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20 fevereiro 2014

Rir é o melhor remédio

Corrupção na Petrobras

Propina no fundo do mar
Fernanda Allegretti, de Amsterdã
Revista Veja, 15/02/2014


Documentos apontam que empresa holandesa pagou 30 milhões de dólares de suborno para fechar contratos de aluguel de plataformas do pré-sal com a Petrobras


Em agosto de 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou um evento em Brasília para divulgar o início da exploração do petróleo na camada do pré-sal. Em um discurso ufanista preparado para levantar a candidatura de Dilma Rousseff à sua sucessão, Lula afirmou que a descoberta do óleo era como um "novo descobrimento do Brasil", já que traria "riqueza e autossuficiência energética". Ao final da fala, porém, fez um alerta: "Pré-sal é dádiva de Deus, mas pode virar maldição". Foi como uma premonição. A Petrobras só colheu más notícias depois que passou a prospectar petróleo a 8 000 metros de profundidade. A empresa comprometeu suas receitas mantendo artificialmente o preço da gasolina, vem atrasando pagamentos a fornecedores, acumula 7,3 bilhões de reais em dívidas fiscais e precisa gastar 16,5 bilhões de dólares por ano com importação de combustível, dado que a prometida autossuficiência não saiu do papel. Não bastassem tantos problemas econômicos, a maior empresa brasileira agora foi envolvida na investigação de um esquema de corrupção que movimentou mais de 250 milhões de dólares em pagamento de propina.


Em 10 de abril de 2012, a empresa holandesa SBM Offshore, a maior fabricante de plataformas marítimas de exploração de petróleo do mundo, iniciou uma investigação interna para apurar denúncias de que funcionários de suas subsidiárias pelo mundo corrompiam autoridades para conseguir contratos com governos e empresas privadas, entre 2007 e 2011. Há duas semanas, as conclusões da investigação foram publicadas na Wikipedia, a enciclopédia colaborativa da internet. Os documentos mostram que houve pagamento de propina em Guiné Equatorial, Angola, Malásia, Itália, Cazaquistão, Iraque e no Brasil, onde funcionários e intermediários da Petrobras teriam recebido pelo menos 30 milhões de dólares para favorecer contratos com a companhia holandesa. Os documentos, segundo a investigação, foram divulgados por Jonathan Taylor, ex-funcionário do escritório da SBM em Mônaco, que deixou a empresa em 2012 e pediu 3 milhões de euros para não revelar o esquema. Nos papéis, há nomes, valores, contratos e trocas de e-mails entre dirigentes da SBM e de empresas internacionais. Como a empresa não cedeu, ele tornou o caso público. A SBM confirma a chantagem e a autenticidade dos documentos, que foram enviados para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e para o Ministério Público da Holanda, que abrirá uma investigação para apurar o escândalo nas próximas semanas.


O esquema de corrupção no Brasil, de acordo com a investigação interna, era comandado pelo empresário Julio Faerman, um dos mais influentes lobistas do setor e dono das empresas Faercom e Oildrive. Ele assinava contratos de consultoria com a SBM que serviam para repassar o dinheiro de propina para diretores da Petrobras. Essas consultorias previam o pagamento de uma "comissão" de 3% do valor dos contratos celebrados entre a SBM e a Petrobras — 1% era destinado a Faerman e 2% a diretores da petrolífera brasileira. Uma troca de e-mails entre três diretores da SBM, que faz parte da investigação, traz minutas confidenciais da Petrobras e faz referência a uma reunião com um engenheiro-chefe da empresa, José Antônio de Figueiredo, para tratar da renovação do aluguel de uma plataforma de petróleo sem ter de passar por licitação. Figueiredo, funcionário de carreira da Petrobras há 34 anos, trabalhava no departamento de compras internacionais na gestão de José Sergio Gabrielli na presidência da empresa (2005-2012). Em maio de 2012, já sob o comando de Graça Foster, foi promovido a diretor de Engenharia, Tecnologia e Materiais e membro do conselho de administração.


Nos documentos, há referências a pagamentos de propina para obtenção de contratos de aluguel de alguns dos principais navios-plataforma que operam na exploração do pré-sal. Um deles é o Cidade de Anchieta, fabricado pela SBM e alugado à Petrobras por 1,28 bilhão de reais. Ele está ancorado no campo de Baleia Azul, no complexo do Parque das Baleias, na porção capixaba da Bacia de Campos, e foi o primeiro a retirar comercialmente petróleo do pré-sal, em setembro de 2012. Há ainda menções às plataformas Cidade de Saquarema e Cidade de Maricá, que foram encomendadas pela Petrobras à SBM em julho de 2013 por 3,5 bilhões de dólares. E ao Cidade de Ilhabela, que foi fabricado na China pela SBM e está sendo montado no Estaleiro Brasa, em Niterói (RJ), para entrar em operação ainda neste ano. O valor do contrato passa dos 2 bilhões de reais. De acordo com os documentos da investigação, o pagamento das "consultorias" a Faerman facilitou a obtenção dos contratos com a Petrobras, que não tiveram a "devida divulgação". Além do pagamento em dinheiro, os documentos mostram outros "mimos" a dirigentes das empresas corrompidas, como ingressos para a Copa do Mundo de 2010 e para o Grande Prêmio de Mônaco.


Documentos obtidos por VEJA mostram que a Petrobras tem vinte contratos de aluguel de equipamento com a empresa holandesa, que somam mais de 9 bilhões de reais. O mais antigo é de 2000 e o mais recente, de agosto do ano passado — todos para operação no pré-sal. A SBM é uma das mais antigas empresas holandesas. Sua história remonta a 1672, quando se chamava Smit Kinderdijk e construía navios para a Companhia das índias. Desde 1969 passou a se dedicar à construção de plataformas para exploração de petróleo. Hoje, é a 54 - maior empresa da Holanda, com receita de 4,8 bilhões de dólares em 2013 — o Brasil é seu principal mercado de exportação, seguido por Angola. Nas últimas duas semanas, desde que o escândalo foi divulgado na internet, as ações da empresa na bolsa europeia caíram 20%.


A Petrobras afirma que tomou conhecimento das denúncias de suborno, mas ainda não foi notificada por autoridades da Holanda. Disse ainda que "está tomando providências para averiguar a veracidade dos fatos". José Antônio de Figueiredo e Julio Faerman não foram encontrados para comentar as denúncias.


Com reportagem Alana Rizzo
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Um bilhão perdido no Texas
Pieter Zalis


O escândalo de corrupção da holandesa SBM não é o primeiro a vazar das profundezas por onde transitam os negócios escusos para manchar a reputação da Petrobras. A companhia até hoje não conseguiu explicar o que a levou a investir 1,2 bilhão de dólares em uma refinaria nos Estados Unidos, pequena, ultrapassada e sem condições de processar o petróleo extraído na costa brasileira, que não vale 15% disso. O caso, revelado por VEJA em 2012, está sob análise do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público, que investigam suspeitas de superfaturamento.


Em 2006, a Petrobras, então sob a gestão de José Sergio Gabrielli, comprou por 360 milhões de dólares 50% da Pasadena Refining System Inc., no Texas. A planta havia sido adquirida um ano antes, desativada, pela belga Astra Oil, por 42,5 milhões de dólares. O que levou a refinaria a ter uma valorização de dezessete vezes em um ano permanece um mistério. Uma disputa entre as duas empresas, em 2009, transformou o caro em absurdo. A Petrobras perdeu na Justiça e foi obrigada a pagar 839 milhões de dólares à Astra pela sua metade. Quando percebeu que não havia o que fazer e o melhor era se livrar da refinaria, a única proposta de compra foi de 180 milhões de dólares. Diante do rombo iminente de mais de 1 bilhão de dólares, a Petrobras desistiu da venda.



O governo e a Petrobras gostariam que o caso permanecesse a profundidades superiores às do pré-sal, mas um desfecho está próximo. "As investigações se encaminham para confirmar que a compra da refinaria de Pasadena é um dos contratos mais escandalosos da Petrobras", afirma o procurador Marinus Marsico, do Ministério Público Federal.

Carga Tributária: 1989 a 2012

Por Ricardo Bergamini
Carga Tributária Brasileira - % PIB
Ano
1989
1992
1994
2002
2010
2012
Federal
16,05
17,00
19,90
22,08
23,15
24,76
Estadual
6,71
6,96
6,98
8,90
8,53
9,02
Municipal
0,95
1,00
1,02
1,37
1,85
2,07
Total
23,71
24,96
27,90
32,35
33,53
35,85

1 – Em 1990 o Presidente Collor assumiu o governo com uma carga tributária de 23,71% do PIB, entregando o governo em 1992 com uma carga tributária de 24,96% do PIB. Aumento de 5,27% em relação ao ano de 1989.

2 – Em 1992 o Presidente Itamar Franco assumiu o governo com uma carga tributária de 24,96% do PIB, entregando o governo em 1994 com uma carga tributária de 27,90% do PIB. Aumento de 11,78% em relação ao ano de 1992.


3- Em 1995 o Presidente FHC assumiu o governo com uma carga tributária de 27.90% do PIB, entregando governo em 2002 com uma carga tributária de 32,35% do PIB. Aumento de 15,95% em relação ao ano de 1994.

4 – Em 2003 o Presidente Lula assumiu o governo com uma carga tributária de 32,35% do PIB, entregando o governo em 2010 com uma carga tributária de 33,53% do PIB. Aumento de 3,65% em relação ao ano de 2002.

5 – Em 2011 a Presidente Dilma assumiu o governo com uma carga tributária de 33,53% do PIB aumentando para 35,85% do PIB no seu segundo ano de governo. Aumento de 6,92% em relação ao ano de 2010.


6 – De 1990 até 2012 a carga tributária brasileira teve um aumento real em relação ao PIB de 51,20%.


6.1 – Aumento da carga tributária federal no período – 54,27%.


6.2 – Aumento da carga tributária estadual no período – 34,43%.


6.3- Aumento da carga tributária municipal no período – 117,89%.

Listas: Marcas mais valiosas do mundo

Quatro marcas brasileiras perderam posições no ranking mundial das marcas mais valiosas do mundo produzido pela Brandirectory. O Bradesco saiu da 66ª posição para a 112ª, já o Itaú deixou o posto de 77º para 121º. O Banco do Brasil foi da 94º para 177ª e a Petrobras caiu do 150º colocado para a posição 230. A única empresa que escapou da baixa foi a Caixa Econômica Federal, que pela primeira vez faz parte da listagem.saiba mais

Foram analisadas 500 companhias e avaliado qual o peso das marcas nos valores das empresas, além de uma simulação de quanto a própria companhia estaria disposta a pagar para licenciar sua ideia, caso isso ainda não tivesse sido feito.

Do total, 185 marcas são americanas, elas estão nos nove primeiros lugares. O Japão aparece como segundo com suas três maiores marcas, Toyota, Mitsubishi e Honda e uma valorização de mais de 30%.Os destaques da lista ficaram com a Nike (60 a 35) e Allianz (75 a 38), além de recuperações como as da Shell (12-18) e Marlboro (57-81). Confira:
As marcas mais valiosas em 2014
POSIÇÃOMARCAVALOR (EM BILHÕES DE DÓLARES)PAÍS
1Apple104,680EUA
2Samsung Group78,752Coreia do Sul
3Google68,620EUA
4Microsoft62,783EUA
5Verizon53,466EUA
6GE52,533EUA
7AT&T45,410EUA
8Amazon.com45,147EUA
9Walmart44,779EUA
10IBM41,513EUA
112 Bradesco 10,600Brasil
121 Itaú 9,904Brasil
177 Banco do Brasil  6,972Brasil
230 Petrobras 5,570Brasil
284 Caixa  4,769Brasil

Benefícios do inglês

O fato de a língua inglesa ser dominante pode beneficiar, em termos econômicos, os Estados Unidos? Com um grande déficit comercial, problemas relacionados com o declínio do poder econômico, os Estados Unidos ainda são considerados um país seguro para investir.

Parte desta percepção pode estar na hegemonia cultural: as séries, as músicas e os filmes que são populares no mundo geralmente são produzidos pela indústria dos Estados Unidos:

Como resultado, os estrangeiros enxergam os EUA como sendo mais familiar do que em outros países. Isto por sua vez significa que, embora ativos americanos carreguem riscos, eles são considerados como carregando menos incerteza ou ambigüidade. E como os investidores realmente odeiam a incerteza e gosta dessa relativa falta de ambiguidade, significa que os EUA podem emprestar mais barato do que os seus fundamentos econômicos expressam.

(Fonte: aqui)

Pesquisas recentes estão descobrindo a importância da língua, seja no desempenho econômico ou no ranking de futebol da Fifa.

Viés no Xadrez

O efeito Einstellung é um viés do cérebro. Quando uma pessoa é desafiada num problema, em lugar de procurar a melhor solução, opta-se pela solução já conhecida. É o caso de um problema de matemática, que aprendemos resolver de uma forma e existe uma maneira mais simplificada para achar a solução, mas não “enxergamos” esta alternativa.

Uma pesquisa (via aqui) solicitou que jogadores experientes de xadrez resolvessem alguns problemas deste jogo. Em geral os problemas de xadrez consistem em analisar uma posição e encontrar o caminho para vitória ou para o cheque mate. Em alguns destes problemas, a ideia é procurar o mate num menor número de jogadas possíveis.

A pesquisa mostrou que mesmo os jogadores de xadrez são influenciados pelo efeito Einstellung. Ao mostrar uma posição para os jogadores, duas soluções eram possíveis. A primeira, o mate em cinco jogadas, usando uma técnica bem conhecida dos jogadores. A segunda, através de uma opção menos usual, mas que o mate era alcançado em três jogadas. Em geral os jogadores optaram pela primeira alternativa.

Num segundo estágio, a mesma posição foi apresentada, sem a presença de uma peça fundamental para a primeira opção. Ao eliminar esta peça, os jogadores passaram a perceber a existência da solução menos usual, mas mais eficiente.

Abba

O grupo Abba foi um enorme sucesso no final dos anos setenta. Um fato destacava no grupo: as roupas extravagantes, com é possível perceber na fotografia.
A escolha do estilo não foi uma opção estética, mas uma decisão fiscal. É isto mesmo. Para as leis suecas, as despesas com roupas eram dedutíveis do imposto de renda, desde que fossem tão “ultrajantes” que não poderiam ser usadas na rua. Assim, o grupo exagerava no vestuário e conseguia evitar 85 milhões de coras suecas (ou 31 milhões de reais) em impostos.