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19 janeiro 2014

Entrevista: Francisco Fernandes de Sousa

Multitasking: enquanto nos atendia, Chiquinho continuava a atender demandas.
Francisco Fernandes de Sousa, contador, começou a trabalhar na Eletrobras Eletronorte há cerca de 30 anos. Além de ser gerente na diretoria financeira, Chiquinho, como é conhecido por toda a empresa, tem certificação como consultor SAP/R3 e é um dos principais responsáveis pela configuração dos sistemas financeiros e de custos (módulos FI e CO no SAP).

Blog_CF: Como era a contabilidade na Eletrobras Eletronorte há 20 anos e como é hoje?
Francisco: Antigamente fazíamos tudo "a mão". Há 20 ou 30 anos as contas eram mais simples, mas a falta de uma planilha Excel tornava tudo mais difícil. Risos. Levávamos muito tempo para preparar o balanço. Houve um tempo em que tínhamos alguns computadores para suprir a demanda de todos nós. Havia fila! Hoje acho engraçado relembrar.

Era muito difícil receber a prestação de contas de um engenheiro que estava participando da construção de Tucuruí, por exemplo. Hoje em dia isso é feio com o auxílio do SAP R3, a plataforma que utilizamos na Eletronorte. Com ele cada um tem a devida autorização para fazer o que está dentro dos seus limites. Essas autorizações são sempre revistas pois adotamos a Sarbanes-Oxley, que exige isso.

Por exemplo, quem está em Tucuruí e tem que preencher uma planilha com as horas gastas em cada centro de custos, tem acesso ao TimeSheet. Se ele precisa fazer a solicitação de materiais ao almoxarifado, não vai poder. Isso caberá, talvez, à secretária, ou a quem foi autorizado a seguir com aquela tarefa. Na contabilidade, quem participa do encerramento mensal das contas tem acesso a transações específicas para aquilo. Em um sistema de compras, a pessoa que faz a solicitação, é diferente da que confere e autoriza. Tudo isso dá mais segurança ao usuário, ao sistema e facilita, inclusive, o trabalho da auditoria.

Atualmente a principal dificuldade se encontra nas alterações advindas do IFRS. Temos o impairment, o ativo financeiro, o impacto nas concessões. Isso não existia para nós e a adoção pelo Brasil trouxe uma repercussão tremenda.

Claro que a contabilidade cresceu porque era necessário e acho positiva essa "globalização". Mas quando se trata do dia-a-dia, fica um pouco menos romântico.

Colocar a teoria na prática sem ter um exemplo a seguir é ao mesmo tempo emocionante e arriscado. Investimos muito em treinamento para estar em dia com todas as mudanças e conseguirmos passar tudo tanto para a configuração do sistema, quanto para as demonstrações contábeis, de forma fidedigna. Mas até que o balanço seja oficialmente publicado, há muito debate, reclassificação, revisão. É um trabalho para quem realmente gosta de colocar a mão na massa.

Blog_CF: Para conseguir fazer o que você faz, mexer com contabilidade e com a configuração do sistema, o que é ideal conhecer? O que um aluno deve estudar para ter uma oportunidade similar?
Francisco: Além de ser um bom contador, é necessário que ele faça alguns cursos. A empresa SAP oferece certificações para que a pessoa se torne oficialmente um consultor SAP. O SAP R3 é dividido em vários módulos. A sua certificação dependerá do seu interesse. MM é o módulo de materiais, HR o de recursos humanos. No meu caso, cursei FI (referente ao módulo financeiro) e CO (referente ao módulo de custos). Ideal seria alguém que soubesse uma linguagem de programação denominada ABAP.



Blog_CF: Qual é a maior dificuldade encontrada atualmente na sua área?
Francisco: A falta de profissionais qualificados e a burocracia para suprir os cargos. Desde o vencimento do concurso muitas pessoas saíram, incluindo aquelas em programa de demissão voluntária. Enxugamos os gastos com pessoal, porém houve sobrecarga dos funcionários que permaneceram. Ademais, na minha área, necessito de contadores maleáveis e dispostos. Acreditem, não é fácil encontrar pessoas assim.

A necessidade desse perfil advém do fato de que a contabilidade está em constante atualização. Como comentei, antes do IFRS era muito mais fácil ser um contador. Atualmente precisamos estar sempre em cursos, reuniões, palestras e eventos que envolvem tempo e dedicação. Não só isso, temos que saber como aplicar os conceitos na prática.

A Eletronorte é uma empresa de capital fechado, mas somos parte da Eletrobras, que depende das informações que passamos, da forma como nos comunicamos. Assim, além de um funcionário que esteja sempre disposto a aprender, espero que ele também saiba aplicar a teoria à prática, saiba tomar decisões, entenda de sistemas (pois nos comunicamos em grande parte via SAP R3), saiba trabalhar em equipe.

Blog_CF: Como ocorreu o treinamento dos funcionários para que o sistema fosse adotado de forma eficiente?
Francisco: Nós estamos constantemente desenvolvendo treinamentos para ensinar SAP R3. Cada área com a sua parte, claro. Por exemplo, a gerência de ativos capacita funcionários não apenas da sede, como também das regionais, a lidar com o inventário.

A regra, todavia, é que os colegas ensinem uns aos outros o que sabem. Incentivamos a criação de manuais e passo a passo das tarefas para, caso alguém tenha que se ausentar, ou fique enfermo, tudo possa seguir em frete com tranquilidade.

Mas, sempre que possível, retomamos os treinamentos para haver uma reciclagem constante. Ademais, damos assistência por e-mail e telefone. Algo similar a um help desk.

Blog_CF: Quais dicas você daria para um jovem ainda cursando a faculdade?
Francisco: Inicialmente ressalto que o programa para estagiários na Eletrobras, como um todo, é excelente. Sugiro que fiquem atentos à página da Eletrobras Eletronorte pois logo sairá o edital para novas contratações. Antecipando a pergunta, já simplifico a resposta. O que procuramos em estagiários é a vontade de aprender e o conhecimento contábil e de informática. Não é necessário saber SAP/R3 pois te ensinaremos aqui. A minha filosofia faz com que contratemos estagiários para o crescimento do aluno e não como "mão de obra barata".

Mas de forma mais abrangente, eu aconselho que você, jovem, aprenda a aprender. Estude além do que é exigido para passar em provas, saiba conversar sobre o assunto, interpretar arriscar uma aplicação. Alimente desde o início a sua curiosidade.

Se você já faz estágio, tente sempre procurar alguém que precise de ajuda. Não fique lendo resumos de novela ou esperando o tempo passar. Nesses momento em que você oferece ajuda para outros colegas, você pode aprender algumas coisas que te trarão um diferencial por toda a vida.

Estude inglês (e saiba português!) e informática. Um contador deve saber mexer com ferramentas básicas como Word, Excel e Power Point com excelência. Além disso, aproveite as férias (ou a greve, o sábado de manhã, ou qualquer momento que tenha livre) para fazer cursos de Access ou algum software que te mantenha versado em sistema, melhore o seu currículo e te diferencie ainda mais de seus pares. Mesmo em trabalhos concursados, o seu currículo define a sua caminhada.

Calendário NCTC

Calendário de gatinho e de cartões postais já estão batidos. 

Para auxiliar a luta contra o terrorismo, existe o calendário da NCTC (The National Counterterrorism Center) que fornece informações sobre pessoas e grupos terroristas conhecidos, além de dados técnicos sobre assuntos como ameaças químicas e biológicas. 

O calendário apresenta, ainda, datas que os terroristas podem acreditar serem importantes no planejamento de ataques com o objetivo de comemorar certos eventos. 

Há uma edição imprimível disponível em pdf aqui.

Repasses do SUS e o superávit do governo

Já apresentamos diversas postagens mostrando que o governo forçou a meta fiscal de 2013 através de vários artifícios. Mais uma para a listagem:

O governo federal reduziu os repasses financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) a Estados e municípios na virada do ano, revelam dados levantados pelo Estado. O expediente, que "poupou" R$ 2,66 bilhões do Tesouro Nacional em dezembro de 2013 na comparação com mesmo mês de 2012, ajudou o governo Dilma Rousseff a cumprir a meta de economia para pagar juros da dívida pública, o chamado superávit primário.

Temos dois aspectos relevantes. Em 2014 teremos eleição. Tradicionalmente este evento tende a aumentar as despesas orçamentárias, mas não necessariamente a receita. Além disto, alguns dos fatores de ajudaram na obtenção do superávit, como os leilões, talvez não se repita este ano. E teremos a Copa, que deverá trazer despesas para o governo. Isto tudo faz com que a perspectiva para este ano seja pior.

O segundo aspecto é que os instrumentos usados em 2013 para obter o superávit, como o atraso de repasses, ficam mais difíceis de serem obtidos. Estaremos diante de uma "corrida maluca"; quem será o Dick Vigarista?

18 janeiro 2014

Rir é o melhor remédio


Fato da Semana

Fato da Semana: Afinal a Caixa confiscou ou não? No final da semana passada surgiu a notícia que a Caixa Econômica Federal havia confiscado dinheiro de poupadores. A nossa postagem já esclarecia a posição do Banco Central sobre o assunto. Mas ao longo da semana o assunto ainda rendeu notícias com a informação do total da receita operacional da entidade.

Qual a relevância disto? A discussão foi relevante para mostra o uso da contabilidade nas entidades públicas. Foi possível perceber o valor da receita da entidade com o encerramento das contas. Ocorreu também uma discussão marginal sobre o fato de ser ou não operacional este tipo de receita.

Positivo ou negativo? Em geral estas discussões mostram como os jornalistas brasileiros ainda possuem conhecimentos rudimentares de contabilidade. Mas estas notícias também são relevantes para indicar que a sociedade está atenta situações como estas.

Desdobramentos – A tendência é o “escândalo” esfriar com o passar do tempo.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se o leitor está atento ao que foi notícia no nosso blog.

1 – Esta entidade resolveu baixar uma norma sobre a conta corrente dos partidos políticos, para as eleições de 2014:

Banco Central
Controladoria Geral da União
Supremo Tribunal Federal
Tribunal Superior Eleitoral

2 – Uma pesquisa do Gallup revelou que os países mais emocionais são do seguinte continente:

África
Américas
Ásia
Europa

3 – Um grande lote de ações Six foram vendidas esta semana por este polêmico empresário:

Abílio Diniz
Edson Arantes do Nascimento
Eike Batista
Luciano Huck

4 – Hong Kong, Cingapura, Austrália e Suíça lideraram um ranking muito importante divulgado esta semana:

Liberdade econômica
Notas dos alunos em educação
Número de patentes por habitantes
Participação das mulheres na direção das empresas

5 – No ranking da questão anterior a posição do Brasil é

Acima do 100º. Lugar
Entre 51º. e 99º. Lugar
Entre os 10 primeiros
Entre os 50 primeiros, mas não entre os 10 primeiros

6 – Em outro ranking, o Brasil aparece como o país com maior número de

ATMs
Importação de supérfluos
Jogadores de futebol
Turistas no exterior

7 – Uma estatística mostrou que está mudando o perfil dos usuários do Facebook com

Aumento nos usuários mais jovens
Aumento nos usuários nos países desenvolvidos
Aumentos nas usuárias
Aumentos nos usuários mais velhos

8 – Os custos de saúde tendem a aumentar mais do que os índices gerais de preços. Esta lei da economia, ignorada esta semana por um jornal de grande circulação, foi proposta por:

Baumol
Coase
Keynes
Tirole

Resultados: (1) TSE; (2) Américas; (3) Eike Batista; (4) Liberdade econômica; (5) Acima do 100º. ; (6) ATMs; (7) Aumentos nos usuários mais velhos; (8) Baumol. Cartoon aqui

Nova Geração de Economistas Brasileiros

Educação na pré-escola, crime, saúde e informalidade são alguns dos temas que estão no radar dessa nova geração de economistas listada pela Folha.
A seguir um pouco sobre o que estudam, o que pensam sobre trabalhar no governo e sobre os atuais problemas do país
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Estudos sobre a informalidade no mercado de trabalho acompanham o economistaGabriel Ulyssea desde o mestrado, na PUC-Rio. No ano passado, sua tese de doutorado (também sobre o tema) foi premiada pela Anpec (associação que reúne alunos de pós-graduação em economia). Concluiu os estudos na Universidade de Chicago, orientado pelo Prêmio Nobel James Heckman.

GABRIEL ULYSSEA
Aos 34 anos, Ulyssea tem uma vivência de governo que o diferencia dos economistas de sua idade. Participou da formulação do Fundeb (fundo que provê recursos para o pagamento de professores do ensino básico), quando o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ainda era secretário de Tarso Genro, então ministro da Educação. "Foi interessante ver a política sendo feita", diz. "É a maneira mais direta de impactar a realidade. Isso me motiva muito."

Entrou para o Ipea (instituto governamental de pesquisa econômica) e foi trabalhar com Ricardo Paes de Barros, referência nos estudos sobre desigualdade. Em 2006, escreveu capítulos e ajudou Paes de Barros a organizar o livro "Desigualdade de Renda no Brasil: uma Análise da Queda Recente", reunião dos principais estudiosos do tema no país. Isso tudo antes dos 27 anos, quando partiu para a Universi-dade de Chicago. Estudou como a informalidade afeta a rotina das empresas.
Constatou que a redução dos impostos na folha de pagamentos pode aumentar a formalização das empresas, mas pouco afeta a vida dos trabalhadores. "Com o ganho de margem, elas podem contratar mais funcionários informais e há pouco impacto sobre os salários."

Monica Baumgarten de Bolle tem se destacado no debate público no país. Herdou o interesse pela economia do pai, Alfredo Luiz Baumgarten, ex-presidente da Finep, morto em 1990.
MONICA DE BOLLE
Depois do doutorado, foi trabalhar no FMI, no qual desenvolveu na prática seu interesse teórico por crises financeiras.
Estava no Fundo quando a Argentina entrou em default, em 2001. Antevendo os efeitos no Uruguai, pediu que ficasse responsável pelo país, que despertava pouco interesse na época.
Quando estourou a crise uruguaia, de Bolle foi uma das principais responsáveis pela bem-sucedida reestruturação da dívida do país, que serviria mais tarde de modelo para o caso da Grécia. "Quando começou a crise, pensei: 'Que maneiro, lá vou eu'."
Seu chefe era Tim Geithner, posteriormente secretário do governo Obama. De volta ao Brasil, passou pelo mercado financeiro e foi trabalhar com Dionísio Carneiro na Galanto. Depois da morte de Carneiro, assumiu a consultoria e dá aulas na PUC-Rio.


A reportagem continua aqui