Estas é uma daquelas notícias que merecem leitura detalhada. É do Brasil Econômico (Bancos limpam balanços e recuperam rentabilidade,
Léa De Luca):
Depois de verem a rentabilidade cair por quatro trimestres seguidos - do quarto de 2011 até o terceiro de 2012 - os bancos engataram uma trajetória de recuperação que culminou no terceiro trimestre de 2013, quando o índice acumulado nos 12 meses anteriores atingiu 14,3%, de acordo com dados do Banco Central.
Pouco esclarecedor. Como foi calculada a rentabilidade? E o valor acumulado? Observe que a fonte é o Banco Central
Segundo estudo divulgado ontem pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), a média do índice de 130 instituições é a maior registrada desde o terceiro trimestre de 2011.
Aqui já mistura a fonte, usando a Febraban.
Naquele ano, o aumento dos calotes começou a exigir mais provisões, pressionando os ganhos - e a queda dos juros no ano seguinte colaborou.
O termo correto seria resultado. Não está muito claro sobre a "queda dos juros", mas refere-se ao movimento do governo, e dos seus bancos, que pressionaram esta taxa.
No ano passado, após uma marcha a ré em operações de crédito mais arriscadas, os calotes voltaram a seu curso normal. Com isso, as provisões diminuíram e os lucros voltaram a subir. Os lucros acumulados em 12 meses por esses 130 bancos, até 30 de setembro último, atingiram R$ 61,3 bilhões.
É muito estranho usar lucros acumulados aqui. Parte deste lucro pode ter sido distribuído. A não ser que esteja usando a soma dos lucros dos doze meses. Um aspecto que pode confirmar esta hipótese é o fato dos doze meses terminar em 30 de setembro. Pela legislação, não deve existir saldo na conta de lucros acumulados ao final do exercício.
O estudo da Febraban destacou o aumento do resultado da intermediação financeira, com as maiores receitas de crédito (alta de 2% no trimestre e de 4% em 12 meses) e de tesouraria (carteira própria de aplicações em títulos e valores mobiliários), de 20% em três meses e de 19% em um ano. Esse aumento compensou a alta do custo de captação dos bancos, que aconteceu em decorrência da alta da taxa básica de juros, que terminou o ano em 10%. O custo de captação cresceu 9% no trimestre e 22% em 12 meses.
Todo este crescimento depende da relevância de cada conta. Somente apresentar os dados em percentuais não ajuda muito.
O resultado da intermediação foi ainda beneficiado pelo novo recuo nas despesas de provisões (de 6,8% no trimestre e de 8% em 12 meses), diante da queda da inadimplência. Já o recuo de 0,8% das receitas com serviços e tarifas no trimestre e o aumento de 1,5% das despesas de pessoal foram compensados pelo recuo de 3% nas despesas administrativas.
Na comparação anual, o aumento das receitas de serviços e tarifas praticamente compensou as maiores despesas de pessoal e administrativas.
Esta comparação anual deve ser em doze meses, terminado em setembro, conforme o restante da reportagem.
Os ativos dos bancos brasileiros atingiram R$ 5,6 trilhões, com aumento de 2,3% no trimestre e de 12,8% na comparação anual, com crescimento de 18% das operações de crédito, que representam cerca de 38% dos ativos do sistema e aumento de 14,4% nas disponibilidades e de 9,5% na carteira de títulos.
Não ficou claro se os últimos percentuais estavam fazendo referência ao trimestre ou a comparação anual.
Segundo Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Ratings, este ano deve ser parecido com 2013, com rentabilidade novamente nessa faixa (de 14% a 16% ao ano), e um aumento médio de 12% do saldo das operações de crédito. Para Rodrigues, porém, os bancos privados devem recuperar parte da participação de mercado de crédito que perderam para os bancos públicos em 2013. "Ainda vejo espaço para aumento do crédito imobiliário, do consignado e das operações com médias empresas".
No entanto, Rodrigues alerta para o aumento das dificuldades que os bancos médios devem enfrentar para crescer neste ano, uma vez que as exigências de capital tendem a aumentar por exigências do acordo de Basileia III. O patrimônio líquido dos bancos atingiu R$ 435,8 bilhões no final do terceiro trimestre, alta de 3,2% na comparação anual, contribuindo para manter os índices de Basileia entre os maiores desde 2010, em cerca de 17,3%.
Os cinco maiores bancos brasileiros concentravam 76,9% dos ativos e os nove maiores, com ativos superiores a R$ 100 bilhões, representavam 86,3% do total.