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15 agosto 2013

Capitalismo de Laços

No Brasil, as relações sociais entre empresários e governos têm suas origens no período colonial e, portanto, expressam uma matriz cultural enraizada no ambiente institucional brasileiro. A associação entre instituições privadas e públicas eram (ou são) imprescindíveis para manutenção dos negócios. Na ausência de instituições jurídicas independentes da Coroa Portuguesa, os empreendedores eram “obrigados” a estabelecer relações, mormente com contatos próximos ao governo português para solucionar problemas jurídicos e comerciais. Tanto no passado como no presente, as conexões formadas independem de vínculos sociais estreitos, pois o objetivo precípuo dos atores envolvidos é facilitar transações econômicas.

A despeito das raízes coloniais, a Primeira República, de 1890 a 1915, caracterizada por mudanças institucionais, foi um período econômico mais liberal. Com a ditadura de Vargas, no entanto, o caráter central dos governos, característico da época colonial, retomou e reforçou os laços entre Estado e setor privado. Raymundo Faoro, autor do livro Donos do Poder, caracteriza essa íntima relação como uma “combinação de estatismo com privatismo, obedecendo este às diretrizes daquele, com as compensações de seu estímulo e proteção”.

Sérgio Lazarinni, no livro Capitalismo de Laços, investiga as conexões entre atores públicos e privados por meio dos laços que são expressos na estrutura de propriedade e mecanismos de controles estratégicos das empresas. A abordagem do livro ocorre em três eixos: sistema político, governo e grupos privados.

Devido ao caráter privado e informal (às vezes, formal) entre grupos domésticos privados, sistema político e entidades públicas, o estudo dessas valiosas relações sociais deu-se por meio da análise dos proprietários e controladores de 804 empresas, nos anos de 1996, 2003 e 2009. A observação das estruturas de propriedade das empresas – por meio de laços entre firmas e proprietários, participações societárias conjuntas de vários donos em empresas comuns – revela uma rede, em que há presença de aglomerações empresariais: proprietários com posições acionárias conjuntas nas mesmas empresas, e de atores de interligação de aglomerações distintas que garantem conectividade à rede. Serviços de redes sociais como Facebook, Orkut, Twitter têm características análogas às redes de propriedade. Quando estas exibem atores de ligação que conectam várias organizações, há formação de mundos pequenos. É por isso que as pessoas costumam dizer que “o mundo é pequeno”.

Alguns sociólogos entendem que os sistemas sociais estão enraizados num contexto econômico, isto é, as transações econômicas influenciam a forma de organização da sociedade, assim como as relações sociais têm impacto nas trocas econômicas. O capitalismo de laços é caracterizado por valiosas relações sociais estabelecidas, tanto entre conhecidos ou desconhecidos, para obter recursos limitados ou proveito futuro ou facilitar trocas econômicas. Laço é, na definição de Lazzarini: “relação entre atores sociais para fins econômicos”.

Numa economia de mercado, o capitalismo de laços gera disfunções. Ao influenciar decisões econômicas, contratos sociais e relações políticas, aloca os recursos econômicos sem considerar critérios meritórios e transparentes, em outras palavras, há uma má alocação de recursos, que pode ocorrer de duas formas. Primeira: as decisões empresariais são influenciadas por razões políticas e ideológicas dos governantes, que nem sempre estão de acordo com a estratégia de mercado das firmas. Segunda: empresários que possuem valiosas conexões políticas são favorecidos com concessões de financiamento e subsídios públicos, entre outros recursos escassos.

Por outro lado, em países com ambiente institucional desfavorável – voláteis e hostis – à atividade empresarial, a associação entre entes privados e públicos é forma legítima de proteção: corrobora para a compreensão dos problemas enfrentados pelas instituições privadas. Ademais, formações de alianças serve como instrumento de troca de conhecimento, geração de eficiência produtiva, etc.


Por Pedro Correia, Brasília 15 de agosto de 2013.

Capitalismo de Laços: os donos do Brasil e suas conexões
Sérgio G. Lazzarini
Rio de Janeiro; Elsevier, 2011 – 4ª reimpressão – 184 páginas.

Relatório do Auditor

Diante dos diferentes casos onde as empresas de auditoria falharam em indicar problemas com as empresas auditadas, os reguladores voltaram sua atenção para o relatório de auditoria (ou parecer de auditoria, como queiram). Há anos o texto não sofre grandes alterações, mas isto poderá mudar.

O PCAOB, entidade que regula a auditoria nos Estados Unidos, depois de vários relatórios apontando deficiências nos trabalhos realizados pelas auditorias, resolveu tentar melhorar a qualidade deste texto. Segundo Michael Rapoport, do Wall Street Journal (New Rules Expected for Annual Audit Reports, 12 de agosto de 2013) ainda não está claro o que o PCAOB pretende. E está esperando que os próprios auditores digam o que podem fazer para melhorar o relatório. Uma das possibilidades é que o texto indique se a contabilidade da empresa é agressiva ou não.

Entretanto o WSJ indica que o problema pode estar no modelo de negócios: as empresas contratam e pagam seus auditores, o que faz com que exista certo ceticismo sobre a relação entre empregador e empregado.

Apesar da iniciativa do PCAOB é possível perceber que a mudança ainda levará certo tempo: existirá um período para comentários públicos e mais discussão.

(Fonte do Cartoon aqui)

O Câmbio e a Petrobras

A diluição do impacto cambial no resultado financeiro da Petrobras poderá ser realizada em cerca de sete anos, prazo médio da dívida da estatal, disse nesta segunda-feira (12/08) o diretor financeiro da empresa, Almir Barbassa.

O lucro líquido da petroleira no segundo trimestre superou as expectativas do mercado com uma mudança contábil para reduzir o efeito da alta do dólar na dívida.

A nova contabilidade teve um impacto positivo da ordem de R$ 5 bilhões no lucro de R$ 6,2 bilhões.

"A contabilidade de hedge coloca os números da empresa alinhados com o caixa", afirmou Barbassa durante entrevista a jornalistas.

Como resultado deste efeito benéfico da mudança contábil, a Petrobras poderá distribuir dividendos adicionais de R$ 600 milhões para detentores de ações ordinárias na segundo semestre, acrescentou o executivo.

"Não é distribuição extra, mas o que pode haver é a aprovação pelo Conselho de Administração (do dividendo a mais). Agora com lucro líquido maior, que não foi afetado pela variação cambial, há a oportunidade de aumentar participação das ON's nos dividendos referentes ao ano."

Mas o executivo pondera que a distribuição de dividendos além do esperado terá de passar ainda por decisão do Conselho e de acionistas. "Até o fim do ano ainda tem muita água para correr."

Segundo ele, a distribuição de dividendos para ações preferenciais deverá ter valor definido por percentual de 3% do patrimônio líquido.

Barbassa explicou ainda que pela nova contabilidade, se o dólar recuar, o valor de perda cambial que migrou para patrimônio líquido será retirado do resultado. Caso contrário, se a moeda americana permanecer elevada, a empresa vai descontar tais perdas da receita com exportações, e a diluição será realizada ao longo de vários anos.

Alavancagem

A alavancagem da Petrobras (relação entre o endividamento e patrimônio líquido) pode superar 35% a partir do segundo semestre, mas esse aumento seria neutralizado com uma alta na produção até o final de 2014, afirmou o executivo.

"Mesmo ultrapassando os limites de 35% de dívida líquida, duas vezes e meia o Ebitda, nós estamos vendo novas unidades este ano e ano que vem, vemos um crescimento continuado da produção que vai nos trazer mais recursos e proporcionar menos alavancagem da companhia", afirmou Barbassa.

A alavancagem ficou em 34% ao final do segundo trimestre. Já o índice de dívida líquida/Ebitda ajustado caiu para 2,57 vezes.

A perspectiva de crescimento futuro deverá deixar agências de classificação de risco confortáveis, sem afetar, portanto, o rating da companhia, segundo ele.


Impacto cambial da Petrobras pode ser diluido em 7 anos - Brasil Econômico - Por Sabrina Lorenzi, Rodrigo Viga Gaier e Jeb Blount/ Reuters - 12/08/13 16:37

Jackson

A família de Michael Jackson entrou na justiça tentando ganhar algum dinheiro da empresa AEG Live, que fez um contrato com o cantor antes da sua morte. Um depoimento de um contador forense mostra como as finanças pessoais do cantor era desorganizada. Segundo William Ackerman, contador forense (via Mirror), Jackson tinha uma dívida entre 400 a 500 milhões de dólares. Esta dívida implicou em pagamento de juros anuais de 30 milhões em 2009. A taxa de juros estava entre 7% a 16,8% ao ano.

A situação financeira de Jackson decorre de gastos inadequados (viagens, caridade, presentes, jóias, manutenção do rancho Neverland com seu jardim zoológico e trem). E a situação complicava a cada ano: segundo Ackerman, em 1993 Jackson tinha um dívida de 30 milhões, que aumentou para 140 milhões em 1998.

14 agosto 2013

1,5 milhão

O blog atingiu 1,5 milhão de visitas. Gratos!!!

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Behavioral Economics for Dummies

A série de livros “for dummies” é muito interessante para aqueles que desejam iniciar num determinado assunto ou para os que gostariam de uma abordagem mais palatável do tema. O texto é carregado de piadinhas, o que faz com que a leitura seja bastante agradável. E é acompanhada por desenhos humorísticos que permite que o tempo passe fácil com a obra.

Comprei o livro Behavioral Economics for Dummies, de Morris Altman, com esta expectativa. Tenho também muitas obras sobre o assunto, mas até hoje não consegui ler um livro que tenha uma estrutura dos temas mais relevantes didática. A obra de Altman divide o assunto em cinco partes, com vinte capítulos no total.

Entretanto a obra é uma grande decepção. O texto não é “leve”, como outros da série “for Dummies”, o assunto não é apresentado de forma agradável ao leitor, existem poucos cartoons para animar a obra e a estrutura realmente não é boa. Por exemplo, o tema “neuroeconomia”, um assunto recente na área, aparece no capítulo 3, bem no início do livro. A última parte do livro, uma lista de “top tens” deveria ser atrativa, mas não atrai.

Em resumo, se você deseja conhecer o assunto, tente outro livro. O de Kahneman pode ser uma boa alternativa. Ou quem sabe qualquer um do Dan Ariely. Mas evite este.

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