Há várias semanas estamos publicando, nas segundas, postagens sobre a história do Brasil. A reação de leitores (o Alexandre Alcantara é um dos mais entusiasmados) e o prazer de descobrir novidades sobre o nosso passado torna as postagens marcantes para este blogueiro.
A base das informações é a Biblioteca Nacional e seu acervo digital. Minha pesquisa concentra-se nos jornais, mas já cheguei a usar o acervo da Biblioteca de Portugal para livros e o arquivo digital do Estado de S. Paulo.
Inicialmente selecionava aleatoriamente uma data e lia com atenção o jornal. Mas resolvi fazer uma pesquisa mais extensa e passei a usar a ferramenta de busca da Biblioteca. O problema é que na medida em que a pesquisa avança no tempo o número de jornais (e exemplares) disponíveis cresce substancialmente. E a seleção cada vez mais trabalhosa.
A pesquisa começa com a digitação de uma palavra, como “contabilidade” ou “guarda-livros”, e a escolha de um período. A parte mais difícil é a leitura dos resultados e tentar encontrar algo em comum entre as notícias. Na semana passada estava pesquisando a década de 1920 e surgiram vários assuntos. Somente o Congresso de Contabilidade foi suficiente para escrever uma boa postagem. E sobrou material que irei usar na próxima semana.
Muitas vezes descubro aspectos extremamente curiosos. Um pequeno exemplo: na década de 1920 criou-se o curso superior de contabilidade no Brasil. Os professores eram alguns dos nomes conhecidos da contabilidade da época. Os primeiros alunos tiveram este privilegio. Mas um detalhe importante: os professores eram “guarda-livros”, ou seja, não tinham curso superior. Para resolver este problema, o Instituto Brasileiro de Contabilidade decidiu considerar estes professores como “contadores”. E um dos primeiros contemplados foi o seu presidente. Curioso, não?
23 agosto 2013
Relevância e decisão do usuário
Dentro da estrutura conceitual, a questão da relevância é tão crucial que foi considerada uma das características fundamentais da informação contábil. Uma informação é relevante quando influencia as decisões do usuário.
O Accounting Onion lembra que o IAsb está numa campanha para reduzir a quantidade de informação disponibilizada. Segundo o presidente do Iasb, “menos é mais”. Ou seja, um menor número de informação pode representar maior qualidade. O Accounting Onion destaca o fato de que isto pode ter consequências judiciais.
Mas existe outro aspecto importante sobre este assunto. Como a relevância está relacionada com a influencia das decisões do usuário, talvez um dos dilemas das pessoas envolvidas na produção da informação é sabem o que “influencia as decisões do usuário”. Para começar, o usuário não é um individuo, mas um conjunto de interessados, com características distintas. Como saber o que influencia sua decisão?
A procura por reduzir o tamanho das demonstrações contábeis lida então com este dilema. Como resolvê-lo?
Leia Mais
The IASB’s Quixotic Attack on Disclosure “Boilerplate”
O Accounting Onion lembra que o IAsb está numa campanha para reduzir a quantidade de informação disponibilizada. Segundo o presidente do Iasb, “menos é mais”. Ou seja, um menor número de informação pode representar maior qualidade. O Accounting Onion destaca o fato de que isto pode ter consequências judiciais.
Mas existe outro aspecto importante sobre este assunto. Como a relevância está relacionada com a influencia das decisões do usuário, talvez um dos dilemas das pessoas envolvidas na produção da informação é sabem o que “influencia as decisões do usuário”. Para começar, o usuário não é um individuo, mas um conjunto de interessados, com características distintas. Como saber o que influencia sua decisão?
A procura por reduzir o tamanho das demonstrações contábeis lida então com este dilema. Como resolvê-lo?
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The IASB’s Quixotic Attack on Disclosure “Boilerplate”
Os contadores vão salvar o mundo
A Teoria Econômica Clássica é brilhante. A ideia básica, formulada pelo filósofo escocês Adam Smith em 1776, é que o mercado é a melhor maneira de determinar o valor das coisas. Ponha algo para vender, espere até alguém aparecer querendo comprar e pronto: logo um preço surgirá. Se a oferta aumentar, o preço cai, se a demanda subir, o preço sobe. Simples, prático e genial. Mas, infelizmente, essa teoria contém um pequeno erro. Pequeno, mas, se ele não for corrigido, o mundo acaba.
O erro de Adam Smith é que ele se esqueceu de pensar que certas coisas não têm preço. Isso porque algumas coisas têm mercados que movimentam dinheiro e outras não. Imagine uma árvore milenar, crescendo sem dono no meio da Floresta Amazônica. Não há mercado nenhum em funcionamento aí – dinheiro nenhum muda de mãos enquanto a árvore cresce e os séculos passam. Mas, se formos até a floresta com uma serra, fatiarmos a coitada em tábuas e colocarmos as ditas cujas para vender a R$ 5 o metro linear, vai surgir um mercado. Alguém aparecerá querendo comprar e aí é uma beleza: a economia se move, dinheiro circula, o PIB aumenta, o Brasil cresce. Derrubar árvores aumenta o PIB, plantar árvores não.
A árvore crescendo majestosa no meio da floresta não tem preço, mas isso não quer dizer que ela não tenha valor. Ela tem – por exemplo, para os milhões de seres que habitam sua copa e curtem sua sombra. Ou para as pessoas do futuro que sofrerão de doenças cuja cura está nos genes de um desses seres. Ela tem valor para todos os habitantes da América do Sul, já que as árvores amazônicas propulsionam uma “bomba biótica” – soltam umidade na atmosfera e os ventos oceânicos empurram essa umidade para o continente todo, garantindo as chuvas e, portanto, a fertilidade, do cerrado aos pampas.
Não é um valor teórico – é concreto, real. Se não houvesse a árvore, um monte de gente ia ficar mais pobre. Mas esse valor é difícil de calcular e, portanto, os mercados não o enxergam. É como se árvore fosse grátis. Se a árvore é grátis e a tábua custa R$ 5 o metro, segundo as leis de Adam Smith, cria-se um incentivo para todo mundo derrubar árvores e vender tábua a rodo (e rodo também). Até que, naturalmente, as árvores acabam. Isso é um erro porque, ao final do processo, todos ficamos mais pobres.
O nome desse erro da economia é “externalidade”, que é aquilo que não está computado na formação de um preço. O maior problema do mundo hoje é que a economia está repleta de externalidades. Segundo o economista indiano Pavan Sukhdev, da Universidade Yale, mais de 50% dos ganhos das empresas na realidade são externalidades. Ou seja: a maior parte da economia mundial não são lucros – são roubos. É alguém impondo um custo a outro para fazer dinheiro para si próprio.
Por exemplo, dizem que a maneira mais barata de produzir energia é queimando carvão e usando o calor gerado. O que a economia não calcula é que a produção dessa energia gera um custo para o mundo maior do que seu próprio valor. Segundo Pavan, para cada R$ 1 de energia que é produzida com queima de carvão, impõe-se um custo de até R$ 3,50 para a economia. Ou seja, se fizermos a conta direitinho, descobrimos que as usinas termelétricas não produzem energia: elas queimam dinheiro.
O economista dos transportes Charles Komanoff tem um outro exemplo. Segundo ele, a cada vez que uma pessoa anda de carro em Nova York, os outros habitantes da cidade perdem 3 horas e 15 minutos de suas vidas, no trânsito. Cada novo carro na rua aumenta um tiquinho o congestionamento, fazendo com que cada um dos outros carros percam alguns segundos. O que Komanoff fez foi somar todos esses segundos. Descobriu que, quando um motorista tenta economizar 5 minutos, a cidade perde mais de 3 horas. Não é à tôa que hoje a velocidade média de um carro no trânsito em uma grande cidade é menor do que no tempo das carroças movidas a boi.
E como eliminar as externalidades para corrigir a escorregada de Adam Smith? O único jeito é incluir no preço das coisas todos os custos e esperar que o mercado cuide do resto. Se o carrão que gera trânsito custar mais, cria-se um incentivo para que se escolha veículos menores. Se a tábua incluir no seu preço a sombra perdida e os bichos desalojados, vai ficar mais barato comprar madeira reflorestada.
Vários países estão criando taxas para matar externalidades. Claro que a última coisa que o Brasil precisa é de mais impostos. Mas, e se todos os impostos atuais fossem eliminados e criássemos todo um novo código tributário, do zero, com um único critério: eliminar externalidades?
O primeiro passo é fazer contas: calcular na ponta do lápis o preço exato de tudo que a economia esqueceu. Claro que não vai ser fácil chegar a um acordo sobre o preço justo de coisas como sombra, silêncio e vida humana, e é por isso que precisaremos de gente boa de números. Pavan Suhhdev costuma dizer que são os contadores que vão salvar o mundo.
Aí bastará incluir no preço das coisas os custos escondidos que elas têm. Muita gente vai chiar. Hábitos que costumamos ver como baratos – comer carne, queimar gasolina, misturar cimento – vão ficar bem mais caros. Mas aí é questão de tempo até uma nova geração de empreendedores inventar opções alternativas – veículos que não poluem, comidas que fazem bem, produtos que não destroem – por preços razoáveis. E aí o mercado funcionará, do jeito que Adam Smith descreveu.
O erro de Adam Smith é que ele se esqueceu de pensar que certas coisas não têm preço. Isso porque algumas coisas têm mercados que movimentam dinheiro e outras não. Imagine uma árvore milenar, crescendo sem dono no meio da Floresta Amazônica. Não há mercado nenhum em funcionamento aí – dinheiro nenhum muda de mãos enquanto a árvore cresce e os séculos passam. Mas, se formos até a floresta com uma serra, fatiarmos a coitada em tábuas e colocarmos as ditas cujas para vender a R$ 5 o metro linear, vai surgir um mercado. Alguém aparecerá querendo comprar e aí é uma beleza: a economia se move, dinheiro circula, o PIB aumenta, o Brasil cresce. Derrubar árvores aumenta o PIB, plantar árvores não.
A árvore crescendo majestosa no meio da floresta não tem preço, mas isso não quer dizer que ela não tenha valor. Ela tem – por exemplo, para os milhões de seres que habitam sua copa e curtem sua sombra. Ou para as pessoas do futuro que sofrerão de doenças cuja cura está nos genes de um desses seres. Ela tem valor para todos os habitantes da América do Sul, já que as árvores amazônicas propulsionam uma “bomba biótica” – soltam umidade na atmosfera e os ventos oceânicos empurram essa umidade para o continente todo, garantindo as chuvas e, portanto, a fertilidade, do cerrado aos pampas.
Não é um valor teórico – é concreto, real. Se não houvesse a árvore, um monte de gente ia ficar mais pobre. Mas esse valor é difícil de calcular e, portanto, os mercados não o enxergam. É como se árvore fosse grátis. Se a árvore é grátis e a tábua custa R$ 5 o metro, segundo as leis de Adam Smith, cria-se um incentivo para todo mundo derrubar árvores e vender tábua a rodo (e rodo também). Até que, naturalmente, as árvores acabam. Isso é um erro porque, ao final do processo, todos ficamos mais pobres.
O nome desse erro da economia é “externalidade”, que é aquilo que não está computado na formação de um preço. O maior problema do mundo hoje é que a economia está repleta de externalidades. Segundo o economista indiano Pavan Sukhdev, da Universidade Yale, mais de 50% dos ganhos das empresas na realidade são externalidades. Ou seja: a maior parte da economia mundial não são lucros – são roubos. É alguém impondo um custo a outro para fazer dinheiro para si próprio.
Por exemplo, dizem que a maneira mais barata de produzir energia é queimando carvão e usando o calor gerado. O que a economia não calcula é que a produção dessa energia gera um custo para o mundo maior do que seu próprio valor. Segundo Pavan, para cada R$ 1 de energia que é produzida com queima de carvão, impõe-se um custo de até R$ 3,50 para a economia. Ou seja, se fizermos a conta direitinho, descobrimos que as usinas termelétricas não produzem energia: elas queimam dinheiro.
O economista dos transportes Charles Komanoff tem um outro exemplo. Segundo ele, a cada vez que uma pessoa anda de carro em Nova York, os outros habitantes da cidade perdem 3 horas e 15 minutos de suas vidas, no trânsito. Cada novo carro na rua aumenta um tiquinho o congestionamento, fazendo com que cada um dos outros carros percam alguns segundos. O que Komanoff fez foi somar todos esses segundos. Descobriu que, quando um motorista tenta economizar 5 minutos, a cidade perde mais de 3 horas. Não é à tôa que hoje a velocidade média de um carro no trânsito em uma grande cidade é menor do que no tempo das carroças movidas a boi.
E como eliminar as externalidades para corrigir a escorregada de Adam Smith? O único jeito é incluir no preço das coisas todos os custos e esperar que o mercado cuide do resto. Se o carrão que gera trânsito custar mais, cria-se um incentivo para que se escolha veículos menores. Se a tábua incluir no seu preço a sombra perdida e os bichos desalojados, vai ficar mais barato comprar madeira reflorestada.
Vários países estão criando taxas para matar externalidades. Claro que a última coisa que o Brasil precisa é de mais impostos. Mas, e se todos os impostos atuais fossem eliminados e criássemos todo um novo código tributário, do zero, com um único critério: eliminar externalidades?
O primeiro passo é fazer contas: calcular na ponta do lápis o preço exato de tudo que a economia esqueceu. Claro que não vai ser fácil chegar a um acordo sobre o preço justo de coisas como sombra, silêncio e vida humana, e é por isso que precisaremos de gente boa de números. Pavan Suhhdev costuma dizer que são os contadores que vão salvar o mundo.
Aí bastará incluir no preço das coisas os custos escondidos que elas têm. Muita gente vai chiar. Hábitos que costumamos ver como baratos – comer carne, queimar gasolina, misturar cimento – vão ficar bem mais caros. Mas aí é questão de tempo até uma nova geração de empreendedores inventar opções alternativas – veículos que não poluem, comidas que fazem bem, produtos que não destroem – por preços razoáveis. E aí o mercado funcionará, do jeito que Adam Smith descreveu.
Por Denis Russo Burgierman
Ilustração: Maurício Planel
Este texto foi publicado originalmente na Edição Dourada da SUPER – 111 Ideias Que Valem Ouro. Esta aqui é uma das ideias – as outras 110 estarão nas bancas na sexta-feira.
Ilustração: Maurício Planel
Este texto foi publicado originalmente na Edição Dourada da SUPER – 111 Ideias Que Valem Ouro. Esta aqui é uma das ideias – as outras 110 estarão nas bancas na sexta-feira.
Atraso da Petrobras
Sabe-se que a situação financeira da Petrobras não é boa. Agora uma denúncia que a empresa está atrasando o pagamento de uma prestadora de serviço, que entrou na justiça para garantir a pontualidade do fluxo de caixa (Petrobras é acusada de enriquecimento ilícito. André Borges; Valor Econômico - 22/08/2013). Como a Petrobras é o lado forte na cadeia produtiva, outras empresas prejudicadas - que estão sofrendo atraso na entrada de caixa - talvez não tenham reclamado com receio de perder contratos futuros. O valor devido a Multitek, a empresa que reclamou na justição, é expressivo: 245 milhões de reais. Ao final do texto:
Desde o ano passado, a Petrobras tem sido criticada por atrasos em pagamentos a fornecedores. Em recente audiência realizada na Câmara dos Deputados, a presidente da Petrobras, Graça Foster, negou que a companhia tenha atrasado o pagamento a fornecedores e voltou a dizer que a estatal dispõe de US$ 20 bilhões em caixa para que todos os compromissos sejam honrados.
O fato de dispor de 20 bilhões de dólares não garante que a empresa esteja sendo pontual no pagamento. Além disto, em razão do porte da empresa, este valor não é suficiente para "que todos os compromissos sejam honrados".
Desde o ano passado, a Petrobras tem sido criticada por atrasos em pagamentos a fornecedores. Em recente audiência realizada na Câmara dos Deputados, a presidente da Petrobras, Graça Foster, negou que a companhia tenha atrasado o pagamento a fornecedores e voltou a dizer que a estatal dispõe de US$ 20 bilhões em caixa para que todos os compromissos sejam honrados.
O fato de dispor de 20 bilhões de dólares não garante que a empresa esteja sendo pontual no pagamento. Além disto, em razão do porte da empresa, este valor não é suficiente para "que todos os compromissos sejam honrados".
Julgamento em tempo de crise
Do jornal Valor Econômico, um texto sobre a crise e as normas contábeis (Turbulência testa normas contábeis - Natalia Viri - 22/08/2013):
A volatilidade que tomou conta do mercado brasileiro neste ano deve servir como um teste para o sucesso da adoção das normas internacionais de contabilidade (IFRS) no país, afirmaram especialistas presentes em encontro sobre contabilidade e controladoria realizado ontem pela firma de produtos para gestão contábil SCA Systema em São Paulo.
Além dos problemas do mercado, o aumento do risco Brasil, da taxa de juros básica e do crescimento lento da economia também devem refletir neste aspecto. É importante constatar que as IFRS em situações de crise já foram testadas na Europa, com resultados controversos.
Empresas e auditores devem redobrar o cuidado com a preparação e a revisão das demonstrações financeiras deste ano em meio ao sobe-e-desce de indicadores e as incertezas que rondam a economia. Esse é o primeiro ano de nervosismo exacerbado do mercado sob a vigência do IFRS no país. O padrão internacional passou a vigorar no Brasil em 2008, mas sua adoção só se tornou obrigatória para os balanços referentes a 2010.
"As empresas terão de ter muito cuidado para estabelecer os parâmetros para julgar itens como o valor justo de seus ativos e passivos e realizar eventuais baixas contábeis. Há uma resistência em realizar essas baixas em tempos de resultados menores", afirmou Bruce Mescher, sócio de auditoria da Deloitte.
Um aspecto que pode ajudar a reduzir o número de amortizações é a não adoção da reavaliação dos ativos.
Nesse contexto, os auditores ressaltam a importância de práticas de julgamento contábeis bem estabelecidas dentro das companhias para que se possa tomar decisões referentes à avaliação de seus ativos e passivos, bem como da situação patrimonial.
Aqui temos talvez o grande problema das IFRS: a dependência de julgamento do gestor. A questão relevante é como um auditor poderá confrontar - e argumentar - numa situação como esta?
"É preciso estabelecer a que instâncias cabem decisões como avaliação das taxas de desconto utilizadas nos modelos. Os preparadores de balanços têm de se perguntar se há um processo estabelecido para isso e se há controle sobre ele", ressaltou Paul Sutcliffe, sócio da Ernst & Young (EY).
Para ele, muitas empresas ainda fazem esse tipo de avaliação "no olho" e trabalham com contas de chegar, ajustando os modelos para obter o resultado final desejado, sem estabelecer os parâmetros prévios de avaliação que dariam mais fidelidade ao registro contábil.
Não é somente a questão da taxa de desconto. O valor do fluxo também influencia. A observação que a avaliação é baseada "no olho" parece bastante pertinente.
Segundo Amaro Gomes, membro do conselho internacional de normas contábeis (Iasb, na sigla em inglês), a padronização dos julgamentos contábeis dentro das companhias exige uma maior integração entre as áreas de controladoria e as divisões mais operacionais. "O IFRS foi desenhado para proteger e ampliar a gama de informações financeiras aos investidores e não mirando o gerenciamento das empresas. Mas o aprimoramento de gestão é uma consequência imprescindível", disse o executivo.
Achei muito estranho o trecho "padronização de julgamentos contábeis". Julgamento poderá ter padronização?
A volatilidade que tomou conta do mercado brasileiro neste ano deve servir como um teste para o sucesso da adoção das normas internacionais de contabilidade (IFRS) no país, afirmaram especialistas presentes em encontro sobre contabilidade e controladoria realizado ontem pela firma de produtos para gestão contábil SCA Systema em São Paulo.
Além dos problemas do mercado, o aumento do risco Brasil, da taxa de juros básica e do crescimento lento da economia também devem refletir neste aspecto. É importante constatar que as IFRS em situações de crise já foram testadas na Europa, com resultados controversos.
Empresas e auditores devem redobrar o cuidado com a preparação e a revisão das demonstrações financeiras deste ano em meio ao sobe-e-desce de indicadores e as incertezas que rondam a economia. Esse é o primeiro ano de nervosismo exacerbado do mercado sob a vigência do IFRS no país. O padrão internacional passou a vigorar no Brasil em 2008, mas sua adoção só se tornou obrigatória para os balanços referentes a 2010.
"As empresas terão de ter muito cuidado para estabelecer os parâmetros para julgar itens como o valor justo de seus ativos e passivos e realizar eventuais baixas contábeis. Há uma resistência em realizar essas baixas em tempos de resultados menores", afirmou Bruce Mescher, sócio de auditoria da Deloitte.
Um aspecto que pode ajudar a reduzir o número de amortizações é a não adoção da reavaliação dos ativos.
Nesse contexto, os auditores ressaltam a importância de práticas de julgamento contábeis bem estabelecidas dentro das companhias para que se possa tomar decisões referentes à avaliação de seus ativos e passivos, bem como da situação patrimonial.
Aqui temos talvez o grande problema das IFRS: a dependência de julgamento do gestor. A questão relevante é como um auditor poderá confrontar - e argumentar - numa situação como esta?
"É preciso estabelecer a que instâncias cabem decisões como avaliação das taxas de desconto utilizadas nos modelos. Os preparadores de balanços têm de se perguntar se há um processo estabelecido para isso e se há controle sobre ele", ressaltou Paul Sutcliffe, sócio da Ernst & Young (EY).
Para ele, muitas empresas ainda fazem esse tipo de avaliação "no olho" e trabalham com contas de chegar, ajustando os modelos para obter o resultado final desejado, sem estabelecer os parâmetros prévios de avaliação que dariam mais fidelidade ao registro contábil.
Não é somente a questão da taxa de desconto. O valor do fluxo também influencia. A observação que a avaliação é baseada "no olho" parece bastante pertinente.
Segundo Amaro Gomes, membro do conselho internacional de normas contábeis (Iasb, na sigla em inglês), a padronização dos julgamentos contábeis dentro das companhias exige uma maior integração entre as áreas de controladoria e as divisões mais operacionais. "O IFRS foi desenhado para proteger e ampliar a gama de informações financeiras aos investidores e não mirando o gerenciamento das empresas. Mas o aprimoramento de gestão é uma consequência imprescindível", disse o executivo.
Achei muito estranho o trecho "padronização de julgamentos contábeis". Julgamento poderá ter padronização?
22 agosto 2013
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