Muitas vezes a empresa é obrigada a fazer um depósito numa conta bancária referente a um processo que está tramitando na justiça. Se a empresa perder o processo, o valor do depósito fica com a outra parte; se ganhar, a empresa poderá usar os montantes que estão numa instituição financeira. Caso a empresa acredite no sucesso da causa, os valores podem ser considerados como um ativo.
Para discutir sobre estes depósitos tomamos o balanço patrimonial da empresa Grazziotin, que atua na região Sul no comércio varejista. Esta empresa apresentou o seguinte balanço patrimonial da controladora:
Além dos depósitos Judiciais destaquei também dois outros aspectos: primeiro, a empresa, assim como muitas outras, ainda chama o lado direito de “passivo”. Segundo, a empresa denomina seu patrimônio líquido de “investimentos”.
Quanto aos depósitos judiciais, o valor era de 19 milhões no final do primeiro trimestre de 2013 e de 23,3 milhões no final de março de 2014. Mas no primeiro período este item era considerado como uma conta negativa do passivo não circulante e no segundo como uma conta positiva do realizável a longo prazo (com o nome de “depositos judicias”). O que ocorreu entre os dois períodos? Segundo a empresa este item foi reclassificado em 2014 para atender a uma norma contábil, no caso o CPC 26, que determina que estes valores sejam considerados como parte do ativo. Ou seja, o valor negativo no passivo foi realocado para ficar, com o saldo positivo, no ativo.
Aparentemente esta classificação não afeta o resultado. Mas não é bem assim. Um das informações mais relevantes de uma empresa é o endividamento. Considere a relação entre o passivo e o total do ativo. Se em 31 de março de 2013 este valor estivesse no ativo (e não no passivo como apresentado pela empresa), o endividamento seria de 25,9%, e não 22,6% como estão no balanço apresentado. Ou seja, a classificação inadequada dos depósitos judiciais traz uma diferença de 3,3% no endividamento da empresa.
O comportamento do mercado de trabalho no Brasil é um tema que merece uma maior reflexão da sociedade, notadamente sob os aspectos econômicos e políticos. A economia brasileira passa por um quadro inusitado, com taxas de crescimento da economia (PIB) muito baixas nos últimos anos, e um mercado de trabalho próximo do pleno emprego. Esse contexto instigante, quase paradoxal, indica que é preciso analisar e explicar melhor o que está ocorrendo nesse importante mercado.
Os grandes números do mercado de trabalho no País, medidos pelo IBGE, revelam que um contingente de 91,2 milhões de pessoas tinha alguma ocupação no primeiro trimestre de 2014, contra os 91,8 milhões verificados no trimestre imediatamente anterior. Por sua vez, o número de brasileiros desocupados passou de 6,1 milhões para 7,0 milhões entre o quarto trimestre de 2013 e o primeiro de 2014. Na comparação com o último trimestre de 2013, houve aumento na taxa de desemprego em todas as regiões.
Deve-se destacar, nesta análise, que a elevação da população não economicamente ativa tende a ocorrer, em geral, pela postergação da entrada no mercado de trabalho dos jovens, fruto do crescimento da renda familiar, e a um fator conjuntural, em decorrência da disseminação de informações pessimistas da economia. Assim, em um cenário de redução de crescimento da economia, a difusão de informação de que empresas não estão admitindo faz com que as pessoas se retraiam naturalmente, deixem de procurar empregos. Para agravar esse cenário, registre-se que existe um contingente significativo de jovens brasileiros que não estudam e nem trabalham, contribuindo para elevar o tamanho da população não economicamente ativa.
Para uma melhor compreensão do que está ocorrendo no mercado de trabalho, diante de sua complexidade, é necessário levar em consideração, também, o tempo que o trabalhador permanece na fila do desemprego. Nesse sentido, merecem destaque os dados que mostram um preocupante aumento do contingente dos que estão buscando um novo emprego há mais de um ano, que se aproximam de 18%. Esse dado evidencia que os efeitos decorrentes do baixo desempenho da economia brasileira estão chegando ao mercado de trabalho, dando início a um inquietante processo de deterioração nesse mercado.
Pode-se concluir, assim, que as taxas baixas de desemprego no Brasil deverão iniciar nos próximos meses um processo de deterioração, em função das perspectivas desfavoráveis no desempenho da economia brasileira. Assim, é preciso alertar que o cenário do mercado de trabalho no Brasil merece mais atenção do que comemoração.
O agravamento do mercado de trabalho no Brasil - José Matias-Pereira
*José Matias-Pereira é professor de administração pública e pesquisador associado do programa de pós-graduação em contabilidade da Universidade de Brasília (UNB)
Este é mais um livro da série “Guia Politicamente Incorreto (...)” da editora Leya. Esta coleção fez sucesso com outros temas e a fórmula tenta captar a atenção do leitor interessado em futebol. Mais de 400 páginas e 18 capítulos, o texto trata de assuntos diversos como racismo, seleção de setenta, batalha dos Aflitos, Barcelona, Pelé e Maradona.
Como o próprio título induz, algumas das posições dos autores são polêmicas, como é a afirmação de que “Messi não é um bom garoto” (último capítulo). O problema é que o livro, escrito por jornalistas, cai na “faláciado jornalista”. Esta falácia acontece quando se toma um ou dois depoimentos e fazem conclusões apressadas. No caso do Messi, o livro usa três acontecimentos para fazer esta conclusão.
Outros pontos levantados, como o “futebol não é um bom negócio”, já mereceu uma análise muito mais interessante e profunda no Soccernomics, por exemplo. Para quem já leu Soccernomics, o texto deste Guia é mais superficial.
Mas é inegável que a leitura do livro é agradável. O formato ajuda e os capítulos podem ser lidos de maneira independente. Neste sentido, os problemas apontados anteriormente não prejudicam a leitura.
Vale a pena? Para quem gosta de futebol, inclusive discutir futebol, é interessante sua leitura. Pode acrescentar polêmica nas conversas com os amigos.
En los países más desarrollados del mundo, en los más modernos y en las democracias más sólidas, el voto político es facultativo.
Entre los 10 países más ricos del planeta, en todos, menos en Brasil, ir a las urnas ha dejado de ser obligatorio o nunca lo ha sido.
Hoy el voto facultativo está vigente en 205 países del mundo y solo en 24 de ellos (13 en América Latina) sigue siendo obligatorio.
¿Habría que deducir de ello que esos países, empezando por Brasil, no son ni modernos ni cuentan aún con una democracia consolidada? Quizás no, pero según no pocos analistas políticos, de llevarse a cabo la tan anunciada y nunca realizada reforma política, debería empezar por admitir el voto facultativo, ya que una de las características de una democracia real y no solo virtual es que proteja los mayores espacios de libertad de los ciudadanos.
¿Es posible que un derecho se convierta en un deber? ¿Que alguien pueda ser castigado con sanciones en una democracia por no querer ejercer un derecho?
No ha sido probado que el voto obligatorio mejore las democracias del mundo ni que aumente la participación ciudadana en las elecciones
El derecho del voto extendido a todos los ciudadanos, varones o mujeres, ilustrados o analfabetos, fue una de las mayores conquistas de las democracias liberales. Todos, sin distinción de sexo o posición social, tienen el derecho a poder participar en la vida polìtica a través del voto que permite elegir a los representantes de la vida pública.
Ello no significa, sin embargo, que deba ser obligatorio ni merecedor de castigos el dejar de hacer uso de dicho derecho. Sobre todo porque no ha sido probado que el voto obligatorio mejore las democracias del mundo ni que aumente en ellas la participación ciudadana en las elecciones.
La mayor o menor participación depende sobre todo del interés o desinterés que los ciudadanos demuestren frente a cada elección. Incluso el voto llamado “anti-política” (como, por ejemplo, el nulo o en blanco), no significa un voto contra la democracia o contra la legítima Constitución del país. Puede indicar, sencillamente, una forma de descontento con el modo de gobernar de los políticos elegidos democraticamente, o sencillamente la voluntad de dar paso a nuevas formas de democracia más modernas y más adaptadas a los nuevos instrumentos de comunicación global que hoy ofrece la tecnología.
Manifestarse en contra de la obligatoriedad del voto tampoco significa que los que están en contra de dicha obligatoriedad vayan a dejar de votar , sino simplemente que prefieren, en aras de la democracia, que cada uno sea libre de participar o no.
Si Brasil, séptima potencia económica del mundo, con una democracia reconocida por todos donde existe la separación de los tres poderes, sigue entre los 24 países que aún obligan a votar, significa, como mínimo, una clara anomalía democrática.
La ultima vez que la encuesta Datafolha, hace cuatro años, publicó los índices de brasileños que preferirían que el voto fuera facultativo, quedó claro que la gran mayoría (64%) preferían que el voto no fuera obligatorio. Y entre ese 64% figuraban sobre todo los más instruidos y los jóvenes.
¿No bastaría ese índice, que seguramente hoy sería aún mayor, para que se incluyera en la reforma política la libertad de votar?
Por si fuera poco, otro sondeo indicó que el 30% de los votantes ya había olvidado el nombre del candidato votado a los 20 días de ir a las urnas. ¿Será ese el fruto de la obligatoriedad del voto?
Como ha escrito Nicolás Ocarazán: “El voto obligatorio es una manera desesperada para intentar que los apáticos vayan a las urnas. Pero si la política es incapaz de seducirles por la vía de las ideas para qué obligarles a participar a un sistema incapaz de ser representativo y participativo?”.
La resistencia de los políticos brasileños al voto facultativo, en contra de la gran mayoría de los países del mundo, podría llevar a pensar que más que de la defensa de un derecho se trate de intereses inconfesables que poco tienen que ver con la defensa de los valores de la verdadera democracia. Juan Arias - El Pais (grifo nosso)
10 – Darmouth College – 94 mil US$
9 – London Business School – 110 mil
8 - London School of Economics and Political Science – 80 mil
7 - Northwestern University – 89 mil
6 - Columbia University – 96 mil
5 - University of Chicago – 95 mil
4 - Massachusetts Institute of Technology - 93 mil
3 - University of Pennsylvania (The Wharton School) – 98 mil
2 - Stanford University – 99 mil
1 - Harvard University - 95 mil (foto)
É interessante notar que a Universidade do Texas, de Austin, considerada a melhor na área contábil, ficou em 24º. Lugar.
Gustavo H.B. Franco - O Estado de S.Paulo Seguindo-se à Copa do Mundo, em Fortaleza, o governo brasileiro resolveu comprometer até US$ 38 bilhões em uma iniciativa diplomática cujos supostos benefícios se parecem, na sua subjetividade, com os da própria Copa. Os custos, porém, são muito concretos: o equivalente a 114 estádios (ao custo unitário de US$ 0,33 bilhão), ou dois trens-bala, em dinheiro inexistente, o que indica algo entre a indiferença e o desprezo pelo contribuinte brasileiro.
Trata-se do banco do Brics, um banco de fomento, que receberia duas chamadas de capital, ambas de US$ 50 bilhões, a primeira já, e cabendo a cada sócio 20% da subscrição. O banco seria também o administrador de um fundo de liquidez de até US$ 100 bilhões dos quais caberia ao Brasil contribuir com o equivalente a 18% do total, tal como Rússia e Índia. Os porcentuais para a China e para a África do Sul seriam de 41% e 5%, respectivamente.
Tudo somado, US$ 38 bilhões, a maior parte a desembolsar depois de terminado o mandato de Dilma Rousseff.
Como é possível comprometer tanto dinheiro no final de uma administração em um projeto que reflete opções muito particulares e partidárias de política fiscal e de diplomacia econômica?
De onde saem os US$ 38 bilhões e em detrimento de que outras prioridades? Como será usado esse dinheiro?
Como não existem respostas para as primeiras duas perguntas (sobre as quais os órgãos de controle do setor público deveriam se debruçar), o texto que se segue trata apenas da última.
O Brasil participa de diversos bancos de desenvolvimento multilaterais, e em todos eles prevalece uma espécie de regra de ouro segundo a qual o capital colocado pelo Brasil precisa ser alocado em projetos de interesse do Brasil, sendo esta uma contabilidade que os funcionários brasileiros nessas instituições zelam para que seja cumprida à risca, ou com sobra. Já passamos da fase onde o País recebia mais do que aportava, como é típico dos países pobres, mas ainda não estamos na categoria dos ricos que conscientemente aceitam receber em empréstimos menos do que contribuem, e que se esmeram na definição das condições associadas ao uso dos recursos abrangendo impactos sociais e ambientais, e mesmo precauções contra a corrupção.
No caso em tela, onde o banco de desenvolvimento é formado por cinco países de renda média, a tendência será a formação de cinco balcões segregados, cada qual falando o próprio idioma e cuidando dos próprios negócios. O assunto fica mais politizado, mas não muito diferente, se o banco for operar em outros países, pois cada sócio vai criar a própria clientela, sabe-se lá com que critérios.
A prevalecer esta compartimentalização, o leitor estará correto em pensar que, para tratar do nosso pedaço, já temos o BNDES. Em vez de uma nova sede, bastava mais uma sala na Avenida Chile e um contrato de terceirização, com isso evitando boa parte dos custos administrativos e do aprendizado do novo veículo.
Entretanto, essa solução engenhosa e econômica resulta em criar um pequeno monstro: um canal de transferências regulares entre o Tesouro e o BNDES, que transitariam pelo novo banco só num relance contábil. Seria uma espécie de aprofundamento do modelo de "conta movimento" desenvolvida nos últimos anos, agora apensado a uma obrigação internacional. É mais um prego no caixão do equilíbrio fiscal, uma marca desse governo.
É verdade que os bancos de desenvolvimento podem ir além dos limites do próprio capital captando recursos em mercado a custos inferiores do que alguns de seus sócios seriam capazes de obter em captações individuais. Mas são poucos os que conseguem: o Banco Mundial, assim como a Corporação Andina de Fomento emitem instrumentos de dívida com muito sucesso há muitos anos, pois mantêm uma estrutura de capital conservadora e um histórico honrado de financiamentos a projetos com bons retornos e boas parcerias, inclusive com outros bancos de desenvolvimento.
Quanto tempo e quantos bilhões serão necessários até o banco do Brics chegar a esse amadurecimento? Com cinco sócios que pouco se conhecem, e com agendas tão diferentes, não seria mais plausível imaginar que a construção seja longa e dispendiosa, e talvez não chegue a lugar algum? E o risco de captura pelas agendas imperialistas de Rússia e China?
Outro assunto é o fundo para oferecer liquidez em bases temporárias a membros do grupo, ou a seus amigos. É fácil especular sobre esses assuntos quando todos estão com reservas sobrando, mas não vamos nos iludir que haja alguma ideia nova no arranjo. Desde a Conferência de Bretton Woods em 1944, quando o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) foram criados, algumas das melhores cabeças desse planeta estão matutando sobre a organização de mecanismos estabilizadores para a economia global, e já há muita experiência acumulada, em várias direções, a partir da atuação do FMI.
O conceito básico aqui é simples: os empréstimos do FMI têm a natureza de um "redesconto bancário", ao passo que o fomento cabe ao Banco Mundial. A missão do FMI é ofertar reservas internacionais emprestadas por prazos curtos para países com dificuldades temporárias de balanço de pagamentos, a custos que não precisam ser especialmente punitivos, mas cujo uso deve ser caro a ponto de estimular o mutuário a não praticar as condutas que levam à necessidade de utilizar esses recursos. A missão do FMI é ajudar a restaurar o equilíbrio externo dos participantes da economia global, mas sem incentivar o desequilíbrio. A rede de proteção permite que o trapezista faça manobras mais ousadas, ou seja, cria um problema conceitual nada simples e para o qual não existe ainda uma bala de prata.
A ideia de um novo fundo para complementar a atuação e os recursos do FMI é bem vinda, mas ociosa, pois nada impede que cada um dos países do Brics participe dos pacotes de financiamento que o FMI organiza. Não há muita clareza sobre esse tópico, mas volta e meia aparece a ideia que o novo fundo poderia "competir" com o FMI e montar programas alternativos de apoio em "outras bases", o que apenas pode ser tomado como um bom roteiro para um romance de ficção científica, onde o contribuinte morre no fim.
Afastados esses delírios, fica a impressão de que, independentemente do que vai acontecer com o novo banco, a cooperação Sul-Sul teve aqui uma epifania, e quem pensava que a política externa era apenas uma diversão barata há de ter se surpreendido.
Nada é definitivo, felizmente, e se a hesitação em assinar cheques mostrar-se, uma vez mais, proporcional aos desentendimentos esperados entre os países do Brics, o desfecho provável desse minueto será alguma solução barata e que preserve os "ganhos conceituais", esta é a linguagem diplomática para as ideias que não voam.