise da sua carteira antes de proceder a classificação.


Considere o exemplo do Bradesco. Este banco divide sua carteira de crédito, classificando seus clientes como AA (menor risco), A, B, até H, sendo estes de maior risco. Uma carteira com mais clientes H será uma carteira com maior risco; maior concentração nas primeiras letras do alfabeto representa menos risco. Os clientes AA possuem grande qualidade e o Bradesco não constitui provisão para eles. Os clientes A possuem um risco maior e no mínimo a provisão é de 0,5% do valor do crédito. No final do primeiro trimestre a carteira destes clientes era de R$138 bilhões e por este motivo a provisão mínima deveria ser de 691 milhões de reais ou 0,5% x 138 bilhões. Fazendo um saldo, os clientes F não são tão confiáveis e por este motivo a provisão deste grupo é de 50% do valor. Como o Bradesco tinha R$2,8 bilhões de títulos com estes clientes, a provisão mínima para estes clientes seria de 1,4 bilhão. E os clientes H? Este grupo é tão questionável que a provisão é integral. Ou seja, os 10,5 bilhões de reais devem ser considerados como totalmente provisionados.