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02 abril 2014

Rir é o melhor remédio

Do livro "Un libro ilustrado de malos argumentos"

Resenha: Un libro ilustrado de malos Argumentos

Um dos grandes desafios de uma cientista é evitar as armadilhas do raciocínio e dos argumentos. Quando usamos o argumento de autoridade – por exemplo, citando Pacioli em Contabilidade ou Hicks em Economia – é uma forma de reforçar nossas ideias. Mas o argumento de autoridade deve ser usado apelando para uma autoridade pertinente. Na segunda feira, numa aula sobre inflação e contabilidade, uma aluna usou no seu argumento um livro de contabilidade gerencial. Esta é a típica situação onde usamos uma autoridade “irrelevante”. Outra situação é apelar para a “sabedoria ancestral”. Por exemplo, a astrologia era praticada pelas civilizações ancestrais e, por isto deve ser uma ciência verdadeira.

O livro Un libro ilustrado de malos Argumentos apresenta uma série de argumentos ruins que são usados diariamente nas nossas conversas ou nos textos científicos. O livro possui uma versão inglesa e outra espanhola. Em ambos, em cada folha aparece do lado esquerdo um texto explicativo e do lado direito uma ilustração bem humorada onde a argumentação é apresentada usando animais. Isto torna a leitura agradável e fácil de ser entendida. Ao terminar a leitura fica a impressão que cometemos tantos erros de argumentação.

Vale a pena? Como leitura preliminar é um livro interessante. Além disto, a obra é muito didática e pode ser lida gradualmente.

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ALMOSSAWI, Ali. Un libro ilustrado de malos Argumentos. Março de 2014, via aqui

Peso das Demonstrações Contábeis

Recentemente a CVM anunciou que está estudando medidas para redução da quantidade de informações disponibilizadas para os investidores. De igual modo, o Iasb também está analisando medidas que possam reduzir as notas explicativas, a principal culpada pelo grande aumento na quantidade de páginas disponibilizadas para os usuários. Aparentemente os órgãos reguladores parecem que desejam que os usuários tenham menos informação.

Mas parece que realmente existe algo errado com as empresas. A possibilidade de divulgar as informações principalmente na rede social reduz enormemente o custo da informação. Além disto, o “Control C, Control V” estimula que as informações que eram relevantes no ano passado sejam reproduzidas este ano. Mais páginas para os analistas lerem.

Dois aspectos devem ser considerados. Em primeiro lugar, o excesso de informação parece que não ajuda muito a qualidade da análise. Algumas pesquisas já mostraram que aumentar a quantidade de informação não significa, necessariamente, melhorar a qualidade da decisão. Em segundo lugar, o aumento dos números de páginas, num mundo com excesso de informação, não significa que as empresas estão atraindo a atenção dos analistas. Muito provavelmente os usuários não irão ler mais páginas sobre a empresa. Isto tem sido objeto de estudo da economia da atenção. Como o tempo do usuário é constante, sua opção é entre ler páginas maçantes de demonstrações contábeis versus curtir fotografias de amigos numa rede social.

Veja o exemplo da Petrobras: sua demonstração financeira padronizadas possui 118 páginas. Mais 75 páginas do relatório de administração, totaliza quase 200 páginas para conhecer o desempenho da empresa no fechamento do ano. Mas isto não é privilegio de uma estatal: as demonstrações do Bradesco contam com 130 páginas do relatório de sustentabilidade e 146 das demonstrações contábeis.

Uma pesquisa recente realizada nos Estados Unidos mostrou que o tamanho do relatório pode indicar mais do que um excesso de informação. Segundo Tim Loughran e Bill McDonald, da Notre Dame, o tamanho da informação contábil pode revelar sobre as perspectivas da empresa. Comparando o tamanho dos relatórios com a volatilidade do mercado, eles descobriram que o tamanho ajuda a entender a volatilidade do mercado. Ter menos informações para analisar faz com que a avaliação da empresa seja feita de forma mais simples e natural.

Leia mais em LOUGHRAN, Tim; MCDONALD, Bill. Measuring Readability in Financial Disclosures. Journal of Finance, 2014. (Uma versão pode ser encontrada aqui. Um resumo menos técnico pode ser encontrado aqui).

Caixa, muito caixa

Uma estimativa feita pela Bloomberg indica que as empresas dos Estados Unidos, exceto as financeiras, possuíam 1,64 trilhão de dólares no final de 2013. Isto representa 12% a mais que o ano anterior, um recorde histórico.

Entre as empresas com maior volume, Apple, Microsoft, Google e Verizon. Ter muito caixa pode ser interessante para uma empresa quando deseja não depender dos empréstimos (e de suas exigências), melhora os índices financeiros, mas atrai investidores ativistas, que tentam forçar a empresa a fazer aquisições arriscadas ou distribuir dividendos.

Mas parte do grande volume de recursos decorre da escolha destas empresas em manter seus recursos líquidos em países com carga tributária reduzida. A mesma Bloomberg informa que o volume de dinheiro das empresas dos EUA fora do país é de 1,95 trilhão, um aumento de quase 12% em relação ao ano passado.

Menos Caixa, menos crime

Uma pesquisa conduzida por uma equipe de economistas e criminologistas mostrou existir uma relação entre dinheiro e crime. Partindo da ideia de que a quantidade de dinheiro em circulação nas ruas é um convite para os criminosos, os pesquisadores procuraram relacionar as duas variáveis. A oportunidade surgiu quando o estado do Missouri adotou um programa de pagamento através de transferência eletrônica através de cartões de débito. A adoção desta forma de pagamento provocou um impacto negativo na taxa de crimes como roubos e assaltos em 9,8%. O programa também afetou o número de prisões, mas não teve efeito sobre os estupros. 

Listas: Países que mais usam "no worries"

A expressão "no worries" está tomando conta da língua inglesa. Os países que mais usam são Malásia, Cingapura e Austrália.