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11 março 2014

Petrobras

A Petrobras parece que saiu em busca do dinheiro de terceiros:

A Petrobras deve precificar nesta segunda-feira uma emissão multibilionária de bônus no exterior. A estatal pode vender dívida em sua segunda oferta de seis partes em 10 meses. Os recursos devem ser usados para financiar os US$ 221 bilhões de investimento para os próximos cinco anos. A empresa levantou US$ 11 bilhões em uma venda de seis partes, em maio, o maior da história para um emitente de mercados emergentes.

A empresa não deverá captar tanto recurso, já que possui um endividamento no limite. Ou seja, tem o risco de ter sua nota rebaixada.

"Todo mundo sabe que eles precisam do dinheiro , e faz sentido para eles para aumentá-lo agora", Carlos Gribel , o vice-presidente para mercados emergentes da INTL FCStone Securities Inc., disse em uma entrevista por telefone de Miami.

As estimativas de preços iniciais, segundo o IFR, eram de Treasuries mais 260 pontos, Libor de três meses mais 246 pontos, Treasuries mais 340 pontos, Libor de três meses mais 298 pontos, Treasuries mais 360 pontos e Treasuries mais 370 pontos, respectivamente, de acordo com o IFR.


Caro ou barato? Considerando as taxas básicas, a empresa estará pagando de 2,5% a quase 4% a mais. Para uma empresa do porte da Petrobras, entre as maiores do mundo, que diz possui um ativo valioso, parece caro. Mas para as condições políticas e o risco, não é tão caro assim.

Logo após ter escrito esta postagem surgiu a notícia que a empresa conseguiu captar os 8,8 bilhões de dólares

Imposto de Renda

Em meio à temporada da entrega do imposto de renda no Brasil, a multinacional H&R Block estampa em seu site a seguinte promessa: "maior restituição ou menor imposto a pagar". Com esse mesmo lema, a empresa norte-americana conquistou seis de cada dez contribuintes nos EUA e espalhou escritórios por todo o país.

As mais de 11 mil "lojas", abertas nos últimos 59 anos, transformam a empresa numa espécie de Starbucks da contabilidade. Nas grandes cidades americanas, há quase uma em cada esquina. O desafio, agora, é adaptar a receita de sucesso à realidade das nações emergentes, sobretudo a do Brasil, onde a operação ainda é incipiente.

A H&R Block desembarcou no País há três anos a partir de uma joint venture com o grupo nacional Semco, do empresário Ricardo Semler. A parceria recebeu investimento de R$ 5 milhões no primeiro ano, com o objetivo de conquistar 30 mil contribuintes até o fim de 2012. Um ponto de partida tímido, se comparado aos 27 milhões de brasileiros que devem prestar contas ao Fisco neste ano. Mas é, segundo a multinacional, um primeiro passo considerável dentro de um país acostumado à familiar figura do contador.

Atualmente, estima-se que ao menos 40% dos brasileiros deleguem a um terceiro a responsabilidade de preparar a sua declaração de imposto de renda - seja um amigo, contador ou empresa especializada. Não há um consenso sobre esse porcentual, que pode chegar a 60%, segundo especialistas do setor.

Em todo o Brasil, há quase 500 mil contabilistas e 83 mil organizações contábeis registrados no Conselho Federal de Contabilidade. Mas é da outra fatia, daqueles que declaram sozinhos, que a H&R vem atraindo a maioria dos seus clientes, afirma Eduardo Wurzmann, presidente da operação brasileira.

Segundo o executivo, o potencial de ganhos por aqui é grande. "Mesmo se olharmos apenas para os 40%, teremos 10,8 milhões de pessoas pagando ao menos R$ 100 por declaração, o que já representa um mercado bilionário", destaca Wurzmann. Para não ficar atrás na disputa, a empresa trabalha com uma tabela de preços competitiva: R$ 99 pela declaração chamada básica e R$ 175 pela complexa (sem limitações de fontes de rendimento, deduções e bens).

Para o presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis (Fenacon), Mario Elmir Berti, a estratégia pode se aplicar a grandes centros, mas não é a realidade do Brasil. "Os números mostram um mercado muito pulverizado. Além disso, os serviços de pessoa física e jurídica geralmente estão atrelados. O contador que faz para a empresa já faz para o empresário", diz Berti.

A H&R sabe disso e não quer bater de frente com a categoria. Ao contrário, está atrás de parcerias. "Queremos ficar com o que os contadores consideram a parte chata. Ou seja: o imposto de renda", diz Robert Turtledove, presidente da área internacional da empresa.

Sem revelar números da operação brasileira, Wurzmann diz apenas que a filial cresceu 500% em 2013, o que despertou especial interesse da matriz. A multinacional fechou o ano passado com uma receita total de R$ 6 bilhões - 90% dessa receita vem dos EUA e o restante está dividido entre Canadá, Austrália, Brasil e Índia.

Malha fina. Com o aumento da renda do brasileiro, cresce também o número de contribuintes e, consequentemente, a quantidade de pessoas presas na malha fina da Receita Federal. Em 2013, foram 711,3 mil documentos retidos por erros ou omissões, contra 604,3 mil em 2012. A falta de correção integral da tabela do IR, que já acumula defasagem de 61,4%, também contribui para acentuar o quadro. Isso porque os reajustes abaixo da inflação aumentam o alcance do Fisco sobre a nova classe média.

Mas não são apenas os irregulares da malha fina que brilham aos olhos da H&R. A empresa também quer atrair aqueles que "acham" que sabem declarar impostos. Ideia que Turtledove resume em uma frase: "Você provavelmente é muito bom no seu trabalho e no que faz, mas não presuma que você seja bom em declarar impostos". Segundo o executivo, metade dos norte-americanos que elaboram os próprios documentos cometem imprecisões.

Para chegar até o brasileiro, a multinacional foca investimentos na parte digital. Nada de milhares de escritórios espalhados pelo País, como nos EUA, porque imóvel no Brasil é muito caro, diz Turtledove. Ele afirma que tudo por aqui pode ser feito online: do atendimento ao envio dos documentos. Outro pilar é a parceria com diferentes empresas para vender os serviços contábeis aos funcionários. Atualmente, são cerca de cem companhias parceiras.

Outro obstáculo à expansão da multinacional está no forte empenho do Fisco brasileiro para automatizar a declaração, deixando o contribuinte cada vez mais independente. Este ano, por exemplo, a Receita inicia o processo de preenchimento automático dos documentos. Quem tem certificação digital (cerca de 1 milhão de pessoas) já conta com o benefício.

Nascido no Zimbábue, formado na África do Sul e hoje vivendo nos Estados Unidos, Turtledove diz não se assustar com as diferenças regionais e com os obstáculos brasileiros. Ele garante que a H&R tem um trunfo universal: "Nós falamos a língua dos impostos."


A Starbucks do imposto de Renda - Bianca Pinto Lima - Estado de S Paulo, 10 de março

Patrimônio Negativo

Sobre Eike Batista, a sua situação não seria muito adequada:

Segundo dados da "Bloomberg", o patrimônio pessoal de Eike está negativo em US$ 1,2 bilhão. Desde o pico, de US$ 34,5 bilhões, em março de 2012, quando foi considerado o oitavo homem mais rico do mundo pela agência, a queda é de 103,47%. 

Depois de vender barcos, jatos, investimentos em fast food e o controle de algumas de suas empresas, o empresário ainda encara uma dívida de US$ 3,5 bilhões, que foi contraída quando as ações de suas companhias de capital aberto estavam sobrevalorizadas. 

Eike contraiu em seu nome US$ 2 bilhões em empréstimos do fundo soberano de Abu Dhabi, o Mubadala, e mais US$ 1,5 bilhão em empréstimos que tinham ações de suas empresas como garantias. "Foi um ato de megalomania que acabou pegando Eike no contrapé", define uma fonte próxima do empresário, que não quis se identificar.

120 anos depois...

O Barclays foi auditado pela PwC por 120 anos. A pressão dos reguladores e a investigação sobre a conformidade realizada pelo Financial Reporting Council fez com que a instituição resolvesse mudar a história.

A seguir cenas de um comercial com Phil Mickelson, famoso golfista, com o boné da PwC e camiseta do Barclays.

Listas: As maiores quedas no valor de mercado do mundo

Entre as 500 maiores empresas do mundo

10 março 2014

Rir é o melhor remédio


História da Contabilidade: Luca Pacioli e a imprensa brasileira

Temos feito postagens sobre a história da contabilidade usando como fonte de informação a imprensa brasileira. Nesta postagem procuramos apresentar o resultado de uma investigação: a presença de Pacioli na imprensa brasileira.

Sendo o primeiro escritor sobre o método das partidas dobradas, Pacioli é considerado o grande nome da contabilidade universal. Mas Pacioli não foi somente “o” escritor das partidas dobradas, como também especialista em astrologia, matemática, pintura, xadrez etc. Obviamente que a estes “outros” Paciolis também aparecem nos jornais.

Na minha pesquisa também encontrei pessoas com este sobrenome no Brasil, inclusive um “José Pacioli”. A minha pesquisa foi abrangente o suficiente para ter uma ideia de como a imprensa tratou, no passado, a figura no Frei.

Quantidade
Em primeiro lugar, o número de textos sobre Luca Pacioli é bastante reduzido. Considerando o jornal Estado de S Paulo, que está ativo desde 1875, Pacioli foi citado 16 vezes somente, sendo a primeira vez em 1941. Apesar de este número ter dois problemas, é um sinal de que a figura do Frei não é presença frequente na imprensa (1).

A primeira aparição que encontrei foi uma edição do jornal Correio Paulistano que transcreveu um discurso de formatura de uma turma de técnicas e o nome foi citado (2).

Pacioli nas Artes
Pode parecer estranho, mas as citações sobre Pacioli foram mais frequentes nos textos artísticos. Um texto comenta sobre o famoso quadro de Pacioli, pintado por Barbari (3). Num artigo sobre Portinari, Costa afirma que nosso pintor mais conhecido tinha ficado impressionado com as pesquisas pictóricas de A Divina Proporção, de Pacioli (4). Outro texto, sobre Jacques Villon, também aparece a citação do livro ilustrado por DA Vinci (5). Alguns textos chegam a considerar a concepção de Pacioli como aquela a ser questionada, por representar o status quo (6).

Pacioli e a Matemática
A contribuição de Pacioli para matemática também apareceu na imprensa brasileira. Uma coluna mantida pelo grande Malba Tahan (7), o colunista responde quem inventou o “milhão”. Segundo Tahan, a palavra foi empregada pela primeira vez por Pacioli na Suma na folha 18: “mile migliara, chef a recondo el vulgo el miliole” (8). Em outra coluna, Tahan esclarece melhor que a palavra significou, em italiano, certa medida para o ouro, mas Pacioli usou como um número abstrato. E que talvez Pacioli não seja o seu “inventor” (9).
Mais antigo, em 1932, Careta comentava sobre equações do segundo grau e que Pacioli tratou da aritmética comercial e o primeiro a expor as partidas dobradas, “ao modo italiano” (10). Mais recente, PAulos mostra a contribuição para história dos números (11).

Pacioli e a Contabilidade
Um texto de Rodrigues contextualiza a obra de Pacioli dentro da burocracia. Rodrigues afirma corretamente que o livro de Pacioli apresenta uma ampla discussão do débito e crédito, transformando-o em pioneiro da contabilidade de partida dobrada (12). Outro texto bastante elogioso foi publicado em 1963 no Diário da Noite. Gueiros faz um histórico da contabilidade e afirma que Pacioli foi o primeiro contador deste mundo (13). Informa que Goethe considerava as partidas dobradas “uma das melhores descobertas do intelecto” e que Spengler a considerava tão importante “quanto aquela do movimento da rotação da Terra”.
Infelizmente a imprensa insiste na simplificação: em geral considera Pacioli o “inventor das partidas dobras” (14).

A Marca PAcioli
É interessante que temos pouco uso da “marca” Pacioli. Encontrei somente um curso com esta denominação, para desempenho da profissão de contabilista em três meses (15). Finalmente, no início do século XX vendia-se latas da manteiga importada Pacioli (16).

Referências
(1) Este número deve ser visto com dois cuidados. Em primeiro lugar, o nome de Pacioli é citado com variações (Paccioli, Pacciolli, Paciolli, Paciolo etc) e isto pode indicar que está subestimado. Em segundo lugar, pode não se referir exatamente ao nosso Frei ou pode estar relacionado com outras atividades.
(2) Correio Paulistano, ed. 19592, 22 de janeiro de 1918, p. 4.
(3) Jornal do Brasil, ed. 270, 5 de janeiro de 1991, p. 42. O texto inclusive afirma que Giorgio Vasari acusou Pacioli de ter “roubado” as pesquisas de Pierro Della Francesca sobre figuras tridimensionais.
(4) COSTA, Maria Ignez Correa. Portinari. Jornal do Brasil, 29 de junho de 1968, ed. 69, p. 21. Uma curiosidade: encontrei uma divulgação da venda da obra (importada) no Diário de Notícias, 28 de setembro de 1947, ed. 7647, p. 27. Isto é comprovado por um depoimento do filho de Portinari que afirmou que “Papai adorava matemática e não largava o livro Da Divina Proporção, de Luca Pacciolli, contemporâneo de Leonardo da Vinci, inventor da contabilidade e da medida da boa proporção” em SILVA, Beatriz Coelho. Portinari, um homem de letras. O Estado de S Paulo, ed. 39779, 15 de setembro de 2002, p. 142.
(5) Jornal do Brasil. 23 de maio de 1959, ed 118, p. 35.
(6) MALDONADO, Tomas. Arte de “n” dimensões. Jornal do Brasil, 20 de maio de 1957, ed. 115, p. 37. Veja também FRANÇA, José Augusto. A arte abstrata como Pedagogia. Jornal do Brasil, 31 de março de 1957, ed 75, p. 18. FRANÇA, José Augusto. Piero Della Francesca. O Estado de S Paulo, ed. 25172, 26 de maio de 1957, p. 6. Ou comentário sobre o livro The Geometry of Art and Life, de Matila Ghyka em Letras e Artes, 25 de agosto de 1946, ed. 13, p. 12. Ou critica a uma separata da Revista do Arquivo Municipal de São Paulo em Letras e Artes, 18 de agosto de 1946, ed. 12, p. 10.
(7) Se o leitor não conhecer, corra e leia O Homem que Calculava. Foi o grande divulgador da matemática no Brasil.
(8) TAHAN, Malba. Matemática divertida e Curiosa. Diário do Paraná, 5 de maio de 1956, ed 328, p. 3. Esta coluna foi publicada em outros jornais dos Diários Associados, como o Diário da Noite.
(9) TAHAN, Malba. Matemática divertida e Curiosa. Diário do Paraná, 1 de maio de 1956, ed 325, p. 12.
(10) As Noções da Antiga Matematica. Careta, 26 de novembro de 1932, ed 1275, p. 34.
(11) PAULOS, John Allen. Uma História Universal dos Números. O Estado de S Paulo, ed. 34191, 16 de agosto de 1986, p. 89.
(12) RODRIGUES, José Honório. A Burocracia é uma máquina armada para produzir palavras e papelório. E um subproduto: a memória nacional. Jornal do Brasil, ed. 210, 4 de novembro de 1979, p. 52. Rodrigues não comete o erro comum de considerar PAcioli o inventor da contabilidade ou outra bobagem do gênero.
(13) GUEIROS, José Alberto. A história do Balanço no Mundo. Diário da Noite, 27 de junho de 1963, ed. 11791, p. 21.
(14) os exemplos são inúmeros. Vide KUNTZ, Rolf. A contabilidade moral de Lula. O Estado de S Paulo, ed. 41176, 13 de julho de 2006, p. 19. BARROS, Alexandre. Deixem o Portellinha estudar em paz. O Estado de S Paulo, ed 41784, 12 de março de 2008, p. 2. O mesmo Barros insiste no erro em BARROS, Alexandre. E os pobres, ministro, como ficam? O Estado de S Paulo, ed. 42403, 21 de novembro de 2009, p. 2. Até o ex-ministro Roberto Campos cometia esta falha: CAMPO, Roberto. Da utilidade de Fra Luca Pacioli. O Estado de S Paulo, ed. 28300, p. 4, 18 de julho de 1967.
(15) Diário de Notícias, 13 de novembro de 1966, ed 13493, p. 47. O curso não deve ter avançado muito, pois prometia formar profissionais em três meses.
(16) Vide, por exemplo, Gazeta de Notícias, 19 de setembro de 1904, ed 262, p. 5.