E essa era a vida nos anos 90…
1. Você assistia filmes em fita VHS
2. Você tinha que rebobinar a fita senão pagava multa na locadora
3. Este era o jogo mais viciante de celular
4. Um retroprojetor auxiliava os professores na escola
5. Quem tinha um iMac era muito rico (muito mais que atualmente)
6. Ouvia música em seu moderno walkman
7. Esperava tocar suas músicas favoritas na rádio, para poder gravar em uma fita cassete
8. Assistia video clips na TV e venerava os VJs
9. Tirava fotos em máquinas fotográficas e tinha que pôr o filme para revelar
10. Não tinha google, mas tinha Páginas Amarelas
Fonte: Aqui
24 janeiro 2014
Despreocupada com o custo
Graça Foster, presidente da Petrobras, disse ontem que está confortável com os custos da companhia.
"O ponto de equilíbrio é de US$ 54 por barril [de petróleo]", afirmou ao participar de um painel, além de reuniões fechadas, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, nos alpes suíços.
A questão é que o conceito de ponto de equilíbrio está relacionado com o operacional da empresa. Ademais, o ponto de equilíbrio está associado ao caixa (o ponto de equilíbrio financeiro), as receitas e despesas (o contábil) ou a remuneração do capital (o econômico). Qual conceito ela se refere? Ela sabe a diferença?
"A produtividade é boa no pré-sal e o custo da exploração é 'muito bom'."
O custo de exploração ser muito bom representa o que?
A executiva estimou que o Brasil se tornará o sexto maior produtor mundial de petróleo, atrás de Arábia Saudita, Estados Unidos, Rússia, Iraque e Canadá.
A companhia brasileira deverá dobrar sua produção até 2020 e triplicar até 2035, segundo Graça.
Você acredita? A empresa não está investindo o que deveria, então como dobrar a produção?
A presidente da Petrobras afirmou que a empresa investirá US$ 236 bilhões nos próximos cinco anos -95% serão aplicados no Brasil.
Tenho dúvidas sobre esta capacidade de investimento. A empresa está endividada e não consegue gerar recursos com seus ativos.
Graça comentou ainda a importância da regra que estabelece a necessidade de que 65% dos fornecedores tenham conteúdo nacional.
Esta regra é importante em razão do aumento dos custos e a chance de atraso na produção?
Para a presidente da Petrobras, os preços médios do petróleo no mercado internacional não devem se reduzir de forma significativa nos próximos dez anos.
Interessante este ponto, já que a produção de combustível a partir do xisto parece ser promissora.
"O ponto de equilíbrio é de US$ 54 por barril [de petróleo]", afirmou ao participar de um painel, além de reuniões fechadas, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, nos alpes suíços.
A questão é que o conceito de ponto de equilíbrio está relacionado com o operacional da empresa. Ademais, o ponto de equilíbrio está associado ao caixa (o ponto de equilíbrio financeiro), as receitas e despesas (o contábil) ou a remuneração do capital (o econômico). Qual conceito ela se refere? Ela sabe a diferença?
"A produtividade é boa no pré-sal e o custo da exploração é 'muito bom'."
O custo de exploração ser muito bom representa o que?
A executiva estimou que o Brasil se tornará o sexto maior produtor mundial de petróleo, atrás de Arábia Saudita, Estados Unidos, Rússia, Iraque e Canadá.
A companhia brasileira deverá dobrar sua produção até 2020 e triplicar até 2035, segundo Graça.
Você acredita? A empresa não está investindo o que deveria, então como dobrar a produção?
A presidente da Petrobras afirmou que a empresa investirá US$ 236 bilhões nos próximos cinco anos -95% serão aplicados no Brasil.
Tenho dúvidas sobre esta capacidade de investimento. A empresa está endividada e não consegue gerar recursos com seus ativos.
Graça comentou ainda a importância da regra que estabelece a necessidade de que 65% dos fornecedores tenham conteúdo nacional.
Esta regra é importante em razão do aumento dos custos e a chance de atraso na produção?
Para a presidente da Petrobras, os preços médios do petróleo no mercado internacional não devem se reduzir de forma significativa nos próximos dez anos.
Interessante este ponto, já que a produção de combustível a partir do xisto parece ser promissora.
Receita e Ativo
O texto a seguir, publicado na Folha, parece fazer uma confusão entre receita e ativo.
A decisão de contabilizar como receita R$ 719 milhões das contas encerradas por irregularidades no cadastro, em 2012, permitiu à Caixa Econômica Federal ganhar duas vezes com os mesmos recursos.
O termo ganhar geralmente está associado a DRE. Mas na linguagem coloquial do jornal refere-se a "aproveitar".
A maior parte do valor, cerca de 97% segundo o banco, estava em contas de poupança, aplicação que serve como fonte de recursos para financiamentos habitacionais.
Os bancos captam o dinheiro dos poupadores com a obrigação de pagar mensalmente a remuneração prevista -juros de 6,17% ao ano mais a variação da TR (Taxa Referencial)- e usam para conceder empréstimos imobiliários, cobrando mais caro dos mutuários.
A diferença é uma receita financeira da instituição, que serve para cobrir custos e ainda gera lucro para o banco.
É meio óbvio isto. O custo de captação deve ser menor que o custo da aplicação; caso contrário, o banco terá prejuízo.
No caso específico das contas de poupança que tinham irregularidade no cadastro, em 2012, a Caixa decidiu que o mesmo dinheiro -que lhe garantiu receita financeira- também fosse contabilizado como receita operacional no balanço.
Uma confusão geral. O dinheiro dos poupadores é, para Caixa, um passivo. Afinal estamos tratando de uma instituição financeira, onde a lógica é inversa. Já o empréstimos, que foi realizado com os recursos, é um ativo, gerando receita financeira. Entretanto, como já dizia meu orientador, "não existe dinheiro carimbado". A partir do momento que o dinheiro entrou no banco, não há obrigação de associar com este passivo.
O procedimento, segundo a Folha apurou, não é permitido pelas normas do Banco Central. Técnicos do próprio governo consultados pela reportagem afirmaram que isso é irregular, a mesma avaliação de analistas especializados em contabilidade bancária.
O texto não cita nenhum técnico e nenhum especialista. Em geral os jornalistas são especialistas na "falácia do jornalista", onde a partir de um ou dois depoimentos, fazem conclusões. Aqui a fonte não foi revelada.
Após questionamentos feitos pela CGU (Controladoria-Geral da União), o banco estatal anunciou que a operação será desfeita na divulgação do balanço de 2013, prevista para fevereiro.
Parece que aqui refere-se a baixa do passivo, que gerou uma receita.
Para registrar como receita própria os R$ 719 milhões, a Caixa argumenta que "não havia uma norma específica sobre a forma de contabilização desses valores".
O banco ainda respondeu que as chances de os correntistas irem pegar o dinheiro de volta eram baixas. Assim, a instituição precisou reconhecer, em seu balanço, os recursos como receita.
Interessante. Apesar das críticas, considero que a posição da Caixa, sob a lógica contábil, tem certo fundamento. Particularmente agora onde a prudência não faz parte da estrutura conceitual.
RESSALVA
Segundo o analista da Austin Rating Luís Miguel Santacreu, se era considerada correta, a operação deveria ter sido detalhada em nota explicativa na divulgação da contabilidade daquele ano. Se não era, o balanço deveria ter sido publicado com ressalva dos auditores independentes.
Procurada, a PwC (PricewaterhouseCoopers), que auditou o balanço de 2012 da Caixa, alegou que, por questões de contrato, só poderia falar se tivesse autorização do banco estatal.
Questionado, o Ibracon (Instituto dos auditores independentes do Brasil) também não se manifestou.
Perguntado se adotou ou adotará alguma punição à Caixa pelo procedimento considerado irregular, o Banco Central respondeu que não se posiciona sobre casos específicos
Contar poupança como receita faz Caixa ganhar duas vezes - SHEILA D'AMORIM - Folha de S Paulo
A decisão de contabilizar como receita R$ 719 milhões das contas encerradas por irregularidades no cadastro, em 2012, permitiu à Caixa Econômica Federal ganhar duas vezes com os mesmos recursos.
O termo ganhar geralmente está associado a DRE. Mas na linguagem coloquial do jornal refere-se a "aproveitar".
A maior parte do valor, cerca de 97% segundo o banco, estava em contas de poupança, aplicação que serve como fonte de recursos para financiamentos habitacionais.
Os bancos captam o dinheiro dos poupadores com a obrigação de pagar mensalmente a remuneração prevista -juros de 6,17% ao ano mais a variação da TR (Taxa Referencial)- e usam para conceder empréstimos imobiliários, cobrando mais caro dos mutuários.
A diferença é uma receita financeira da instituição, que serve para cobrir custos e ainda gera lucro para o banco.
É meio óbvio isto. O custo de captação deve ser menor que o custo da aplicação; caso contrário, o banco terá prejuízo.
No caso específico das contas de poupança que tinham irregularidade no cadastro, em 2012, a Caixa decidiu que o mesmo dinheiro -que lhe garantiu receita financeira- também fosse contabilizado como receita operacional no balanço.
Uma confusão geral. O dinheiro dos poupadores é, para Caixa, um passivo. Afinal estamos tratando de uma instituição financeira, onde a lógica é inversa. Já o empréstimos, que foi realizado com os recursos, é um ativo, gerando receita financeira. Entretanto, como já dizia meu orientador, "não existe dinheiro carimbado". A partir do momento que o dinheiro entrou no banco, não há obrigação de associar com este passivo.
O procedimento, segundo a Folha apurou, não é permitido pelas normas do Banco Central. Técnicos do próprio governo consultados pela reportagem afirmaram que isso é irregular, a mesma avaliação de analistas especializados em contabilidade bancária.
O texto não cita nenhum técnico e nenhum especialista. Em geral os jornalistas são especialistas na "falácia do jornalista", onde a partir de um ou dois depoimentos, fazem conclusões. Aqui a fonte não foi revelada.
Após questionamentos feitos pela CGU (Controladoria-Geral da União), o banco estatal anunciou que a operação será desfeita na divulgação do balanço de 2013, prevista para fevereiro.
Parece que aqui refere-se a baixa do passivo, que gerou uma receita.
Para registrar como receita própria os R$ 719 milhões, a Caixa argumenta que "não havia uma norma específica sobre a forma de contabilização desses valores".
O banco ainda respondeu que as chances de os correntistas irem pegar o dinheiro de volta eram baixas. Assim, a instituição precisou reconhecer, em seu balanço, os recursos como receita.
Interessante. Apesar das críticas, considero que a posição da Caixa, sob a lógica contábil, tem certo fundamento. Particularmente agora onde a prudência não faz parte da estrutura conceitual.
RESSALVA
Segundo o analista da Austin Rating Luís Miguel Santacreu, se era considerada correta, a operação deveria ter sido detalhada em nota explicativa na divulgação da contabilidade daquele ano. Se não era, o balanço deveria ter sido publicado com ressalva dos auditores independentes.
Procurada, a PwC (PricewaterhouseCoopers), que auditou o balanço de 2012 da Caixa, alegou que, por questões de contrato, só poderia falar se tivesse autorização do banco estatal.
Questionado, o Ibracon (Instituto dos auditores independentes do Brasil) também não se manifestou.
Perguntado se adotou ou adotará alguma punição à Caixa pelo procedimento considerado irregular, o Banco Central respondeu que não se posiciona sobre casos específicos
Contar poupança como receita faz Caixa ganhar duas vezes - SHEILA D'AMORIM - Folha de S Paulo
As IFRS em julgamento
Segundo Accounting Today , a Comissão Européia designou a empresa de contabilidade Mazars e o Institute of Chartered Accountants in England and Wales (ICAEW) para fazer um relato dos efeitos do uso das normas internacionais de contabilidade pela União Europeia.
O prazo é até o outono de 2014 e as duas entidades irão avaliar o efeito de oito anos de uso das IFRS na Europa e determinar o impacto da adoção das normas internacionais do Iasb na comparabilidade e transparência das empresas europeias. O ICAEW já realizou um trabalho parecido em 2006, quando apresentou um relato sobre a implementação dos padrões do Iasb. O estudo, de mais de duzentas páginas, foi publicado em 2007.
É importante lembrar que a Europa pretende retomar o conceito de prudência na estrutura conceitual das IFRS.
A ideia é realmente muito interessante e poderia ser aplicada ao Brasil. Afinal, valeu a pena adotar as normas internacionais?
O prazo é até o outono de 2014 e as duas entidades irão avaliar o efeito de oito anos de uso das IFRS na Europa e determinar o impacto da adoção das normas internacionais do Iasb na comparabilidade e transparência das empresas europeias. O ICAEW já realizou um trabalho parecido em 2006, quando apresentou um relato sobre a implementação dos padrões do Iasb. O estudo, de mais de duzentas páginas, foi publicado em 2007.
É importante lembrar que a Europa pretende retomar o conceito de prudência na estrutura conceitual das IFRS.
A ideia é realmente muito interessante e poderia ser aplicada ao Brasil. Afinal, valeu a pena adotar as normas internacionais?
23 janeiro 2014
Tecnologia e trabalho
INNOVATION, the elixir of progress, has always cost people their jobs. In the Industrial Revolution artisan weavers were swept aside by the mechanical loom. Over the past 30 years the digital revolution has displaced many of the mid-skill jobs that underpinned 20th-century middle-class life. Typists, ticket agents, bank tellers and many production-line jobs have been dispensed with, just as the weavers were.
For those, including this newspaper, who believe that technological progress has made the world a better place, such churn is a natural part of rising prosperity. Although innovation kills some jobs, it creates new and better ones, as a more productive society becomes richer and its wealthier inhabitants demand more goods and services. A hundred years ago one in three American workers was employed on a farm. Today less than 2% of them produce far more food. The millions freed from the land were not consigned to joblessness, but found better-paid work as the economy grew more sophisticated. Today the pool of secretaries has shrunk, but there are ever more computer programmers and web designers.
Optimism remains the right starting-point, but for workers the dislocating effects of technology may make themselves evident faster than its benefits (see article). Even if new jobs and wonderful products emerge, in the short term income gaps will widen, causing huge social dislocation and perhaps even changing politics. Technology’s impact will feel like a tornado, hitting the rich world first, but eventually sweeping through poorer countries too. No government is prepared for it.
Why be worried? It is partly just a matter of history repeating itself. In the early part of the Industrial Revolution the rewards of increasing productivity went disproportionately to capital; later on, labour reaped most of the benefits. The pattern today is similar. The prosperity unleashed by the digital revolution has gone overwhelmingly to the owners of capital and the highest-skilled workers. Over the past three decades, labour’s share of output has shrunk globally from 64% to 59%. Meanwhile, the share of income going to the top 1% in America has risen from around 9% in the 1970s to 22% today. Unemployment is at alarming levels in much of the rich world, and not just for cyclical reasons. In 2000, 65% of working-age Americans were in work; since then the proportion has fallen, during good years as well as bad, to the current level of 59%.
Worse, it seems likely that this wave of technological disruption to the job market has only just started. From driverless cars to clever household gadgets (see article), innovations that already exist could destroy swathes of jobs that have hitherto been untouched. The public sector is one obvious target: it has proved singularly resistant to tech-driven reinvention. But the step change in what computers can do will have a powerful effect on middle-class jobs in the private sector too.
Until now the jobs most vulnerable to machines were those that involved routine, repetitive tasks. But thanks to the exponential rise in processing power and the ubiquity of digitised information (“big data”), computers are increasingly able to perform complicated tasks more cheaply and effectively than people. Clever industrial robots can quickly “learn” a set of human actions. Services may be even more vulnerable. Computers can already detect intruders in a closed-circuit camera picture more reliably than a human can. By comparing reams of financial or biometric data, they can often diagnose fraud or illness more accurately than any number of accountants or doctors. One recent study by academics at Oxford University suggests that 47% of today’s jobs could be automated in the next two decades.
[...]
Fonte: aqui
Why be worried? It is partly just a matter of history repeating itself. In the early part of the Industrial Revolution the rewards of increasing productivity went disproportionately to capital; later on, labour reaped most of the benefits. The pattern today is similar. The prosperity unleashed by the digital revolution has gone overwhelmingly to the owners of capital and the highest-skilled workers. Over the past three decades, labour’s share of output has shrunk globally from 64% to 59%. Meanwhile, the share of income going to the top 1% in America has risen from around 9% in the 1970s to 22% today. Unemployment is at alarming levels in much of the rich world, and not just for cyclical reasons. In 2000, 65% of working-age Americans were in work; since then the proportion has fallen, during good years as well as bad, to the current level of 59%.
Worse, it seems likely that this wave of technological disruption to the job market has only just started. From driverless cars to clever household gadgets (see article), innovations that already exist could destroy swathes of jobs that have hitherto been untouched. The public sector is one obvious target: it has proved singularly resistant to tech-driven reinvention. But the step change in what computers can do will have a powerful effect on middle-class jobs in the private sector too.
Until now the jobs most vulnerable to machines were those that involved routine, repetitive tasks. But thanks to the exponential rise in processing power and the ubiquity of digitised information (“big data”), computers are increasingly able to perform complicated tasks more cheaply and effectively than people. Clever industrial robots can quickly “learn” a set of human actions. Services may be even more vulnerable. Computers can already detect intruders in a closed-circuit camera picture more reliably than a human can. By comparing reams of financial or biometric data, they can often diagnose fraud or illness more accurately than any number of accountants or doctors. One recent study by academics at Oxford University suggests that 47% of today’s jobs could be automated in the next two decades.
[...]
Fonte: aqui
As duas Américas Latinas
As duas Américas Latinas
Editorial O Estado de S.Paulo, 17/01/2014
A Aliança do Pacífico, bloco comercial formado por México, Colômbia, Peru e Chile, deverá ter neste ano um crescimento médio de 4,25%, com inflação baixa e forte investimento estrangeiro, conforme estimativa do Morgan Stanley. A mesma instituição financeira calcula que Brasil, Argentina e Venezuela, as três principais economias do Mercosul, terão expansão média de apenas 2,5% - e o Brasil crescerá modesto 1,9%. Tal perspectiva evidencia o crescente contraste entre a América Latina que optou pelo livre-comércio e a América Latina estatizante, protecionista e intervencionista.
Conforme notou The Wall Street Journal, essas diferenças permitem acompanhar, no mesmo continente e sob condições relativamente semelhantes, uma espécie de certame sobre qual modelo de desenvolvimento é o mais adequado, algo como um "experimento econômico controlado".
Ao longo da última década, parecia que o grupo dos brasileiros, argentinos e venezuelanos levaria a melhor, sob o impulso da alta dos preços das commodities e das boas condições macroeconômicas para conceder estímulos fiscais. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a sugerir, em 2009, no auge da crise internacional, que "os países avançados deveriam caminhar para o novo modelo colocado pelos países emergentes". Em 2010, a economia brasileira não só conseguiu evitar a contaminação pela crise, como cresceu 7,5%, enquanto o mundo desenvolvido patinava.
Em pouco tempo, a fantasia desse triunfo se esfumou. Confiou-se excessivamente no crescimento chinês como motor da expansão das economias latino-americanas exportadoras de petróleo, minérios e soja, sem levar em conta a possibilidade de desaceleração da China e a consequente queda nos preços dessas commodities. O "modelo de sucesso" emergente inebriou incautos e adiou reformas necessárias que tornariam a economia menos dependente dos humores chineses.
Enquanto isso, países latino-americanos menos afeitos ao populismo optaram pelo livre mercado, aproximando-se dos Estados Unidos depois que a ideia da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca) foi torpedeada, em 2005, pela aliança entre o petismo e o kirchnerismo - que queria fazer da hostilidade aos americanos o eixo da política comercial da região. Nos anos seguintes, a Aliança do Pacífico usufruiu da vantagem de ter acesso preferencial ao mercado americano. Já o Brasil enfrentou - e ainda enfrenta, sem se queixar - o inflexível protecionismo argentino, que distorce as relações comerciais no Mercosul.
Assim, enquanto Brasil, Argentina e Venezuela se atavam a compromissos ideológicos, o bloco do Pacífico se preparava para os novos tempos. O Chile, cuja dependência do comércio de cobre é conhecida, está se esforçando para diversificar as exportações. No caso do México, as vendas externas de manufaturados hoje representam 25% do total, enquanto no Brasil essa fatia ainda é de 4%.
É a comparação com a Argentina e a Venezuela, contudo, que torna as diferenças mais claras. Os venezuelanos, donos de uma das maiores reservas de petróleo do mundo, enfrentam escassez crônica e inflação na casa dos 50% ao ano, como resultado dos delírios do "socialismo do século 21".
A Argentina, por sua vez, viu sua moeda perder 32% do valor em relação ao dólar no mercado oficial em 2013. A inflação, maquiada pelo governo, ronda os 30% anuais, mesmo com o controle de preços praticamente generalizado. O país convive com apagões diários, graças à falta de investimentos das empresas de energia, prejudicadas pelo represamento das tarifas.
Para o Journal, a atual conjuntura sugere que o Brasil está se tornando uma Argentina, a Argentina está virando uma Venezuela, e a Venezuela já é quase um Zimbábue. Pode ser um exagero, mas a comparação com a Aliança do Pacífico é, de fato, constrangedora. Como disse o ex-ministro da Fazenda peruano Pedro Pablo Kuczynski, "no fim das contas, os resultados dos dois diferentes blocos vão resolver o debate" sobre qual é o melhor modelo, "mas as más ideias levam muito tempo para morrer".
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