A empresa Companhia Melhoramentos de São Paulo publicou suas demonstrações contábeis do exercício de 1923 em 20 de fevereiro de 1924. As informações estavam divididas em:
a) Relatório da Diretoria – com a descrição das principais atividades da empresa no ano de 1923.
b) Balanço Geral
c) Demonstração da Conta de Lucro e Perdas
d) Parecer do Conselho Fiscal
Com respeito ao balanço patrimonial, o lado direito era denominado de “Passivo” somente. A primeira conta era o Capital da empresa. A seguir, debentures e fundo de reserva. As últimas contas são “diversas contas que figuram no ativo”: caução da diretoria e contas correntes em consignação. O ativo também apresentava uma ordem estranha, iniciando com propriedades industriais, passando por móveis e utensílios, investimento em outras empresas, adiantamento a empregados e caixa. O ativo encerra com estoques (denominados de “stocks”) e “diversas contas que figuram no passivo”: ações em caução e mercadorias em consignação. Observe o leitor que o balanço é assinado pelo diretor-presidente e o chefe da contabilidade.
A Demonstração da Conta de Lucros e Perdas parece mais uma razonete. Do lado esquerdo, os débitos: despesas, reparações de equipamentos, ordenados etc. É importante notar que aparece a conta de “depreciação feita sobre máquinas de papel e suas instalações”
Isto não era muito comum naquela época (2). Finalmente o Parecer do Conselho Fiscal, que examinou a contabilidade da empresa:
(1) Publicado no Estado de S Paulo, 20 de fevereiro de 1920, p.
(2) Isto carece de uma maior investigação. Quem sabe voltamos a este assunto brevemente.
19 agosto 2013
Gavin Pretor-Pinney: Nublado com chance de alegria
Você não precisa planejar uma viagem exótica para encontrar inspiração criativa. Basta olhar para cima, diz Gavin Pretor-Pinney, fundador da Sociedade da Apreciação das Nuvens. Enquanto compartilha fotos encantadoras da mais fina arquitetura aérea da natureza, Pretor-Pinney lança um chamado para todos nós sairmos um pouco da correria digital, relaxarmos e admirarmos a beleza do céu.
18 agosto 2013
O peso da previdência
A Folha de S. Paulo, em Gastos fixos do governo impedem redução relevante de impostos mostra que o esforço que o governo faz para economizar pode ser inútil diante de certos gastos "fixos". É o caso do gasto com a previdência:
Entre os vilões da despesa pública, destaca-se o gasto previdenciário. Em 2012, foram R$ 246 bilhões com aposentadorias urbanas e R$ 71 bilhões com aposentadoria rural, somando R$ 317 bilhões.
(O exemplo deveria considerar também a arrecadação).
Veja o caso das passagens. Pode até existir espaço para reduzir desperdícios. Mas, mesmo se um decreto determinar que todo mundo sossegue na repartição, e nunca mais ninguém viajar pelo governo, esse gasto zero poderia ser arruinado por um mero aumento de 0,25% nos gastos previdenciários.
Entre os vilões da despesa pública, destaca-se o gasto previdenciário. Em 2012, foram R$ 246 bilhões com aposentadorias urbanas e R$ 71 bilhões com aposentadoria rural, somando R$ 317 bilhões.
(O exemplo deveria considerar também a arrecadação).
Veja o caso das passagens. Pode até existir espaço para reduzir desperdícios. Mas, mesmo se um decreto determinar que todo mundo sossegue na repartição, e nunca mais ninguém viajar pelo governo, esse gasto zero poderia ser arruinado por um mero aumento de 0,25% nos gastos previdenciários.
Falta de transparência
Detentor de um patrimônio líquido que atingiu em junho R$ 27,121 bilhões, o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) tem aporte significativo em empresas de capital fechado. Sem ações em bolsa, esses ativos não têm liquidez nem são acompanhados pelo mercado. Apesar disso, o fundo não tem informações detalhadas no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Gerido pela Caixa Econômica Federal, o FI-FGTS investiu, até 2012, R$ 25 bilhões em 45 operações para 36 projetos. O regulador de mercado alega que a indisponibilidade de dados no site ocorre por falha tecnológica da própria CVM.
A publicação de informações, como número de cotas, composição da carteira e demonstrações contábeis na página da CVM é praxe e facilita o acompanhamento pelo investidor. No caso do FI-FGTS, criado em 2008 para aplicar recursos públicos em projetos de infraestrutura, o cotista único é o próprio FGTS.
Participação acionária
O informe trimestral de junho mostra investimentos pesados em companhias de capital fechado. Ao todo, são R$ 5,4 bilhões em participações acionárias relevantes em grupos como a empreiteira Odebrecht, que já recebeu R$ 2,55 bilhões. É o resultado da soma da fatia de 26,53% na Foz do Brasil, subsidiária ambiental e de saneamento, com 30% na Odebrecht Transport S/A.
A Foz do Brasil é parceira da Odebrecht Engenharia Industrial na prestação de serviços à Petrobras na refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A estatal é investigada por ter comprado a unidade por preço muito acima do mercado. Neste ano, a petroleira reviu contratos no exterior e cortou em 43% os valores a serem pagos à Odebrecht, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo em junho.
"Nossa carteira de 45 operações mostra que o FI-FGTS está posicionado em projetos que têm como sócios os grandes grupos empresariais do País, não só a Odebrecht", aponta o superintendente Nacional de Fundos de Investimentos Especiais da Caixa, Cassio Viana de Jesus.
Sócio da consultoria Mesa Corporate e ex-diretor da Previ, Renato Chaves alerta para a necessidade de maior transparência. "Como não há liquidez nos investimentos em empresas de capital fechado, tão importante quanto a avaliação econômico-financeira no momento da entrada é a negociação de saída, seja pela abertura de capital ou compromisso de recompra das ações pelo controlador", diz. Viana de Jesus diz que as políticas de saída de cada empreendimento constam dos acordos com as empresas investidas e não são abertas a priori.
Uma consulta sobre o fundo no site da CVM redireciona o interessado ao serviço de atendimento ao cidadão. Procurada, a autarquia informou que a Caixa tem enviado os dados exigidos pela instrução que foi criada especificamente para regular o FI-FGTS. Também é possível acessar os relatórios na página do FGTS.
Na carteira do FI-FGTS, R$ 14,4 bilhões estão investidos em debêntures (títulos de dívida privada). O fundo aplicou R$ 7 bilhões em títulos do BNDES, em 2008. Também investiu em debêntures em empresas como a fabricante de sondas Sete Brasil (R$ 1,850 bilhão), a hidrelétrica Santo Antônio (R$ 1,5 bilhão) e da LLX Açu (R$ 750 milhões).
De acordo com o relatório de gestão do ano passado, foram liberados até agora R$ 289,5 milhões para a construção do Superporto do Açu, um dos empreendimentos em xeque em meio à crise do grupo de Eike Batista. "Todos os projetos têm cláusula de proteção contra inadimplementos, o que não existe até agora nesse projeto", afirma Viana de Jesus.
Rede
A estratégia de ações iniciada em 2009 já rendeu contratempos, como no caso do Grupo Rede Energia. Em 2010 o FI-FGTS investiu R$ 617 milhões na Empresa de Eletricidade Vale Paranapanema (EEVP), adquirindo uma participação de 25% do grupo.
A crise que levou o Rede a pedir recuperação judicial em 2012 e fez o FI-FGTS reconhecer perdas com o ativo e exercer uma opção de venda para um dos controladores da EEVP, a Denerge, por R$ 712 milhões. Hoje, o FI-FGTS é um dos principais credores no plano de recuperação da Rede Energia.
Gerido pela Caixa Econômica Federal, o FI-FGTS investiu, até 2012, R$ 25 bilhões em 45 operações para 36 projetos. O regulador de mercado alega que a indisponibilidade de dados no site ocorre por falha tecnológica da própria CVM.
A publicação de informações, como número de cotas, composição da carteira e demonstrações contábeis na página da CVM é praxe e facilita o acompanhamento pelo investidor. No caso do FI-FGTS, criado em 2008 para aplicar recursos públicos em projetos de infraestrutura, o cotista único é o próprio FGTS.
Participação acionária
O informe trimestral de junho mostra investimentos pesados em companhias de capital fechado. Ao todo, são R$ 5,4 bilhões em participações acionárias relevantes em grupos como a empreiteira Odebrecht, que já recebeu R$ 2,55 bilhões. É o resultado da soma da fatia de 26,53% na Foz do Brasil, subsidiária ambiental e de saneamento, com 30% na Odebrecht Transport S/A.
A Foz do Brasil é parceira da Odebrecht Engenharia Industrial na prestação de serviços à Petrobras na refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A estatal é investigada por ter comprado a unidade por preço muito acima do mercado. Neste ano, a petroleira reviu contratos no exterior e cortou em 43% os valores a serem pagos à Odebrecht, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo em junho.
"Nossa carteira de 45 operações mostra que o FI-FGTS está posicionado em projetos que têm como sócios os grandes grupos empresariais do País, não só a Odebrecht", aponta o superintendente Nacional de Fundos de Investimentos Especiais da Caixa, Cassio Viana de Jesus.
Sócio da consultoria Mesa Corporate e ex-diretor da Previ, Renato Chaves alerta para a necessidade de maior transparência. "Como não há liquidez nos investimentos em empresas de capital fechado, tão importante quanto a avaliação econômico-financeira no momento da entrada é a negociação de saída, seja pela abertura de capital ou compromisso de recompra das ações pelo controlador", diz. Viana de Jesus diz que as políticas de saída de cada empreendimento constam dos acordos com as empresas investidas e não são abertas a priori.
Uma consulta sobre o fundo no site da CVM redireciona o interessado ao serviço de atendimento ao cidadão. Procurada, a autarquia informou que a Caixa tem enviado os dados exigidos pela instrução que foi criada especificamente para regular o FI-FGTS. Também é possível acessar os relatórios na página do FGTS.
Na carteira do FI-FGTS, R$ 14,4 bilhões estão investidos em debêntures (títulos de dívida privada). O fundo aplicou R$ 7 bilhões em títulos do BNDES, em 2008. Também investiu em debêntures em empresas como a fabricante de sondas Sete Brasil (R$ 1,850 bilhão), a hidrelétrica Santo Antônio (R$ 1,5 bilhão) e da LLX Açu (R$ 750 milhões).
De acordo com o relatório de gestão do ano passado, foram liberados até agora R$ 289,5 milhões para a construção do Superporto do Açu, um dos empreendimentos em xeque em meio à crise do grupo de Eike Batista. "Todos os projetos têm cláusula de proteção contra inadimplementos, o que não existe até agora nesse projeto", afirma Viana de Jesus.
Rede
A estratégia de ações iniciada em 2009 já rendeu contratempos, como no caso do Grupo Rede Energia. Em 2010 o FI-FGTS investiu R$ 617 milhões na Empresa de Eletricidade Vale Paranapanema (EEVP), adquirindo uma participação de 25% do grupo.
A crise que levou o Rede a pedir recuperação judicial em 2012 e fez o FI-FGTS reconhecer perdas com o ativo e exercer uma opção de venda para um dos controladores da EEVP, a Denerge, por R$ 712 milhões. Hoje, o FI-FGTS é um dos principais credores no plano de recuperação da Rede Energia.
17 agosto 2013
Fato da Semana
Fato: A safra de demonstrações contábeis que foram divulgadas nos últimos dias.
Qual a relevância disto? Um levantamento preliminar mostra que a receita praticamente não aumentou em termos reais, mas o lucro teve um bom desempenho. Isto mostra que as empresas conseguiram cortar custos.
Além disto, a divulgação das informações trouxe duas discussões subsidiárias, mas relevantes. A primeira refere-se na adoção de opções na contabilização do hedge, conforme já discutido no Fato da Semana anterior. Petrobras e Braskem optaram por mudar sua política contábil durante o ano, melhorando seu resultado. O segundo tema é o desempenho do patinho feio (que já foi um cisne) do mercado: o grupo X. As demonstrações mostram empresas endividadas, que não estão conseguindo gerar caixa com as operações e possuem passivo que deverão vencer no curto prazo.
De qualquer forma, sempre que chega uma nova safra de balanços, a contabilidade é destaque nos jornais, agora nos cadernos de “economia” ou “negócios”, não nas páginas policiais.
Positivo ou Negativo? - Positivo. É a contabilidade provando seu papel de confirmar projeções e levantar questões sobre a gestão das empresas.
Desdobramentos – A discussão de alguns assuntos ainda irá persistir nos próximos dias. Os problemas do Grupo X não devem ser resolvidos facilmente e seu caixa deverá ser “queimado” mais ainda. Outras empresas devem seguir a trilha da Petrobras e Braskem.
Qual a relevância disto? Um levantamento preliminar mostra que a receita praticamente não aumentou em termos reais, mas o lucro teve um bom desempenho. Isto mostra que as empresas conseguiram cortar custos.
Além disto, a divulgação das informações trouxe duas discussões subsidiárias, mas relevantes. A primeira refere-se na adoção de opções na contabilização do hedge, conforme já discutido no Fato da Semana anterior. Petrobras e Braskem optaram por mudar sua política contábil durante o ano, melhorando seu resultado. O segundo tema é o desempenho do patinho feio (que já foi um cisne) do mercado: o grupo X. As demonstrações mostram empresas endividadas, que não estão conseguindo gerar caixa com as operações e possuem passivo que deverão vencer no curto prazo.
De qualquer forma, sempre que chega uma nova safra de balanços, a contabilidade é destaque nos jornais, agora nos cadernos de “economia” ou “negócios”, não nas páginas policiais.
Positivo ou Negativo? - Positivo. É a contabilidade provando seu papel de confirmar projeções e levantar questões sobre a gestão das empresas.
Desdobramentos – A discussão de alguns assuntos ainda irá persistir nos próximos dias. Os problemas do Grupo X não devem ser resolvidos facilmente e seu caixa deverá ser “queimado” mais ainda. Outras empresas devem seguir a trilha da Petrobras e Braskem.
Assinar:
Postagens (Atom)