Já apresentamos que a correção parcial das demonstrações contábeis no Brasil deve ter mais de setenta anos de história (1). Também mostramos que o índice de correção das informações geralmente era menor que a inflação da economia, caracterizando subestimação do índice usado (2). Este problema, por sinal, será muito debatido na década de oitenta do século passado.
Logo após a aprovação da lei 6.404, no final de 1976, o governo tinha que regular a correção do ativo. Um problema era determinar a correção dos valores dos ativos existentes nas empresas, adquiridos antes da lei. No início de janeiro de 1978 o governo lança uma portaria, estabelecendo os valores da ORTN para os ativos adquiridos antes da lei (3). Assim, para os ativos adquiridos em 1976 o parâmetro seria 1,3. Ou seja, o valor da aquisição seria multiplicado por 1,3. Já para 1968 o parâmetro era de 6,69 e assim por diante. Os valores dados pela portaria são apresentados a seguir:
Como não tínhamos o cálculo da inflação antes de 1939 – o primeiro índice de inflação, da Fipe, começou a ser calculado em fevereiro de 1939, a comparação entre a inflação e o valor da ORTN só pode ser comparado a partir deste ano. Usando o índice Fipe, podemos verificar a variação anual da ORTN dada pela portaria de correção do balanço em 1979 em relação à inflação. Esta comparação encontra-se no gráfico abaixo:
Em 27 anos a inflação da Fipe foi superior a variação da ORTN. Em 12 anos aconteceu o contrário. Ou seja, a variação da correção do balanço esteve abaixo da inflação na maioria dos anos. Mas para certificar se a variação da ORTN era realmente menor que a inflação é necessária verificar a variação acumulada. O gráfico abaixo está apresentando a diferença acumulada. Claramente existe uma diferença entre os dois índices. O gráfico anterior, com a variação anual, mostra que no início da década de sessenta a variação da ORTN foi bastante superior ao IPC da Fipe.
Referências
(1) Sobre a reavaliação, vide esta postagem. Aqui a cronologia da história da contabilidade brasileira. A questão inflacionária antes da lei 6.404 foi tratada aqui
(2) A postagem sobre a correção do imobilizado entre 1939 e 1964 mostra esta subestimação. Vide aqui
(3) O Estado de S Paulo, 14 de janeiro de 1978, p. 21. Para uma análise crítica do problema da subestimação do índice vide o livro de Niyama e Silva, Teoria da Contabilidade, 3ª. edição, 2013, o capítulo específico sobre contabilidade em ambientes inflacionários.
31 março 2014
Xadrez
Terminou ontem o torneio dos candidatos de 2013 de Xadrez. Realizado na Rússia, o torneio reuniu oito jogadores que disputavam o direito de desafiar o maior jogador atual, o norugues Carlsen. Num sistema de disputa em que todos jogavam contra todos, o indiano Anand venceu o torneio com 8,5 pontos, obtidos com três vitórias e nenhuma derrota. A seguir o russo Karjakin, com 7,5 pontos.
Antes da penúltima rodada, Anand liderava com o armênio Aronian em segundo. Aronian é também o segundo no ranking do xadrez. Mas a experiência do indiano parece que foi decisiva: enquanto ele assegurava pontos preciosos, Aronian perdia os seus dois últimos jogos.
No ano passado Anand perdeu o título de campeão mundial para o jovem Carlsen. Agora, no segundo semestre, terá a chance de recuperar o título. Apesar de Carlsen ser o melhor ranking de todos os tempos, superando inclusive a Kasparov, Anand já foi campeão do mundo várias vezes e sabe como administrar seu jogo numa situação de tensão. Na disputa de 2013 ele começou pressionando bastante o norueguês Carlsen, que teve bastante dificuldade para se defender. Mas na medida que os jogos avançavam, parece que Anand sentiu o cansaço e Carlsen aproveitou para vencer o match.
Antes da penúltima rodada, Anand liderava com o armênio Aronian em segundo. Aronian é também o segundo no ranking do xadrez. Mas a experiência do indiano parece que foi decisiva: enquanto ele assegurava pontos preciosos, Aronian perdia os seus dois últimos jogos.
No ano passado Anand perdeu o título de campeão mundial para o jovem Carlsen. Agora, no segundo semestre, terá a chance de recuperar o título. Apesar de Carlsen ser o melhor ranking de todos os tempos, superando inclusive a Kasparov, Anand já foi campeão do mundo várias vezes e sabe como administrar seu jogo numa situação de tensão. Na disputa de 2013 ele começou pressionando bastante o norueguês Carlsen, que teve bastante dificuldade para se defender. Mas na medida que os jogos avançavam, parece que Anand sentiu o cansaço e Carlsen aproveitou para vencer o match.
Esportes na França
O mapa a seguir apresenta o esporte mais praticado em cada cidade da França:
O verde, que domina o mapa, é o futebol. O tênis, de laranja, no sul e perto de Paris.
O verde, que domina o mapa, é o futebol. O tênis, de laranja, no sul e perto de Paris.
Petrobras e TCU
Nos últimos anos, a Petrobras tem travado uma batalha com o TCU (Tribunal de Contas da União), que apontou em várias auditorias manobras jurídicas, sonegação e atraso de informações por parte da estatal. A Petrobras é a maior empresa do país, cujo plano de investimentos prevê gastos de quase R$ 100 bilhões por ano. São os contratos de obras bilionárias que estão no radar do TCU. A auditoria da polêmica compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, é um dos casos. O autor da denúncia que originou as apurações, o procurador do TCU Marinus Marsico, pediu documentos para fazer a análise da compra em 2012 (Fonte: Aqui)
É interessante que a empresa já chegou a ser premiada como empresa que melhor faz evidenciação de suas informações no mercado de capitais. Isto faz parte, inclusive, de uma questão do livro de Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva. Naquela questão apontava-se a contradição entre a premiação e a posição do TCU, que não obtinha informações da empresa. É certo que são usuários diferentes, mas isto ilustra exatamente a dificuldade de atender a todos os usuários.
É interessante que a empresa já chegou a ser premiada como empresa que melhor faz evidenciação de suas informações no mercado de capitais. Isto faz parte, inclusive, de uma questão do livro de Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva. Naquela questão apontava-se a contradição entre a premiação e a posição do TCU, que não obtinha informações da empresa. É certo que são usuários diferentes, mas isto ilustra exatamente a dificuldade de atender a todos os usuários.
Listas: Fashion Capitals
Alessandra Ambrósio na São Paulo Fashion Week |
Um novo ranking do Global Language Monitor, empresa do Silicon Valley que funciona como uma consultoria para grandes empresas globais de tecnologia, mostra que São Paulo está crescendo não apenas em sua expansão e número de habitantes, mas também dentro do universo da moda.
Em uma lista com 25 cidades, São Paulo ocupa o 15º lugar e ganha o título de “Rainha Fashion da América Latina”.
Nova York roubou o posto que foi de Londres em 2011 e 2012 e hoje está em primeiro lugar. “Nova York ficou em primeiro por conta de sua relação disciplinada, metódica e, ainda assim, criativa com a indústria da moda”, diz Bekka Payack, do GLM.
[...]
Veja a ista completa:
1 – Nova York
2 – Paris
3 – Londres
4 – Los Angeles
5 – Barcelona
6 – Roma
7 – Berlim
8 – Sydney
9 – Antuérpia
10 – Xangai
11 – Tóquio
12 – Milão
13 – Florença
14 – Madri
15 – São Paulo
16 – São Petesburgo
17 – Moscou
18 – Cingapura
19 – Miami
20 – Hong Kong
21 – Praga
22 – Nova Déli
23 – Cracóvia
24 – Varsóvia
25 – Dallas
O Rio de Janeiro foi classificado em 28o.
2 – Paris
3 – Londres
4 – Los Angeles
5 – Barcelona
6 – Roma
7 – Berlim
8 – Sydney
9 – Antuérpia
10 – Xangai
11 – Tóquio
12 – Milão
13 – Florença
14 – Madri
15 – São Paulo
16 – São Petesburgo
17 – Moscou
18 – Cingapura
19 – Miami
20 – Hong Kong
21 – Praga
22 – Nova Déli
23 – Cracóvia
24 – Varsóvia
25 – Dallas
O Rio de Janeiro foi classificado em 28o.
30 março 2014
Fazer um blog é um ato de amor
Eu sou uma pessoa que não entende nada de internet e quanto mais tempo on-line passo, menos entendo. Nunca vou conseguir compreender porque uns posts são mais lidos que outros, porque uns blogs são mais lidos que outros etc. Claro que tem a obviedade: um blog sobre poesia croata com análises no original provavelmente terá pouco acesso, um blog sobre celebridades tem mais chances de ultrapassar o limbo dos cem acessos diários – que é basicamente onde grande parte dos blogs se encontra etc. Mas falar além do óbvio, falar que eu posto sabendo no que vai dar é a maior mentira do universo. Na maior parte das vezes em que um post meu causa problema doméstico ou social o que mais tenho vontade de falar é: “Mas eu já disse tanta coisa pior!”.
[...]
Fico pensando nisso quando vejo essa enxurrada de analista de mídias sociais e internet. Tem até um curso na Escola São Paulo ensinando a fazer “blog pessoal”. Conteúdo programático: como preencher o cadastro do blogspot? O que eles fazem? Viram pro “cliente” e dizem “faz isso aqui que é garantido”? Que furada.
Uma das melhores coisas que já me aconteceu foi trabalhar por duas semanas com uma menina que acredita piamente que compreende a internet. Ela pensa isso por ter um site conhecido, muitos seguidores no Twitter, sono e bocejos. Nunca ocorreu a essa pessoa que todo seu imenso sucesso virtual fosse motivado por: 1) O site ser relativamente legal para um certo público e não cometer erros muito brutais tipo não ter link permanente; 2) Acaso. A pessoa realmente acredita que o site bomba porque ela manja e, portanto, podia fazer outro site e ele fatalmente seguiria o caminho do primogênito. Sabe quantas vezes já ouvi falar do site dela depois de pedir as contas? Nenhuma. Parece que até o primeiro site está miando.
O máximo que eu poderia fazer com alguma honestidade seria ensinar para a pessoa humana virtualmente leiga como ela deveria agir caso tivesse pretensão de ser lida por alguém além da família nuclear, ex-namorados e garotas que a detestavam na escola. Porque eu tenho uma teoria de que qualquer blog tem pelo menos trinta leitores. Daí você me diz “Mentira, o Google Analytics me disse que meu blog passou dias sem um só acesso”. Calma, eu disse que você tinha trinta leitores, não que tinha trinta leitores que entravam todo dia, muito menos trinta pessoas que entravam diretamente no seu site, te dando um pageview e um location de graça. Fato é: existem trinta pessoas que sabem o que está acontecendo no seu blog, então, pare com essa lamúria de “caso algum dos meus três leitores não saiba” etc etc porque essa definitivamente é uma frase que integra o Top 100 de Sentenças Mais Chatas e Repetidas da Internet.
Essas trinta pessoas abençoadas são: sua mãe, todos os seus ex-namorados e as meninas (ou meninos) que não gostavam de você na escola (o que pode evoluir para cursinho, faculdade, trabalho, INSS). Não adianta dizer “ah, minha mãe não sabe ligar o computador”. Confia em mim que ela lê. Não se pode entender leitura como um processo linear e integral. Na melhor das hipóteses alguém vai ligar para sua mãe contando, o que significa que indiretamente ela lê o seu blog. Sabe aquele livro “Como Falar dos Livros que Não Lemos?”, de Pierre Bayard? Famílias são especialistas na versão virtual disso aí. Se não confia em mim vai lá e insere no próximo post “Minha mãe é obesa e viciada em rivotril” e me conta em quantos minutos recebeu uma ligação furiosa.
Fazer um blog é um ato de amor ao próximo. Quando você faz um blog dá a essas trinta pessoas uma função social, coisa de que elas muito careciam. O sujeito deixa de ser seu ex-namorado e vira seu leitor. O leitor é o novo ex-namorado.
Nessa parte eu deveria falar o que acho que o cidadão pode fazer para ser lido por meia dúzia de pessoas além de sua família nuclear, mas vai que um dia eu dou aula na Escola São Paulo? A primeira regra do professor moderno é fingir que está ensinando algo que não pode ser encontrado na primeira página do Google.
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Fico pensando nisso quando vejo essa enxurrada de analista de mídias sociais e internet. Tem até um curso na Escola São Paulo ensinando a fazer “blog pessoal”. Conteúdo programático: como preencher o cadastro do blogspot? O que eles fazem? Viram pro “cliente” e dizem “faz isso aqui que é garantido”? Que furada.
Uma das melhores coisas que já me aconteceu foi trabalhar por duas semanas com uma menina que acredita piamente que compreende a internet. Ela pensa isso por ter um site conhecido, muitos seguidores no Twitter, sono e bocejos. Nunca ocorreu a essa pessoa que todo seu imenso sucesso virtual fosse motivado por: 1) O site ser relativamente legal para um certo público e não cometer erros muito brutais tipo não ter link permanente; 2) Acaso. A pessoa realmente acredita que o site bomba porque ela manja e, portanto, podia fazer outro site e ele fatalmente seguiria o caminho do primogênito. Sabe quantas vezes já ouvi falar do site dela depois de pedir as contas? Nenhuma. Parece que até o primeiro site está miando.
O máximo que eu poderia fazer com alguma honestidade seria ensinar para a pessoa humana virtualmente leiga como ela deveria agir caso tivesse pretensão de ser lida por alguém além da família nuclear, ex-namorados e garotas que a detestavam na escola. Porque eu tenho uma teoria de que qualquer blog tem pelo menos trinta leitores. Daí você me diz “Mentira, o Google Analytics me disse que meu blog passou dias sem um só acesso”. Calma, eu disse que você tinha trinta leitores, não que tinha trinta leitores que entravam todo dia, muito menos trinta pessoas que entravam diretamente no seu site, te dando um pageview e um location de graça. Fato é: existem trinta pessoas que sabem o que está acontecendo no seu blog, então, pare com essa lamúria de “caso algum dos meus três leitores não saiba” etc etc porque essa definitivamente é uma frase que integra o Top 100 de Sentenças Mais Chatas e Repetidas da Internet.
Essas trinta pessoas abençoadas são: sua mãe, todos os seus ex-namorados e as meninas (ou meninos) que não gostavam de você na escola (o que pode evoluir para cursinho, faculdade, trabalho, INSS). Não adianta dizer “ah, minha mãe não sabe ligar o computador”. Confia em mim que ela lê. Não se pode entender leitura como um processo linear e integral. Na melhor das hipóteses alguém vai ligar para sua mãe contando, o que significa que indiretamente ela lê o seu blog. Sabe aquele livro “Como Falar dos Livros que Não Lemos?”, de Pierre Bayard? Famílias são especialistas na versão virtual disso aí. Se não confia em mim vai lá e insere no próximo post “Minha mãe é obesa e viciada em rivotril” e me conta em quantos minutos recebeu uma ligação furiosa.
Fazer um blog é um ato de amor ao próximo. Quando você faz um blog dá a essas trinta pessoas uma função social, coisa de que elas muito careciam. O sujeito deixa de ser seu ex-namorado e vira seu leitor. O leitor é o novo ex-namorado.
Nessa parte eu deveria falar o que acho que o cidadão pode fazer para ser lido por meia dúzia de pessoas além de sua família nuclear, mas vai que um dia eu dou aula na Escola São Paulo? A primeira regra do professor moderno é fingir que está ensinando algo que não pode ser encontrado na primeira página do Google.
Já Matei Por Menos, Juliana Cunha
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