Translate

22 fevereiro 2014

Ativo Regulatório II


No Brasil, antes da adoção completa do IFRS, em 2010, as distribuidoras de energia registravam ativos e passivos regulatórios no balanço - ativos e passivos que tiveram que ser baixados, a contragosto, por causa da migração de padrão contábil.

O ativo regulatório é o direito contratual das companhias, assegurado pelo governo, de ter parte do seu aumento de custos não gerenciáveis - como aqueles com compra emergencial de energia termelétrica, por exemplo - reembolsado no ano seguinte, por meio de um reajuste na tarifa cobrada dos consumidores.

As empresas entendem que esse direito de ressarcimento é garantido por contrato, e como tal poderia ser registrado no balanço como um ativo regulatório, o que evita o sobe-e-desce do lucro de um ano para o outro. A regra também vale para o caso de haver uma queda dos custos não gerenciáveis, que resultam numa redução da tarifa no ano seguinte, e seriam registradas por meio de um passivo regulatório.

O Iasb decidiu permitir que as empresas que adotarem o IFRS pela primeira vez a partir de agora mantenham o reconhecimento dos ativos e passivos regulatórios no balanço, ao passo que a mesma prática é vedada para aquelas que já usam o padrão contábil internacional há mais tempo, como é caso das empresas brasileiras.

A regra teve forte impacto nas empresas do setor elétrico brasileiro, que agora não vão ter direito ao indulto dado aos canadenses e a quem mais adotar as normas no futuro.

Fontes: Aqui e Aqui

Rir é o melhor remédio

(Fonte: Aqui. Detalhe importante: o cartonista é português)

Fato da Semana

Fato da Semana: A compra do Whatsapp pelo Facebook

Qual a relevância disto? – Em geral as notícias de grandes aquisições não comentam a questão contábil. Mas está presente de alguma forma. Este é o caso da grande compra do Facebook desta semana. Em primeiro lugar, chama à atenção a diferença entre o ativo tangível e intangível. E isto parece renascer a discussão sobre a mensuração dos ativos na contabilidade. Segundo aspecto, estas aquisições geralmente envolvem uma avaliação da perspectiva futura das duas empresas. E novamente voltamos para contabilidade, que fornece a informação crucial sobre o desempenho passado, muito útil para nosso trabalho de projeção. O terceiro ponto é que se discute o descompasso entre o estágio do ciclo de vida e algumas medidas contábeis. A empresa adquirida está na fase de crescimento, enquanto o Facebook já se transformou numa realidade. Isto tem reflexo nas receitas, geração de fluxos de caixa (e seu tipo), quantidade de caixa, etc. Finalmente, a análise das demonstrações contábeis é útil para tentar entender melhor o processo da aquisição.

Positivo ou negativo? Positivo pelos reflexos na contabilidade. Para o mercado como um todo, mais uma aquisição cujos compradores provavelmente saíram perdendo (as ações do Facebook caíram) e os vendedores ganharam muito dinheiro.


Desdobramentos – Em geral nestes tipos de aquisição ocorre uma baixa do intangível daqui a alguns anos. 

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se o leitor está atento ao que foi notícia no nosso blog:
1 – O leão mostrou as garras no ano passado e agora está ficando manso. Reflexo do ano eleitoral? Nesta semana anunciou-se que será prorrogado a entrada em vigor de uma medida para aumentar a receita tributária do governo que é
A tributação dos lucros das empresas brasileiras obtidos no exterior
O aumento da alíquota do imposto sobre produtos minerais
A cobrança de imposto sobre os dividendos recebidos por acionistas
O aumento no vigor sobre o preço de transferência

2 – Alguns estados brasileiros gastaram mais do que arrecadaram. O número de unidades, incluindo o DF, foi de
6
8
14
25

3 – Uma norma contábil de ativos regulatórios causou problema na relação entre CPC e Iasb por conta da decisão do Iasb em facilitar a vida de uma economia desenvolvida. Este país é
Canadá
Japão
Estados Unidos
França

4 – A justiça brasileira está investigando a relação entre a JBS e um banco brasileiro. Este banco é o
Banco Rural
Banco do Brasil
Bradesco
Banco Nacional

5 – O problema da questão anterior refere-se a uma operação disfarçada
De aumento de capital
De evasão de divisas
De venda de ativos imobiliários com prejuízo
Da entrada de produtos importados no Brasil

6 – Divulgou-se mais uma lista de marcas famosas. Em primeiro lugar aparece
Apple
Samsung
Google
Microsoft

7 – Um livro revelou que este grupo musical escolhia roupas “extravagantes” para reduzir seus impostos
Abba
Bee Gees
Beatles
Kiss

8 – A cotação do Bitcoin caiu para 600 dólares. A principal razão da queda foi
Ataque de hackers
Tributação por parte do governo
Mudança nas regras de emissão de moeda
Fechamento da matriz em Creta

9 – Duas pessoas conhecem o resultado do Oscar. São os funcionários de uma Big Four. Qual delas?
PwC
KPMG
Deloitte
EY

10 – Ela deu um depoimento ao juiz e disse que não sabia de nada. E que o responsável era seu marido. Trata-se
Infanta Cristina
Rihana
Michelle Obama
Angela Merkel

Resposta: (1) tributação dos lucros das empresas brasileiras obtidos no exterior; (2) 14; (3) Canadá; (4) Rural; (5) de aumento de capital; (6) Apple; (7) Abba; (8) ataque de hackers; (9) PwC; (10) Infanta Cristina


Se você acertou 9 ou 10 = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze.

21 fevereiro 2014

Rir é o melhor remédio

Lucros no exterior

O prazo para que as empresas possam abater prejuízos obtidos em países estrangeiros do lucro apurado em outros pode ser aumentado pelo Congresso. A possibilidade foi aberta pelo governo pela primeira vez com a Medida Provisória 627, editada em novembro do ano passado, mas estava restrita a um período de teste de apenas quatro anos. Valeria, portanto, apenas até 2017. O relatório da MP, que será apresentado nesta quarta-feira (19) pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), irá alongar o prazo para 2020

Fonte: Aqui

Como será o mundo daqui a 100 anos?

What will the world look like in 100 years?” wondered Ignacio Palacios-Huerta. Being an economist at the London School of Economics, he put this question to other economists. Admittedly, the profession didn’t foresee the financial crisis but, still, he writes in the introduction to his new book, economists “know more about the laws of human interactions and have reflected more deeply and with better methods than any other human beings”. (Declaration of interest: I once tried to market Palacios-Huerta’s insights into penalty-kicks to football clubs. Nobody ever paid us.)

Economists liked his question. “Hi Ignacio:” emailed Alvin Roth, Nobel laureate of 2012. “To my surprise, I do find your invitation tempting. It’s a sign of old age, I’m afraid.” The economists who volunteered to write chapters included two other Nobel-winners. The resulting book, In 100 Years, suggests some probable contours of our great-grandchildren’s world, among them:

Greater longevity will push us to reshape our lives. Over the past century, life expectancy in the west has risen by about 30 years. In another century the average person could be living to 100 – perhaps even in currently poor countries, which are already making quick gains by saving infants from simple illnesses such as diarrhoea.

Future advances against cancer could match the “cardiovascular revolution” that has reduced deaths from heart disease since the 1970s, says Angus Deaton of Princeton. Health should keep improving, simply “because people want it to improve and are prepared to pay for” innovations.

Roth foresees parents manipulating their children’s genes. Some such methods, he writes, “may come to be seen as part of careful child rearing”. He also thinks people will become more efficient thanks to performance-enhancing drugs that improve “concentration, memory, or intelligence”.

Once humans have more years in good health, they will probably reorder their lives. Roth says that if child rearing takes up less of the lifespan, people may want different spouses for different phases of life. “New forms of polygamy-over-lifetime relationships” could arise, he writes.

Greater longevity will alter careers too. “A typical career” may mean working intensely for 30 years “followed by many years of low-intensity work”, writes Andreu Mas-Colell of the Universitat Pompeu Fabra in Barcelona.

Robots will change far more than just work. Already today, anyone thinking of studying accountancy should consider the chances of the profession lasting her lifetime. Within mere decades, self-driving cars will have replaced taxis and a robot will write my column. In 100 years, writes Robert M Solow, the 1987 Nobel laureate, we could live “the bad dream of an economy in which robots do all the production, including the production of robots”. The remaining jobs will be more interesting, notes Mas-Colell, because everything else will have been automated.

Another consequence of robots: humanity will become more educated. Demand has already plummeted for uneducated workers in rich countries. In 100 years, robots will make that true in poor countries too. Our great-grandchildren will think of us as ignorant, sick, tiny peasants. They will also be better trained in emotional skills than we are, because that’s one realm where they might outcompete robots. As Edward Glaeser of Harvard writes: “I cannot imagine a world where wealthy people are unwilling to pay for pleasant interactions with a capable service provider.”

Based on past trends, an educated population is more likely to demand democracy and live in peace. But terrorists will also have awesome technology.

Face-to-face interaction may continue to lose relevance, writes Roth. I’ll continue his thought: in 100 years, instead of Skyping someone, you might invite their hologram into your living room. By then, actual physical proximity may matter (perhaps) only for sex.

As physical proximity loses importance, last century’s trend to urbanisation could reverse. In 100 years, people may be spread out more efficiently across the earth. They may marvel that greater Tokyo once had more inhabitants than Siberia.

Climate change could cause Siberia or northern Canada to fill with people. The economists in this book expect no significant attempts to prevent climate change. People will try to deal with it only after it starts affecting them, suspects Harvard’s Martin Weitzman.

He says we cannot predict the scale of the change. The uncertainty is enormous. But he worries that eventually a desperate country will choose an “unbelievably cheap”, unilateral solution: shooting a “sunshade” of reflective particles into the stratosphere to block some of the sun’s rays. That would cool the planet. It may also have horrendous unintended consequences.

Incomes will probably be much higher worldwide, driven by higher productivity, most of the writers agree. In 100 years, the world’s poorest people may live like today’s middle-class Americans, says Roth. That matters. However, writes Avinash Dixit of Princeton, rising incomes in developed nations matter much less. Theorists of happiness such as Richard Layard argue that once people have about $15,000 a year, more money doesn’t make them happier. Most economists in this book worry less about income levels than about inequality, which in the robotic age could be a lot worse than today.

simon.kuper@ft.com; Twitter @KuperSimon

‘In 100 Years: Leading Economists Predict the Future’, by Ignacio Palacios-Huerta (ed), MIT Press, $24.95/£17.95